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sexta-feira, 1 de julho de 2011

83 - Farois do Porto - Farol da Luz

Navegar pela net tem destas coisas. Descobrir o desconhecido. E só por casualidade encontrei uma referencia a este farol, pelo qual já tinha passado algumas vezes bem perto. É também conhecido pelo Farol da Nossa Senhora da Luz e Farol do Monte da Luz. Para os interessados na sua descoberta aqui ficam as coordenadas. Fica bem próximo da Praça de Liège. Do lado nascente, desce-se no sentido do mar uma pequena distância. Ultrapasse-se a Rua de Sá de Albergaria e logo entroncamos nas Rua do Farol e Rua Monte da Luz. É só voltar à direita. Devo dizer que três habitantes do lugar não conheciam o espaço.

Vamos à história. O Farol já existiria em finais do séc. XVII mantido pela confraria da Senhora da Luz. Em 1 de Fevereiro de 1758 por alvará do Marquês de Pombal, é ordenada a construção de um farol devido às dificuldades da entrada da Barra do Douro. Em 1761 estava já construído e dotado de estruturas para ser considerado Farol. Escreve-se que foi o primeiro Farol da Costa Portuguesa. Aqui começam as minhas dúvidas, pois também leio que o Farol de S. Miguel o Anjo, nos Pilotos, foi construído no séc. XV.

O local escolhido foi este Monte e era constituído por uma pequena torre hexagonal no cimo de um torreão quadrangular no lado Oeste de um edifício de dois andares, encimado por uma lanterna verde, hoje já retirada e substituída por um telhado.

No local existia a Ermida da Senhora da Luz, destruída, não sei se para a construção do Farol. Recentemente foram descobertas gravuras rupestres no afloramento granítico. Sofreu várias alterações, logo a primeira em 1814, pois foi destruído por um raio. Em 1865 foi substituído o sistema de luzes. Em finais de 1913 é iniciada nova reforma, passando a emitir sinais de luz de 5 em 5 segundos, com um alcance de 38 milhas. Foi desactivado segundo a Marinha, em 1926; ou em 1927, referido por J. Teixeira de Aguilar. Em ambos os casos por ter entrado em actividade o Farol de Leça. Segundo a Junta de Freguesia de Leça da Palmeira, foi mesmo este o ano que entrou em funcionamento este Farol. Já o IPPAR e o IHRU indicam o ano de 1945 como o ano da sua desactivação, devido às obras de modernização do Farolim de Felgueiras. O que está na Barra do Douro. E esta hem ...!!!

Ao lado existe uma torre octogonal de cerca de 5 m, com dois pisos.


A subida embora íngreme, não custa nada fazê-la... O pior é andar lá em cima. Os pés quási não cabem no passeio e o parapeito em ferro não chega à barriga.

Em http://www.igespar.pt/pt/patrimonio/pesquisa/geral/patrimonioimovel/detail/71051/ lê-se que o farol é esta torre. Uma senhora com quem conversei, moradora na casa anexa, disse que está errado. Esta é uma torre de vigia. Curiosamente nas fotos da página, as legendas estão certas. Vá-se lá entender este Igespar. É mais um instituto e está tudo dito.

Embora tenha rogado umas pragas ao construtor, e à inoportunidade de uma chamada exterior que me fez tremer e berrar, aliada a uma aragem de certo respeito, vale a pena espreitar lá de cima. À direita o Porto de Leixões.

Navegação ao largo. Disse-se na altura da construção, que se via até Espinho. Por mar e a direito não sei quantas milhas são. Por terra estão marcados 20 km.

Sem dúvida que é muito mar para ver. Um prazer sem fim.

À esquerda a Barra do Douro e as Praias de Gaia

No interior da torre, alguém deve desfrutar de um bom descanso.

Só queria saber como seria a vista lá de dentro, mas visto por fora. A porta não abriu. Também não forcei.

O terreiro tem mato pronto a arder. É só chegar um fósforo.

Pormenores com o mar sempre em fundo.

O portão da entrada parece que está fechado, mas não. É só empurrar. Por ali não há ninguém. E também não vale a pena assustar com o mato.

Uma última espreitadela. Essa rua é a do Monte da Luz.



82 - Os Castelos da Cidade do Porto - O Castelo do Queijo

Quási junto ao Parque Ocidental da Cidade, na sua zona de ligação ao Mar, o Castelo do Queijo como vulgarmente é conhecido, é um edifício do séc. XVII, mandado construir pelo Rei D. João IV, sobre as ruínas de uma anterior fortificação do séc. XV. Mas o dinheiro saiu do Cofre da Câmara. Conta a lenda que o enorme Pedra do Queijo foi o local de culto dos Draganes, uma tribo celta que havia chegado à Península Ibérica no séc. VI a.C.

