Pesquisar

sábado, 26 de julho de 2014

190 - Novos espaços públicos - 2. A Antiga Praça de Lisboa

Não sei como se chama agora este espaço. Ou continua como Praça de Lisboa ou será Passeio dos Clérigos. De qualquer forma é um espaço novo num velho espaço, com centenas de anos. O Olival.
Foto aérea de parte da Cidade do Porto. 
Ao centro, em baixo, era o que restava do Shoping da Praça de Lisboa.

Comecemos pelo fim. 
A Câmara Municipal do Porto em Janeiro de 2007 abre concurso para a concepção, projecto, construção, manutenção e exploração do espaço a que chamávamos Praça de Lisboa, ganho pelo Gabinete do arquitecto Pedro Bolonhas.
 Este espaço desde 1839 e até 1952 foi o Mercado do Anjo.
Após o fecho do Mercado abriram uma Central de Camionagem. Espero não estar a laborar em erro. Mas sei que na Praça de Lisboa, assim se passou a chamar o lugar, estacionavam camionetas de aluguer para transporte de mercadorias. Inúmeras vezes liguei para a central a pedir camionetas para fazerem serviços à Empresa Litografia Artistas Reunidos (onde comecei a trabalhar em 1959 e durei até 1978).
Anos mais tarde foi o ponto de chegada e partida de autocarros que transportavam militares de todos os lugares do País que faziam o seu gozo de fim de semana. 
Muito bisbilhotei na net mas não consegui uma única foto desse tempo.
Nos anos 80 do século passado, acabou a Praça de Lisboa como estacionamento de camionetas e foi edificado um tal de Shoping Clérigos. Boa intenção mas mau fim.

Vamos recuando no tempo e olhemos o Mercado do Anjo. Repetindo-me, foi aberto em 1839 após a revolução liberal e presumo sob os seus auspícios.
Segundo as crónicas da época era um belo mercado, onde senhoras e serviçais faziam as suas compras de frescos, com a ceirinha no braço.
Começou a ser demolido em 1952. Não me lembro de lá ter ido alguma vez, mas lembro-me bem das minhas avó e mãe falarem dele com saudade. Por altura da demolição tinha 6/7 anos.

Já me referi algumas vezes a este espaço aqui no blogue. É o lugar do Olival e o espaço presente é uma pequena parte da superfície que ocupou durante séculos.
Nas fotos, em cima, o mercado ainda exitia; Em 2006  parte superior do Shoping estava ajardinada.
Em baixo, já estava vedado o espaço com obras e  como é actualmente.

Evolução das obras do lado dos Clérigos

Recuando no tempo, o Lugar do Olival pertencia ao Bispo do Porto. Não sei se doado pela Rainha D. Teresa, mãe do nosso primeiro Rei, D. Afonso Henriques. O Bispo D. Vasco Martins em 1331 cedeu à Câmara do Porto este espaço com a cláusula de não ser destinado a feira. No entanto em 1682 foi criada a Feira de S. Miguel, mais ou menos onde os cordoeiros se estabeleceram em 1661, ficando esta parte do Olival a ser conhecida como Cordoaria. Que ainda se mantém, embora o Jardim se chame de João Chagas.
Estou a fazer fé no site da Câmara do Porto  http://www.cm-porto.pt/gen.pl?p=stories&op=view&fokey=cmp.stories/372 . A história - ou que se lê dela - é um pouco confusa. Mas para o caso não interessa nada de momento.
Seria este o Campo do Olival. Para uma orientação mais ou menos definida dos dia de hoje em espaço - a foto é de 2007 - digamos que ia desde a Torre dos Clérigos a Sul até para lá da Praça de Carlos Alberto a Norte (ainda existe a Rua das Oliveiras); e a Cordoaria (hoje com Jardim) a Oeste, até a Igreja dos Clérigos a Leste.
Um dia ainda hei-de fazer um Roteiro desta Zona pois para além de ser uma das mais importantes da Cidade é digna de ser visitada. Ver para crer.
Antes e agora
Devido a um acidente sofrido por sua esposa D. Mafalda neste lugar do Olival quando se dirigia para Guimarães, D. Afonso Henriques prometeu mandar erigir uma capela em honra de S. Miguel-o-Anjo se a Rainha ficasse curada. Assim aconteceu e o Rei cumpriu a sua palavra e até hoje, para nós tripeiros o lugar é o do Anjo. Já lá vão mais de 800 anos.
No local da Capela foi erigido um recolhimento (do Anjo) em 1672 para albergar senhoras nobres sem bens. Foi, acho eu, o Convento de S. José e de Santa Teresa das Carmelitas Descalças, demolido após o Cerco do Porto - Guerra Liberal entre D. Pedro IV e D. Miguel - foi então transformado no Mercado do Anjo. Ficou o nome da Rua Das Carmelitas e da Praça de Santa Teresa, mais tarde mudada para Praça de Guilherme Gomes Fernandes, o Bombeiro. Mas na nossa identificação de Portuenses, continua a ser a Praça de Santa Teresa. 
 Então vamos seguir para o presente.
Ainda não percebi como se permite estacionar neste local havendo um parque de estacionamento a cerca de 50 metros. Estão lá os mecos em ferro a vedá-lo (melhor "dizendo" estão lá alguns) mas não adianta. 

