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segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

62 - O Salgueiros e o Campo Engº Vidal Pinheiro

O meu Salgueiros fará 100 anos a 8 de Dezembro. Mas é do seu último campo de jogos, hoje transformado num terreno baldio, que quero recordar.
Depois da zaragata com meu pai - ver poste 61 - e relacionada com o Porto (clube) e o Campo da Constituição, passei a "frequentar" muito assiduamente o velho campo de Augusto Lessa, nome com que primeiramente foi baptizado o Vidal Pinheiro. Cuja estória remonta a 1930, quando o velhinho Salgueiros foi expropriado do Campo do Covêlo em 1929, por motivos gananciosos do famigerado sr. Paranhos.
Encontrei esta foto cuja legenda refere um jogo com o Futebol Clube do Porto, no Covêlo, esse lindo campo de futebol. Palavras de meu Pai.
Mas é de Vidal Pinheiro e do tempo que por lá passei a assistir (muito mais tarde a jogar) a jogos de andebol, voleibol, futebol de juniores, reservas (não me lembro das 2ªs e 3ªs categorias) e claro às grandes tardes dos seniores. Em pista improvisada, também lá treinavam as equipas de atletismo masculinas (de onde saiu Henrique Inglês, o nosso "Carlos Lopes" muito antes deste aparecer) mas principalmente as femininas, que ao nível nacional eram das melhores, a par da famosa equipa do Belenenses.
Mas adiante, que é de Vidal Pinheiro a recordação.
Haviam várias entradas para o Campo. Uma pela viela, assim chamada por causa do caminho estreito cujo piso em dias de chuva era um autêntico lago. Valiam as pedras que os moradores e o dono do tasco ali deitavam para se poder passar. Claro que os copos (antes, durante e depois dos jogos) eram importantes. Para todos.
Hoje estão todas as habitações em ruínas, tão lamentável como tudo à volta. Lá ao fundo, o velho portão de acesso ao campo.
As outras entradas faziam-se pela Rua Augusto Lessa, do qual o campo tomou o primitivo nome. Dizia-se que o Sr. Engº Vidal Pinheiro, dono destes terrenos, o alugava por um preço simbólico ao Salgueiros. Enquanto foi vivo e depois os seus herdeiros, permitiram toda a série de alterações que ao longo dos anos foram feitas no terreno. Daí ter tomado o nome porque era conhecido em sua homenagem. Mesmo depois de comprado, continuou com o mesmo nome.
Soeiro numa defesa que hoje se diria para a "fotografia". Ao fundo a primitiva bancada de madeira, que em 1957 foi remodelada, com camarotes na parte superior.
A Académica em apuros. Wilson aguarda expectante enquanto Ramin (tenho dúvidas se será ele mesmo) enfrenta Teixeira e o baixinho Lalo. Ao fundo, o peão que já havia sido remodelado.
O grande Alfredo Valadas, legenda do Benfica e da selecção nacional, alentejano de nascença, nos anos 50 treinando em Vidal Pinheiro. Creio que o fazia às equipes juniores e seniores. O varandim do peão era todo trabalhado
Um jogo contra o Vitória de Guimarães. Ao fundo, meio encoberto pelo braço do Mendes, o do pé canhão, o célebre sobreiro que existia na topo do peão, onde se reunia a "malta do bota abaixo".
Em meados da década de 70 um jogo com o União de Tomar.
Será o Conhé o guarda-redes do União ?
Nessa mesma década, com o impulso do treinador Joaquim Meirim (que quási levava o Salgueiros a subir ao primeiro escalão de futebol nacional) iniciaram-se obras no campo. Foi a época dos 25 tostões para as obras e o sorteio da bola do jogo entre os contribuintes. Foi o fim do sobreiro.
Obras posteriores foram as do arrelvamento, a luz eléctrica e a bancada. Não sei como foi permitida a sua utilização. Poucas vezes lá me sentei, pois além de ser uma passagem escorregadia, tinha medo da maneira como ela assentava em terreno pantanoso. Mas admirava imenso os operadores de câmara de TV, que subiam por uma escada de "trolha", talvez com uns 5 metros, para uma plataforma suspensa das vigas.
Já vi em reportagens da TV imensas bancadas caírem. Aquela numa localidade Brasileira e a do Algarve foram as mais recentes. Nunca percebi como a de Vidal Pinheiro nunca caiu.
O Estádio como se passou a chamar estava airoso na década de 80/90. O espaço em branco foi posteriormente coberto com relva sintética.
Por aqui passaram grandes nomes do futebol nacional e internacional. Vi o Zé Augusto, ainda no Barreirense, ficar sem calções, puxados pelo Gualdino, numa das suas famosas arrancadas, neste caso, pelo lado esquerdo. Vi num treino o Barrigana partir a perna ao Rosas. Deliciava ver os pés de veludo do Porcel, um dos rejeitados do Porto na era Yustrich; A fúria do estremo esquerdo Benje, saído incompatibilizado com o Guimarães; e a famosa linha avançada que levou o Salgueiros a Campeão da 2ª em 1957: Lalo, Lopez, Júlio Teixeira, Taí e Pintos.
Mas o jogo mais dramático que vi neste campo foi na era do menino Henrique Calisto, um dos bébés do Leixões, transformado em bébé treinador. Princípios dos anos 80 e o campo ainda era pelado. Último jogo da Ligilha de subida à primeira divisão. Salgueiros precisava de ganhar e estava a perder com a Académica 1 a 0. O Braga era o virtual campeão pois ganhava em casa. Se empatasse, subia a Académica. Faltavam 15 minutos para os jogos acabarem. O Braga sofre o empate. Sobe a Académica.
O Salgueiros vai buscar a Alma e em 15 minutos resolve o jogo a seu favor por 3 a 1 e ganha a subida.
Restos do velho campo, vendido ao Metro do Porto em finais dos anos 90.
O ex-peão de topo ainda guarda algumas relíquias dos velhos tempos.
Para ali está abandonado, com o elevador e duas caixas de concreto bem à mostra,
no meio da planície pantanosa
Um campo relvado é o que resta e onde os miúdos mostram as suas qualidades
Um dos bares de antigamente
Obras do Metro
A actualidade
Fica perpetuado na estação do Metro o nome do velho Salgueiros. É bem pouco para uma Instituição de Utilidade Pública, Comendador da Ordem do Infante e tantas outras coisas, que não servem para nada. Será que a Câmara Municipal e a Sociedade do Metro teriam (ou terão) direitos para utilizar o velho nome ?
Foto de autor desconhecido, recolhida na net.

