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quarta-feira, 28 de outubro de 2015

230 - Os fumados

Um pequenino alerta da Organização Mundial de Saúde (OMS) pôs Portugal em estado de sítio, muito mais do que as graves Palavras Cavaquistas.

As notícias saem disparadas hora a hora pelas bocas dos pivôs nos telejornais, os jornais editam-nas com grandes parangonas sob títulos explosivos.
Afinal tudo se resumo ao que "diz" a OMS sobre o consumo especialmente de bacon, salsichas e fiambre, alimentos processados que aumentam o risco de cancro e fortemente associado a doenças cardíacas.

O estudo desta calamidade, bem pior do que a guerra e a emigração de refugiados, a fome em África e não só, foi feita a cerca de 450.000 europeus. A notícia não refere a nacionalidade onde foram feitas as pesquisas, mas apenas em 10 países. Sabendo-se que nós, os europeus, somos à volta de 730 milhões, distribuídos pelo território de cerca de 50 países, logo o azar haveria de cair em cima de 20%. O pior é não sabermos quais, mas os nórdicos, os alemães, os ingleses, os franceses e os espanhóis são os maiores consumidores de alimentos processados. 
Os resultados não se apresentam em números, tipo de câncer ou outras informações que deveriam ser divulgadas.

Acrescentam-se às notícias que há anos surgiram notícias que no nosso País, onde o consumo de enchidos é mais elevado essas doenças eram também mais elevadas (Transcrito tal qual ). Ora ficamos na mesma a zero, pois o nosso País é uma miniatura na Europa e em todas as regiões, tanto quanto eu sei e provei, comemos enchidos.
Bom, eles não querem dizer tudo pois no fundo ao que quereriam referir-se é ao nosso Delicioso Fumeiro, acompanhado de bom vinho. Ou uma loirinha nalguns casos.
Para completar, incluem na notícia-alarme que a carne vermelha também pode estar na base do cancro.

Se repararem, periodicamente aparecem notícias deste género. Todos nos devemos lembrar dos milhões de dólares ou euros que as multinacionais farmacêuticas ganharam por causa da Galinhas, das Vacas e dos Porcos.
Mas ninguém refere os animais que são em vida são processados e os alimentos que comemos (e o gado) com produtos transgénicos. Nem querem saber disso para nada. Quem manda nesta economia, em grande parte, são os Americanos. Por isso, cala-te boca.

Aconselho a leitura da página do Instituto Macrobiótico de Portugal que podem abrir no link: http://www.institutomacrobiotico.com/pt. 

Como bom Português, Portuense e Nortenho não abdico dos meus fumeiros e não só. Deixo-vos com as fotos dos possíveis provocadores de cancro, que de preferência vá para o cólon para os estudos não parecerem errados.

 Porco no churrasco
 Fatias de Porco no churrasco
 Presunto e Barriga de Porco em sal. Uma especialidade transmontana.
 Tripas à Moda do Porto. Carnes vermelhas e enchidos.
 Salpicão do lombo e Presunto. 
 Vitela assada
 Costeletas de borrego à moda de Sintra
 Enchidos e Queijos da Serra da Estrela. Estes um dia destes também vão ser notícia.
Mais presunto e enchidos na Serra da Estrela.
 Recomendam-se os fumados transmontanos. E as azeitonas também. 
Outro produto perigoso segundo dizem.
 Presunto curado à maneira transmontana. 
 Cabra velha na panela. Só carne vermelha.
 A dita na travessa.
Para disfarçar as ruindades do lombo assado, assei carne branca. 
Galinha sem Gripe das Aves.
Eu na Conga preparado para tratar de uma bifana. Carne de porco, pois claro.
 Os meus amigos não são esquisitos. Ou vão Cachorros ou Francesinhas.
Quem pode abdicar de uma francesinha só porque tem enchidos e bife de vaca ?

Caros amigos, tudo nos faz mal se comido - ou bebido - em excesso. Mas quem não tem excessos desses são os milhões de pessoas que nem com a frase largamente publicitada pelos inventores dos transgénitos de Matar a fome em África, os da saúde e os do dinheiro quiseram resolver.

Bom apetite.

quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

208 - O Couto de Dornelas e a Festa de S. Sebastião

O meu amigo e ex-camarada desde os tempos de Vendas Novas e já lá vão mais de 47 anos, o Barreto Pires, fez um convite ao Bando do Café Progresso - os amigos e ex-camaradas sabem a quem me refiro - na pessoa do Presidente Jorge Teixeira (Jotex para os amigos ) para uma visita à sua terra por altura das Festas de S. Sebastião.
Dornelas fica nas terras de Barroso, freguesia do Concelho de Boticas em Trás-os Montes.
Convite aceite e a rapaziada meteu carros e camionetas ao caminho. Uma grande parte do percurso desde a minha-nossa Cidade do Porto - e há duas alternativas - é feita por auto estradas e depois por estradas nacionais de muito boa qualidade.
O nevoeiro e a neve são presenças nesta altura do ano. E se nuvens escuras são sinónimo de frio, não assustam viandantes experimentados, tenham ou não assumido temperaturas de 40 e mais graus nos velhos tempos.
Vamo-nos aproximando do destino, Barroso cá estamos nós, mas ainda há tempo para umas fotos paisagisticas
Chegados e bem dispostos, (já tínhamos feito o mata-bicho na casa nova do Pires) vamos então conhecer Dornelas e a história da Festa de São Sebastião. Na foto, o Cruzeiro.