O tal concurso que a Câmara abriu e publicou em 2007 até à abertura do novo espaço, decorreram 7 anos. É certo que a parte pedonal foi aberta em meados de 2013. Mas só dei fé de há cerca de 2 meses o Jardim das Oliveiras, na parte superior, ter sido aberto.
A obras iniciaram-se em 2010 e o prazo para a abertura seria na primavera de 2012. Os custos também derraparam, coisa normal em qualquer obra no País. Tanto quanto eu saiba, a Câmara não teve nada a ver com o assunto. Mas sobre isso já escrevi antes.
Reconstituição da Porta do Olival

Lê-se no site da Câmara atrás referido que a Farmácia tem 200 anos. São dignos de ser vistos o tecto e os móveis. O Café da Porta do Olival funciona com este nome desde pelo menos 1853. No entanto deve ter derivado de um antigo botequim, o Botequim de Adães que já existia há anos, segundo podemos ler num escrito do Prof. Germano Silva no Jornal de Notícias e reproduzido no blogue do amigo http://cadernosdalibania.blogspot.pt/2014/01/cafe-da-porta-do-olival.html
Neste café podem ver-se algumas pedras da antiga Muralha Fernandina e existe ainda um pouco da Porta do Olival que se abria para o Morro da Vitória e a sua Judiaria. A talhe de foice, diga-se que vale a pena descansar da jornada neste café e comer entre outros petiscos um delicioso lombo de porco assado. O meu preferido.

Pormenor da passagem inferior que liga os Clérigos às Carmelitas. 
Creio que se chama Passeio dos Clérigos.

Os edifícios das Carmelitas vistos do Jardim. 
Destaque para a Livraria Lello.

Alguns dos edifícios sofreram melhoramentos e limpezas das fachadas.
Já agora gostava de saber porque é que em alguns locais onde foram plantadas as oliveiras ao qual o público não tem acesso por estar vedado, se plantaram também uns arbustos que mais parecem mato selvagem. É para o pessoal não "saltar o muro " julgando que se vai picar naquelas ervinhas ? Se é para imitar um "monte" de oliveiras, é erro do tamanho da Torre dos Clérigos. Tanto quanto fui apreciando ao longo do País em terrenos cultivados com oliveiras, estes estão sempre limpos. Se estou errado, os meus amigos podem-me corrigir.  
 No centro do Jardim um bar de apoio aos visitantes.Tem música, mas acho que é só à noite.

Olhando para a Velha Senhora. 
O Jardim relvado e bem tratado, para já pelo menos, serve de descanso e as oliveiras dão sombras. E dá um bem melhor aspecto do que as "ervinhas".

De dentro do espaço do Bar, uma panorâmica incluindo o lado Leste do 
edifício da Reitoria da Universidade

Olhando para Sul e o casario que veio substituir os Muros da Muralha Fernandina. Enfim não sei se serão dessa época, mas a Muralha corria por aqui. Mais metro menos metro.
Uma Oliveira com frutos ainda verdes. 