Palavras para quê ? É um terreno baldio, como tantos outros espalhados pela cidade. Neste caso tem um dono bem conhecido. Sociedade Metro do Porto. Não sabem que fazer com ele e portanto para ali vai estando. Mais uma vergonha da Cidade. É o que resta do velho Estádio Vidal Pinheiro. Que foi do Sport Comércio e Salgueiros. Um clube Centenário

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

61 - O Campo da Constituição

Este escrito não tem nada a ver com cores clubísticas. É mais uma recordação das minhas infância e juventude e do local onde vivi. Portanto, os fanáticos que tirem o cavalinho da chuva e não prometam pancada antes do tempo.
Morei a dois passos, entre os campos da Constituição, do Luso e do Estádio do Lima. E a quatro do de Vidal Pinheiro. Quer dizer, Futebol Clube do Porto, Académico Futebol Clube e Sport Comércio e Salgueiros. Fui sócio de todos e de alguns em simultâneo. Atleta de dois deles. E de mais outros dois, que não tendo campo, jogávamos em todos eles; tudo isto entre os meus 16 e os 30 anos. Com um interregno entre os 20 e os 25.Mas voltemos às recordações que o Campo da Constituição me deixou. Era bem pequeno e um vizinho, portista ferrenho, levava-me a ver os jogos do Porto. Umas vezes de manhã, creio que seriam dos júniores ou das segundas ou terceiras categorias, não me lembro. Outras de tarde, aos jogos do campeonato nacional. Fiquei andrade ferrenho, também. O meu pai, bem como meu irmão, bastante mais velho, eram e foram toda a vida, Salgueiristas. Embora meu irmão tenha tido uma costela academista, pois foi seu atleta durante muitos anos.
Em determina altura, julgo que andaria pelos meus 5 a 6 anos, tive uma discussão futebolística com meu pai. Num domingo à noite, à mesa de jantar. Pelos vistos duríssima, pois foi necessário a minha avó pegar em mim e levar-me para casa dela salvando-me de uma tareia. Tudo porque o Salgueiros perdeu e o Porto ganhou.
Conclusão: fiquei proibido de ir ao futebol com o Sr. Júlio Cardoso. Para que conste, dois ou três anos mais tarde, como prémio pelo bom aproveitamento escolar - passei da segunda para a terceira classe - meu pai fez-me sócio do Salgueiros. Mas antes, sem ele saber (???), meu irmão já me havia feito sócio do Académico. Mas isso fica para outro dia.
Há dias passei pelo Campo, agora funcionando como Escola de Formação do Clube. Olhei à volta, recordando o que era aquele espaço. E à volta ainda se vêm algumas das casas do meu tempo de menino e não só.
Num espaço destinado a recepção, cafetaria e sala de espera, encontra-se um painel com fotos recordando jogos e a assistência que nele cabia.
A sua inauguração ocorreu em Janeiro de 1913 e foi o recinto desportivo do Futebol Clube do Porto até Maio de 1952, data da inauguração do Estádio das Antas. Também foi utilizado por outros clubes aos quais era subalugado.
Por todo o lado esquerdo, encontrava-se uma bancada em madeira. No canto à esquerda, havia um caminho criado para saltar um muro baixinho por onde se passava para ver os jogos.


