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quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

115 - Belomonte e S. João Novo

Belomonte (ou Belmonte) foi uma das quatro freguesias em que a da Sé se dividiu em 1582, ficando com o nome de S. João Baptista de Belomonte, sendo extinta em 1592 por ordem do Bispo D. Jerónimo de Meneses e integrada na freguesia de S. Nicolau. Este Bispo foi reitor da Universidade de Coimbra e Bispo de Miranda. Exerceu o Bispado no Porto entre 1593 e 1600. Num aparte, como pode ter extinto a freguesia em 1592 ? Coisas da História ou erros dos sites.
Proponho uma volta subindo desde o Largo de S. Domingos
a Rua de Belomonte até ao Largo de S. João Novo,
descendo depois a Rua com o mesmo nome. A passeata está referida no mapa.

O Largo de S. Domingos e os seus monumentos e comércios velhinhos já referi anteriormente. Para os curiosos, ver as postagens 20 e 25 e a etiqueta S. Domingos.

Tendo atrás S. Domingos e à esquerda a Rua Ferreira Borges inicia-se aqui a Rua de Belomonte, assim chamada porque no fim - e antes do Largo de S. João Novo onde termina - existia um cruzeiro denominado Padrão de Belmonte.

É uma rua antiquíssima mas que aparece referida pela primeira vez numa escritura de 1503, na qual se aforavam trinta varas de chãos ao armeiro Álvaro Gonçalves para aí se construir cinco moradias...
Álvaro Gonçalves é um personagem referido no romance histórico A Última Dona de São Nicolau, episódio da História do Porto no séc. XV (1864) de Arnaldo Gama (os interessados podem ler o livro escrito como no original em  http://books.google.pt/books?id=JmYuAAAAYAAJ&hl=pt-PT&pg=PA1&redir_esc=y#v=onepage&q&f=false )

A iniciativa partiu de uns Frades - terão sido os Eremitas Calçados de Santo Agostinho ?- que determinavam serem as moradias construídas acima da Viela da Esnoga (Sinagoga). Bom, acho que aqui haverá um erro (ou falta de compreensão minha, talvez) porque a antiga Viela da Esnoga ( posteriormente Rua de S. Roque, porque teria havido uma ermida ou oratório, e também Viela de Luís Coelho) é hoje chamada Rua da Vitória. No entanto as Escadas da Vitória que vêm dar a Belmonte são as antigas da Esnoga. Com um belo prédio a ruir.

A Tipografia Heróica, inaugurada há muitas dezenas de anos, segue a tradição da produção e impressão das populares Quadras Sanjoaninas, que enfeitam os vasos de manjerico e os bolos de S. João. O seu primitivo dono, com quási 90 anos, vendeu o negócio há uma dezena.

Outro velho comércio, tipo tem tudo de antigamente, com o seu dono ao balcão também já de idade avançada. Lendo o jornal, vício com muitos anos e que sempre se praticou no Porto quando não haviam clientes para aviar.

Continuando a subir a rua, a meio avistamos bem próximo o final da Rua das Taipas, à direita, que aqui desemboca.

À esquerda encontramos o Palacete de Belomonte (ou Belmonte) do séc. XVIII, que foi a Casa dos Pacheco Pereira, adquirido em 1888 pela Companhia dos Caminhos-de-Ferro Através de África (também conhecido como Companhia de Ambaca).
O Brazão da Família foi substituído pelo da Companhia aquando da sua aquisição. Hoje o Palacete alberga um núcleo da Escola Superior Artística do Porto. Pessoalmente, repugna-me aqui entrar por causa do aspecto sujo e pouco cuidado e a escuridão do hall da entrada. Imagino como sendo uma casa de conspiração secreta.
Olhando para trás, os tons dourados de fim de tarde pintam de cor o morro e a Catedral da Sé do Porto. Infelizmente, as ruínas de algumas casas em Mouzinho da Silveira não podem ser retiradas...

Numa antiga drogaria, está instalado o Teatro de Marionetas do Porto, fundado em Setembro de 1988, integrando o reportório do Teatro Dom Roberto, fantoches de tradição bem Portuguesa. Para breve, segundo escreve a companhia, estará pronto o Museu de Marionetas do Porto.
No fim da Rua, provàvelmente onde existiria o tal cruzeiro, vamos então encontrar o Largo de S. João Novo.

Um olhar para trás fixando esta Rua do Velho Porto e Património da Humanidade.

