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segunda-feira, 19 de novembro de 2012

145 - Memórias da Póvoa de Varzim

Prometi trazer de novo a Póvoa de Varzim a este espaço. Pois cá estou.

Não me lembro rigorosamente quando fui a primeira vez à Póvoa, mas julgo que andaria pelos meus 10 anos de idade numa excursão de camioneta com meus pais e padrinhos, excursões essas que se chamavam de 20 amigos. Era como os remediados pobres dos anos 50 e 60 do século passado poderiam conhecer um pouco de Portugal. Cotizavam semanalmente durante um ano para poder ter o prazer de usufruir de um domingo diferente.

Com o passar dos anos, fui visitando a Póvoa, principalmente em grupos de amigos de trabalho. Naquela altura era obrigatória a paragem para tomar o pequeno almoço num dos cafés junto à praia. O Diana Bar, hoje transformado em Biblioteca Pública, é um bonito edifício que segundo os escritos foi onde o José Régio (Vila do Conde, n. 17 de Setembro de 1901. f. 22 de Dezembro de 1969) escreveu parte das suas obras.

Não muito afastado, o Bar da Praia era o outro Café. 

As camionetas aparcavam num espaço que já não existe, muito lindo e ajardinado, se bem me lembro, próximo da Estátua do Cego do Maio. Notava um certo respeito quando os adultos olhavam esta estátua e aqui se faziam as primeiras fotos para mais tarde recordar.
Hoje é fácil sabermos que o Cego do Maio (José Rodrigues Maio, ou Ti'Mário) foi um herói Poveiro, nascido em 8 de Outubro de 1817 e falecido em 13 de Novembro de 1884. Pescador e Salva- vidas, será a figura mais representativa desta bela terra, galardoado com a Ordem Militar da Torre e Espada, do Valor Lealdade e Mérito, a mais alta condecoração do Estado. Naquela altura, Reino.
Diz a lenda que quando D. Luís I o condecorou, o Cego do Maio retribuiu o presente com um punhado de conchinhas, dizendo: Tome lá ó Ti'Rei, uns beijinhos para as suas crianças brincarem.

Avenida dos Banhos
O Concelho actual, digamos assim, tem marcas arqueológicas que remontam a 200 mil anos antes de Cristo. As populações foram-se fixando no território entre 4 a 6 mil anos atrás. O mar e o comércio, depois as pescas, tornaram esta região apetecível, pelo que foi fundada uma cidade fortificada cerca de 900 anos A.C.
Vários forais reais lhe foram sendo concedidos, reconhecida que foi a importância deste território.

As águas fortemente iodadas e as praias de longos areais, desde o séc. XVIII tornam a Póvoa num centro balnear de excelência. O maior e melhor do Norte de Portugal.

Estádio do Varzim Sport Clube
Outras visitas fui fazendo à Póvoa, algumas profissionalmente, outras por causa do futebol. Campo de difícil deslocação para as equipas visitantes, o Varzim Foot-ball Club, assim foi baptizado em 25 de Dezembro de 1915, alterado em 25 de Março de 1916 para Varzim Sport Club, é a primeira filial do Futebol Clube do Porto.
Lembro de alguns nomes que por este clube passaram, no meu tempo, claro: Noé, Fonseca, Horácio, (um dos bébés do Leixões no tempo do Pedroto) Quim, Sidónio, Salvador (tive uns minutos de conversa com ele em Setembro de 2007), Camolas ("meu instruendo" na GACA 3, em Paramos-Espinho e que precisava de licenças para os treinos, dizia ele e sempre concedidas). E do grande Meirim, o treinador que conseguiu feitos louváveis no clube. Lembro-me de ter eliminado o Porto em pleno estádio das Antas da Taça de Portugal, e a um honroso 4º ou 6º lugar, já não lembro, num campeonato da I Divisão.
Se estiver errado, os Poveiros ou amantes do Futebol que me ponham a cabeça no sítio.
Um àparte, fora do contexto: Para mim, José Mourinho, o Number One, será um produto da Escola que Meirim criou. Com a diferença de Meirim nunca ter insultado árbitros ou adversários e muito menos agredi-los. Foi um senhor do Futebol. Conheço alguma gente que lhe passou pelas mãos e nunca ouvi uma palavra de reprovação.

