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quarta-feira, 16 de novembro de 2016

259 - Trás-os-Montes, o Bem Receber e as Boas Comidas. Amigos II

De entre os meus amigos de peito que são muitos - não tenho dedos que cheguem para contar só os que estão dentro do Bando do Café Progresso - o Transmontano da Campeã, Fernando Súcio merece um lugar especial. E tenho a certeza que a sua amizade é partilhada por muitos dos meus amigos.
 Visita do Bando à Casa da Campeã no dia 13 de Maio do ano passado. 
Entrada na Camioneta em Passos Manuel, chegada a Vila Real,
Passagem por Vila Real e Chegada à Casa do Súcio.
Tínhamos cozinhado com o Fernando esta visita com bastante antecedência, coisa de meses, porque ele queria apresentar um almoço típico da sua região e inesquecível. 
Ao longo do tempo foi o Fernando informando das suas démarches na aquisição dos produtos. Note-se que a sua Família é muito grande e espalhada pelo distrito de Vila Real. Os vinhos e aperitivos foi-os buscar a uns primos com quintas para os lados de Sabrosa.  
Servindo ao Presidente um Vinho Fino de Quinta. 
O Fernando junto aos potes onde foi cozinhada Cabra no Pote e os Legumes.
A Cabra, divinamente preparada e cozinhada pela Dona Olívia, começou por ser comprada com três anos de idade a um Pastor amigo e de confiança, com rebanho grande e pastos controlados. Deverá ter parido duas vezes.      
A rapaziada à volta das entradas. Mas já lá vamos. 
A cabra foi escolhida mas só estará boa para a Panela a partir de finais de Abril, meados de Maio. Isto, porque quando acabar de amamentar fica muito magra. A partir de então todo o alimento que ingere destina-se à sua engorda ficando no ponto ideal para ser abatida.  
 O Major Lino tratando do Presunto.
O fumeiro que comemos foi produzido por irmãs do Fernando exactamente como a sua mãe os fazia. O presunto foi escolhido ainda no sal e levou rigorosamente o tempo necessário com a cura do fumo.  
Salpicões e Chouriços tiveram o mesmo tratamento. As azeitonas são da região como não podia deixar de ser, e o queijo foi o Fernando escolhê-lo para os lados de Seia, na Serra da Estrela, numa queijeira sua amiga.
Há amigos que se disponibilizam para apresentar uns petiscos. Foi o caso do Xico Silva que carregou desde a Afurada com Enguias e Carapauzinhos de Escabeche, que encheu o olho e o estômago de quem gosta. E as Enguias foi buscá-las à Murtosa com alguns dias de antecedência para serem bem "tratadas" no Escabeche. Os carapaus não confessaram a origem.
A Cabra ficou registada para a posteridade.  
Ei-la nas travessas e como fez babar de prazer.
Os legumes também são de "casa". 
Em algumas regiões do nosso País faz parte da gastronomia cozinhar cabra. A mais conhecida é sem dúvida a Chanfana das Beiras. Mas é totalmente diferente não só a preparação como o cozinhado. Esta que deglutimos é tipicamente da região.
Os Bofes, como chamamos em algumas lugares de Portugal, mais não são que as vísceras dos animais. Neste caso eram as da Cabra, divinamente estufados pela D. Olívia.
A rapaziada bem compenetrada à mesa e o Fernando atento para que nada falte. 
Sai um brinde à sua saúde.
Depois apareceram estes doces e frutas.
A mãozinha de Mestre Gil andou aí pelos doces. 
E mais um brinde com o que houver no copo...
Uma lembrança para o Fernando Súcio, recordando um dia excepcional.
A foto de família para sempre recordar. 
 ...E os paparazi ao ataque...

