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terça-feira, 28 de abril de 2015

216 - Do Carregal ao Bolhão

Se os meus queridos visitantes tiverem paciência de passar por aqui, vão ver fotos que nunca mais acabam. 
Tudo tem uma razão para ser. Estava numa tarde feliz e deixei-me levar por caminhos já muito percorridos sem plano definido. E era só fotografar o que acontecesse, para mais tarde recordar. Partilho convosco, caros amigos e amigas visitantes, essa tarde que já foi há cerca de 15 dias.

No Jardim do Carregal construído em 1897 e agora chamado de Carrilho Vieira em homenagem ao activista republicano do séc. XIX, os canteiros estavam e ainda devem estar muito floridos e a mistura de cores são um prazer para o olhar.
No lago, uma triste surpresa. A água está estagnada, suja de uma coisa esverdeada e não vi peixes nem os patos que normalmente habitam o local. Embora numa zona muito frequentada, o jardim está limpíssimo.
Entre as árvores a chaminé da Morgue. 
A homenagem da Cidade do Porto ao grande Abel Salazar (Guimarães, 19 de Julho de 1989 - Lisboa, 29 de Dezembro de 1946), médico, cientista, pintor e anti-regime pelo qual foi afastado da vida académica. A Escola com o seu nome está aqui bem próxima.
No pequeno jardim dedicado a Júlio Dinis, entre o Hospital de Santo António e o Instituto Abel Salazar, descanso para apreciar uma loirinha. Acreditem ou não, custou 1 €, coisa rara nos nossos dias.
Neste pequeno bar esperei há uns 7 anos o meu amigo Álvaro das Gatas que tinha ido visitar o seu tio doente. O tio faleceu pouco depois e ele ficou a tomar conta das gatas. Recordações.
Relaxar e olhar em volta. As gaivotas são uma presença em qualquer local da Cidade.
Continuando feliz pela bela tarde (bela no meu eu, pois até estava tristonha de tempo mas isso não interessou para nada)  deixei para trás as Igrejas dos Carmelitas e do Carmo e o Quartel e a Universidade, mas a velha senhora merece sempre uma imagem para recordação. 
Decidi-me a descer pela Rua das Carmelitas (não confundir com os Carmelitas da Igreja) , mas não vou voltar a lembrar a história do antigo Convento das Carmelitas,  nem da outra história ou lenda do nosso primeiro rei D. Afonso mais a da sua esposa D. Mafalda (ou Matilde, coisas da sua origem) aqui neste lugar. Que foi do Mercado do Anjo, também.  Já  referi anteriormente estas histórias.
À porta da Livraria Lello - antiga Chardron - já muito referida em páginas anteriores, a aglomeração de turistas para a visitar continua em grande. Seria muito bom que cada um comprasse um livrinho para ajudar à limpeza e manutenção da loja. E da Rua.
Cada amigo que nos visita e tenho o prazer de ciceronear, compra sempre uma lembrança.
Não parece, mas esta Rua das Carmelitas tem dos mais belos edifícios da Cidade.
Do outro lado do passeio da Lello, incrustados no novo Passeio, Jardim, Centro Comercial dos Clérigos, agora conhecido como o Campo das Oliveiras, recordando velhos tempos, alguns comércios dão vida ao lugar. O velho barbeiro ainda existe (até agora estou com raiva por não ter entrado para cortar o cabelo) mas a Livraria Fernando Machado tem novo comércio. É um Bar adaptado ao espaço.
 A Fernando Machado, fundada em 1922, especializada em livros de Direito e Numismática, já há anos que estava fechada.
 Um madeirense de Lisboa apostou não só na nova actividade como mantém a Editora.
 Há um segundo andar que não visitei. Não gosto de abusar da bondade das pessoas quando me dizem esteja à sua vontade. E nem consumo fiz.
Em frente  e fazendo esquina com a Rua de Cândido dos Reis, o magnífico edifício que foi dos Armazéns  da Capella. Para este local vieram provavelmente em 1904 tendo estado anteriormente na que é hoje a Praça Guilherme Gomes Fernandes, antiga Feira do Pão, para onde dava a frente do Convento das Carmelitas Descalças e a sua Capela. Daí o nome comercial.
Curiosamente, só agora dei fé da mudança do nome comercial.
Em frente e do mesmo lado outro edifício centenário - cujas origens continuo a desconhecer - tem no rés-do-chão e cave as instalações da loja da Vista Alegre, já por mim referenciada anteriormente. 
As paredes em pedra com o devido restauro foram aproveitadas mas não só para a decoração e exposição dos belos produtos desta fábrica, localizada próximo de Aveiro.