Mas a Póvoa de Varzim tem muito mais que as belas praias, as esplanadas, os passeios. E refiro-me especialmente à Cidade, pois o concelho tem muito por onde passear e descobrir.
A Igreja Matriz actual, ou Igreja de Nossa Senhora da Conceição, foi inaugurada em 1757, obra barroca que marca a vocação marítima da Cidade e a protecção de Nossa Senhora em complementaridade com a Capela existente na Fortaleza.

Os Paços do Concelho, foram aprovados por D. Maria I por indicação de Francisco Almada e Mendonça (Lisboa, 30 (?) de Fevereiro de 1757- Porto, 18 de Agosto de 1804) o homem forte do Porto e do Norte, filho de João de Almada e Melo (Monção, 15 de Agosto de 1703 - Porto, 30 de Outubro de 1786), familiar do Marquês de Pombal e que em 1757 veio para o Porto por causa da revolta dos vinhateiros do Douro e não só, acabando por se fixar definitivamente empenhando-se no desenvolvimento da Cidade, que seu filho continuou.
O edifício em estilo neo-clássico foi inaugurado em 1807. Em 1910, ofertado pelos Amorins, foram-lhe aplicados azulejos que retratam a História da Póvoa desde o séc. X.
Na altura desta foto, em Setembro de 2007, estava a Praça do Almada, o centro cívico, em obras. Ladeada de belas casas tradicionais tem um coreto belíssimo  presumo que de finais do séc. XIX ou princípios do séc. XX.

Da mesma altura a foto possível do pelourinho da Póvoa de Varzim, Monumento Nacional, erigido em 1514 e representa a sua emancipação municipal.

Do outro lado da Praça o Monumento a Eça de Queiroz, administrador público, diplomata e romancista enorme, nascido num dos edifícios que a compõem a 25 de Novembro de 1845. Faleceu em Paris em 16 de Agosto de 1900 e os seus restos mortais encontram-se em Santa Cruz do Douro.

A Basílica do Sagrado Coração de Jesus foi dada como concluída em 31 de Outubro de 1948, embora prosseguissem obras em dois altares e na colocação dos 24 sinos das torres.
É um templo Jesuíta, cuja ideia da construção começa em 1888. Os Jesuítas  regressaram depois da sua expulsão em 1761, onde na Póvoa tinham uma irmandade de certa grandeza na Fortaleza. Voltaram a ser expulsos aquando da implantação da República em 1910 e novamente regressaram após a Revolução de 28 de Maio de 1926. A obra que tinha sido iniciada em 31 de Agosto de 1890 entrara em ruína, mas foi retomada a construção em 1927.
Alberga actualmente uma pequena comunidade.

A Fortaleza da Póvoa, cuja história contei no meu escrito anterior.

Como escrevi na altura, estava todo entretido a fotografar lá dentro quando um agente da GNR me veio proibir de o fazer. Esta é a foto da altura, em Setembro de 2007 e reproduz uma parte da parada interior.

