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sábado, 28 de agosto de 2010

37 - A Praça e a Avenida.

Peguei nas minhas memórias (recentíssimas) fotográficas da Praça e da Avenida - para os não naturais da cidade e região, quer dizer Praça da Liberdade e Avenida dos Aliados - para lhes juntar uns textos que li por aí.

Foto retirada do blogue http://avenida-dos-aliados-porto.blogspot.com/

Mas antes disso, uma pequena achega. Eu, como muitos portuenses e não só, achamos aberrante o que o Arq. Siza Vieira (e li agorinha mesmo, que também do Arq. Souto Moura) e o Presidente Rui Rio fizeram neste espaço. Pura e simplesmente destruíram a calçada portuguesa, construída com desenhos únicos em pedra calcária e basáltica, cuja arte foi criada em meados do séc. XIX.

Foto de Manuela Ramos
Não satisfeitos apenas com esta destruição, resolveram juntar-lhe os jardins. Que sempre existiram desde que a Praça foi rasgada para a abertura da Avenida. Agora existe, desde a Praça até à Câmara, incluindo as faixas de rodagem, um calcetamento em pedras de granito, que provàvelmente vieram da China. Digo eu. De notar que o IPPAR levantou reservas sobre esta "aberração" mas o certo é que a belíssima obra lá está. Com a ajuda simpática e nada política do Dr. Oliveira do Metro Uma foto de Tavares da Fonseca, de finais dos anos 70. Em primeiro plano a Praça da Liberdade, seguindo-se a Avenida dos Aliados e junto à Câmara a actual Praça General Humberto Delgado. Também esta era calcetada com a "Calçada Portuguesa".
Tendo como pano de fundo as obras das Cardosas, a Menina Nua - Obra do Escultor Henrique Moreira em 1929 - e a Estátua de D. Pedro IV, que um dos famosos autores do novo espaço não percebia porque raio tinha de estar de cu para a Câmara e por isso queria mudá-la. Ignorância de quem não sabe história.
Alguém lhe deve ter dito que esta posição voltada para sul tem duas razões: A afronta ao absolutismo lisboeta, representado pelo irmão D. Miguel e a luminosidade solar. Admira-me que um arquitecto tenha feito uma observação tão estúpida, porque é uso pelo menos em toda a Europa praticar-se esta posição. Embora à noite, esteja totalmente às escuras. Como escuro é todo este espaço, valendo-lhe as luzes dos edifícios do Banco de Portugal e da Caixa (o antigo BNU). Pobre D. Pedro, provàvelmente um dia, o povo vai fazer uma nova subscrição desta vez para te alumiar.
A Estátua foi paga em grande parte por subscrição pública e foi construída para comemorar o 30º aniversário do desembarque das tropas liberais. É da autoria do francês Calmels e foi fundida em Bruxelas.

Foi colocada a primeira pedra do pedestal em meados de 1862 na Praça, então chamada Nova, posteriormente de D. Pedro e hoje é da Liberdade. A inauguração deu-se em 19 de Outubro de 1866, com a presença do seu neto D. Luíz I.
Para amenisar a feieza do "chão", os topos de alguns edifícios ao longo da Praça/Avenida são de uma beleza extraordinária. Eu o digo e escrevo. Se ninguém concordar, está no seu direito.
A Torre da Câmara também está incluída, embora o céu estivesse da sua cor. Tem 70 metros de altura.
A Abundância e os Meninos, também da autoria de Henrique Moreira, de 1931
A Menina Nua - A Juventude - e a Câmara lá ao fundo. O edifício foi projectado pelo Arq.Correia da Silva, com alterações posteriores do Arq. Carlos Ramos e começou a ser construído em 1920, ficando operacional apenas em 1957. É uma obra da Cooperativa dos Pedreiros, que andaram a trabalhar de "borla" durante muito tempo. Li isto no site da Coop, há algum tempo. A fachada é de granito retirado das pedreiras de S. Gens e Fafe no início do séc. XX e é decorada com uma dúzia de esculturas, da autoria de José Sousa Caldas e Henrique Moreira representando as várias actividades ligadas desde sempre ao Porto, como a viticultura, a industria e a navegação. Os interiores são em mármore e granito, ricamente decorados. Este texto recolhi-o na Wikipédia.