Já no Largo encontra-se o Palácio de S. João Novo situado junto a um pano que ainda existe, da antiga muralha da cidade. Foi mandado edificar em 1727 por Pedro Costa Lima, fidalgo da Casa Real e administrador dos estaleiros da Ribeira. Depois da sua morte vários foram os fidalgos que o habitaram. Talvez por isso a Câmara Municipal do Porto chama-lhe Palácio dos Leites Pereiras de Melo e Alvim. O seu projecto foi durante muitos anos atribuído a Nicolau Nasoni, devido à exuberância dos elementos exteriores. No entanto, actualmente confirma-se que a traça do palácio foi elaborada pelo mestre António Pereira.
Na Guerra Peninsular, mais conhecida em Portugal como das Invasões Francesas (1807/1811), o Palácio foi ocupado pelos Franceses durante a segunda invasão em 1809. Serviu também de Hospital das Tropas Liberais de D. Pedro IV aquando do Cerco do Porto.
No final das Guerras Liberais, o palacete foi devolvido aos seus proprietários que o viriam a alugar à Tipografia Comercial Portuense e posteriormente à Junta da Província do Douro Litoral que em 1945 instalou o Museu de Etnografia e História, considerado um dos mais ricos do País. Devido a sinas de degradação, potenciados por um incêndio ocorrido em 1984, o palácio foi encerrado desde 1992 e até hoje. E o acervo do Museu onde está ?  Já fiz esta pergunta várias vezes, mas ninguém me responde...Mas no site da Câmara, no local referente à Toponímia da Cidade, 10 anos depois de fechado ainda refere que lá está o Museu. Como este site é só actualizado para reverenciar o querido Presidente Rui Rio, tudo que não lhe diga respeito nem sequer conta para a história. Adiante.

No Largo chamado então de Nossa Senhora da Esperança e nas Muralhas Fernandinas que aqui passavam, rasgava-se a Porta da Esperança. Existia uma Capela dedicada a S. João Baptista, que o Bispo D. Jerónimo de Meneses doou aos Eremitas Calçados de Santo Agostinho. Já nada disso existe, mas temos o Fado, uma das poucas e boas casas da Cidade onde ele ainda se canta. E se come bem, diga-se de passagem.

Ora os Eremitas Calçados de Santo Agostinho acharam a Ermida pouco própria para as suas necessidades e por bem, com o beneplácito do Bispo D. Jerónimo, (e depois com o dos seus sucessores D. Fr. Gonçalo de Morais e D. Fr. João de Valadares para a continuação da obra) iniciaram a construção de uma nova Igreja e Convento. As obras terão começado, segundo uns em 1592, segundo outros em 1613. De quaisquer das formas, demorou a construção muito tempo, sendo dado como concluída em 1779. O arquitecto é desconhecido, mas há quem diga que a fachada do templo pela sua monumentalidade, está desproporcionada entre os seus elementos. Para mim, leigo puro, é uma obra colossal.
Sempre conheci esta fachada negra. Sei que o granito contem elementos negros. Mas como gostaria de ver um dia esta fachada mais clarinha.

O local na altura chamava-se Sítio da Boavista, S. João do Monte ou de Belomonte. A Igreja e Convento foram dedicados a  São João de Sahagún ou João de São Facundo, nascido Juan Gonzalez de Castrillo Martinez de Sahagun y Cea, na Vila de San Facundo, actual Sahagún (Salamanca, Espanha) em 1419. Ingressou na Ordem dos Agostinianos em 18 de Junho de 1463 e fez a sua profissão de fé em 28 de Agosto de 1464. Foi sacerdote, teólogo, prior do convento de Salamanca, beatificado em 1601 e canonizado em 1690. Faleceu em Salamanca a 11 de Junho de 1479.
Para evitar confusões com tantos S. Joãos, ou como nós portuenses dizemos, S. Joões, o Largo e a Rua ficaram toponìmicamente a chamar-se de S. João Novo.

A Igreja guarda obras de arte dos séculos XVII e XVIII, entre outras. Os azulejos que em parte a revestem são de 1741.
Quando olho a abóboda em pedra e a sua altura, fico com um sentir de insignificancia. Provàvelmente é esta a Igreja da Cidade que mais me arrepia. 
Devido à extinsão das Ordens religiosas o Convento foi abandonado em 1832. Desde 1863 o Tribunal Criminal e Correccional do Porto foi aqui instalado conservando o antigo nome do convento. Ainda hoje por cá se mantém. É o Tribunal de S. João Novo pura e simplesmente.


