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quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016

Guimarães - Parte II

O passeio feito na companhia do Zé Ferreira foi apenas uma pequena visita a parte do Centro Histórico de Guimarães, classificado pela Unesco como Património da Humanidade.
 Encontramos Largos ou pequenas Praças passando por estreitas Ruas, típicas na sua origem medieval.
A recuperação do Centro Histórico efectuado pela Câmara Municipal merece louvores.
Num das Praças, esta fonte e o seu registo.

Impossível retratar todos os recantos e ruas por onde passamos e os edifícios com a sua traça original.
O tempo foi curto para olhar com atenção os caminhos percorridos.
A História de Guimarães está associada intimamente à nacionalidade Portuguesa e à sua língua no século XII. No entanto só foi elevada a Cidade em 1853 por decreto da Rainha D. Maria II
Chamada de Vimaranes em meados do séc. IX, talvez tendo origem em Vímara Peres, o fidalgo galego que teve intervenção na Reconquista (aos Árabes) e fez deste lugar o centro do Condado Portucalense que conquistou para o Reino da Galiza e onde morreu. A fundação medieval tem origem no séc.X por interferência de Mumadona Dias. Outras histórias que a seu tempo virão.

Descobrimos a Casa e Largo dos Laranjais assim chamado por causa da existência das árvores do fruto. A casa-torre de arquitectura residencial medieval, com adaptações dos períodos seiscentistas e setecentista.

Igreja da Misericórdia
Construção iniciada em 1588 e inaugurada em 1606 teve a seguir a reconstrução da fachada que terminou em 1640.
A imagem de Nossa Senhora da Misericórdia num nicho envidraçado por cima da entrada.
A Associação Comercial e Industrial de Guimarães, na antiga nobre Rua Sapateira está instalada na Casa dos Lobo Machado, de construção em estilo rocaille da segunda metade do séc. XVIII
Escultura de D. Afonso Henriques da autoria de João Cutileiro inaugurada em Junho de 2001. Está localizada à entrada de uma das "Portas da Vila", creio que de S. Domingos.

Para finalizar esta parte, vamos terminar na Praça de Santiago.
O Centro Histórico constitui um tipo particular de concepção de Cidade na sua origem medieval. Já o havia referido.
Olhamos em volta da Praça de Santiago e temos o exemplo de construções diversificadas mas de grande unidade formal no seu conjunto.
Reparemos como o meu amigo Zé Ferreira faz um apontamento para o chão e já lá iremos.
Erguidos os edifícios com as técnicas construtivas tradicionais designados como taipa de rodízio e taipa de fasquia.
Caracterizadas pelas suas varandas e balaustradas em madeira, desenvolveram-se técnicas especializadas de construção durante a Idade Média que foram exportadas para as colónias portuguesas.

A minha amiga Neusa Rosa escreveu-me admirada porque conhece muitas casas deste tipo no Brasil.
Pois é minha amiga, a História está aí. Ou aqui, em Guimarães, neste caso.

Presumo ter sido nesta Praça que existiu um pequeno supermercado de um ex-cliente, o Senhor Silva que depois abriu um super nos arredores de Guimarães. O meu sobrinho diz que era nas Oliveiras, tanto o mercadito como um simples restaurante vizinho e que nos teve como clientes várias vezes. Falei nele ao Zé Ferreira pois é daquelas coisas que não esquecemos.
Ó Gente da Minha Terra.
Mas a Praça de Santiago tem a sua História, Lenda ou Tradição.
Segundo ela ou elas, o apóstolo S. Tiago trouxe para Guimarães uma imagem da Virgem Maria que foi colocada num templo pagão num Largo que passou a chamar-se de Praça de Santiago.

Existiu uma capela do séc. XVII demolida em 1887. O autor do projecto da nova Praça, que conserva todo o perfil medieval, foi o arquitecto Fernando Távora e localizou a capela com um lajeado em granito no pavimento. É para onde aponta o Zé Ferreira na primeira foto da Praça.

Foi nas suas imediações que os francos acompanhantes do Conde D. Henrique (marido de D. Teresa e pais do nosso futuro primeiro, o Afonso Henriques) se instalaram.
Reparem no lajeado sinalizando a capela.

Sendo leigo, presumo que este apóstolo S.Tiago -ou Santiago, é o Velho, mandado após a morte de Jesus (a "história" não refere por quem e sendo ele mais o irmão João Evangelista e Pedro os maiores seguidores de Cristo, estranho que tenha sido mandado. Para o caso não interessa nada) para o que é hoje a Península Ibérica pregar. Regressou a Jerusalém onde foi morto às ordens do Rei Judeu Herodes Agripa e o corpo retalhado e disperso. No entanto foram recuperados os restos mortais e colocadas num túmulo na Galiza. Bom, depois há toda a história da descoberta do túmulo e o milagre que motivam hoje as peregrinações a Santiago de Compostela na Galiza, Espanha.
Se estou errado, paciência. Só terei de rectificar.
Vamos deixar a Praça de Santiago - ou de S. Tiago a caminho da das Oliveiras. Passamos a arcada do primitivo edifício da Câmara Municipal.
E estamos na Praça das Oliveiras, que fará parte do capítulo seguinte.