Lá no fundo, estará a Estátua de Garrett, (?) sempre escondida por qualquer coisa. Sim, porque estes espaços foram criados não para o Povo, contràriamente ao que prometeu Rui Rio, mas para dar dinheiro. E mainada. Quem não estiver de acordo que vá dar banho ao cão, lá no lago.
Mais alguns pormenores de edifícios















domingo, 22 de agosto de 2010

36 - A Capela do Senhor d'Além

Quem olha a Serra do Pilar, seja do Largo Mosteiro para baixo, ou da Avenida Gustavo Eiffel do lado Porto, vê uma Capela (do Senhor d'Além) com história e estórias de centenas de anos. Que já foi o centro de romarias e tradições seculares. Mas a quem o pessoal não ligava muito. Agora não sei como é. Amanhã os jornais devem referir algo. Porque hoje é o seu dia. Por isso há que dar a palavra à Junta da Freguesia de Santa Marinha para sabermos a sua história. A actual Capela foi construída em 1877 e é a sucessora do Hospício Carmelita do século XVI. Merecem destaque a talha dourada de grande ornamentação no altar e a "Milagrosa Imagem".
Quando o bispo do Porto, D. Pedro Rabaldio, mandou erigir, no ano de 1140, no sítio em que, presentemente, vemos o edifício do mosteiro da serra do Pilar, um convento de monjas, foi achada uma imagem do Senhor Crucificado.
O mesmo Bispo mandou erigir uma ermida no mesmo local onde hoje se encontra esta Capela, para guarda da imagem achada no Convento. Mas os escritos (e datas) são sempre confusos e concluo que a imagem deve ter recolhido à Igreja do Convento, que acabou por ser extinto. O actual Convento mandado construir pelos frades de Grijó, tinha 3 imagens, entre elas o tal Cristo Crucificado, que o Bispo (do Porto ?) da altura, D. Baltazar Limpo ordenou fossem recolhidas à capela do Senhor de Além, já reformada e ornamentada, para tal fim, pelos monges de Grijó, cerimónia que se realizou no dia 24 de Agosto de 1500, depois das mesmas imagens serem conduzidas, processionalmente, em barcos pelo rio Douro.
E a estória continua confusa, pois já não sei quantas imagens existiam. Ora vejamos a continuação: A primitiva imagem do Senhor Crucificado existente na capela foi, certa vez, levada à cidade do Porto, por motivo de fazer-se preces ad preltendam pluviam – rezar a queda de chuvas – sendo conduzida em fervorosa procissão pelas ruas da mesma cidade. E como sucedesse chover, os cónegos da Sé do Porto recolheram a imagem e não mais a deixaram vir para a sua capela, facto que redundou em grande arrelia para os Gaienses.
Por fim, em virtude do prelado mandar erigir um altar para a imagem do Senhor de Além, no claustro da Sé, os devotos de Gaia mandaram fazer outra nova imagem e a colocaram, com todo o luzimento, no mesmo lugar em que era venerada a primitiva. A nova imagem, em outras ocasiões, chegou a ser conduzida, em barcos, até à foz do Douro, por motivo de preces; mas os Gaienses nunca mais permitiram que ela fosse à vizinha cidade. Anos depois, junto à capela do Senhor de Além – 5-3-1739 – cinco frades carmelitas, calçados, fundaram um hospício que funcionou até 1832.
O edifício do hospício, depois de 1834, foi vendido e nele chegou a funcionar uma fábrica de louça. Presentemente todo o edifício está em ruínas. Quer dizer que a Capela actual é posterior a esta venda. Mas sobre isso nada se lê.
Não sei se será este o edifício referido...
... Ou este, pois toda aquela zona está em ruínas. E a Capela também não está nada bem conservada, embora se leia que mantém o culto. Não sei em que dias nem as horas. Nada nos informa. Mas que tem benfeitores fervorosos. Será que tem ? Olhem para as imagens da Capela e há algumas com 2 anos de diferença entre si.
Mais informa a Junta que se realiza a festa em honra do Senhor de Além sempre, no domingo seguinte em que se celebra a festividade à Senhora do Pilar, no penúltimo domingo de Agosto.
Quer dizer que é hoje.
Mas será que a imagem (que pelas minhas contas e dedução tem 970 anos só de achamento) ainda estará na Sé do Porto ? Ou ter-lhe-à acontecido o mesmo que às relíquias de S. Pantaleão que foram deslocadas (obrigadas) da Igreja de Miragaia também para a Sé ? Mas para onde ?Alguém sabe, para além dos eruditos, o que quer que seja ?
O Rio Douro, uma parte da Serra do Pilar e a Capela do Senhor d'Além.
O texto em itálico foi copiado directamente do site da Junta de Freguesia de Santa Marinha, de Vila Nova de Gaia.





