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sábado, 15 de outubro de 2011

100 - Torre dos Clérigos, a Velha Senhora

Um dos ex-Libris da Cidade do Porto, a Torre dos Clérigos, incluída no conjunto de que fazem parte a Igreja e o antigo Hospital, hoje residência sacerdotal, merece um lugar de destaque neste espaço, comemorando comigo o escrito 100. Vaidades à parte, pergunto, especialmente aos meus conterrâneos portuenses e vizinhos: Conhece mesmo a Torre dos Clérigos ?
Todos sabemos (principalmente o pessoal do meu tempo) que foi Nicolau Nasoni o seu obreiro. O conjunto dos Clérigos foi construído junto à Muralha Fernandina, mas do lado exterior, num terreno chamado Lugar da Cruz da Cassoa, junto ao primitivo Adro dos Enforcados, que passou para os terrenos do Hospital de Santo António. Era a zona do Olival. Quando passarem por aqui, lembrem-se que o local foi sepultura dos enforcados criminosos sentenciados na forca e também dos que morriam fora de religião.
Mas por agora é a Torre que tentarei dar a conhecer. Mais ou menos, claro. Foi construída entre 1754 e 1763 e durante anos Nasoni trabalhou sem receber, embora mais tarde tenha conseguido o seu dinheiro. Foi D. Jerónimo de Távora Noronha Leme e Sernache, protector de Nasoni, que ofertou o presente à Irmandade dos Clérigos Pobres que lho tinha pedido.
Vista desde a Rua da Ponte Nova
O projecto inicial previa duas Torres. Ficou-se apenas por esta o que já não é mau. Imaginem o que seriam duas Torres dos Clérigos na Cidade do Porto. Caía o Carmo e a Trindade lá para os lados de Lisboa, se já estivessem construídas.
Tem 6 andares, 75 metros de altura, 225 degraus numa escada em caracol. Num encontro de 2 pessoas, só se passa de lado. Logo a partir dos primeiros 10 degraus da subida. Serviu como telégrafo comercial, referente à navegação e relógio da Cidade.
Destaca-se fàcilmente de todas as Torres que se encontram pela Cidade, independentemente do local e o ângulo em que a vemos.
É Monumento Nacional desde 1910, construída em estilo Barroco
Vista desde as Muralhas Fernandinas, no troço da Sé.
Vista da Sé, com o casario da Vitória aos seus pés.
Vista da Rua da Bainharia, atravessando as Ruas de Mouzinho da Silveira, Flores e Ponte Nova. Ao alto são os Caldeireiros.
Vista da Rua da Madeira, próximo à Batalha. Mas vamos conhecer alguns pormenores.
Ao lado tem a companhia da estátua de D. António Ferreira Gomes, o Bispo do Porto exilado por ordem de Salazar nos anos 60.
Tem no topo 4 sineiras e mostradores de relógios nos quatro lados. Do alto, admira-se a Cidade, bem como as vizinhas Gaia e Gondomar. A não perder uma subida até ao cimo.
No quarto andar está lavrada uma legenda bíblica e numa varanda abalaustrada podemos apreciar já a Cidade e arredores.
Janelas sineiras e aqui está instalado o carrilhão de concerto com 49 sinos. Que podem ser devidamente apreciados durante a subida. Uma janela com frontão triangular e um escudo com monograma A M - Avé-Maria - coberto com as chaves de S. Pedro.
A Porta Central é encimada por um medalhão ornado e legenda bíblica. Segue-se num nicho a  estátua de S. Pedro. Neste andar a espessura das paredes de granito é de 2,20 m.
Torre dos Clérigos
A Cidade do Porto espremida para cima
(Teixeira de Pascoais)


Nicolau Nasoni (Toscana - San Giovanni Valdarno, 2.6.1691 - Porto, 30.8.1773) foi um artista, decorador e arquitecto italiano que deixou muitas obras na Cidade do Porto e também pela região Norte. Teve bastantes seguidores, pelo que lhe são atribuídas obras que talvez não sejam da sua autoria. Um dos seus discípulos e em parte responsável pelas obras dos Clérigos, foi António Pereira, presumível autor de S. João Novo. Mas existe ainda hoje a dúvida sobre o seu autor real.
A sua primeira grande obra conhecida foi a Galilé da Sé em 1736 e o Chafariz de S. Miguel, adoçado à Casa do Despacho. Mas na Sacristia, Capela-Mor e provàvelmente no Corpo da Igreja executou pinturas desde 1725.
Nasoni chegou a emigrar para o Brasil, onde negócios mal conseguidos sendo mesmo roubado o deixou na miséria.. Regressou ao Porto onde viria a morrer e sepultado em local desconhecido na Igreja dos Clérigos.

Parte dos textos foram recolhidos do Livro de Ouro - Porto-Património Mundial editado pelo Comércio do Porto e que o meu amigo Manuel Cibrão me emprestou sem data de devolução.
Outros excertos foram adaptados do IPPAR. Na Wikipédia, no espaço pequeníssimo dedicado à Torre, lê-se que a estátua por cima da Porta Central é de S. Paulo. Julgo que erradamente.
Respigos da sua Biografia recolhi-os em vários sites, incluindo http://Sigarra.up.pt
E não esqueçam de fazer uma subida de 75 metros. O número de degraus, variável de site para site, não custam nada a fazer.