Tento escrever sempre com a ortografia que considero a normal e que aprendi. No entanto aparecem-me sinalizadas algumas palavras que uma vezes saem com a ortografia do desacordo, outra vezes como penso que ainda sei escrever.
Só peço desculpa se aparecem erros, mas se fico baralhado imagino as crianças. Claro que os livreiros esfregam as mãos de contente. Mas isso são outras histórias.

terça-feira, 2 de fevereiro de 2016

Guimarães - Parte I

Casualmente fiz uma pequena visita a Guimarães na companhia do Zé Ferreira que me convidou a dar um salto ao Cemitério de Nespereira para recordar o Faria, ex-nosso camarada e que conheci em Catió.

Já não ia a Guimarães há uns anos. Lembro-me que a primeira vez, era ainda uma criança, foi para assistir a um jogo de futebol entre o Vitória e o meu Salgueiros, no velho campo da Amorosa, marcado negativamente pela lesão grave do Reguense António Saraiva que jogava no Salgueiros, mais tarde transferido para o Caldas e depois para o Benfica, num lance com o Benje do Vitória que viria a envergar as cores vermelhas do Salgueiros pouco tempo depois. Se não estou em erro o resultado foi de 3 a 1 a favor do Vitória.

Muitas outra vezes fui a Guimarães, quer em passeio ou confraternizações mas principalmente por motivos profissionais. Era e ainda é quase obrigatório ir dar ao centro onde a primeira imagem belíssima que nos surge mostra em fundo o Monte da Penha e uma igreja a que sempre chamei de São Gualter em primeiro plano. Soube agora a quem é dedicada.

Um dia, depois de um almoço que não recordo onde aconteceu, o senhor Pimenta Machado (tio do que foi o Presidente do Vitória com os mesmos apelidos, gente rica da terra) levou-me e ao saudoso José Neves da Poligráfica a olhar a igreja do alto e dizer mais ou menos isto: S. Gualter pergunta porque é que os cartazes da Prevenção Rodoviária mostram vinho tinto e não wiskie ou as outras merdas que embebedam. Tudo feito para destruir a vinicultura portuguesa. (estava no poder governativo de Portugal o sr. Cavaco Silva e todos os portugueses sabem o que estava a acontecer). Adiante.

Mais de 50 anos separam as duas imagens.
Localizada no que julgo chamar-se Jardim do Largo da República do Brasil, a Igreja de Nossa Senhora da Consolação e Santos Passos foi concluída em 1785 mas só um século depois se construíram as duas torres, a escada e a balaustrada.
No entanto as suas origens remontam a uma pequena ermida dedicada à mesma Senhora, construída em 1576.
Tem na realidade ligação a São Gualter, padroeiro da Cidade. Mas isso são outras histórias e esperemos que as relíquias encontradas em São Francisco correspondam ao Santo.

Caminhando ao longo do actual Jardim Público vamos encontrar o Largo do Toural.

Entre os dois espaços, no que presumo ser uma parte da antiga muralha, a referência ao nascimento de Portugal.
O Largo do Toural é espectacular. Um olhar em redor vemos os edifícios muitíssimo bem conservados e muita História.
No século XVII era um largo extramuros onde se realizava a feira do gado bovino (daí o nome Toural), Em 1791 a Câmara aforou o terreno junto à muralha para a edificação de edifícios.
O Chafariz renascentista de 1583 primitivamente colocado no Largo, foi deslocalizado mas regressou em 2011.
Na segunda metade do século XIX é construído o Jardim Público...
que é transferido de local após a implantação da República em 1910.
Igreja de S. Pedro, mandada construir em 1737 e benzida em 1750 acolhendo a imagem do Padroeiro. Em 1881 reiniciaram-se obras com a demolição das casas em frente e só no início do século XX terminaram com a construção de uma torre e não as duas previstas.
Hotel Toural, sem história referenciada na página do Hotel nem em qualquer outra (pelo menos que eu encontrasse) ocupa todo o lado direito do Largo para quem está voltado para Norte, digamos assim.

Parece-nos estranho ver um gradeamento em ferro dourado com umas dezenas de metros. Lendo a história do Largo sabemos que aquando da construção do Jardim Público este era rodeado por um gradeamento em ferro. Talvez este pedaço seja um simbolismo recreando o primitivo.

Vou guardar para outra ocasião mais História de Guimarães. Uma cidade a descobrir. E tenho mais algumas estórias nela passada. Até lá.