sábado, 21 de agosto de 2010

35 - O Mosteiro e Quartel da Serra do Pilar - Vila Nova de Gaia

Hoje não tinha premeditado vir para este lado de Gaia. Mas as coisas acontecem e pensei que talvez acabasse por ter alguma sorte dando um salto até à Serra do Pilar. Só para ver se o Mosteiro ou Convento estava aberto, coisa que nunca aconteceu das vezes que até aqui vim. Ora como Monumento - não sei se Nacional - a quem o Estado Português larga grossas fatias do nosso dinheiro (segundo li) e estando nós na época de turismo, seria lógico que tal acontecesse. Engano puro. Mas passemos adiante. Vindo de S. Bento (quer dizer, da Praça Almeida Garrett) num autocarro que atravessa a Ponte do Infante, saí quási à porta do RA5. Para os meus camaradas que por aqui passaram nos velhos tempos do chamado RAP2 a caminho de África (criado em 1939) um abraço. Mas esta unidade foi primitivamente o Regimento de Artilharia do Porto, passando a RA nº 4 em 1806 e extinto em 1829. Teve muitos outras nomes desde que foi criado por Decreto da Rainha D. Maria II em 1835, por ter o Mosteiro da Serra do Pilar grande destaque como fortificação do Porto durante a Guerra Civil. Entre Penafiel e o Porto, mas no fundo quer dizer Gaia, várias unidades foram transferidas de lá para cá e vice-versa. Em 1975 passou a RASP e finalmente em 1993 é o actual RA5.
Mas eu vinha procurar o Mosteiro.
Temos de descer a rua ao longo do muro do Quartel cerca de 50 m e a placa não engana. Mosteiro da Serra do Pilar. Os panoramas já eu os conhecia.
Dobrando a rua para Norte, nova placa encaminha-nos certeiramente.
A meio da calçada a vista da cúpula da "Nova" Igreja.
Atento ao que se passa, um elemento militar de serviço à Bateria voltada para o Porto.
Uma raridade ao longo da calçada, estas flores obrigam-nos a olhar o Jardim do Morro.
E cá estamos nós, no largo da Igreja, que tem nome próprio do qual não me lembro. Por ali ainda estão sinais de palco e outras coisas, incluindo o fontanário "fechado" a plásticos, da última romaria da Senhora do Pilar, efectuada no dia 15.
Mas tudo fechado, como nos primitivos tempos de 1140, onde foi fundado um mosteiro neste local em que as freiras seguiam a norma de reclusas emparedadas. Durou até ao séc. XIV quando deixou de haver freiras com esta vocação. Também viver entre quatro paredes, mais tecto e chão, só com um buraco para se lhes ser servida a refeição... durante o resto das suas vidas.
Resta-nos apreciar o exterior e na foto é a Primitiva Igreja, ao lado da qual foi construída em 1598, a actual. A imagem de Nossa Senhora do Pilar foi colocada no altar-mor em 1678.
Outro pormenor da Igreja Primitiva.
Na Guerra Civil ou Lutas Liberais ou Guerra Fratricida, tanto faz, (D. Miguel x D. Pedro IV), durante o Cerco do Porto - 8 de Setembro de 1832 a 18 de Agosto de 1833 - a Igreja (a nova, tanto quanto me parece entender a escrita do autor) sofreu muitos danos. Aí entram os homens bons devotos - de Gaia - que apresentaram à Rainha D. Maria II o projecto de uma Confraria, que foi aprovada em Setembro de 1844, ficando com o lindo nome de Real Irmandade de Nossa Senhora da Glória do Pilar.
E em 1925 um Comissão de Amigos do Mosteiro conseguiu "não só realizar muitas beneficiações na Igreja com o restaurar o antigo Claustro do Convento construído em 1692, em forma redonda como a Igreja, único no País. Também foram restauradas várias dependências do mosteiro que estavam em ruínas, para guardar muitas raridades que nelas (nas ruínas ?) estavam à sua guarda".
Agora vem a parte que nos toca a todos: "O Governo (será o Estado Português ? será mesmo o Governo ? neste caso, qual e quando ?) notando a beleza arquitectónica da igreja e do mosteiro da serra do Pilar, incluiu-a no número dos bens nacionais; e por isso tem despendido importantes quantias na reparação de tão magnífico monumento religioso".
Esta e mais prosas podem ler-se em http://tvtel.pt/gaiserv/livro cale/pagina18.htm
Tive que fazer umas reduções a essas prosas - que cheiram tanto a não sei quê ...- assim como acertar alguns erros que por lá se lêm. Mas o importante é que tudo está vedado ao olhar do simples turista, (ou de um curioso como eu) que de mapa na mão, sobe aquela calçada para não ver o que os papeis turísticos dizem de mundos e fundos belos.
Mais um monumento que existe só para prazer (será que o têm ?) de alguns. E já agora gostava de saber se as raridades ainda existem ou se sofreram desvios como tantas outras que aconteceram não só no Porto como por todo o Portugal
Mas vamos saborear as vistas da Cidade do Porto que de lá se avistam. O que já é muito bom, digo eu. Aqui é da Ribeira até à Arrábida.
Aqui, a velha Calçada da Corticeira, a que chamam agora Rua das Carqueijeiras. Talvez uma homenagem às mulheres que subiam aquela Calçada, com molhos de Carqueija à cabeça, para os muitos fornos da Cidade das mais variadas industrias. As Fontaínhas estão lá no alto.
Agora descemos mas a pé, pelas ruelas da Serra, Rua do Casino da Ponte, do Cabo Simão etc. e olhamos o belo rendilhado da Ponte Luíz I.
Já do lado de cá, quer dizer do Porto, depois de atravessarmos a Ponte, uma última panorâmica do Mosteiro (ou Convento) e Quartel da Serra do Pilar. Chamem-lhe os nomes que quizerem ao Regimento, mas é assim que perdurará nos tempos.
Para descansar, nada como "pousar" no Mira Douro, mesmo no final do Muro da Ribeira. Bebe-se a cerveja mais barata de toda a Ribeira e Arredores. Os lanches e as refeições, idem. Não tenho descontos nem comissões; mas é paradeiro antigo desde o tempo em que tinha a mania de que era pescador.