A Rua de S. João Novo é estreita e pequena. Quem na desce, do lado direito, repara que quási toda ela é ocupada pelo ex-Convento. Do lado esquerdo, habitações e comércios. No que terá sido um jardim, hoje parque automóvel de serventia ao Tribunal, vemos um pequeno panorama sobre a zona histórica. Na foto, algumas habitações e no alto as trazeiras de outras habitações em Belomomte. 
O final de linha é na Rua do Comércio do Porto, que também foi da Rosa e Ferraria de Baixo.
E que guarda muitos significados históricos, palacetes e igrejas
Coisas que ficarão para um novo passeio.

Uma nota final. Durante as minhas pesquisas encontrei algumas discrepâncias sobre datas. Das que mais me chamaram a atenção foram as da beatificação e canonização de Frei João de S. Fagundo. Na dúvida, escrevi a que me pareceu mais acertada e que recolhi em http://www.midwestaugustinians.org/saints/s_johnsahagun.html



quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

114 - Paranhos, Recordar tempos antigos

Sou de Massarelos por nascença mas Paranhense do coração. Aqui nesta freguesia foram passados 17 anos da minha vida desde os 3 dias de idade, segundo me contavam avós, pais, vizinhos (Aos amigos e visitantes interessados nas minhas postagens, na nº 3, lá está a minha rua).  Não posso dizer que conheço Paranhos pois a sua área territorial é a maior da Cidade do Porto e a terceira maior do meu Portugal.
Os meus clubes do coração e estimação aqui nasceram, tiveram ou têm os seus recintos desportivos, o Porto, o Salgueiros, o Académico (deste, presumo que pelo menos uma parte pertence ao Bonfim); mas dos pobres também reza a história: O Sport Progresso, o Francos Figueirense e o Portuense de Desporto. A todos estive ligado - ao Progresso não - e neste passeio histórico de tudo isso lembrei. Tenho por aí uns escritos falando individualmente de cada um deles.
A história de hoje é outra e começa com o pedido de um amigo freguês Paranhense emigrado no Luxemburgo que com saudades da sua terra me pediu fotos para mostrar aos descendentes.
Paranhos deriva de Paramio, cujo actual nome aparece pela primeira vez num documento datado de 1689.
Sabemos que pertenceu em grande parte às terras da Maia até 1837 quando se integrou na Cidade do Porto, mas já habitada muito antes do Condado Portucalense até por Mouros (ou Árabes) que aqui se mantiveram até ao séc. X. Foi um lugar de muitas aldeias.
A actual Igreja - dedicada a São Veríssimo -  não tem data registada da sua fundação. Conhecem-se os assentos de umas obras efectuadas por um mestre pedreiro em 1845 por estar em ruínas. Mas em 1123 já existia uma igreja quando foi realizada a doação do padroado da Igreja de Paranhos ao Bispo do Porto D. Hugo do qual faziam parte grande numero de casais e quintas.
Na torre esquerda existiu um relógio de sol construído em 1878. Hoje só lá está a marca. Será que custava muito reconstruí-lo ? Sempre era uma lembrança dos velhos tempos.
Sabemos que a freguesia possuía vastos campos de cultivo desde tempos remotos. Apesar da modernidade, ainda existem indícios dos senhorios que cultivavam essas terras. Também foram criadores de gado bovino o qual era exportado para Inglaterra. Lembro-me ainda de alguns lavradores de Álvaro Castelões, Aval, Augusto Lessa. As fotos acima são de antigas casas principais de lavoura à volta do Largo da Igreja de Paranhos.
Por outro lado e pelas ruas que se foram abrindo, emigrantes do Brasil estabeleceram-se com várias industrias e comércios e construíram belos edifícios, alguns apalacetados. Assim, a partir dos finais do séc. XIX e princípios do séc. XX, a ruralidade antiquíssima da Freguesia tomou novos aspectos. Mas as novas oportunidades trouxeram novos habitantes. Em alguns desses edifícios hoje estão instituições: A Universidade Fernando Pessoa, a Ordem dos Médicos, a Associação dos Pais de Crianças Deficientes.
Muitos dos campos de cultivo de outrora foram rasgados por novas artérias.
Paranhos foi sempre um lugar com Festas e Romarias. A mais importante seria a Feira de S. Miguel que durava de um a dois meses, com muitas tascas de comes-e-bebes.
A partir de 1887 as Festas da Senhora da Saúde adquiriram pela sua grandeza a categoria de Festas da Cidade. Duravam 8 dias com arraiais, feira, fogos de artifício e uma majestosa Procissão que saía da Igreja e terminava no Largo do Campo Lindo, junto à Capela da Senhora da Saúde.