Grandes momentos com as imagens focadas para o lado da principal bancada a todo o comprimento do lado esquerdo de quem entra.
Aqui eram os balneários. Entre eles e as bancadas do topo havia um ringue pavimentado a cimento onde se praticavam todas as modalidades que hoje o são em pavilhões. As entradas eram de ambos os lados.
Uma imagem dos balneários. E lembro-me muito bem da árvore entre os balneários e o ringue.
Todo o lado direito era o peão lateral. Quási encostadas ao muro, ainda existem casas daquela época.
Ao fundo era a entrada para os peões, lateral e de topo chamemos-lhe Noroeste.


Imagens de jogos com esses peões em fundo. Com a chuva o terreno ficava vidrado.
A Bancada do Topo Sul. Era aqui que ficava quando o meu vizinho me levava à bola. Nos jogos grandes tinha de estar ao seu colo. Os atletas entravam pelo lado direito e os adeptos pelo centro da bancada.
Um vista actual tomada a partir do antigo ringue.

Duas panorâmicas a partir do Google com 4 anos de diferença.

Na de cima, o pelado ainda é bastante visível, bem como o ringue.
Na de baixo é o aspecto actual
Pronto amigos, já está. De memórias e recordações se faz a vida, que não é nenhum museu. E para que conste, desse meu tempo de menino e da Constituição, só me lembro de um jogo. Porto x Oriental, com a vitória azul por 4 a 0. E de um atleta: O Barrigana, o famoso mãos de ferro, que veio para o Porto, emprestado pelo Sporting, por uma época mas que ficou por 12. Tendo acontecido apenas por casualidade, porque o Andrasik fugiu à Pide, pois era anti-nazi. E o FêCêPê ficou sem Keeper. Dispensado por Yustrick, ganhou o único titulo nacional da sua carreira ao serviço do Salgueiros em 56/57. Outras estórias.





















terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

60 - A Zona do Marquês

Por razões médicas, num dia escuro da semana passada tive de ir para os lados do Marquês. É um local de muitas saudades, pois a minha meninice e parte da juventude foi aqui passada. Durante quatro anos atravessei o seu jardim, quatro vezes ao dia, visto a minha escola primária ser nas Doze Casas. Quem não se lembra desta Rua estreitinha onde os futuros ases do volante faziam a instrução auto nos gloriosos carochas ? E ao fundo a fábrica do açúcar com o seu vapor constante e o cheirinho a doce... Mas o que interessa agora é Zona do Marquês, ou de toponímia, Praça Marquês de Pombal. Ora a Câmara Municipal do Porto em vez de nos contar a estória da Praça e Jardim, dá-nos uma pequena biografia do Marquês de Pombal. Tanto quanto descobri a Praça e Jardim já existiriam desde os princípios do séc. XIX. Chamava-se na altura Largo da Aguardente. Este coreto em ferro foi oferecido pela população das redondesas em 1898.
Ficava no limite norte da Cidade urbanizada e era uma espécie de alfândega onde existiam barreiras. As mercadorias que cá entravam pagavam aqui os seus impostos. À direita a Biblioteca que vi funcionar durante muitos anos.
Em meados do século XIX a Praça tinha já a configuração actual e possuía uma frondosa alameda. Foi ajardinada em 1898. A sua estória está ligada às Invasões Francesas e ao Cerco do Porto. Por aqui passavam as linhas de defesa do Exército Liberal, depois da tomada da Quinta do Covêlo, já em Paranhos, ali a dois passos.
A meio da Praça e para Poente, foi edificada a Igreja de Nossa Senhora da Conceição sendo a sua construção iniciada em 1939. Obra do Arquitecto Monge Beneditino Paul Bellot. Em 8 de Dezembro de 1947 a Igreja é dedicada à Padroeira de Portugal. As imagens da Fachada são de Mestre Henrique Moreira. E segundo o site da Paróquia, os frescos do interior são de Camarinha. Tema para futuros escritos.
À direita o Asilo Profissional do Terço que recolhi crianças órfãs ou desvalidas. Originalmente criado nas instalações da Ordem do Terço em 1891 para aqui passou não sei em que data, mas provàvelmente já no séc. XX. Quantos concertos ouvi da sua Banda de Música e os filmes que vi no seu cinema ao ar livre. Foi também escola púbica.
O Jardim tinha um passatempo importante para nós, garotos. Era aqui um dos poisos habituais dos vendedores da Banha da Cobra, com as suas giboias e outros bichos, que impressionavam a rapaziada. A distração era tal, que por vezes lá vinha a mãe à minha procura de chinelo na mão.
Derivado às obras do Metro, o jardim foi muito alterado. O grande lago desapareceu e em seu lugar, mais ou menos, colocaram o que estava na Praça D. João I, oferecido - para lá - pelo Antero da Confidente. Chamávamos-lhe A Fonte Luminosa.
Hoje já não se vêm canteiros com flores e para onde teriam ido os plátanos que lhe roubaram ? Ao fundo o edifício do ainda existente Café Pereira. E início, à esquerda, da Rua de Santa Catarina.
Edifícios com uma certa elegância e conservados (outros nem por isso) ainda se podem ver no que foi uma das mais belas Praças da Cidade.
O Marquês - será que algum portuense chama ou conhece esta Praça por outro nome? - visto de Sul para Norte.
A Norte parte uma das saídas da Cidade e a sua mais extensa Rua, a de Costa de Cabral. (Nome do revolucionário da extrema esquerda, ligado ao Exército Liberal, que se tornou direitista -terá sido ?- a história é muito confusa...). Chamou-se anteriormente Rua da Relação Velha e Estrada da Cruz das Regateiras. Conforme assinalava um marco no topo do Jardim. A Cruz ainda guarda o seu toponímico lá muito para a frente, na zona do Hospital do Conde Ferreira. Era uma das saídas para Famalicão e Braga. É quási uma recta e ao longo da sua abertura, em finais do séc. XIX, atravessou uma grande região agrícola e casas senhoriais. Tema para futuras deambulações. À entrada do lado direito haviam duas grandes tascas, o Neco e a Meia-Porta, com enormes pipas de vinho e petiscos sempre quentes. Ponto de encontro, ao domingo depois da Bola, do pessoal do Salgueiros e do Porto. Do Académico nem tanto, pois era gente mais pró chique. À esquerda, a elegante Confeitaria Estoril, que agora vi encerrada. Logo à frente, o Café Portugal, que "roubou" muita clientela ao Pereira, quando abriu em meados dos anos 50. Hoje é casa de hamburguers.
O antigo Retiro Desportivo, tasco também famoso, à esquina da Rua de Lindo Vale. Que foi uma das primitivas saídas para o Norte da Cidade. Lá nos anos 50 tinha na montra um camaleão, montado num galho de árvore, que era um dos passatempos da miudagem ao vê-lo comer moscas e a mudar de cor. Ao lado, um portal com a Tabacaria, que ainda lá está, e três ou quatro cadeiras de engraxadores que já não existem. Ao domingo fazia-se bicha para engraxar os sapatos e comprar o Jornal.