domingo, 15 de agosto de 2010

34 - A Igreja da Ordem do Terço - Rua Cimo de Vila, Porto, Portugal

Há um ditado bem nosso que diz "Quem tem amigos não morre na cadeia".
Bem isto ao caso porque o sr. Manuel Flórido, ex (?) -jornalista do Jornal de Notícia, leu o meu escrito nº 28 e então teve a gentileza de ir fotografar a Igreja da Ordem do Terço, em Cimo de Vila, e ofertar-me as fotos. Melhor dizendo, oferecê-las à comunidade internautica, isto é, ao mundo.
Fê-lo após o serviço religioso, mas aconteceu-lhe ter de suportar aqueles olhares esquisitos e talvez uma ou outra "boca", (a que já estamos habituados) de quem não compreende que o que fazemos é por amor. É divulgar o que é nosso, mostrá-lo. Que interessa ter coisas com séculos de existência se ninguém sabe ?
Bom, ficam aqui as fotos do meu novo/velho amigo esperando que apreciem as belas-artes (mais algumas da minha cidade) expostas.






Todas as fotos são de Manuel Flórido
Por curiosidade, aqui ficam também os "registos" do edifício.
Desconhecendo-se o autor da obra, a fachada, em granito lavrado, ostenta elementos rocócó e o interior é decorado com estuques e talha. O retábulo da capela-mor data de 1776 e é da autoria de José Teixeira Guimarães. (Wikipédia).
A igreja de Nossa Senhora do Terço e Caridade, situada na Rua Cimo de Vila, foi atribuída, por Robert Amith , ao arquitecto Nicolau Nasoni.
A fachada, nas suas linhas gerais semelhante à da igreja da Órfãs, é de granito.
A nave é forrada com azulejos amarelos-brancos de relevo e as paredes são estucadas e com pinturas. O retábulo, obra de Teixeira Guimarães, é do género do de S. Nicolau, da Vitória, ou de S. João Novo ( todas do século XVIII). (página da Irmandade da Ordem do Terço)
O templo foi construído durante a segunda metade do Séc. XVIII. Foi dedicado a N. Srª do Terço, cuja imagem era até então venerada num oratório, próximo da actual Igreja. A decoração da fachada contém elementos rocócó e é atribuída a João Joaquim Alão. Nela sobressai o janelão central em forma de resplendor. (página da Câmara Municipal do Porto)
Com tantas dúvidas sobre o autor (ou autores ) do projecto da Igreja, resta-nos apreciar o que chegou até aos nossos dias. O que já é muito bom.