Uma lembrança me ficou gravada de um dos anos da festa. Neste Largo provei  pela primeira vez cerveja, ofertada pelo meu pai do seu copo. Havia uma esplanada montada que pertencia a um café que ainda existe - precisamente de nome Campo Lindo - onde esperávamos pela minha mãe. Quem diria que na altura detestei o sabor dessa bebida maravilhosa. Na época eram ofertados por cada fino (nome portuense dado a um copo de 20 cl de cerveja tirada à pressão), amendoins, batata frita à inglesa, tremoços e azeitonas, servidos em taças de vidro com 4 divisórias. Esses sim, comi-os todos e talvez por isso o meu pai, que não era bebedor, tomou três finos. Mas não invalidaram o apetite para o lanche que sempre comia quando saía com os pais. 
A Capela da Senhora da Saúde foi construída em 1871. As Festas ainda se realizam mas sem a grandeza de outrora.
Tomando a Rua de Costa e Almeida (que foi Presidente da Câmara e Governador Civil) onde antigamente se realizava a Feira da Louça, vamos ter à Praça Nove de Abril, (a razão desta toponímia  contarei mais abaixo) mas mais conhecida como a Arca d'água. Largo da Arca d'Água assim se chamou desde tempos antiquíssimos. Aqui se encontram os mananciais de água de Paranhos que durante séculos abasteceram uma grande parte da população da Cidade. Ao rei D. Sebastião (séc. XVI) havia sido feito um pedido para encanar esta água, presumindo-se que foi perdido. Hábito que ainda hoje persiste, pois continuam a perderem-se coisas em Lisboa no que diz respeito ao Porto e ao Norte. Mas seguindo com a história. D. Sebastião, não sei se por castigo, também se perdeu em Alcácer-Quibir e ainda hoje almas crentes andam à procura dele. Para compensar a perdição chegaram os espanhóis por 60 anos (1580/1640). Que no reinado de Filipe II acharam um novo pedido e então sim, foi dado o ok para que a água do manancial de Paranhos fosse encanada. Umas vezes subterrânea, outras vezes a céu aberto. (Estes subterrâneos ou parte deles, podem ser visitados desde que o pedido inclua, creio, um mínimo de 20 visitantes, devidamente armados de galochas, capas de chuva e chapéus. Quer dizer, roupa para enfrentar o dilúvio. Os Serviços de Águas - SMAS ou Águas do Porto, não sei como se chamam - sediados em Nova Sintra, aceitam e programam as visitas).
Em 1920 foi construído um Jardim, com lago e gruta, servindo esta agora para centro de convívio da terceira idade. No Largo, durante as Festas da Senhora da Saúde, estavam as diversões e o célebre Mastro de Subir ao Bacalhau. Para quem não sabe o que isto era, devo esclarecer que era um pau com uns metros de altura, devidamente cebado tendo no alto cruzado outro pau. Em cada braço eram colocados um bacalhau, uma garrafa de vinho e se bem me lembro chouriços em argolas. Quem conseguisse subir ao pau, ganhava de prémio o material exposto. Bonecos representativos dessa paródia não faltavam nas cascatas sanjoaninas. E na que meu pai me fazia todos os anos não faltava mesmo.
Voltando à história deste lugar. A oeste acaba a Rua de Vale Formoso e começa a Rua do Amial, assim chamada por causa dos muitos amieiros que por aqui existiam. Foram parte desde tempos remotos da Estrada de Braga que começava no lado direito do Largo dos Ferreiros, actualmente Carlos Alberto. Presumo que é esta a famosa estrada que desde o séc. XVI se chamava dos 9 Irmãos. Mas séculos antes a Via Romana que ligava o Porto à Bracara Augusta terá por aqui passado.
Antes da construção do Jardim, em 6 de Fevereiro de 1866, Antero de Quental e Ramalho Ortigão andaram a bater ferros um contra o outro por causa da Questão Coimbrã. Quer dizer, parece que o duelo se deu derivado aos insultos escritos com que Antero mimoseou as obras e/ou opiniões de Castilho tendo este sido defendido pelo Ramalho chamando covarde a Antero. A história regista que Antero ganhou por um arranhão. No final ficaram todos amigos. Gente culta é outra coisa. Por curiosidade e para demonstrar a falta de cuidado com o que se publica, no site da Junta diz que foi em 1865. Quem escreve verdade ?
Quási no final da Rua de Vale Formoso - desconheço a razão do toponímico - encontra-se o que o portuense chama de Bom Pastor. Presumo que seria um antigo convento de uma irmandade vocacionada para o acolhimento de mulheres. A Congregação do Bom Pastor, com ramificações pelo País está activa. Aqui viveu entre 1894 e 1899, altura do seu falecimento, uma monja - me desculpem se erro o nome, mas é um leigo que vos escreve - nascida na Alemanha em 1863 e sepultada no Cemitério de Paranhos. Criou um carisma muito especial e ficou reconhecida com a Santinha de Paranhos.
Não sei ao certo se as antigas instalações do Quartel de Transmissões, conhecido como Quartel do Bom Pastor, agora uma ruína, desactivado desde 1995, fazia parte das instalações da Congregação. Em tempos numa conversa, afirmaram-me que sim, tendo resultado de uma troca de interesses com o Estado Novo. Adiante.