A entrada para o Jardim pelo lado dos Clérigos. A estátua memoriza D. António Ferreira Gomes, o grande Bispo do Porto. Pormenores e história já referidos neste blogue.
A rodear o pedestal cá estão as tais ervinhas. Mas que me lembre sempre existiram flores no outro canteiro. Porque não agora ?

Do lado da antiga Porta do Olival, obras recuperam edifícios. À direita a estátua do Camilo vestido e a mulher (uma das suas muitas mulheres, mas qual ? não interessa) nuinha da silva. É uma memória ao Amor de Perdição. Já mostrei a minha indignação ao autor da obra pela nudez da mulher. Ainda se estivessem os dois nús, vã que não vá. Mas o escultor tem um gosto muito especial por mulheres nuas. Pelo menos em esculturas...É só ver as suas obras. Claro que se houvesse uma explicação talvez entendesse melhor.

Os turistas que enchem a Cidade aproveitam para trabalhar o bronze. Para nós, é uma delícia a sombrinha, onde a loirinha não aquece de repente.
Vale a pena espreitar os vitrais da Garrafeira dos Clérigos.
E olhar as suas montras onde a Torre se reflecte apreciando os nossos vinhos, digestivos e não só.

E lá vai o 22  caminho da Batalha

Tenho de terminar que esta coisa já vai longa. Sei que vos é difícil aturarem estas minhas deambulações. Mas tenho de deixar uns apontamentos.
Atrás escrevi que a zona é digna de ser visitada. Não tenho dúvidas. Se não vejamos, Torre e Igreja dos Clérigos; o edifício do antigo Tribunal e Cadeia da Relação; Por trás é a Rua de S.Bento da Vitória com a sua Igreja Paroquial e o antigo Convento de S. Bento. Resquícios da Judiaria do Olival e um miradouro com vistas espectaculares. 
Voltando à frente e a seguir à Cadeia, é a Igreja de S. José das Taipas. Podemos apreciar a casa onde nasceu Almeida Garrett e os Casarões com história dos Brito e Cunha e dos Sandeman. Digamos que fizemos um percurso pelo sul. 
Voltando à direita e é o Palácio da Justiça com um miradouro nas traseiras sobre as Virtudes e o Hospital de Santo António. Voltamos à direita e encontramos um pequeno Jardim com o busto dedicado a Júlio Dinis, em frente a Faculdade de Medicina e as majestosas Igrejas do Carmo e dos Carmelitas. A seguir é a Praça de Carlos Alberto, tendo à esquerda o belo painel lateral da Igreja do Carmo em azulejos. No centro da Praça as Estátuas do Soldado Desconhecido e do General Humberto Delgado. Por trás o Palácio de Balsemão e o Centro de Materiais de Construção. Pela direita, é a Rua das Oliveiras que ainda nos recorda o Olival, bem como a Fonte que esteve neste local mas passou para umas dezenas de metros mais à frente. 
Regredindo, estamos na Praça dos Leões - este topónimo nunca será esquecido - com a sua bela Fonte e o edifício da Reitoria da Universidade do Porto, que alberga exposições temporárias e os Museus de História Natural, há pouco tempo aumentado e o de Mineralogia.
À esquerda inicia-se a Rua das Carmelitas com belos palacetes e vamos olhar a Livraria Lello, agora com visitas programadas. Do lado direito, estão dois dos mais antigos cafés da Cidade: O Universidade e o Âncora Douro, mais conhecido por Piolho.
Seguindo este percurso, podemos repousar no Jardim da Cordoaria. Enfim, já não é um jardim como foi, mas paciência. Novas arquitecturas paisagísticas ao abrigo do Porto, Capital Europeia da Cultura. Para a esquerda, passando o Jardim, encontramos o novo Olival. 
Para os amigos interessados, podem ir ver no índice cada uma destas relíquias. Só é preciso tempo e paciência, que parece não existir nos dias de hoje.

