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domingo, 28 de agosto de 2011

92 - Os Farois da Foz - Barra do Douro

Grande polémica envolveu a construção dos dois paredões do Molhe da Foz do Douro. O primeiro projecto recusado em 1997, previa uma construção de 600 metros para o Paredão de Gaia e mais de 700 para o do Porto.
O novo projecto foi aprovado e a empreitada assinada, creio que no dia 1 de Abril de 2004, prevendo-se o final da obra ao fim de 28 meses. O valor orçado foi de 25 milhões de Euros. Claro que nem o prazo foi cumprido nem o orçamento cuja derrapagem foi da ordem de 2,6 milhões de euros, mas também li que foi de 12 milhões. A obra foi dada como pronta em Março 2009.   
O paredão do lado do Porto, chamado Norte, Prémio de Engenharia, acabou por ficar com 480 metros, mais ou menos. O velhinho Farol de Felgueiras está ali ao lado. 
Os temporais, dizem, foi uma das razões do atraso da obra. Foi há três anos, em Agosto, que trabalhadores tiveram de ser resgatados por helicópteros devido a uma súbita mudança dos humores do mar. Bom, e continuam a provocar estragos. O bar que se encontra debaixo do passadiço e agora com esplanada na antiga Meia Laranja, já foi destruído. Coisa que não foi de admirar.  
Ora esta obra foi pensada para que a Barra do Douro se tornasse navegável. Expert's dizem que foi dinheiro deitado à rua, pois há muitos anos não passam barcos comerciais a barra. A não ser os que vão carregar granito ao Douro, Região. Outros, são de opinião contrária. Entre eles o meu amigo Rui Amaro (Blogues Navios à Vista e O Piloto Prático do Douro e Leixões, já várias vezes aqui recomendados).   
Além disso, o aumento da salinização da água prejudicará as populações que pelo Douro e Paiva são abastecidas. Tudo isto bisbilhotei por aí, porque de água não percebo nada. A não ser no duche, se está quente ou fria
Sabe-se que a Barra do Douro foi desde tempos imemoriais o Porto de Abrigo do Norte de Portugal. As nossas relações com os povos do Norte da Europa e do Mediterrâneo, fizeram de Porto e Gaia ancoradouros por excelência. Por isso Portus Cale. Coisa de Gallecios, cuja origem vem deste torrãozinho e pena foi D. Afonso Henriques ter ido para Sul, quando deveria ter reconhecido as suas origens patrícias e ir para Norte. Dos Nórdicos ficamos com os Rabelos, barcos de mar que o nosso engenho adaptou ao rio. Mas isso é história (ou estória ?) de mais para a areia da barra do Douro que assoreava a sua entrada. Vinda do Cabedelo, de Gaia.
Do lado de Gaia, o Molhe Sul. O Atlântico e o Douro se abraçam, calmos e serenos. Que se portem bem assim, o que não creio. Ninguém crê.
Foi ponto assente que o nosso Presidente Rui Rio não gostou nada desta ideia da Barra, contrariamente ao seu vizinho e correlegionário político, de Gaia, Filipe Menezes. Para este seria uma boa obra à qual aproveitava para incluir uma Marina. Vi em tempos umas obras na Afurada, disseram-me que era para a tal Marina. Mas já lá não vou desde o S. Pedro de há dois anos.
Do lado de cá, em frente ao chamado Molhe Norte, o velhinho Farolim de Felgueiras, que agora só ronca. Não é pejorativo não senhores. É o nome que os mareantes dão à voz da buzina, ligada em dias de mau mar. Porque as luzes de sinalização da Barra agora são dos nóveis faróis.
Independentemente das polémicas sobre esta obra, em tantas horas passadas por ali, vi dois barcos atravessar a barra. Um deles num dia de verdadeiro temporal, escondendo-se da vista entre as vagas. A foto anda por aí. Esta encontrei-a por casualidade.
Para mim, tem tudo de bom, porque posso caminhar aqueles quási 500 metros sentindo uma sensação de liberdade, a máquina vendo o que por vezes não vejo.
Mais ou menos onde era a Meia Laranja, as pedras se amontoam. Não sei se foi o mar - ou o rio - que as atirou para ali em dias de temporal ou se têm a finalidade de proteger alguma coisa.
Sabe bem estar na zona de restauração, mas em dias de calor não.
Da Meia Laranja sobra isto. Os pescadores do Robalo queixam-se. Os da Taínha nem por isso. Está sempre uma "loirinha" ao lado.
Em dia de São Bartolomeu, como sabe bem olhar o Farol de Felgueiras, comer uns tremoços, amendoins e azeitonas, claro, com a tal de "loirinha" fresquinha ao lado.
Na esplanada em frente à Praia da Pastora, já teve um Jardim bem arranjado e florido, mas que o temporal do Inverno passado deve ter levado. Como é zona desinteressante, a Câmara não lhe liga e o povo também, deixando por lá o lixo que faz.
Há um motivo escultórico de José Rodrigues (um dos 4 Vintes, fundadores da Cooperativa Árvore e da Bienal de Cerveira) e dedicado ao Grande Escritor Ferreira de Castro (Oliveira de Azeméis, 24-Maio-1898 / Porto, 29-Junho-1974) autor de A Selva, Emigrantes, Instinto Supremo, A Lã e a Neve e tantos outros. No tempo "da outra senhora" nem dele se falava nas escolas. Mas foi-me segredado pelo meu último professor de português. Conheci-o em Novembro de 1969, na Biblioteca do Hospital Militar de Bissau. Mas isso são outras histórias (ou estórias, tanto faz).
Nota à margem do tema, podem encontrar-se as suas obras, senão todas, uma boa parte, nas Catacumbas do Chaminé da Mota.