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quarta-feira, 4 de maio de 2016

245 - A Botica do Hospital de Santo António

Antes de mais deixo estes link's:
www.chporto.pt/ver.
www.museu.chporto.pt

Por ordem do Rei D. José (1714 -1777) à Misericórdia do Porto foi mandado construir um novo hospital que servisse condignamente a Cidade e para substituir o da Rua dos Caldeireiros/Flores, chamado de D. Lopo em honra de D. Lopo de Almeida, clérigo abastado. Este, à sua morte em Espanha no ano de 1584 - estávamos dominados pelos Filipes e o clérigo parece ter boas relações com os espanhóis - deixou todos os seus bens à Santa Casa e pediu para ser construído um novo hospital para substituir o de Rocamador. No mesmo local foi feita a sua vontade.

Por questões interessantes refira-se que terá existido uma albergaria (espécie de Hospital) na Sé ao tempo de D. Sancho I (1154-1211) a primeira da Cidade do Porto, com o nome de Santa Maria de Roc-Mador.

Depois da tomada de Jerusalém por Saladino foi fundada uma albergaria para socorrer os peregrinos que visitassem os santos lugares. Em 1099 foi creada uma ordem militar chamada dos Irmãos Hospitaleiros depois chamados de Roc-Mador ou Cavaleiros de São João de Jerusalém. Esta ordem institui-se em Portugal em 1189. (Wikipédia).

Muitas andanças seguiram o seu destino e voltemos ao Hospital que a Santa Casa mandou construir.
Chamou-se inicialmente Hospital Real de Santo António. Segundo a história houve uma votação final entre São José e Santo António para escolher o nome. Foi o inglês John Carr (1723 - 1897) o seu arquitecto.
A primeira pedra foi lançada em 1770 e recebeu os primeiros doentes em 19 de Agosto de 1779 vindos do Hospital de D. Lopo. 
As obras arrastaram-se por dezenas de anos tendo atravessado períodos difíceis como o das Invasões Francesas e a Guerra Civil. Aqui coloco as minhas dúvidas pois a Guerra Civil durou de 1828 a 1834 e na página http://www.monumentos.pt/Site/APP_PagesUser/SIPA.aspx?id=5417 lê-se que em 1824 foi dado como concluído. Mas que foi um período difícil ninguém tem dúvidas.

Os custos foram exorbitantes e é dado como verdade que para isso contribuiu a construção toda em granito quando o arquitecto tinha previsto tijolo. Como ele não acompanhou a obra - pqrece que nunca saiu do seu condado natal - ninguém notou a diferença.  
  
Outro dos problemas foi o terreno alagadiço e pantanoso. (foi escolhido por um mesário importante porque ficava próximo da casa de outro mesário igualmente importante, na Cordoaria. Não compreendi bem o texto mas é coisa que cheira a favores.) O terreno escolhido e aprovado inicialmente foi em S. Lázaro, onde se encontra a Biblioteca Pública e é o que resta do antigo convento de Santo António da Cidade. De qualquer forma a obra não foi completada como na planta.
No entanto esse terreno acabado de escolher parece que teve muita utilidade. Como passava junto o Rio Frio, a sua água foi canalizada para o hospital que para além de consumo próprio serviria também para o caso de incêndio. Os canos, provàvelmente outros que não os iniciais, ainda lá estão nos subterrâneos, conforme nos mostra Joel Cleto.

Ao longo de mais de 200 anos, o Hospital tem recebido ampliações e remodelações. 

Esta placa comemorativa encontra-se na ala esquerda
  
Mas o que nos interessa agora é o Museu do Centro Hospitalar do Porto, na ala à esquerda da entrada principal do Hospital para quem está voltado para ele.
Eu diria que é uma parte do Museu pois a outra está no Hospital Joaquim Urbano, mais conhecido como Goelas de Pau, segundo informação que recebi.
Também no Hospital de S. João encontram-se em exposição, a partir do acesso das entradas para as Urgências e Consultas de Oftalmologia, alguns aparelhos cirúrgicos.

Neste local, a exposição é referente à Botica do Hospital Real de Santo António que nos leva até à História de Medicina e Farmácia. Dois espaços relativamente pequenos, sendo o principal a Sala de Público que mantém a traça original oitocentista e chamam-nos a atenção os extraordinários Armários de Botica e o Balcão-divisória.

Uma falta de gosto a localização deste cartaz com informações pictóricas nada relevantes para o tamanho do espaço e como suporte de mapas publicitários, que destoa francamente em relação aos objectos expostos na mesma mesa.