quinta-feira, 10 de julho de 2014

189 - Novos espaços públicos. 1

A Praça das Cardosas é um novo espaço público da Cidade do Porto situada na antiga cerca do extinto Convento dos Lóios.
Foi um obra que acompanhei com alguma assiduidade durante os anos da sua execução. Mas não foi só a feitura da Praça. Todo o triângulo formado pelo Palácio das Cardosas, Largo dos Lóios, parte final da Rua das Flores e Praça de Almeida Garrett foi totalmente reconstruído e/ou restaurado.
Mas irei por partes, começando por referenciar o "triângulo" ainda mal definido a partir de uma maqueta do Porto do séc. XIV. Depois uma planta que presumo ser de meados do séc. XVIII. Uma vista aérea com a Praça identificada e uma imagem do Google de há sete anos, precisamente.
1. Actual Praça da Liberdade. 2. Cerca do Convento dos Lóios e posteriores edificações. 3. Estação de S. Bento. Na maqueta, 4. Sé Episcopal. 5. Praça da Ribeira. Nela vêm-se a cerca romana (?) envolvendo o Morro de Pena Ventosa junto à Sé (só existe um torreão e um pouco de muralha) e a cerca exterior, a medieval, a que chamamos Muralha Fernandina. Da qual existem uns panos e uns torreões nas freguesias da Sé e de Miragaia e algumas pedras que servem de paredes a casas.  Aos muros da Ribeira, não sei que lhes hei-de chamar. Isto apenas são pequenos apontamentos ao correr do teclado.
A. Rua dos Clérigos. B. Rua do Almada. Do lado esquerdo é o Largo dos Lóios e a ligação à Rua das Flores pela pequena Rua de Trindade Coelho, relativamente recente. Do lado Direito é a actual Praça de Almeida Garrett.
O topo norte é fechado pelo Palácio das Cardosas, que alberga o Hotel Intercontinental.
Mas o quarteirão-triângulo, para além da reabilitação urbana, tem muita história. Não sei se a conseguirei descrever muito bem, mas se houver erros, os meus amigos leitores vão-me rectificar.

Estamos em 1490 quando a viúva Violante Afonso doou uma propriedade adjacente à Muralha com horta, laranjal, fontes e casas e ainda um oratório com a invocação de Nossa Senhora da Consolação aos cónegos seculares de S. João Evangelista para edificarem a sua Igreja no referido oratório.
O Bispo do Porto D. João Azevedo (31º Bispo do Porto, episcopado de 1465 a 1496, apresentado pelo rei D. Afonso V para ocupar a Sé que se encontrava vacante) foi quem meteu a "cunha", aliás coisa a que deveria estar habituado tantas são as lembranças que a sua biografia comporta. Ou não fosse ele natural de Lisboa. Para o caso não interessa nada.
Presumo que o autor desta gravura é o Pintor Alberto Aires de Gouveia (1867-1941) que terá adoptado o apelido Gouvêa Portuense. Bem pesquisei mas não obtive respostas.
O muro é o da Muralha Fernandina, onde hoje se encontra o Palácio das Cardosas. Já não existia na altura da Reconstituição desta gravura. Se o autor é quem julgo ter sido.

