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domingo, 5 de setembro de 2010

39 - O Passeio das Fontaínhas - Freguesia da Sé - Porto

Há dias andava por aí a percorrer uns caminhos só para bisbilhotar e confirmar umas coisitas. Sabem como é, quando entra uma coisa na cabeça, a gente não descansa enquanto não se esclarece. Mas isso fica para outra altura.
Como estava por ali próximo, entrei pelos Guindais e resolvi percorrer a Rua do Miradoiro, o que nunca tinha acontecido. Dizem os livros que esta rua tomou o nome, porque as Freiras do Convento de Santa Clara, do torreão das Muralhas Fernandinas que ali fica bem próximo, fizeram um Miradoiro. Penso eu de que, pela simples razão de confirmarem os barcos que chegavam pelo Rio Douro para logo correrem a ir cobrar a portagem. Gananciosas com eram e ainda por cima com o consentimento do Rei, não deixavam escapar um.
Fiquei desiludido, pois da Rua não há miradouro algum. As casas, que nem o aspecto de antigas têm, correm dos dois lados. É natural que das traseiras das que estão voltadas para o Rio, as miragens sejam mesmo verdadeiras. Mas sabia que esta Rua vai (ía...) dar ligação com o Passeio das Fontaínhas. Aí começo a desconfiar.
O término da Rua está emparedada (como os proprietários dos edifícios degradados da Cidade fazem) e do Passeio das Fontaínhas apenas resta a Placa. Há que voltar ao Largo Actor Dias, entrar no Parque de estacionamento, percorrê-lo e vamos encontrar já a Alameda das Fontaínhas. Até aí nada de especial. 100 metros mais a percorrer.
E aí sim, temos um belíssimo Miradouro sobre o Rio Douro e do outro lado a escarpa da Serra do Pilar. Ao fundo, as Pontes do Infante, D. Maria - que nunca mais ata nem desata sobre o seu aproveitamento turístico, tipicamente Coisas à moda de Portugal - e a de S. João.Mas o que me trouxe até aqui foi por ter visto o horror que é aquele ex-Passeio das Fontaínhas. Pesquisando, fui recuar aos anos de 2.000 e 2001, quando a escarpa foi cedendo. Daqui até à Ponte D. Maria. Um estudo de 2003 do Gabinete de Estruturas e Geotecnia recomenda à Câmara que se tomem as medidas adequadas. Ver os estudos, o que foi feito e conclusões em
Posteriormente houve ali um incêndio que obrigou a desalojar creio que cerca de 50 famílias.
Todo o aspecto ruinoso desta zona é triste, pois logo a seguir temos casas reconstruídas que provocam um contraste confrangedor.
Fiquei a saber que até Agosto, data em que foi emparedado, o Passeio era utilizado por tóxicodependentes e principalmente por quem se dirigia até ao cemitério do Prado Repouso. Logo, a voz de um partido político a fazer ressonância. http://www.cidadedoporto.pcp.pt/?tag=fontainhas
Bom, eu não andaria ali no meio do lixo, nem no espaço reduzido, em declive, com uma inclinação de mais de 50% . Logo, a demagogia a funcionar. Pois não estou a ver as velhinhas metidas por ali com riscos de vida, muito menos para irem ao cemitério pelo seu pé. O desvio de uns 100 m. não custará assim tanto.
Mas acredito (se o PCP não mente naquele site) que há qualquer coisa com as verbas que já vêm de há uns anos para se fazer algo neste espaço. Mas é pena a Alameda estar destruída, bem como o Muro e os Banquinhos do Miradouro que ali ainda têm vestígios. Segundo tomei conhecimento pelo que li no JN, este local já era passeio de famílias aos fins de semana e dias santificados nos anos trinta do séc. XIX - http://jn.sapo.pt/VivaMais/Interior.aspx?content_id=1488549 -
Será que algum dia irei dizer bem da Câmara do Porto, por algo realmente impressionante que tenha feito de bom durante estes mandatos do Sr. Rui Rio ? (Não, as corridas dos F1 de museu não contam, até porque temos de pagar aos pilotos, marcas e etc. uma fortuna pela publicidade que fazem com o nome do sr Presidente. Ainda se fosse com o nome da Cidade Invicta, vá lá. Mas este invento é um passatempo do Sr. Presidente. É aviltante. Não conta como obra).
Estou (estamos) à espera que o senhor, ou senhora, AVLIS49 nos traga a informação da "bastíssima" obra desta Câmara. Ou de qualquer outro meu leitor. Será um prazer "blogar" fazendo juz a essas coisas dignas.