Vamos espreitar então o que resta das Muralhas Fernandinas cuja história já sabemos a partir do poste 12. Tem de haver uma boa caminhada para lá chegarmos, esta bem mais difícil pois tem desces e muito sobes. Mas como no meio está a virtude e porque o que interessa é passear e ver paísagens magníficas e velhos casarios, recomendo como ponto de referência os Clérigos, onde a Muralha passava, mas sem vestígios, descendo até às Taipas onde encontramos o Largo de S. João Novo. É sempre a descer.
Aí vamos encontrar a Igreja de S. João Novo, do séc. XVII-XVIII, em estilo Barroco. Digna de visita. Há quem a compare ao estilo da Igreja dos Grilos. (ou de S. Lourenço, junto à Sé Catedral)
Em frente encontra-se o Palácio de S. João Novo, ou Palacete dos Costa Lima, do séc. XVIII, atribuído a Nasoni, mas sem confirmação. Escreve-se mesmo que foi do arq. António Pereira. Foi edificado para residência de um funcionário público, e depois da sua morte foi habitado por famílias ilustres portuenses. O fundo está encostado às Muralhas. Foi ocupado pelos franceses aquando da invasões e hospital das tropas liberais de D. Pedro IV. Museu de Etnografia e História desde 1945 até à degradação que um incêndio em 1984 potenciou e o seu encerramento aconteceu em 1992. E para ali está. Inaproveitado.
Passamos então pelo lado direito de quem está de frente para a Igreja e encontramos a Capela de Nossa Senhora da Esperança, de cariz marítimo. Presumo que do séc. XIX. Está edificada numa torre das Muralhas. E voltamos à esquerda onde encontramos os panos visíveis da Muralha que descem por toda a rua chamada de (Escadas) Caminho Novo.
Pormenor quási no início da descida da rua
Ao meio, com magnífica vista para o Rio Douro e Gaia.
O final junto à Rua Nova da Alfandega, bem próximo do Rio Douro
Voltando ao início das Escadas, olhamos da Rua Francisco Rocha Soares ( pai ou filho ? mas ambos célebres ceramistas das Fábricas de Massarelos e Miragaia e do Vidro em Paço de Rei, Gaia) ou também conhecida por Rua da Cordoaria Velha, e conseguimos ver parte de uma Torre e Muralhas.
Está meia escondida pelos prédios, uns em ruínas outros em perfeito estado de conservação.
Subindo a íngreme rua, vamos dar às Virtudes e logo deparamos à esquerda, bem lá no fundo, com o Monumento Nacional que é a Fonte de Rio Frio. Limpa mas sem as imagens que lhe roubaram. E ainda sem jorrar água da que diziam fazer milagres. Por de trás o Jardim do Horto, infelizmente fechado embora escrevam por aí que não, com tanta história para contar.
Olhamos também o Passeio das Virtudes, que foi no século XIX local de passeio da elite da cidade
Passando a entrada principal, encontramos a porta de acesso aberta num dos panos da Muralha. Ontem, dia quási feriado pelo menos para parte da população, os funcionários lavavam os carros de serviço. Não foi a foto que queria, mas foi a possível. Há que respeitar quem trabalha principalmente num feriado. E a instituição trabalhou mesmo.
O interior com um bonito frontal do portão em ferro.
O acesso ao cimo das Muralhas faz-se por uma artística escada, condizente com o portão.
Vista interior de um pormenor do jardim e das Muralhas.
Do alto, as panorâmicas são magníficas. Em primeiro plano a Igreja de S. João Novo. Em fundo uma parte da alta Vila Nova de Gaia.
Para a direita uma espectacular vista sobre Miragaia Baixa, Massarelos e a Ponte da Arrábida.
Vila Nova de Gaia e o Rio Douro.
As muralhas e a cúpula do edifício











A dois passos, o antigo Clube Inglês, moradia nobre setecentista. Foi de uma família de comerciantes da cidade, da Congregação de São Bernardo e do Clube Inglês do Porto. No seu jardim, assente numa parte das Muralhas Fernandinas, esteve montada, durante o Cerco do Porto, uma bateria das tropas liberais devido à sua localização.
Hoje é posse do Estado e alberga uma instituição de apoio social.
Triste verem-se grafites nas paredes exteriores, sem qualquer sentido. Apenas para sujar.
Triste verem-se grafites nas paredes exteriores, sem qualquer sentido. Apenas para sujar.








E pronto, fica aqui o convite para este passeio. E depois é só seguir para a Miragaia de baixo, dos povos primitivos, românica, medieval, judaica, setecentista. E também da outra, com a marca inglesa, liberal e anti-fascista.
Textos retirados e compilados da Wikipédia, Câmara do Porto, Junta de Freguesia de Miragaia. E alguns meus, claro.