A primeira pedra para a construção da Igreja nova do Convento de Santo Elói dedicada a Nossa Senhora da Consolação e do Convento dos Lóios, no lugar da Fonte da Arca, foi lançada pelo Bispo em 6 de Novembro de 1491 iniciando-se de imediato as obras com o apoio do Rei e da Rainha, do Bispo, da viúva Violante, de outros conventos dos Lóios e mais pessoas.
Um século depois já era tudo muito pequeno e resolveram demolir os edifícios e construir nova igreja, dormitórios e oficinas, tendo as obras começado em 1592. As obras pararam em 1611 para que os fundos a elas destinados fossem desviados para o Colégio de S. João Evangelista de Coimbra.
As obras só terão continuado talvez por volta de 1650, havendo um requerimento para a construção de um passadiço do Convento para a Muralha. Existiam duas portas de entrada na Cidade: A de Carros ligando a S. Bento e a de Santo Elói ligando às Hortas (Ruas dos Clérigos/Almada/Praça da Liberdade).
Num aparte, li, não sei onde, pois tenho bastantes obras sobre e do Camilo Castelo Branco, uma sua afirmação (?) na fase anti-clerical que este passadiço servia para os Frades Lóios visitarem as Noviças e Freiras do Convento de S. Bento de Avé-Maria. De cabeça recito o pormenor do texto lido já há tempos - anos -  que será mais ou menos assim: Aproveitando o caminho que liga os dois conventos através da Porta de Carros, lá vão eles (os Lóios) etc. 
Os anos foram passando e as doações, compras e expropriações continuaram durante os séculos, tornando a Congregação dona de uma vasta área no interior da cidade muralhada.
A cerca do Convento estava limitada a norte pelo passadiço entre a Muralha e a Cerca que ligava as duas Portas (Postigo de Santo Elói e Porta de Carros); A sul e nascente pela Rua das Flores e a Feira de S. Bento (actual Praça de Almeida Garrett) e a poente pelo futuro Largos dos Lóios, principal porta de entrada do Convento.
A Praça de Almeida Garrett foi chamada de Feira de S. Bento
Embora a Estação tenha entrado ao serviço em 7 de Novembro de 1896,
só 20 anos mais tarde foi inaugurada oficialmente.

O Palácio, não sei se desde o tempo em que foi comprado e concluído pela família Cardoso, albergava lojas de vários comércios. Ainda no meu tempo de juventude, pela porta principal e que levava a um pátio existia um armazém creio que da Farmácia Vitália, entre outros e a famosa Adega da Cerca, bons vinhos e petiscos. Nesse tempo ainda não havia a "febre das loirinhas". Já dizia Salazar, beber vinho é dar de comer a um milhão de portugueses.
Na esquina era o Café Astória (hoje fazendo para do Hotel mantém o nome), local de paragem obrigatória por quem chegava e partia de comboio. Em 1972 foi substituído por uma agência bancária.
No lado direito, quási a chegar ao Largo dos Lóios, a Vitália foi um espanto para a época, segundo as crónicas. A fachada com incrustação em ferro e vidro estilo arte-deco, obra dos arquitectos Amoroso Lopes e Manuel Marques, ambos companheiros desde os tempos de estudante em Paris após a primeira guerra mundial, foi inaugurada em Março de 1933.
Ao centro, a porta de entrada para o pátio, atrás referida. Hoje é a entrada do Hotel.
O denominado Passeio das Cardosas, ponto de referência dos Portuenses, apelidou-se Passeio dos Pasmados, pois nele faziam sala, junto aos estabelecimentos, os janotas para verem passar as meninas.

Aproveitando o novo plano de urbanização da Praça hoje da Liberdade e a demolição das Muralhas começada em 1788, o convento de Santo Elói conseguiu aprovar um plano para a construção iniciada em 1798 de um grandioso conjunto monumental voltado para a nova Praça, que nunca chegou a terminar derivado à vitória dos Liberais de D. Pedro IV e a aprovação da lei de Maio de 1834 que extingue de vez as ordens religiosas.
Gravura de Joaquim Villanova.
O Convento em Construção
Todos os edifícios passaram para a coroa ou para os municípios. Foi o caso deste, que foi adquirido em hasta pública pelo valor de 80 contos por Manuel Cardoso dos Santos, com a obrigação de concluir a obra segundo o risco inicial. Após a sua morte, a herança passa para a esposa e filhas, transformando o Povo o Cardoso em Cardosas e assim ficou conhecido o Palácio.
Depois de várias utilizações comerciais, incluindo bancárias, foi vendido para albergar um Hotel.

Como escrevi antes, acompanhei e registei alguma evolução das obras durante mais ou menos sete anos.
Parte desses registos foram sendo aqui publicados (ver no índice Cardosas). Para além dum resumo das fotos antigas, publico fotos não só dos edifícios que foram recuperados como do interior da Praça.
 Pormenores das obras interiores, onde a futura Praça das Cardosas irá surgir.
 Obras do lado da Rua Trindade Coelho

Rua das Flores e Praça de Almeida Garrett. Os vários andamentos das obras.
Praça de Almeida Garrett. Exteriormente parece tudo em ordem. O edifício com a carranca do Leão albergou a Rádio Marconi

A Praça em várias fases, mas já com ordem para circular. Ao fundo são as traseiras do Hotel Intercontinental.