 Não só nos deixam fotografar como explicam o fabrico dos belos e caros serviços e peças em exposição. Aqui não há medo que copiem os seus produtos únicos. A empresa Vista Alegre é dona da Atlântis e da Bordalo Pinheiro.
O Porto está cheio de novos alojamentos. São casas adaptadas a residências de férias para turistas. Não sei a razão porque se chamam Hostel. Um estrangeirismo (será ?) na Língua Portuguesa bem dispensável.

 Do outro lado do meu caminhar por onde trouxe os amigos e as  amigas, quase encostado à escadaria que nos leva à Igreja dos Clérigos cá temos mais um Hostel. Mas o que me chamou a atenção foi o nome da sapataria. E fiquei a matutar. Na gíria portuense usamos a palavra Penante, o mesmo que andar a pé. (Vamos a penantes e não de eléctrico, autocarro, comboio. Tenho de dar estas explicações para ser melhor compreendido. Mas pode ser referido a alguém que usa chapéu (tens um penante todo jeitoso. Que é o caso do meu amigo Zé Catió que tem vários penantes muito jeitosos e sempre cobiçados para uma foto) .
Pedante que dizer Janota ou Pretensioso, um gajo dado a importante. Como alguns intelectuais, comentadores e políticos da nossa praça. Talvez seja essa a intenção do dono da sapataria.
Descendo os Clérigos e apreciando um pormenor do Largo dos Loios.
Demorou anos a recuperar, mas está lindo. Agora só é preciso encher os espaços habitacionais, o que acho difícil pelos preços que pedem para arrendar ou vender.
Segui pelas Cardosas e parei nas montras do Hotel Intercontinental. Principalmente na Rolex lembrando o amigo Peixoto e a sua perdição. Mas ao lado tem objectos lindos de ourivesaria.
O autocarro dos turistas também fica bem na "reportagem"  assim como os edifícios da Praça da Liberdade.
Fui espreitar o novo espaço do Porto - S. Bento - Locomotiva. Apenas um palco de espectáculos e para beber uns copos. Julgo eu. Neste dia alegre, uma olhadela para o alto e reparar que a cor de tijolo de um dos Hotéis da Batalha precisa de pintura. Fui beber um copo ao Quim e comer uma sande de fígado de cebolada, mas não registei.
Mas registei a Sé, a entrada do Corpo da Guarda e o casario do quarteirão na esquina de Mouzinho da Silveira. Quase tudo para habitar.
Segui por Sá da Bandeira.
Na esquina de Sampaio Bruno, encostado à parede do quse destruído edifício do ex-Banco Pinto de Magalhães, um painel informativo que não serve para nada. O Portopontocom tem uma imagem apenas Pedante ?
O que é velho é para deitar fora ? Será que a JCDecaux, minha antiga concorrente também já não existe para manutenção do "mobiliário urbano" ? Mistérios...
Sempre bonitas são as torres da antiga Nacional e do antigo Banco Inglês. Nomenclaturas comerciais que ficaram para sempre na linguagem do Portuense.
Olhando a ementa do Girassol em Sá da Bandeira (a pensar em outras coisas, o Bando sabe do que estou a falar ) fico confuso olhando duas ementas, com os mesmos pratos e preços diferentes. Acho que deveriam explicar para bem do comensal. Não acham também ?
Edifícios olhados da Praça D. João I de épocas de construção entre os anos 20 e 50 do século passado: à direita um pormenor do Palácio Atlântico, sede do ex-Banco Português do Atlântico, inaugurado em 1950. Segue-se a Casa da Associação dos Jornalistas e Homens de Letras da Cidade do Porto, dos anos 30. A associação foi fundada em 1885. E com muita História. Em frente a Câmara Municipal , iniciada a construção em 1920 e oficialmente inaugurada em 1957. Do edifício à esquerda não tenho referências. Em primeiro plano ao centro, uma das estátuas dos Corceis, dos anos 60, cujo pedestal foi montado anos antes mas ninguém sabia o que colocar em cima.