Literatura, instrumentos, aparelhos, equipamentos médico cirúrgicos estão em exposição. Estes últimos pode ser que estejam, mas eu não os vi.
Instrumentos e aparelhos de laboratório e de imagiologia, sim.

Belíssimas peças de cerâmica e vidro, dos séc. XVIII-XIX.
No topo dos armários esculturas de médicos, farmacêuticos, cientistas que se destacaram desde a antiguidade.
Pormenor da Sala de Público e no chão Almofariz com  Pilão do séc. XVIII




A Farmácia do Hospital Joaquim Urbano.
Na sala vizinha, segundo compreendi, expõem-se aparelhos de fabrico e embalagem de medicamentos que se utilizavam na Farmácia do Hospital Joaquim Urbano, o famoso Goelas de Pau. criado para combater as doenças infecciosas que periodicamente assolavam a cidade.






Na divisória  da Sala de Público, reproduções de cientistas. Um fabuloso balcão.

Vali-me de muita informação sobre o Hospital na página Barroquismos no blogue amigo:
http://doportoenaoso.blogspot.pt/

Um trajecto com mais de 100 anos

Lá no alto, uma escultura representando Esculápio ou Asclépio, o deus da medicina e da cura., conforme a mitologia romana ou a grega.

Acabei de ver um vídeo sobre o Hospital de Santo António, da autoria de Joel Cleto no Porto Canal.
Só o vi um pouquinho no dia em que passou na TV mas lembrei-me agora dele.
E lá estão as minhas famosas casualidades. Por causa do vídeo e porque no dia a seguir tinha uma série de exames no Hospital de Santo António, quando os acabei passei por lá.
O link do vídeo é: http://portocanal.sapo.pt/um_video/1zMP37PGRTo77AoY5Y1Y

sexta-feira, 27 de novembro de 2015

233 - A Prelada

Quase quatro anos depois voltei a este lugar. passeando pela Rua do Monte dos Burgos. A intenção seria chegar ao Carvalhido e seguir para a Quinta da Prelada para ver se as obras estavam concretizadas.
Assunto para outro tema.

Por agora vou tentar descrever o que vi nos terrenos do antigo Parque de Campismo que julgo ainda pertencerem à Santa Casa da Misericórdia do Porto e deixar duas perguntas.

Afixado num dos postes da entrada, um aviso de obras da Câmara do Porto, titulado ao Sport Club do Porto datado de Agosto de 2015 e com o prazo de conclusão de 1.080 dias.

Contra o que estamos habituados não vi guardas nem seguranças. Entrei e fui seguindo.

Na antiga Recepção do Parque outro cartaz. Por causa do que depois vi e já lá iremos, pesquisei para saber  se havia algo publicado na net sobre estas obras.

Em Janeiro de 2012 quando andei por estes lados não me foi permitida a entrada. Agora lá dentro fui fotografando e admirei a Fonte de Bruguel que esteve na primitiva Quinta. Algum lixo à volta e próximo estacionado um carro civil.

A meio do percurso uma fita barrava o caminho. Não desobedeci e de longe colhi a imagem possível da Torre que já fez parte da Quinta da Prelada antes desta ser retalhada. Consegui ver uma outra fita barrando o caminho ao portão de acesso.

Embora a tarde estivesse fria e muito enevoada fui fazendo a "reportagem" do que os meus olhos viam.
Uma quantidade enorme de raízes de árvores - alguém escreveu que muitas das árvores cresceram nestes terrenos há centenas de anos - estavam alinhadas. A imagem não mostra todas.

Chamou-me a atenção a presença de alguns veículos militares e soldados em uniforme de campanha, os chamados camuflados. Não visualizei graduados. Perguntei a um elemento das F.A. o que era aquilo. Respondeu-me que não sabia, pois tinha chegado naquele dia. Fiz a um outro que me pareceu perdido a mesma pergunta. Respondeu-me meio torto que não queria saber de nada, só procurava um quarto de banho. E tinha razão, os quartos de banho estão fechados. Claro que brinquei com ele dizendo-lhe que tinha muito mato onde descarregar à vontade a bexiga e/ou o intestino. Olhando o rosto do militar, com uns óculos muito graduados, lembrei-me dos velhos tempos em que todos os homens eram aproveitados até mesmo para auxiliares.
Será que este tipo de guerra continua ? Para o caso não interessa nada e julgo que o militar me mandou àquela parte e prontos.

Algumas das viaturas militares no terreno, onde também se encontravam escavadoras.