Já na Rua da Constituição, que agora é enorme, alguns edifícios bem conservados.
A Rua de Lindo Vale, mantendo a característica estreitinha de rua de arrabalde. À esquerda, o Tamariz, ainda em funcionamento, um dos mais antigos cabaretes da Cidade. Quantas vezes parei em frente da porta, que era meia, para ver as fotografias das Espanholas. Um dos chefes dos Balets que por aqui passaram, já nos anos 60 e muitos, o Manolo, fui encontrá-lo em Lisboa. Velhos Tempos, como diria o Fernando Farinha...
Logo a seguir e caminhando para poente, a minha Rua. Visconde de Setúbal. Já existia há séculos mas como um caminho estreito, conhecido por Viela da Espinheira. A actual toponímia coincidiu com as obras de alargamento da rua em 1833. Mas não há nada como estas recordações para ficar a saber quem era o Visconde. Súbdito alemão, de seu nome Johann Schwalbach, partiu para Inglaterra onde se juntou a Wellington e às tropas inglesas que posteriormente vieram ajudar a defender Portugal e Espanha das Invasões Francesas. Foi ferido nos Pirineus. Quando rebentou a revolta do Porto de apoio aos Liberais contra os Miguelistas, aliou-se aos revoltosos. Desembarcou no Mindelo juntamente com os "Bravos". Ocupou vários postos administrativos em regiões no Sul do País. Em 1845 é-lhe concedido o título de Visconde. Dele partiu o nome para o Grupo "Os Viscondes", composto por ex-moradores da Rua. Ao fundo da Rua, a Quinta do Covêlo, que por volta de 1720 se chamava de Lindo Vale ou Bela Vista, até ser adquirida por um negociante de nome Covêlo. Foi chamada também de Paranhos e dos Paranhos. Baluarte dos Miguelistas, assistiu a lutas ferozes até ter sido tomada pelos Liberais. Teve no seu interior o primeiro Campo de Futebol do Sport Comércio e Salgueiros. Foi bastante retalhada e hoje é um Parque Florestal e Jardim Infantil com actividades. Muito bom.
No meu tempo, na rua dava para fazer grandes jogos de futebol, circuitos de carrinhos com rolamentos, etc. Era habitada por gente humilde mas muito solidária. Conhecíamos toda a gente que nela habitava. Hoje é conhecida pela rua do Arquivo de Identificação.
No Gaveto com a Rua da Constituição, existia uma outra Quinta, à qual chamávamos das Freirinhas. As meninas-crianças da Rua passavam lá muitas tardes e sempre lhes era oferecido um lanche.
A Rua da Constituição chamava-se de 27 de Janeiro, memorando a data do reestabelecimento da Carta Constituicional por Costa Cabral em 1843. Após a Restauração da Constituição e Cabral para a rua, tomou o nome actual.
Demorou muito tempo a abrir esta rua, cujo primeiro troço ficava compreendido entre o Marquês e Antero de Quental (antiga Rua da Raínha até à implantação da República). Iniciou-se em 1840.
Hoje mantém pràticamente a largura inicial mas bastante mais extensa. É uma das grandes artérias da Cidade.
Paralela a Visconde de Setúbal, 100 metros para poente, a Rua de Faria de Guimarães. Homenageia um grande industrial, vice-presidente da Câmara e primeiro presidente da Associação Industrial Portuense. Uma das ruas que cortou a Quinta do Covêlo. Agora é uma das saídas da Cidade pelas grandes vias.
O Futebol Clube do Porto teve aqui o seu segundo campo de futebol, utilizado desde 1913 até à inauguração do Estádio das Antas em 1952. Substituiu o campo da Rua da Raínha, actual Antero de Quental. Hoje é um centro de preparação e escola de jovens. Num futuro breve deixarei as minhas memórias sobre este campo.
Do outro lado, encontramos a Rua de S. Brás. Hoje uma artéria importante da cidade, mas desconhecem-se-lhe as origens. Tomou o nome de um antigo forte que lá existia ocupado pelas tropas liberais aquando do Cerco do Porto pelos Miguelistas.
Um antigo Quartel que foi sede dos Telegrafistas - se a memória não me falta era assim que lhe chamávamos - ainda por aqui está. Foi também Casa de Reclusão Militar. Julgo que no seu parque acolhe viaturas aprendidas pela Polícia Judiciária.
Como se pode ler, é propriedade do Estado e como tal está em total degradação.
O Município anda há anos (desde o tempo de Fernando Gomes) a tentar negociar a aquisição deste imóvel com o Ministério da Defesa. Não há soluções à vista. Li que acolhe um importante espólio do que foi o Museu de Etnologia do Douro. Que saíu de um prédio degradado (O Palácio de S. João Novo) para cair noutro em iguais circunstâncias.
Já agora gostava de saber onde pára todo o valioso espólio desse museu e em que condições se encontra. Se alguém souber, agradeço a informação.
Um abraço a todos os Marqueses e Viscondes que ainda andam por cá.