domingo, 8 de agosto de 2010

34 - O que vejo por aí

Estes dias bem puxados ao calor não são motivo para paralizar nem as pernas nem os olhares.
A cidade está cheia de turistas e é vê-los aos bandos correndo a atravessar meio em pânico a Rua do Infante a caminho da Bolsa ou S. Francisco, ou deambulando pela Avenida dos Aliados à procura de uma sombra que não existe. Vejo-os à entrada do Bolhão, na dúvida se devem entrar ou não, pois as ruínas do mercado têm mesmo mau aspecto. Mas no Douro não há problemas, mesmo com a intensa navegação e é óptimo sentir uma brisa que na cidade não há.
Mas os passeios são meus e as pernas levaram-me por casualidade à entrada da Via Panorâmica onde dei de caras com o edifício do Teatro do Campo Alegre, que não conhecia. Não sei se é uma grande obra de arquitectura, mas para mim é das coisas mais feias que vi na minha vida.
Na Rua das Carmelitas, dei com esta placa pregada ao muro do antigo Mercado do Anjo, na Praça de Lisboa. As ruínas do ex-centro comercial que lá estiveram - ainda estão - anos sem serventia, parece que vão ser requalificadas. Não sei quando, mas que o sr. Presidente da Câmara prometeu, lá isso é verdade.
Um destes dias à noite passei pela Ribeira e fiquei pasmado com a utilização que estão a dar à velha Fonte de S. João. Água nem vê-la mas o tanque e à volta dele, é um depósito de lixo de toda a espécie. É inadmissível que no local onde se concentram muitas pessoas, ver aquela porcaria, fazendo recuar o tempo e lembrar o que era a Cidade aí uns 30 anos atrás.
Em Massarelos ( a minha freguesia de nascimento) quási chegando ao rio, há umas ruas estreitinhas, que são as do Roleto, Outeiro, etc. Nessas ruas vi a maior concentração de gatos que se possa imaginar. Mas numa travessa que vai dar à Alameda Basílio Teles, cercada de muros altos com casas, a comida para ali deixada e o lixo acumulado é tanto, que é insuportável o cheiro. Aqueles meia dúzia de metros fi-los a correr. Não sei como as pessoas conseguem passar por ali. Uma boa mangueirada é o que o local precisa bem como uma grande desinfecção.
Em Entre-Quintas lá está um velho cartaz do tempo da Capital da Cultura. Isso foi em 2001. Informando que é (?) zona de requalificação. É certo que já não se vê o lixo nem o grafitismo sem graça de há 3 anos atrás. Mas todo o resto está igual. Talvez tenham arrumado os habitantes para qualquer lado, mas de requalificação não se nota nada. Os muros e casas lá estão amparados por pedras ou barrotes de madeira. Esta rua faz parte dos Caminhos do Romântico. Isso só eu a divagar, pois os passeantes devem chegar ali entre as Quintas do Meio (Casa Thait) e da Macieirinha e voltam para trás.
Próximo do seminário de Vilar começa a Rua Abade Baçal. Mais Massarelos. À esquerda, aproveitando o arvoredo que salta de umas das quintas daquele lugar, no que deveria ser um recanto agradável, foi construído um pequeno jardim, com fonte, bancos, papeleiras. Infelizmente, as papeleiras estão vazias mas o local está cheio de lixo de toda a espécie. E as ervas abundam no, agora, espécie de jardim. O regresso à (a)normalidade da Cidade dos anos 70/80 do século passado. E não me venham dizer que a culpa é dos Bairros Sociais, ali do outro lado da rua.
Mas para regalar o olhar, nada como ver a boa arquitectura made in Portô, na Rua de Pinto Bessa. Campanhã ou Bonfim ? Para o caso não interessa.
Em frente ao Teatro Carlos Alberto, encontra-se a casa ideal para colocar os cartazes das peças em exibição. Ainda bem que o actor ou modelo, ou quem quer que seja, tem os olhos vendados. É mais uma casa enfaixada-emparedada.
Vista da mata do SMAS esta e outras casas em ruína - na Rua Barão de Nova Sintra - expõem letreiros dizendo que são propriedade camarâria. Pode ser que um dia destes elas caiam por si e aí se poupam uns euros. Ou entretanto talvez chegue um milionário para construir mais um hotel.
Na mata dos SMAS, bem próximo do largo onde se encontra o chafariz recolhido no antigo Convento de S. Bento de Avé Maria, damos com um letreiro, no qual podemos ler, afastando uns fetos com mais de um metro e meio de altura, Não pisem as flores. Ora este local já foi bem tratado, viam-se, sim, flores. Agora a toda a volta só fetos e ervas enormes. O chafariz já não deita água nem tem nenúfares no tanque. Ainda se vêm algumas rosas por ali, sim senhores, mas me parece que já se tornaram selvagens pois a mata que as rodeia é um sinal de triste abandono.
Pobre Câmara que nem trata do que é seu.
No final dos jardins que acompanham a orla marítima, quási a chegar ao Castelo do Queijo, o velho chafariz dos anos 30 do século passado, continua a degradar-se desde há anos e não há uns miseráveis euros capaz de restaurar esta relíquia. Mas lixo não falta, tanto dentro da taça como à volta.
E assim vai o Porto, entre o calor, o turismo e a degradação.