O JN de 19 de Julho de 2008 publica que o Comando Metropolitano da PSP do Porto vai deixar o Aljube e instalar-se no antigo quartel que vai sofrer obras de restauro. Provàvelmente a começar em Janeiro, segundo o Secretário de Estado Adjunto e da Administração Interna da altura, José Magalhães. E incluirá uma nova esquadra, a do Bom Pastor. Um longo artigo o do JN.
O Expresso de 13 de Março de 2010, com origem na Lusa, publica a seguinte notícia: A PSP do Porto vai concentrar o seu comando metropolitano, a Divisão de Trânsito e um hotel para polícias na zona do antigo quartel militar do Bom Pastor, onde também já está a construir-se uma esquadra. Afirmações do Secretário de Estado Adjunto e da Administração Interna, Conde Rodrigues.
Ora bem. A degradação está igual, mas a nova esquadra lá está. Num novo edifício entre o da Congregação e o do antigo Quartel, adquirido pelo Ministério do Interior em 1995. Com umas traseiras onde se pode apanhar o bom sol de inverno, jogar com uma consola manual e tomar um café e conversar. Assim estavam 4 pessoas fardadas à PSP quando entrei pela porta do cavalo e fui pedir autorização para entrar e fotografar apenas o emblema das transmissões. Manias de veterano. Claro que fui corrido com um não pode em formas grosseiras, tanto pelo jogador de consolas - um chavalo aí dos seus 23 a 25 anos - como por um outro agente (?) que apareceu à janela, mas que pelo sim pelo não falou para dentro e renovou o não pode no mesmo estilo policial. E depois quer esta rapaziada que  fiquemos do lado deles... O Peixoto, velho companheiro destas minhas andanças, só se ria. Mas fiz a foto tanto de parte das ruínas como do emblema, encostado à esquadra. E não foi às escondidas, porque os policiais disseram pode.
Mas os meus finalmentes eram a Rua de Monsanto.
Que começa mesmo em frente à Arca d'Água. Lá estão ainda as velhas Alminhas, agora sem santo - ou santa - bem como o antigo tanque público, mas devidamente renovado. E os terrenos que eram a utopia do falecido Linhares ex-presidente do Salgueiros, para a construção do novo estádio. Tudo a monte e o lago que se criou e onde parecem existir peixes que amigos do ambiente trouxeram para se reproduzirem e servirem posteriormente só para entretimento de pescadores com alma. É pescar e devolver ao lago.
Pela Rua de Monsanto ou nas suas cercanias, encontramos ainda caminhos antigos. Mas a história da Cidade diz que foi Rua do Regado pelo menos até 1933. E tomou o nome, pensa a nossa autarquia, advindo da vitória republicana sobre as monárquicas na serra do mesmo nome, junto daquela cidade. E atiram para o Andrea de Cunhas Freitas esta hipótese. Homem de Lisboa que veio para o Porto como secretário da Câmara de Falências e morreu em Vila do Conde em 2000 deixando muitas obras sobre o Porto. Mas uma coisa é certa. Não encontro a cidade de Monsanto em Portugal, mas sim a Aldeia, que foi considerada no tempo Salazarista como a mais Portuguesa. Gostos. Mas na história da Aldeia não há nenhuma referência quanto a vitórias republicanas contra monárquicas. Será que a nossa querida Câmara não tem registos das actas em que se resolvem dar o nome a Ruas e os porquês ? Até que esta nem é antiga. Mas quem sou eu para me meter nestas coisas. 
Aqui temos a "famosa" Rua Nove de Abril, à entrada de Monsanto e bem próxima da Praça com o mesmo nome, a tal que os tripeiros chamam de Arca d'Água. Trabalhei numa oficina metalúrgica fabricante de candeeiros, sediada na rua. Acontece que para secar umas peças com um bico de gás conforme me ordenaram e que eram metidas num pequeno foço onde estava a garrafa bem como uns desperdícios de algodão, resolvi pegar fogo aos ditos, involuntàriamente, claro. Entrei numa segunda-feira de Outubro de 1959 e saí na segunda-feira seguinte, data do incidente. Ainda não tinha completado 14 anos mas já se adivinhava que o meu futuro não era a industria do ferro.
Então o porquê desta Rua e a Praça se chamarem de Nove de Abril. Diz a tal toponímia da cidade que é em lembrança da Batalha de La Lyz, travada nos campos da Flandres no ano de 1918, onde as tropas portuguesas se vestiram de glória. Curiosamente, foi em Nove de Abril de 1833, que os liberais de D. Pedro IV sitiados pelas tropas do absolutista D. Miguel, tomaram de assalto o forte reduto do Covelo, aqui em Paranhos. Assim, questiono se a antiga Rua da Bica Velha, chamada desde 1933 (?) de Nove de Abril, bem como o Largo, serão em memória de La Lyz ou do assalto ao Covelo ?