O seu nome actual é Forte de S. Francisco Xavier, mas há quem lhe acrescente do Queijo, recordando o tempo em que era Castelo. Foi construído com a finalidade de nos defender dos Espanhóis e da sua Armada Galega, durante a Guerra da Restauração. Presume-se que tenha acabado a sua construção em 1661 ou 62.

Em 1717 a Câmara do Porto pediu a sua desactivação ao Rei D. Afonso V, devido aos custos dos soldos da guarnição, que ainda por cima não vivia no Castelo mas abusava deste rendimento extra. O parecer do Concelho de Guerra do Rei, em 1720 indeferiu o pedido. (Tal e qual como desde tempos remotos, o Porto e o Norte pagam para o bem estar da Nação. E das corporações, pois então).

Um fosso foi construído do lado Norte, bem como uma Ponte Levadiça. Que ainda existem. O monumental portão é encimado por um escudo com as armas de Portugal.

O escudo perdeu elementos, que acho não serem difíceis de reconstruir. Mas isso sou eu a divagar.


Durante as Lutas Liberais, foi ocupado pelas tropas de D. Miguel ficando bastante danificado pelos bombardeamentos tanto da Luz - presumo ser referente ao Castelo da Foz - como da armada de D. Pedro IV.

Aquando do abandono pelas tropas de D. Miguel, foi assaltado e saqueado pela população. Entregue à guarda da Companhia de Veteranos em 1839. Durante a revolta da Maria da Fonte em 1846, foi ocupado pelas tropas da Junta do Porto. Foi alvejado pela fragata Íris, fiel ao governo de D. Maria II. Em 1890, ficou entregue à Guarda Fiscal que a conservou até 1910.

Sala de Comando, onde existiu um oratório em honra de S. Francisco Xavier. Onde parará ?

Aspecto do pátio interior. Existe um pequeno Museu com exposição de algumas armas militares pessoais, fardamentos, mapas, munições e um espólio da Associação de Comandos. Funciona um bar de apoio, com preços módicos.

No terraço amplas plataformas de tiro, com canhões históricos, bem conservados. É pena não haver informações sobre as suas épocas. É um miradoiro excelente desfrutando-se à esquerda algumas praias do Porto e a Barra do Douro e à direita a praia de Matosinhos, até ao Porto de Leixões. Um infinito Mar está à nossa frente.

Abrigou a sede da Junta de Freguesia de Nevogilde de 1944 a 1949 tendo sido despejada para cedência ao núcleo da Armada da Guarda Fiscal, que aí se manteve até 25 de Abril de 1974. Fechado e meio arruinado, sofreu obras de restauro e está actualmente à guarda do núcleo do Norte da Associação de Comandos, aberto ao Público.

Peças de vários calibres estão expostas em bom estado de conservação. Disse-me em tempos um elemento da direcção da Associação, que a conservação é feita pelos associados.

Ao fundo, a entrada do Porto de Leixões e o Molhe Norte.

A Praia de Matosinhos e parte do mamarracho do Edifício Transparente.




Alguns canhões têm gravadas as armas de Portugal da sua época.


Uma entrada no Porto de Leixões

A roldana que movimenta a Ponte Levadiça

Algumas das Praias do Porto

Nunca este Castelo, ou Forte, foi bem aceite pela Cidade, por desnecessário. A costa por si só já era uma defesa, porque não permitia desembarques. E pelos custos que foi obrigada a pagar durante séculos.

Contra as muralhas naturais da costa desfizeram-se muitas embarcações.

Três apontamentos. 1. Quando a Avenida da Boavista chegou a esta zona em 1916, a Câmara do Porto comprou à tropa que na altura detinha a posse do Castelo, a esplanada para arranjo urbanístico, pelo valor de 259.250 escudos. Reparem como alguém andou séculos a mamar nos dinheiros municipais. Felizmente que agora parecem, digo parecem com três pontinhos à frente, ser só a Porto Vivo, e a Porto Lazer. E claro, os automóveis de corrida. Nesta zona do Castelo, claro. Mas isso é para o prazer pessoal do nosso querido presidente, que com o dinheiro que gasta aqui para dar duas voltas à pista, bem podia ir para o autódromo do Algarve que nos ficava bem mais barato.

2. Junto ao Castelo construiu-se o primeiro aeródromo da cidade em 1912, que encerrou ao fim de 9 voos.

Claro que todas estas estórias da História foram pesquisadas aqui e ali.

3. Esta não foi pesquisada: Sendo o Castelo, Forte ou como lhe queiram chamar, aberto ao público, porque se cobra um bilhete à entrada ? Claro que nunca paguei das muitas vezes que o visitei, mas turista está fod.... Se não pagar não entra. Ontem apreciei a cara de alguns camones que quási esbarraram comigo na entrada/saída, furiosos, resmungando, o que eu presumo ter sido um "ide p'ró car..." bem à nossa moda, na sua língua natal.