Para acabar o passeio, entrada no Bolhão.
A foto nem me lembro se é do mesmo dia. Não é não, mas serve para ilustrar o texto.
Há locais onde é obrigatório entrar, nem que seja para fazer um xixi. O Bolhão é um deles.
E parece que há boas novas - finalmente - para a recuperação do Mercado. Há dias foi apresentado o projecto (ou terá sido estudo - mais um, já não me lembro - ) mas este parece que definitivo.
Só que o nosso Presidente da Câmara, segundo entendi, deixou muitos mas... Isto é, não ficamos a saber quando as obras começam. Logicamente não sabemos quando acabam. Nem os comerciantes sabem da vida. Julgo ter entendido que vai ser reconvertida temporariamente a zona da ex-Lã Maria para os alojar. Será milagre, coisa que não acredito.
Tantos mas e ses já com anos e eu com medo que o Bolhão caia e faça desastres. É só olhar para aquelas paredes a ruir e rezar para que nada aconteça enquanto faço uma mijinha.

sexta-feira, 3 de abril de 2015

215 - Passeando pela baixa-alta

A Semana dita Santa traz à minha-nossa Cidade do Porto patoás dos mais diversos. Não quero que confundam as imagens linguísticas do patuá macaense ou os ligados a orixá, nem pouco mais ou menos à destruição que os franceses fizeram da língua patoá negreira africana que consideravam civilizada.
Mas o Patoá que ouvimos nestes dias na Cidade até tem a ver um pouco com isso. Os franceses desqualificaram línguas como o catalão, basco, bretão, corso, alsaciano (alemão falado na zona francesa da Alsácia-Lorena), neerlandês, por causa do patoá (Patoi em francês).
O meu Patoá quer referir-se exactamente à diversidade de idiomas que costumamos ouvir durante a semana santa, misturados especialmente com o de muitos espanhóis de várias regiões, que têm a tradição de nos visitar. É muita boa música para os nossos ouvidos.

É bom passar pelo Mercado do Bolhão mesmo a desfazer-se e ouvir o som cantado da peixeira a apregoar o tão caro como saboroso Sável do nosso Rio.

Os sabores vínicos do Douro e Porto partilhados em amenas cavaqueiras na tasquinha já nossa conhecida.

Os sons das várias línguas intensificam-se junto ao Café Majestic. Avida é difícil para o "mordomo" , atento às entradas e saídas e à gerência de todos os lugares que vão vagando.

Num dos Hoteis da Praça da Batalha trabalhadores alpinistas esmeram-se na limpeza dos vidros.

O lago-lata do lixo já está recuperado e com repuxo. Os Portuenses olham os turistas.

Lavaram a cara ao Cinema Batalha, mas só isso. A Praça da Batalha merecia este espaço aberto. E como seria bom se voltassem a colocar as várias obras de arte que foram desaparecendo. D. Pedro V continua impávido no seu pedestal.

Lá vai sereno o 22 até ao Carmo, conduzido por uma gentil "guarda-freio" .

Os camones aproveitam para fazer recordações da nossa Cidade.

Infelizmente a decoração do 22, embora berrante, não condiz nada com a Cidade.

O novo Hotel do Grupo D. Inês parece que já funciona. Pelo menos a porta está aberta. Mas as cores, balha-me meu deus balha, será para dar colorido à Praça da Batalha ? E são já dois hotéis pintados nestes tons. Como seria a sua cor ao tempo que o José Anastácio Fonseca o mandou construir no séc. XVIII ?
Não sou cinzento, longe disso, mas a cidade a tomar estas cores parece quase o anúncio de uma empresa de telecomunicações que anda a ser divulgado. Será porque já não é do Belmiro ?

Nova passagem por Santa Catarina e o Majestic. Os sons das linguagens e da música misturam-se e estão num patamar elevado. O "mordomo" já está a controlar desde a Rua. Na nova Alvão também com esplanada saboreia-se um Porto.

Santa Catarina, final de tarde, cheia como um ovo.

Chegava a casa mas ainda deu para ver o sol a partir depois de nos deixar um bom calor de 20 graus e uns pósinhos. Foi bom ouvir vibrar a Cidade no seu centro-alto e partilhar juntamente com o meu camarada Jorge Teixeira, o Presidente Bandalho. Claro que houve loirinhas pelo meio mas dessas já rezou a história.

Perguntaram-me vários amigos o que quer dizer "camone", palavra que uso frequentemente.
É uma palavra do calão portuense, presumo já antigo e que seria expressamente referido aos ingleses. E se haviam muitos por cá... Está no Dicionário da Porta Editora. Actualmente, como brincadeira, referimo-nos a quaisquer turistas. Mas também entre nós, quando há algo que não entendemos. Por exemplo, fála-me língua de gente que não entendo camone.
A origem virá do come on inglês que serve para exprimir imensas coisas.