No final de Monsanto encontramos o Bairro do Carvalhido e o que foi o Monte da Caramila. Só conheci este nome porque o meu amigo e freguês do Luxemburgo mo referenciou. E confirmei por uns habitantes com quem meti conversa.
Porque o meu amigo fez a primária na escola 105, da Caramila fui investigar. Hoje chama-se como muitas outras de EB.1+2, ou coisa parecida, que não faço ideia do que quer dizer, mas inclui um infantário. Mas é conhecida como naquele tempo, da Escola da Caramila. E sabem como descobri ? Porque um escritor juvenil escreveu no seu blogue que foi lá promover um livro de sua autoria. Bem escrevi há Junta de Freguesia de Paranhos para saber mais coisas do lugar. Mas como é habitual e por isso já nem estranho, o meu pedido não teve resposta. O rumo é o mesmo de todas as autarquias, incluindo a Câmara Municipal: O cesto dos papeis. A excepção honrosa foi a da Junta de Santo Ildefonso, que me informou onde era - é - a Casa de Germalde, mas não sabiam que o Ramalho Ortigão tinha lá nascido.
Chegado a São Dinis resolvi, contràriamente aos meus princípios subir a Rua. O antigo canil onde o  Boby, adoptado pelos meus pais já eu era bem grandinho, foi abatido ficando um grande vazio lá em casa e enorme desgosto. Hoje é mais uma entre tantas repartições do ambiente da Câmara.
No início (ou fim não sei bem) da Rua de S. Dinis próximo da Vale Formoso, está o saudoso Cine-Teatro Vale Formoso. Por me portar bem, a minha avó dava-me 25 tostões para ir ver os filmes do Joselito e do Marcelino. Era um cinema de bairro, mas meio aristocrático. Em 1950 os meus pais vestiram-me de Pierrot, fato feio pela minha mãe em cetim amarelo com botões e gorro preto e fomos a um carnaval no Vale Formoso. A maquilhagem esteve a cargo da Mimi. Tenho a foto feita dias mais tarde no Salvador em Santa Catarina e a lembrança de alguns pormenores, incluindo a orquestra vestida de branco. 
Ao palco onde Merce Cunninghan dançou com musica de John Cage nos anos 60'
estão agora os senhores mal aventurados da IURD que não conseguindo comprar há uns anos o Coliseu do Porto vieram tomar conta deste belo espaço.
Fechado no momento, mas dizem que vai ser centro de convívio social.
Imagino as obrigações que os irmãos vão ter de fazer para conviver