O Povo local gosta que lhe chamem Couto de Dornelas, criado em 1127 pelo nobre Ay Ayres que raptou da corte de D. Afonso Henriques (o nosso primeiro) uma dama e com ela veio viver para estas terras que, segundo a história era despovoada. Construiu residência e capela.

Torre posterior e Igreja matriz onde se realizou a Missa em honra de S. Sebastião
Foram chegando forasteiros para a povoar e logo que se acoutassem à capela não poderiam ser presos nem punidos pela justiça do rei. Começaram a cultivar os terrenos para o senhor.
 Pelourinho. Ao fundo a serra do Barroso e a neve.
Vamos descobrir a Festa de S. Sebastião presa a duas lendas.
Uma antiga de há muito, muitos anos... houve na região um ano de muita fome e peste. O Povo pediu a S. Sebastião que os protegesse. Em troca prometeram realizar  uma Festa onde não faltasse carne e pão a quem a ela comparecesse.

A Torre vista de trás e o Povo esperando à porta da Igreja o final da missa

A mesa do Santo que se estende pela Rua principal
Os anos passaram e o povo foi ficando esquecido do seu Santo e da Festa, mesmo que tenham havido anos de doença e fome. Até que chegaram as invasões napoleónicas, mais concretamente a segunda de 1809 com a sua fama de pilhagens, violações e mortes.
O povo voltou a acolher-se sob a protecção do Santo: Se os invasores não entrarem no Couto faremos todos os anos no dia 20 de Janeiro uma festa em tua honra onde não faltará comida a toda a gente que a ela vier...

 A mesa entendendo-se ao longo da rua principal.
Continuando a história da lenda, caiu um nevão tão grande que não permitiu aos invasores franceses descer ao Couto.
Diz o meu amigo Barreto Pires que os invasores transitavam em direcção ao Porto pela estrada romana Chaves-Braga que passa pela serra do Barroso e aqui bem perto.
 A carne era e ainda é cozinhada nos potes de ferro, na casa do Santo à volta de uma grande lareira.
Porque não consegui melhores fotos, recorri ao meu amigo Fernando Súcio.
O Povo cozinhando para o Povo
A bênção da comida 

Saída para a procissão 
O Santo saindo da sua casa

Espigueiro onde se guardam ou guardavam os cereais. Existem alguns ainda. 

Aguardando a distribuição da comida, o Povo faz a festa. 

Vem gente de muitas localidades para a Festa. A tradição ainda é o que era.

Vão-se comendo os merendeiros trazidos de casa enquanto se aguarda pela comida benzida.
Festa é Festa e há muita animação mesmo com imenso frio. 


Velho moinho de água. Um casal sénior aproveita para merendar. 
Nestes moinhos moíam-se os cereais para fazer o pão.

Uma parte do percurso onde a mesa está instalada. Digo eu que não medi que tem 500 metros. Há quem diga que são 1000 metros. Percorrêmo-la toda mas nem dei fé da sua extensão.
Não assistimos à distribuição da comida, iría demorar muito. Seguimos para a casa velha do Barreto Pires no lugar de Gestosa, que pertence à freguesia e onde fomos presenteados com uma bela refeição.
Começando por aperitivar com verdadeiros Rojões como são servidos na região, rojidos na sua banha,  juntamente com o pão tradicional.

Contou o meu amigo Barreto Pires que no tempo dele, da tradição fazia parte o doar das carnes, que eram de Porco como ainda hoje é. Quem oferecia o Peito, o Cachaço, a Barriga, enfim, cada parte do bicho, essa parte é a que vinha para a sua mesa onde partilhava com os seus convidados e amigos no dia da Festa.
Fazendo jus à tradição da Festa fomos presenteados com o melhor e mais completo cozido trasmontano que já apreciei.
Carnes e enchidos da região, criados e fabricados em "casa". Incluiu carne de boi barrosã e frango da "casa" .
Legumes da terra, mais o feijão vermelho, arroz e hortaliças. O vinho não era o dos mortos, porque essa tradição acabou.

No final do repasto, as senhoras que trabalharam - a esposa e a cunhada do Pires, ofereceram o pão que havíamos de trazer para a viagem.
A partilha do pão pelo Barreto Pires e pela esposa D. Maria da Luz.

Assim é a tradição das gentes transmontanas, gente que muito considero desde há anos. Já não me admiro pela seu lhano e gentileza pois habituaram-me a elas.
Um abraço fraterno ao meu amigo que para além do mais me fez conhecer mais um pouco desta região e das suas tradições.