As fotos eram bem simples, só queria apanhar umas vistas naquele dia de nevoeiro intenso, do alto das muralhas.
Esta é de uma parte do Porto a Norte e da Lota.
As origens do Porto remontam ao séc. XI que não deixou de crescer, mas é com o foral de D. Dinis de 1308, mandando incentivar a agricultura e a utilização do porto para transporte de produtos além da pesca, da qual o Rei tirava os maiores proveitos, que muito se desenvolveu.
No século XVI os pescadores passaram também a desempenhar actividades marítimas como pilotos e mareantes devido aos seus elevados conhecimentos náuticos. Em 1506 os pescadores de Entre-Douro e Minho já pescavam na Terra Nova. Lógicamente, a partir daí o Bacalhau chegou às nossas mesas.
Também se desenvolveram os estaleiros e aqui foi contruída a nau Nossa Senhora de Guadalupe comandada pelo capitão poveiro Diogo de São Pedro que se celebrizou na esquadra reunida em Lisboa para restaurar Pernambuco no dia 15 de Março de 1631, que os holandeses tinham ocupado. Um seu irmão, António Cardia foi piloto-mor da armada portuguesa e já se tinha destacado na defesa e libertação da cidade da Bahía, também dominada pelos holandeses.

A Póvoa guarda outros heróis mareantes, como o Patrão Lagoa (Manuel António Ferreira - Póvoa de Varzim, n. 14 de Junho de 1866/f. 7 de Junho de 1919) especialista em resgates de navios para além de passageiros e tripulantes.

Está na História o do S. Rafael, da Armada Portuguesa naufragado na Foz do Rio Ave em 20 de Novembro de 1911 e do Veronese, Barco a Vapor Inglês, com emigrantes principalmente Galegos, naufragado próximo a Leça da Palmeira. Um relato deste naufrágio e o salvamento de passageiros e tripulantes pode ser lido
http://artigosvozdeleca.blogspot.pt/2008/02/evocao-do-naufrgio-do-veronese.html

Mas há muito mais gente ilustre desta Póvoa de Varzim, que prometo desenvolver num outro trabalho.

Em frente à Baía, o monumento às Peixeiras, uma homenagem à Mulher Poveira que sempre teve grande preponderância na comunidade piscatória.

Para Sul, o bairro piscatório e a nova marina.

Para o fim desta pequena visita à Póvoa Cidade, a Junqueira. Uma espécie de Centro Comercial nascida no séc. XIX, não apenas da Rua com o seu nome mas de uma área que vem desde a Praça do Almada e vai até ao Mar.
Aqui foram encontrados vestígios da época romana. Mas a história da artéria-zona é tão linda e extensa, que proponho aos meus caríssimos leitores - e caríssimas leitoras, pois claro - visualizem http://pt.wikipedia.org/wiki/Rua_da_Junqueira

Uma visita à Capela de S. Roque fundada em 1582, mas que talvez os varzinenses conheçam mais como de S. Tiago. Isto porque uma imagem do santo possivelmente do séc. XV, apareceu na praia e fez crescer o seu culto. A Capela foi reformada e aumentada em 1887 e modificaram-lhe a invocação.

Esta é a Rua da Junqueira, desde 1955 tornada pedonal sendo provàvelmente se não a primeira uma das mais antigas ruas pedonais de Portugal.
Deve o seu nome aos muitos juncos que aqui haviam. Por ela e pela zona passam ainda algumas ribeiras, agora encanadas. Após a implantação da República, desde Julho de 1912 até Janeiro de 1966 chamou-se de 5 de Outubro, retomando o seu nome antigo após esta data.
Para além de outras gentes, aqui nasceu no numero 3, Leonardo Coimbra, filho, em 9 de Abril de 1914, falecido na Guiné (actual Guiné Bissau) em 25 de Julho de 1970 num desastre de helicóptero, quando como deputado se ía inteirar dos assuntos daquela Província Ultramarina Portuguesa. Foi uma pessoa dedicada à Família e à Criança. Não sei se seguiu a filosofia espírita de seu Pai, nascido na Lixa.
No próximo trabalho, prometo umas fotos antigas dos casinos e hotéis que aqui existiram e onde o Camilo fazia grandes paródias, principalmente no Chinês. É o que está escrito.