 O interior da Praça alguns edifícios pontos a comercializar. Não sei se alguém os vais habitar.

Exteriormente, o lado do Largo dos Lóios. Foi aqui que estiveram instalados os edifícios e a Igreja voltados para o Largo.
Não sei se esta porta simboliza a entrada do antigo Convento.
As novas edificações até ao encontro da Rua das Flores, na foto à direita em baixo.

O actual Largo dos Lóios, onde se encontrava a Porta primitiva com a ligação aos Clérigos/Natividade (rua transversal) e Rua do Almada/Hortas em frente.

Muitas pesquisas efectuei para este "trabalho". Algumas esqueci de registar, o que já é normal em mim. Mas há os amigos habituais http://doportoenaoso.blogspot.pt/ ; http://portoarc.blogspot.pt/ http://www.portoantigo.org/ ;
Mas foi especialmente neste que descobri a história do Convento dos Loios:
https://estudogeral.sib.uc.pt/bitstream/10316/20796/1/O%20Convento%20dos%20L%C3%B3ios%20no%20Porto,%201789-1798%20-%20Jo%C3%A3o%20Briosa.pdf
Há também a registar o SIPA em http://www.monumentos.pt/Site/APP_PagesUser/SIPA.aspx?id=21240.

Não podia acabar esta apresentação sobre a nova Praça das Cardosas, sem incluir uma pequena-grande história que me foi referida pelo amigo e conterrâneo Egberto, desde Barcelona. E que tem a ver com a Igreja de Nossa Senhora da Consolação edificada no convento:
Um eremita que viveu no séc. IX nascido na cidade do Porto e ficou a ser conhecido por S. João do Porto (não confundir com o outro S. João, o rapioqueiro), tinha o cognome de Terzon, Teizon ou Izon.
A sua vida eremítica foi passada junto da Cidade de Tui, na Galiza. Em 1282 os Dominicanos construíram um convento, já desaparecido, sobre o lugar de uma igreja paroquial onde João estava sepultado. Embora levantando-se muitas dúvidas de uma Cabeça Santa sem referência definida, o certo é que essa relíquia foi levada para a Igreja de Nossa Senhora da Gandra mandada edificar por Dona Mafalda, a esposa do nosso primeiro rei. Dessa relíquia foi retirado um osso que se venerava na Capela da Cabeça Santa na Igreja do Convento dos Lóios.
Os amigos interessados podem ler a história completa em http://www.cm-porto.pt/gen.pl?sid=cmp.sections/570&letra=S&fokey=cmp.toponimia/1743

Temos na Cidade a Rua de São João do Porto desde Junho de 2003, em Lordelo do Ouro, nome proposto pela Associação Cultural Amigos do Porto.

Devo esclarecer que a Igreja e couto da Gandra foram doados pelo nosso primeiro D. Afonso Henriques à Sé de Tui e ao seu Bispo D. Afonso. Não li qualquer referência à relíquia no site da Junta de Freguesia -que pertence a Valença do Minho- nem pormenores da Igreja. Mas presumo que é esta a igreja referida por Fernando Moreira da Silva num escrito do Jornal O Tripeiro e publicado no site acima.

quarta-feira, 2 de julho de 2014

188 A - Ainda a Estátua do Porto

O amigo Óscar fez-me chegar fresquinhas imagens antigas da Estátua do Porto. Um gesto que reconhecidamente agradeço. Assim fica mais completa a "reportagem" ontem publicada.
 A Estátua a ser apeada aquando da demolição da Câmara, na Praça de D. Pedro
A sua instalação no Terreiro da Sé, junto ao Paço Episcopal.
No mesmo local depois do lugar arranjado
Nos Jardins do Palácio de Cristal, anos 60.