Como sou muito desconfiado, tentei investigar o que se passava. Posteriormente, alguém me disse que se calhar andavam a preparar abrigos para refugiados. Disse que não podia ser pois o prazo das obras eram de três anos e nessa altura já não haverão refugiados pois seremos todos islâmicos.
Brincadeiras à parte e fui investigar a ver se descobria algo.

 Ao fundo existe o que parece ser o início de uma construção, 
talvez um campo de obstáculos para a tropa treinar...

Investigando, encontrei no espaço www.sportclubdoporto.com/node/628 uma publicação de 14.06.2013 dando conta que o Sport Clube do Porto e a Santa Casa da Misericórdia do Porto iriam assinar  no dia a seguir um protocolo "que estabelece a concretização do projeto Parque da Prelada – Complexo Lúdico-Desportivo, convidando também os portuenses para ‘Um Dia no Parque’ naquele extraordinário espaço verde que vai ser dotado de novas infraestruturas de cariz ambiental, desportivo e cultural." 


Bom, tudo bem, Santa Casa e Sport são idóneos, os dinheiros acho que também, os avisos estão nos conformes com os alvarás, etc e tal. Mas deixem-me colocar as tais ditas duas perguntas: Será que a parte ambiental está também nos conformes preservada ? E que fazem os militares com as viaturas do Regimento de Transmissões no local ?
Civis vi dois e um deles saía a "porta de armas" com um camião também civil.

Não sei onde descobri  mas escrevi na minha postagem - ou deverei dizer mensagem ? - nº 111 de Janeiro de 2012 que talvez existisse uma história de permuta de terrenos ou outro esquema chulo.
Mais um caso que não interessa nada e só gostava de respostas às minhas duas perguntas.


terça-feira, 14 de julho de 2015

222 - Penafiel em passeio rápido

Conviver é uma arte. Li algures há muito esta frase e concordo. Com amigos de longa data convivo sempre que a ocasião se proporciona, mas também temos os nossos dias mensais para o efeito.
Neste mês, aceitamos o passeio, almoço e pequena viagem cultural em Penafiel, proporcionados pelos camaradas Zé Cancela e Quim Peixoto.
Aqui ficam as minhas impressões.
 O percurso entre o Porto e Penafiel e depois a volta, foi feito de comboio. À chegada fiz a comparação das vistas e do parque de estacionamento entre Janeiro de 2012 (um convite dos mesmos amigos Cancela e Peixoto) e actualmente.
As árvores escondem agora a paisagem, há carros estacionados e as ervas-mato cresceram.

 Os convívios devem ter momentos reunidos à volta de uma mesa. Fomos levados até um pequeno restaurante no lugar de Rande - Milhundos.
Casa cheia em duas salas e mesa reservada para nós com muitas e boas surpresas culinárias que não couberam todas nas fotos.
Das entradas aos finalmentes que incluíram frutas e doces, passando por vinhos, cafés e digestivos, o serviço foi de tal maneira eficiente e rápido sem atafulhar a mesa, que gostaria de ver igual em todos os restaurantes. O "pessoal" da casa é composto por cozinheira, que infelizmente não conheci, e por um casal jovem. O preço foi de 11€ por amigo e só lamentamos o excesso de comida. 
Parabéns ao Regula.
Regressámos ao centro da Cidade de Penafiel para uma visita rápida que terminou no Museu.
O edifício setecentista pertencente ao Barão das Lages situado na Rua do Paço, recuperado e adaptado a Museu de Penafiel pelo arquitecto Fernando Távora - falecido em 2005 - e terminado pelo seu filho Bernardo, foi escola desde 1881 até 1968, data da fundação do Liceu de Penafiel.
Por aqui passaram entre outros os alunos Américo Monteiro de Aguiar mais conhecido como Padre Américo, o Homem da grande Obra da Casa do Gaiato; Abílio Miranda, farmaceutico, arqueólogo, etnógrafo, historiador; Leonardo Coimbra, professor, filósofo, político, grande combatente do analfabetismo. Quando ministro, fundou a Faculdade de Letras do Porto. Foi um dos maiores impulsionadores do Espiritismo em Portugal. 
Inaugurado em Março de 2009, foi considerado em 2010 o melhor Museu de Portugal. O seu site em 2012 foi considerado o melhor pela Associação Portuguesa de Museologia.
Ver www.museudepenafiel.com 
Pagamos pela visita 1€ , cada um, claro. Ciceroneada a preceito, embora na confusão de 14 amigos muitos com máquinas fotográficas, demora a visita cerca de 2 horas. 
Nas cinco salas temáticas podemos apreciar o acervo constituído por colecções de arqueologia, etnografia e história local que foram sendo reunidas desde finais do século XIX.
Na arqueologia um grande destaque para a exposição de peças descobertas no Castro do Monte Mozinho, o maior e mais importante da Península Ibérica.
Prometo nova visita mais calma.
Pelo correr da rua, casas de aspecto senhorial com os seus brasões.
O edifício do Museu visto de outro ângulo.
Penafiel não é pródigo em páginas oficiais na internet. Os sites que encontramos são pobres, incluindo o da Câmara Municipal. Bastante melhores os que referenciam o Concelho. 
Sobre este edifício, encontrei uma nota por casualidade. Li que é o antigo Paço Episcopal.
A Diocese de Penafiel é uma coisa mais ou menos fantasma, pois parece que nunca existiu. Isto é, existiu mas não existiu. Foi mais uma das "cenas" do Marquês de Pombal desta vez contra o Bispo do Porto. Mandou elevar a vila de Arrifana de Sousa a Cidade com o nome de Penafiel e criou a Diocese por bula do Papa Clemente XIV em 1 de Junho 1770.