O tempo foi passando e alguém se lembrou que fazer o magusto na casa do Fernando é que era bom. Castanhas tem muitas e vinho também. Claro que ele aceitou de braços abertos.
Alegres e abandalhados seguimos para a Campeã no Dia de S. Martinho
Estávamos em 11 de Novembro
 O autocarro estava por nossa conta.  
O Fernando à nossa espera. 
Sentimos no ar um belo cheiro de madeira a arder.
 O grande anfitrião preparando-se para matar a sede a quem a tivesse
 A rapaziada vai-se entretendo e começa a petiscar.
 E o petisco são das áreas já nossas bem conhecidas.
E Favaios à mesa pois claro
 Ao lume, castanhas, entrecosto, sardinhas, pimentos. 
Depois juntaram-se-lhes fêveras. 
 O Fernando na distribuição das fêveras.
 O Fernando merece ter a minha grande amizade e também da de um grupo de Bandalhos. 
Estou certo ou errado ?
Um brinde final e deixamos aquela boa terra e as gentes que nela habitam já com saudade.
Caro amigo e ex-camarada Fernando, tenho o grande prazer em ser teu amigo. Obrigado por corresponderes.

segunda-feira, 14 de novembro de 2016

258 -Trás-os-Montes, o Bem Receber e as Boas Comidas - Amigos. I

Há cerca de dois anos, o já velho e muito conhecido Bando do Café Progresso recebeu um convite do membro Barreto Pires para visitar a sua Terra Dornelas, ou Couto de Dornelas e assistir ao acto do almoço durante as Festas em honra de S. Sebastião em 20 de Janeiro de 2015.
Dornelas é uma Freguesia situada a Noroeste de Portugal, no Concelho de Boticas envolvida pela Serra do Barroso.
O Couto de Dornelas, criado em 1127 teve a sua origem num nobre cavaleiro chamado Ay Ayres, que tendo raptado uma Dama da corte de D. Afonso Henriques, o nosso primeiro Rei, e com ela veio viver para estas terras. Como eram despovoadas fez cá a sua residência e capela.
Este nobre tinha privilégio real e por isso todos os que se acoutassem à sua capela, não poderiam ser presos nem punidos pela justiça do rei. Juntou-se muita gente a quem ele mandou que cultivassem todas as terras à volta da sua capela. Desta forma povoaram-se as sete aldeias da freguesia: Vila Grande, Vila Pequena, Antigo, Espertina, Gestosa, Lousas e Casal.
No dia 20 de Janeiro, Dornelas oferece o almoço aos milhares de pessoas que por ali passam para participar na Festa de São Sebastião.

O nosso querido amigo e ex-camarada Barreto Pires ofereceu-nos na sua linda "Casa Nova" uns aperitivos e entradas com muitas coisas boas.
Em seguida fomos assistir à cerimónia. Na imagem o Barreto Pires e o Presidente Teixeira.
Ao longo da Rua principal vão-se juntando as vizinhanças de outros lugares para receberem simbólicamente o almoço de carne cozida, pão e arroz.
Arroz e Carne são cozinhadas em 20 potes de ferro. 
Segundo a lenda a festa resulta de uma promessa feita pela população local que, em troca da protecção do santo contra a fome e a peste decidiu oferecer um almoço anualmente a todos os que passassem pela região.
 É rezada Missa...
 Assistindo à Benção das Panelas
...Depois a sua distribuição na companhia do Santo.
A Mesa, no dia da nosso visita, teria cerca de 2 km. 
Não vimos a distribuição pois o Barreto Pires convidou-nos a conhecer a sua Aldeia. 


Estava na hora do Barreto Pires nos Bem Receber...
E nada melhor do que junto à lareira da Casa Velha onde lhe fizeram companhia o
Alberto e o Presidente
  No fogo da lareira estrugiam Rojões na sua própria gordura.
Ei-los na mesa com a bela cor dourada própria dos produtos de primeira qualidade.
No tecto pendurados pedaços do melhor Porco, que já passaram pela cura do sal.
Agora é o fumo que lhe vai dar o resto do excelente paladar

Que dizer do "grandioso" cozido que nos foi apresentado ? Por todo o Portugal, o Cozido à Portuguesa é um prato que fazemos nas nossas casas e qualquer restaurante o tem na sua ementa.
Mas recordemos que estamos no Frio Noroeste Transmontano onde se produzem das melhores carnes do País e se cultivam os legumes mais saborosos. O segredo dos grandes pratos começam pela confecção dos melhores produtos.
A gentileza do Casal Barreto Pires foi ao ponto de nos oferecer um pão de seu fabrico, cortado para cada um dos membros do Bando.
O Barreto Pires em plena operação.
Eis as razões porque gosto de Trás-os-Montes e dos Transmontanos. Lhaneza no trato, casa aberta e bem receber com o melhor que têm. Carnes, Legumes, Vinhos, Azeite, Amendoa, Mel.
Obrigado Barreto Pires