Agora vou falar de amigos.
Em primeiro lugar, do meu Presidente Bandalho, o Jorge Teixeira, que me alertou para o facto de ter andado por aqui a namoriscar umas primas, pois um seu tio morava na Rua da Junqueira. Só por isso, destinava-se a rua ser histórica.
Lògicamente que me falou de recordações "bacanas". E de boas férias.
Este capanga Teixeira, sempre que dou um passo, lá vem ele com histórias da sua numerosa família. Presumo, pelo menos a Norte do Porto, não haver uma localidade em que tenha nascido, vivido ou vivam parentes do grande amigo.


No dia 14 de Setembro de 1967 conheci pessoalmente dois amigos internautas. O João Carlos, natural da Póvoa, a trabalhar no Brasil. Através de uma amiga que infelizmente já nos deixou.
Há dias andamos de novo a navegar pela região. Já regressou ao Brasil e daqui lhe mando o meu abraço fraterno.
O Quim Verdegaio, residente há muitos anos na Póvoa, foi a Guiné que nos aproximou. Para ele também um grande abraço.

Uma pequena história. Nesse dia de Setembro, depois de uma volta pela Cidade e quando vinha apanhar o Metro, parei num quiosque na Praça do Almada e comprei em promoção A Mensagem do Fernando Pessoa. Passado algum tempo lembrei-me do livro e não o encontrei. Julguei tê-lo deixado no quiosque e telefonei ao Quim a contar o meu desassossego. Uns dias depois, não me lembro como, chega-me o livro às mãos. Hoje, salvo erro, é pertença da Família Teixeira de Matosinhos.

Até breve, boa gente. Espero que venham à Póvoa. Está, pelo menos até final do ano, a 2€65 do Porto, de Metro, o equivalente mais ou menos a 50 minutos. 




segunda-feira, 5 de novembro de 2012

144 - Póvoa de Varzim - Entre o Mar e as Maceiras

Antes de iniciar esta pequena história de mais um olhar à minha volta e tentar perceber o que me rodeia, dei fé que nunca dediquei qualquer página à bela Cidade e Concelho da Póvoa de Varzim, possuidora de uma história que se perde no tempo, a arqueologia prevê que foi há 200 mil anos A.C. quando tudo começou. Parece que foi ontem...
É certo que já fiz uns trabalhos sobre ela. Bem divulgados e acarinhados pelos meus amigos e digo-o com uma certa vaidade.
Terra de muitos Brasileiros, seguindo o exemplo de Tomé de Sousa, o primeiro governador do Brasil, nascido a 7 léguas a Norte do Porto, em Rates; de Eça de Queiroz nascido em 25 de Novembro de 1845; de Heróis Pescadores e Salva-vidas, muita gente ilustre, umas mais conhecidas do que outras. E claro do Varzim Sport Clube, a primeira de entre centenas de filiais, do Futebol Clube do Porto.
Prometo aprofundar nestas páginas em futuro próximo, a Vida, as Gentes, a Cultura, o Turismo deste Concelho da Póvoa de Varzim.

Mas este singelo escrito de hoje é dedicado ao meu velho amigo Brasileiro João Carlos, a matar saudades da sua Terra, que me prometeu uma pequena viagem com muitas histórias e saberes. Para aproveitar ao máximo, lá voltei a levantar-me de madrugada e 3 horas depois estava na Póvoa. Com alguma chuva e céu muito enublado saímos da Cidade pelo Norte e para a Orla Atlântica.  

Freguesias e Lugares que não conhecia deste lado mas o mar é surpreendente. Ouvi atentamente as histórias de juventude e não só do meu amigo João, anotei pequenas coisas, que a net depois me divulgou em pormenor.
Esta bela casa, provàvelmente um moinho antigo, está perfeitamente enquadrada no ambiente.

A chuva não permitiu a memória em fotos dos caminhos, que saindo das antigas estradas de terra batida, agora empedradas, terminam afastados das dunas e dos areais, mas seguindo por novos caminhos em madeira protegendo a natureza. Alguns comércios bem enquadrados com o ambiente e logo por aí se encontram as Medas de Sargaço, recolhidas do Mar para adubar a Terra.

