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sexta-feira, 18 de dezembro de 2015

234 - Igreja de Nossa Senhora da Conceição

8 de Dezembro de 1945. Nasci nesse dia devotado a Nossa Senhora da Conceição, Padroeira de Portugal. Era também o Dia das Mães, até às mudanças radicais de quem manda nisto tudo. Para mim sempre o será até que os olhos se me fechem.

Por casualidade e em acordo com o meu sobrinho, resolvemos fazer um passeio de peregrinação às nossas origens. Tomamos o Metro até ao Marquês (assim chamado pelos Portuenses à Praça e Jardim do Marquês de Pombal) e fomos visitar a Igreja de Nossa Senhora da Conceição. Talvez mais conhecida como a Igreja do Marquês.

Vim da Maternidade Júlio Diniz, na Freguesia de Massarelos, até à Rua do Visconde de Setúbal na Freguesia de Paranhos onde vivi quase 17 anos. Era e é uma rua muito próxima da Igreja, embora esta pertença à Freguesia do Bonfim.
Com a nova administração e divisão/união das freguesias , não sei se estou a escrever disparates. Mas são estas as minhas memórias.

A primeira pedra foi lançada em 18 de Dezembro de 1938 e a Igreja começou a ser construída no ano seguinte. A elaboração do projecto foi entregue ao arquitecto francês Paul Bellot que se tornou Beneditino em 1902.
No entanto é o arquitecto português Rogério de Azevedo que tem a influência para construir esta obra monumental. Assim a considero.
Construção da Igreja.

A Igreja é dedicada a Nossa Senhora da Conceição em 8 de Dezembro de 1947. O Padre Matos Soares foi nomeado pároco da comunidade em 1936. Já existia um templo que ainda sobrevive na Rua da Constituição a dois passos, dedicado à Padroeira. Mas muito antes existiu uma capela dedicada a Nossa Senhora da Conceição da Aguardente. Nas paredes do adro, do lado direito de quem entra, ainda se encontram vestígios dessa capela. Na primeira foto podem ver-se arcos e cruzes que lhe pertenceram.
Aguardente foi o primitivo nome da Praça Marquês de Pombal, segundo a lenda por ter existido um alambique.

Sou um leigo total em arquitectura, mas gosto de olhar os pormenores mesmo não entendendo nada e ainda por cima ligado a temas religiosos.
Na fachada as estátuas de quatro santos de origem portuguesa, do escultor Henrique Moreira. Não me exijam mais porque não cheguei tão longe para saber quais foram, pois parece que há imensos. Mas não estarei enganado ao referir Santo António e talvez  São Pedro de Braga.

 Um dos portões da entrada. 

O edifício cheio de referências estilistas arquitectónicas está repleto de obras dignas de admiração.

Os altares laterais em azulejo e estatuária, representam a Virgem e a sua ligação à Cidade do Porto. A Senhora de Vândoma, a nossa Padroeira não está esquecida nem a sua lenda. É o único altar iluminado.

 O órgão foi montado em 1998 e especialmente concebido para a interpretação de obras 
românticas francesas do séc. XIX
No coro cantei algumas vezes, especialmente na Missa de Festa em 8 de Dezembro de 1955 data que não esqueço.

Os frescos no arco do cruzeiro e paredes da Capela do Altar-Mor são da autoria de Augusto Gomes, o Matosinhense. Representam a Coroação de Nossa Senhora e os Anjos Admiradores.


No Baptistério - fechado e sem luz a não ser a pouca que se escoa pelos vitrais - pinturas do alentejano Duzílio Gomes (peço desculpa se estarei a escrever o nome erradamente)  representando quatro baptismos dos mais significativos da história portuguesa
Incluindo o do rei suevo Teodomiro baptizado por São Martinho de Tours, (não o primitivo mas o que mais tarde tomou o nome de Dume, fundador da diocese próximo de Braga, o apóstolo dos Suevos) e que segundo a lenda deu origem à Igreja Românica de Cedofeita.

Podemos olhar os vitrais espalhados pela Igreja. Alguns estão muito altos e de difícil visualização.
Nas paredes, vinte e dois vitrais contam a Vida da Virgem Maria.



Não encontrei referências sobre o autor ou autores dos vitrais. Maume Jean presumo ter sido o fabricante cujo nome aparece neles estampado.

Por cima das capelas, frescos de Guilherme Camarinha representando os Passos da Paixão de Cristo ou a Via-Sacra.

A iluminação que desfrutamos não é toda natural. Mas é excelente e permite-nos visualizar muitos pormenores. Claro que para a máquina fotográfica nem tanto.
Mas a totalidade do Arco do Cruzeiro deveria estar iluminado. No ponto da ogiva perdem-se as imagens que completam a obra do pintor.
Não foi possível ter a companhia de um cicerone. Eram 16,30 h sensivelmente e segundo a informação de um senhor que presumimos ser uma espécie de guarda, não estava quem blablabla e mais blablabla. Não entendemos o que quis dizer, mas notei que olhou para o relógio mais do que para nós.
Nem ao coro nos permitiu a subida. Paciência.

Vale a pena visitar a Igreja. E na Praça do Marquês olhar o que nos rodeia. O chão do adro é espectacular mas não foi possível fotografá-lo porque estavam a montar uma casinha, talvez um presépio simbólico.

O que aprendi e aqui tento descrever sobre as obras, foi com a ajuda do Prof. Joel Cleto nos seus Caminhos da História e no episódio que pode ser visualizado em http://videos.sapo.pt/wLZhJ9w9eS5iyjrfQcZF

Pena a página http://www.p-conceicao-porto.org/ não ser mais completa.