sexta-feira, 20 de março de 2015

214 - Comércios e Histórias

Continuando as deambulações pelos estabelecimentos comerciais da minha-nossa Cidade do Porto, vamos visitar mais dois e saber-ouvir algumas histórias. Ambos são no Bonjardim, bem próximo da Trindade.
Comecemos pelo Santos & Irmãos, Douradores, fundada em 1858.
O edifício principal onde se encontra a oficina é o mesmo desde a fundação, na Travessa de Liceiras, gaveto com a Rua do Estêvão. É um quarteirão em obras.
Fui gentilmente atendido por uma senhora, creio que bisneta e sobrinha dos fundadores, por parte da mãe.
José Santos, um dos irmãos fundadores foi estudante na Escola de Belas Artes do Porto. No retrato, ao fundo à direita. O irmão está no retrato superior à esquerda. Por baixo, o retrato do pai da senhora que me abriu as portas, já falecido.
Reparem nos objectos que vamos descobrindo.
Conversei recordando os meus tempos de jovenzito e as vezes que aqui entrei para encomendar molduras, por ordem dos meus primeiros patrões. Nessa altura, as entregas faziam-se pela loja com balcão em Liceiras e onde se viam as pessoas a trabalhar. Sentia-se o cheiro acre a tintas, diluentes, essas coisas...
Trabalhos que demoravam uma infinidade de tempo, mas a obra era perfeita.
Expostos, estão os certificados e as menções honrosas das participações em várias exposições internacionais e nacionais. Incluindo a de Paris de 1902.
Amostras de molduras estão expostas com velhas e novas obras.
Apreciem-se algumas relíquias que encantam.

Arquivados estão desenhos em grossos livros que demonstram a sua antiguidade.
Um antiquíssimo balcão que é anterior a 1912, embora sem data definida.Reparem na foto abaixo.
Foto recolhida na página facebook.com/santosdouradores

Do lado do Bonjardim, quase em frente, encontra-se outra casa da empresa. A foto é antiga, utilizada quando "apresentei" a Rua do Bonjardim.

Ainda no Bonjardim, existe o Alfarrabista José Soares. Velho fornecedor especialmente da Colecção Vampiro e onde troco algumas conversas.
Pois a última conversa teve o seu tom de curioso e interessante. Além das filhas que bem conheço, presente uma senhora que presumo ser familiar. As palavras são como as cerejas e daí chegamos à conclusão que a casa foi fundada 4 anos antes do que a que está referida nas páginas da net.
Muitos dos meus amigos conhecem esta Casa. Mas de certeza que não nos lembrávamos de anteriormente ser o Farrapeiro do Bonjardim. Ora puxem lá pela carola a ver se dá click.

Tinha lido e decorado uma publicação na net que o Alfarrabista José Soares fundou a casa em 1968. E antes o que era ? O tal Farrapeiro onde o senhor Soares trabalhou após tido sido marçano muito jovem acabando por ficar com a loja.
As senhoras começaram a contar uma história que alterou o ramo do comércio. Se bem me lembro foi mais ao menos assim: Em dada altura, para uma festa que teve a presença de umas 100 pessoas, arrumou-se a casa. Seria a comunhão da senhora que se encontrava presente. Tapou-se o interior da loja e para as montras não ficarem desguarnecidas, a esposa do senhor Soares colocou umas revistas, tipo foto-novelas. Começaram a aparecer pessoas a perguntar se eram para vender. Tornaram-se clientes e a partir daí foi o começo do novo comércio.
As senhoras começaram a pensar em que data foi a arrumação, a comunhão, a festa e sai então a data de 1964. Sem dúvidas. Foi a minha vez de interferir: então é preciso alterar o ano da fundação.
Prontos, já está. Não há dúvidas que vale a pena juntar conversas com comércios e a Cidade fica mais descoberta.
Ver a página www.facebook.com/alfarrabistajose.soares e www.alfarrabista.eu

Até breve, caros leitores.

quarta-feira, 18 de março de 2015

213 - Regresso aos Estabelecimentos Comerciais do Porto

A memória da Cidade também se faz pelos comércios que ainda existem, guardando ou mostrando preciosidades quer a nível arquitectónico quer de equipamentos, bem como recordações dos seus fundadores, que nos escapam no dia a dia. E também hoje, de algumas memórias minhas.

O grande armazém de Solas e Cabedaes de Adriano Pereira da Silva Lima, na Travessa de Passos Manuel - não sei de ainda tem este topónimo -  é uma destas realidades que desconhecia. Casa fundada em Março ou Abril de 1917 pelo senhor Adriano, natural de Archete, Santarém, nascido em 17 de Agosto de 1869. Administrador do Concelho de Gondomar por 17 vezes e Presidente da Câmara entre 1919 e 1922. Ficou ligado a Rio Tinto pelo casamento (Casa do Cristóvão) e adquiriu mais tarde os terrenos onde está o Externato Camões. Republicano convicto, viveu no Bonfim, entre a Rua e a Praça das Flores. Faleceu em 14 de Março de 1946.
Dizia-se ao tempo que era o maior armazém e mais completo não só de Portugal como da Península Ibérica.
Conheci o armazém, realmente enorme e ainda bem apetrechado, quando fui comprar tinta para lustrar os meus sapatos.

