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domingo, 8 de agosto de 2010

34 - O que vejo por aí

Estes dias bem puxados ao calor não são motivo para paralizar nem as pernas nem os olhares.
A cidade está cheia de turistas e é vê-los aos bandos correndo a atravessar meio em pânico a Rua do Infante a caminho da Bolsa ou S. Francisco, ou deambulando pela Avenida dos Aliados à procura de uma sombra que não existe. Vejo-os à entrada do Bolhão, na dúvida se devem entrar ou não, pois as ruínas do mercado têm mesmo mau aspecto. Mas no Douro não há problemas, mesmo com a intensa navegação e é óptimo sentir uma brisa que na cidade não há.
Mas os passeios são meus e as pernas levaram-me por casualidade à entrada da Via Panorâmica onde dei de caras com o edifício do Teatro do Campo Alegre, que não conhecia. Não sei se é uma grande obra de arquitectura, mas para mim é das coisas mais feias que vi na minha vida.
Na Rua das Carmelitas, dei com esta placa pregada ao muro do antigo Mercado do Anjo, na Praça de Lisboa. As ruínas do ex-centro comercial que lá estiveram - ainda estão - anos sem serventia, parece que vão ser requalificadas. Não sei quando, mas que o sr. Presidente da Câmara prometeu, lá isso é verdade.
Um destes dias à noite passei pela Ribeira e fiquei pasmado com a utilização que estão a dar à velha Fonte de S. João. Água nem vê-la mas o tanque e à volta dele, é um depósito de lixo de toda a espécie. É inadmissível que no local onde se concentram muitas pessoas, ver aquela porcaria, fazendo recuar o tempo e lembrar o que era a Cidade aí uns 30 anos atrás.
Em Massarelos ( a minha freguesia de nascimento) quási chegando ao rio, há umas ruas estreitinhas, que são as do Roleto, Outeiro, etc. Nessas ruas vi a maior concentração de gatos que se possa imaginar. Mas numa travessa que vai dar à Alameda Basílio Teles, cercada de muros altos com casas, a comida para ali deixada e o lixo acumulado é tanto, que é insuportável o cheiro. Aqueles meia dúzia de metros fi-los a correr. Não sei como as pessoas conseguem passar por ali. Uma boa mangueirada é o que o local precisa bem como uma grande desinfecção.
Em Entre-Quintas lá está um velho cartaz do tempo da Capital da Cultura. Isso foi em 2001. Informando que é (?) zona de requalificação. É certo que já não se vê o lixo nem o grafitismo sem graça de há 3 anos atrás. Mas todo o resto está igual. Talvez tenham arrumado os habitantes para qualquer lado, mas de requalificação não se nota nada. Os muros e casas lá estão amparados por pedras ou barrotes de madeira. Esta rua faz parte dos Caminhos do Romântico. Isso só eu a divagar, pois os passeantes devem chegar ali entre as Quintas do Meio (Casa Thait) e da Macieirinha e voltam para trás.
Próximo do seminário de Vilar começa a Rua Abade Baçal. Mais Massarelos. À esquerda, aproveitando o arvoredo que salta de umas das quintas daquele lugar, no que deveria ser um recanto agradável, foi construído um pequeno jardim, com fonte, bancos, papeleiras. Infelizmente, as papeleiras estão vazias mas o local está cheio de lixo de toda a espécie. E as ervas abundam no, agora, espécie de jardim. O regresso à (a)normalidade da Cidade dos anos 70/80 do século passado. E não me venham dizer que a culpa é dos Bairros Sociais, ali do outro lado da rua.
Mas para regalar o olhar, nada como ver a boa arquitectura made in Portô, na Rua de Pinto Bessa. Campanhã ou Bonfim ? Para o caso não interessa.
Em frente ao Teatro Carlos Alberto, encontra-se a casa ideal para colocar os cartazes das peças em exibição. Ainda bem que o actor ou modelo, ou quem quer que seja, tem os olhos vendados. É mais uma casa enfaixada-emparedada.
Vista da mata do SMAS esta e outras casas em ruína - na Rua Barão de Nova Sintra - expõem letreiros dizendo que são propriedade camarâria. Pode ser que um dia destes elas caiam por si e aí se poupam uns euros. Ou entretanto talvez chegue um milionário para construir mais um hotel.
Na mata dos SMAS, bem próximo do largo onde se encontra o chafariz recolhido no antigo Convento de S. Bento de Avé Maria, damos com um letreiro, no qual podemos ler, afastando uns fetos com mais de um metro e meio de altura, Não pisem as flores. Ora este local já foi bem tratado, viam-se, sim, flores. Agora a toda a volta só fetos e ervas enormes. O chafariz já não deita água nem tem nenúfares no tanque. Ainda se vêm algumas rosas por ali, sim senhores, mas me parece que já se tornaram selvagens pois a mata que as rodeia é um sinal de triste abandono.
Pobre Câmara que nem trata do que é seu.
No final dos jardins que acompanham a orla marítima, quási a chegar ao Castelo do Queijo, o velho chafariz dos anos 30 do século passado, continua a degradar-se desde há anos e não há uns miseráveis euros capaz de restaurar esta relíquia. Mas lixo não falta, tanto dentro da taça como à volta.
E assim vai o Porto, entre o calor, o turismo e a degradação.