Foi nomeado para prover o cargo episcopal, o Inquisidor-geral Português D. Frei Inácio de São Caetano, confessor da Princesa D. Maria. Quando esta subiu ao trono em 1777, conseguiu a renúncia do Frei e a abolição da diocese integrando-a novamente na do Porto.
Morreu em 1778 e, mais uma presunção minha, nunca chegou a Penafiel.
Sobre o edifício não há referências nem sequer sabemos se chegou a ser utilizado e com que fins. Mas parece que agora é uma escola de enfermagem retirada a Paredes há meia dúzia de anos. Encontrei este apontamento num jornal por casualidade. 

Percorrendo o quarteirão, encontramos o Largo da Misericórdia e a Praça do Município à direita. Em destaque um complexo a que chamam Igreja da Misericórdia.
A igreja é a parte mais importante do complexo. É um templo seiscentista criado para acomodar as exigências de uma irmandade em crescimento com a concessão de privilégios que o alvará régio de 1614 aprovou, tornando a instituição um potentado. Isto é o que depreendo lendo a página da Santa Casa da Misericórdia de Penafiel. Ainda o lugar se chamava Arrifana de Sousa.
Sofreu várias alterações ao longo dos séculos.

A sua história esteve ligada à diocese durante os 7 ou 8 anos que existiu, pois foi a escolhida para funcionar como Sé do novo bispado, sob a invocação de São José e Santa Maria.
Cadeiral Barroco
Ladeando a Igreja, voltada para a Câmara Municipal, encontramos uma frontaria inacabada em estilo rocaille, com obras iniciadas em 1764 e interrompidas em 1769 que  foram pagas pelas esmolas a Nossa Senhora da Lapa cujo culto chegou a ter uma expressão significativa. 
Abriga o Museu de Arte Sacra. 
Tendo esmorecido o culto à Senhora da Lapa, encontraram a solução de construir uma capela a ela dedicada junto da fachada inacabada, mas agora dedicada a S. Cristóvão.
Em frente, a Câmara Municipal instalada num edifício do séc. XVIII, julgo que construído para este fim. Não tendo a certeza do que li mas presumo: foi pensada em 1741 mas construída em 1770 após a criação da Cidade de Penafiel.Teve a Cadeia no andar inferior.
Na frontaria os brasões com as armas de Portugal e o da Cidade. Por cima da porta uma dedicatória à Rainha D. Maria I que mandou fazer a obra e tem a data de 1782.

Repito que presumo estar correcto ao encaixar este texto no edifício. O que lêmos nem sempre é explícito.


Nas traseiras do complexo da Misericórdia, encontra-se uma das três Capelas que ainda existem recordando os Passos de Jesus. Esta parece que representa Simão Cirineu ajudando Cristo a carregar a cruz.

Um outro edifício brasonado
Curioso adossado entre edifícios, com passagem pedonal
Regressando ao Largo da Misericórdia.
A Quinta da Aveleda vista em boa velocidade.
Deixo aqui o agradecimentos aos camaradas e amigos que me proporcionaram a visita.
Sobre o Museu de Penafiel irei fazer um pps (espécie de vídeo) o mais informativo de que for capaz.
Alguns blogues ajudam a conhecer Penafiel. Um obrigado aos autores por me ajudarem.