Bem antiga é a Ervanária do Bonjardim. Tanto quanto me lembro, entrei várias vezes com a minha avó e era uma casa escura. Hoje é elegante e com várias lojas espalhadas pelo País. O nome correcto é Ervanário Portuense e foi fundada em 1910 mantendo a fachada primitiva.

Que dizer sobre a Casa Christina em Sá da Bandeira que já não tenha referido. Das minhas memórias, lembro que ia comprar uma mistura Timor para a minha patroa (a senhora D. Olinda Monteiro, uma das sócias dos Artistas Reunidos) no princípio dos anos 60. Também a mistura S. Tomé que ela enviava depois de devidamente embrulhada em algodão para uma amiga espanhola. Poderia ser considerado contrabando, eu não percebia aquele trabalho que ela me explicava para não se notar o cheiro. Mas como era difícil esconder aquele cheiro...que sempre cheirava. Meio quilo de café para uma amiga distante sem saber se chegaria ao destino.
A Chistina é anterior às Invasões Francesas. Imaginem uma casa fundada em 1804, com chocolates e café e diz uma blogueira (paga de certeza absoluta) que até o café vinha da Amazónia. Pode ser que sim, mas...
A casa inicial foi fundada na Rua do Bispo. Já soube onde era, quis bisbilhotar de novo, mas com as novas alterações do site da Câmara do Porto (se antes era uma merda com vossa licença agora está em duplicado) não consegui encontrar qualquer referência. Mas presumo que era para os lados do Bonjardim próximo a Liceiras.
Mudaram-se as instalações para Sá da Bandeira nos anos 20 do século passado. Conclusão, na nova sala de café encontra-se uma bela escada em ferro. Todo o interior foi alterado aquando da compra da empresa por uma multinacional, a Nestlé, por volta de 2008. Mas à vista mantêm-se os moinhos e o móvel com as "latas" das misturas.

Ao passar em Sá da Bandeira baixa, próximo da Praça D. João I, chamou-me a atenção uma loja que existe há bem pouco tempo. Anteriormente era a Camisaria Smart. Grande luxo.
Olhei de fora e entrei. É uma das muitas lojas gourmets que se encontram pela Cidade, esta com provas e ofertas de um produto a partir de uma valor de compras. Mais simbólico do que caro, vale a pena.
A decoração-exposição dos produtos está muito bem arranjada. Conservas, vinhos, azeites, bolachas, sabões e outros produtos tradicionais portugueses bem expostos e com vontade de comprar.
Chamou-me a atenção um móvel.Soube a sua origem centenária e adquirido numa fábrica de sirgaria em Gaia, que faliu.
Entre a passagem da loja para o armazém, um quadro, disseram-me que inacabado. Não o poderei reconhecê-lo como a Ribeira do Porto antiga. Mas prontos, é porque é.
No aproveitamento das paredes que tornaram rústicas, sem dúvida de bom gosto, pequenas prateleiras expõem os produtos
Gostei desta Central Conserveira da Invicta, de preços baixos e linda decoração.

Para acabar por agora, uma referência a um Restaurante-Casa de Fados. O Mal Cozinhado.
 Tomou o nome de um restaurante (não sei onde) frequentada por Luís de Camões. O edifício é do século XIV, mantendo as madeiras e pedras originais. Está a 2 metros acima das águas do Douro o que em tempos de cheias obriga a casa a fechar pois fica inundada.
Era uma casa pertença da Hall & Companhia, não sei se ligada à luz eléctrica ou aos eléctricos. Mas também não sei se estou a lavrar em erros. Em 1976 passou a Restaurante pela mão de Fernando Valente Maia. Não sei se o mesmo que foi um fuzileiro condecorado.
Nesta casa encontrei e fiz amigos, grandes figuras do Fado e não só. Só a conheci em meados dos anos 80 do século passado, ao tempo dirigida por Lopes de Almeida, empresário portuense. Foi um local obrigatório para levar amigos e visitantes estrangeiros. Já é raro vir aqui jantar e ouvir fado, mas de vez em quando ainda acontece na companhia de amigos novos que nos visitam. E é sempre um prazer regressar, pois para além do Fado a Cozinha é excelente.