Uma novidade para mim, a existência de moinhos nesta região da beira-mar. Os de S. Félix, que nunca visitei, no ponto mais alto do Concelho da Póvoa de Varzim para leste, são famosos. Sobre estes não encontrei uma única palavra. Não havendo por aqui a tradição do cultivo de cereais de grão, porque existiam os moinhos ? Uma pena não saber mais.
Este, devidamente reconstruído, está à venda. Se eu tivesse dinheiro...

Falou-me o amigo João, que no seu tempo de jovem, vinha ele e os amigos, com uma mão de ferro adaptada de uma espátula (ou colher) de trolha, junto a este rochedo apanhar percebas. Anotei na memória, embora ela já não seja o que foi..., ser a Pedra da Forcada, o único rochedo sempre emerso ao largo da Póvoa de Varzim. É uma baliza ao largo da Praia da Fragosa entre as enseadas da Lagoa e de Aver-o-Mar. Ele bem me disse, depois daquelas pedras há uma praia linda. Mas o tempo do ar e o do relógio, não permitiram mais.

Caminhando para Norte, voltando aos caminhos estreitinhos, zigzagueando, saímos e regressamos até perto do areal. Tudo devidamente protegido, quem quiser passeia pela areia, quem não quiser vai pelo passadiço de madeira.

E voltei ao meu tempo de menino, onde na instrução primária devo ter aprendido, apontando o velho Mapa de Portugal que tinha tudo, ser aqui o cabo de Santo André.
Mas a história é profunda e diz-nos " é muito possivelmente o antigo Promontorium Avarus romano ou Auaron (Auapov akpov) referido pelo geógrafo Ptolomeu da Grécia Antiga, no território dos Callaici Bracares, o povo que habitava a região e possívelmente da etnia céltica Nemetatoi ou Nemetatos, entre os Rio Avus (Ave) e Nebis (Neiva). O nome Auaron é de possível origem celta. 

Estávamos nos terrenos adjacentes à Estalagem de Santo André, hoje uma belíssima 4 estrelas, nascida pequenina nos anos 60. Encostada, encontra-se uma formação rochosa chamada Penedo do Santo, com umas marcas que os Pescadores crêem ser pégadas do próprio Santo André.
No último dia de Novembro, ocorre de madrugada a peregrinação de Santo André, em que grupos de pessoas vestidas de negro e segurando lampiões, vão da praia até à Capela do séc. XVI, bem próxima deste local, que os malvados dos tempos não deram para visitar.
Por entre os velhos caminhos encontramos belas casas de habitação ou de férias assim como restaurantes, outrora pequenas tascas.

Sempre andando às voltas, encontramos mais moinhos. Este está a ser usado de certeza absoluta. Pelo menos dois "picas-no-chão" andavam por ali a depenicar.
Entre moínhos, encontramos as palhoças (se não estou em erro foi este o nome que o João lhes deu) local onde se guardavam utensílios e os produtos hortícolas. Hoje são já bem poucas e os terrenos onde se cultivam chamam-se Maceiras.

Esses terrenos, as Maceiras, são pequenas explorações onde se pratica uma cultura intensiva com excelentes resultados de produções hortícolas.
Os agricultores cavam as dunas até próximo do nível freático (lençol de água) o que permite um grau de humidade mais ou menos constante ao longo do ano e modelam o campo em forma de masseira (gamela onde se amassa a farinha). A areia fica nas paredes e o solo de terra produz em quantidade e qualidade. Pelo menos era assim. Hoje, estufas povoam os campos.
E quem não conhece principalmente, as cebolas, as batatas e as pencas da Póvoa ?
Árvores e arbustos na inclinação Norte agindo como quebra-ventos contra a Nortada (ventos dominantes na região) foram plantados, bem como vinhas. Estas, francamente não as vi. Provàvelmente foram arrancadas por causa dos negócios à CEE, não sei. Como houve tantos...

A 5 km da costa, encontra-se o Parque das Ondas da Aguçadoura. Será esta plataforma mais a ventoínha que se distingue melhor da Apúlia ?
Não vou escrever mais nada sobre este parque, pois parece-me ter dado com os "burrinhos na água", depois de grande alarido internacional.
A nossa viagem e histórias comuns, algumas delas, prosseguiram para além da Póvoa até Viana (tema para outras conversas). Mas tivemos de regressar.

E fui cumprir uma promessa, que envolveu o amigo João, o Quim Verdegaio e uma família querida Luso-Brasileira, cujos alguns parentes -veja-se como o mundo é pequeno- foram companheiros de infância, adolescência e por aí fora, do João. Demorou uns três meses a cumprir, mas sinto-me realizado e feliz. E um obrigado aos amigos João e Quim.

Entretanto o sol punha-se e antes da cervejinha da ordem, fomos até ao passeio junto ao Porto. Ver o que podiam dar umas fotos. Só para isso.

Estivemos por ali a conversar um pouco, recordar algumas histórias de pesca, como só as entendem os ou ex-pescadores.

De regresso "a terra", não custa nada bater mais uma chapa agora do Casino, com o sol ou o que restava dele, reflectido nos vidros. Sempre podia dar uma coisa gira.

Para cumprir a promessa tivemos de ir à Fortaleza conhecida por de Nossa Senhora da Conceição, construída entre 1701 e 1740, por causa da Pirataria que saqueavam as nossas costas. Demorou muito a construção por falta de dinheiro. Mas isso é para histórias futuras.
É conhecida também como Castelo da Póvoa e a primeira vez que lá entrei foi há pouco mais de 5 anos, precisamente no dia em que conheci pessoalmente o João e o Quim.
Estava aquartelada, se assim se pode dizer, a Brigada Fiscal da Guarda Nacional Republicana. Pensei ser um monumento possível de visita e fui para as muralhas fotografar a Póvoa quando um agente me interpelou proibindo de o fazer. Disse-me que nem se quer podia ter entrado. Realmente, olhando à volta, a quantidade de agentes que lá se encontravam sem fazer nada, melhor dizendo, fazer faziam, batiam uma sueca, bebiam uns copos ou café, não sei, mas talvez porque fosse o intervalo entre trabalhos, não seria conveniente que os filmasse. Aliás coisa que evito sempre de fazer seja para com autoridades seja para com outras espécies da humanidade, (a excepção são os fotógrafos) não me vá dar uma carga de trabalhos.
Baixei a guarda e lá vim eu recambiado portas fora. É assim Portugal.
Este departamento partiu em Fevereiro de 2010 e o edifício de interesse público foi fechado. A placa informativa do "Posto" ainda se encontra à entrada.
Ontem estava aberta ao final da tarde e ainda bem. Finalizei o cumprimento da minha promessa e vi uma Capela, agora sei que dedicada a Nossa Senhora da Conceição. A primeira missa foi dita em 17 de Fevereiro de 1743.

É um espaço pequeno em estilo barroco, destacando-se o retábulo em talha dourada e o sacrário. É venerada Santa Bárbara padroeira da Artilharia (olá rapaziada artilheira do meu tempo) e uma imagem do Menino Jesus patrono da antiga congregação do Santíssimo Coração de Jesus, instituída pelos Jesuítas e extinta pelo Marquês de Pombal em 1761 quando os mandou pela porta fora.

Era quási noite e eu não sabia do abandono da Brigada Fiscal da GNR. Por isso fiz umas fotos a correr, sem grandes preocupações, com medo que voltasse a aparecer um agente.
A degradação do espaço é notória, as ervas crescem e em alguns locais a sua medida é já acima dos joelhos.

Um obrigado ao meu amigo João pelo passeio que me proporcionou.
A foto-recordação é só pôse.