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terça-feira, 29 de janeiro de 2013

149 - S. Pedro da Cova e o Couto Mineiro

S. Pedro da Cova é uma localidade (prefiro chamar-lhe assim até ver, em vez de Freguesia e ou Vila para não confundir os amigos leitores) integrada no concelho de Gondomar, com várias lugares. Está a cerca de uma dúzia de quilómetros distanciada da Cidade do Porto.

A primeira vez que fui a S. Pedro da Cova foi há mais de 45 anos, teria os meus 20 sensivelmente, com a rapaziada de S. Roque da Lameira, mais concretamente do Ilhéu, em Campanhã. Nenhum de nós tinha ido à tropa, creio mesmo que nem à inspecção. Num sábado à tarde, apanhamos o eléctrico 10 com traço na paragem à porta do Café Juvenil, nosso paradeiro, e resolvemos ir até Boloi, um dos belos lugares dessa terra.
Fica para depois a história, aliás coisa simples e passemos aos factos.
S. Pedro da Cova foi doada por D. Afonso Henriques (o nosso primeiro Rei), em 1138 ao Bispo Pedro Rebaldis, sucessor do famoso Bispo do Porto D. Hugo.
Em 1379 a doação foi confirmada por D. Afonso III do Couto de S. Pedro da Cova no julgado de Gondomar.
Com a extinção dos Coutos em 1820, passou a concelho até 1836, sendo extinto nessa altura para integrar Gondomar.
Lê-se na história da localidade, que cada um dos seus lugares possui uma identidade própria, fruto de enraizadas tradições.
Fica localizada num fundão, entre serras cujos nomes desconheço com excepção da de Santa Justa, esta já pertença do concelho de Valongo.
Bairro Mineiro
Tendo sido uma região de cariz essencialmente agrícola, actividade que ainda se mantém embora numa escala de subsistência familiar - penso eu - as Minas descobertas em finais do séc. XVIII vieram desenvolver e muito significativamente a localidade.
Percorri alguns caminhos dos seus lugares, onde se nota a sua ruralidade, mas com acessos muito bons.
Embora o declínio e extinção das Minas nos anos 70 do século passado tenha tido aspectos sócio-económicos gravíssimos, o certo é que S. Pedro da Cova passou a ser um território mais populacional, até considerado um dormitório do Porto.
Mantendo a agricultura tradicional, paralelamente várias industrias vieram aqui instalar-se, algumas seguindo a tradição gondomarense como a ourivesaria e a marcenaria.
Depois do 25 de Abril de 1974 e com a autonomia - enfim, chamemos-lhe assim - dadas às populações representadas nas Freguesias e Concelhos, S. Pedro da Cova beneficiou de acessos rodoviários muito razoáveis, desenvolveu-se e criou mesmo pólos industriais.
Já há uns anos que não visito a região e com a crise não sei mesmo como está a sua indústria.
Toda esta minha lenga-lenga começou porque fui a Boloi nos anos 60 do século passado. E passados estes anos todos resolvi revisitar o lugar. Realmente lembro-me do açude e da pequena bacia de água, onde tomavam banho muitas pessoas naquele dia.
Aqui passa o Rio Ferreira e digo-vos, caros amigos leitores, o lugar é muito bucólico. Para um viajante pedreste como eu, apanha-se o autocarro 10 da Gondomarense - agora não sei bem como é, devido às alterações dos transportes - no Largo da Covilhã e o motorista deixa-nos próximo do lugar.
Podemos caminhar ao longo do rio, não sei se por muita distância, porque apenas quis focar um pouco da minha memória.
Recordar é viver como disse Vitor Espadinha.
Um apontamento só pela curiosidade, naquela dia dos anos 60, ao fim da tarde entramos numa tasca, o Ferreira, que tinha uns petiscos razoáveis. Debaixo da ramada tomamos umas malgas e comemos, uns, iscas de bacalhau, outros, rojões. Isso nunca esquece.
Perguntei a várias pessoas nesta agora minha pequena viagem se conheciam e onde ficava a tasca do Ferreira. Acreditem, ninguém me soube responder. Não sei sequer se ainda existe.
E a viagem continuou.
As andanças recriadas fotogràficamente, foram feitas em dois dias. E já no longínquo verão de 2009.
Por isto ou por aquilo, conforme diz o povo, fui dar a esta Igreja, que presumo ser a de Nossa Senhora de Fátima, com a certeza absoluta de ser recente. Como não poderia deixar de ser, visitei o seu interior e francamente achei lindo, especialmente por causa dos seus vitrais.
Não entendo nada de arte seja qual for a espécie ou categoria catalogada. Mas esta igreja ficou-me na memória.
Com uma sorte danada, não sei se os amigos que me visitam terão a mesma opinião, mas esta foto da Sala do Baptismo saiu-me na "rifa" da fotografia.
Garanto-vos que não tem nem uma pontinha de photoshop.

Tudo o que venho descrevendo não é uma história de caminhos e caminhadas em S. Pedro da Cova. O princípio foi apenas relembrar Boloi, mas acabou por ser uma curiosidade que me levou a interessar pelas Minas extintas.

Recomendo uma visita não só ao Couto Mineiro como depois ao Museu Mineiro. Mas cada coisa a seu tempo.
Tudo começa no Lugar ou Largo da Covilhã. Presumo que é o ponto mais fundo de S. Pedro da Cova.
Quem vem do Porto vai a Fânzeres até ao Soldado - nome dado ao Largo onde se encontra a estátua homenageando o Soldado do Ultramar -  sóbe (se é erro de acentuação, é de propósito. Não quero que leiam sôbe e fiquem cheios de dúvidas...) depois imenso até ao Alto da Serra. É o cruzamento com a Estrada de D. Miguel (toponímica que tem a ver com a Guerra Civil e o Cerco do Porto)
e agora é preciso descer e de que maneira, até à Covilhã.
Encontramos duas homenagens-recordações. No centro do Largo a estátua ao Mineiro. Encostado ao quartel dos Bombeiros, num pequeno espaço ajardinado com água o simbolismo dos anos de funcionamento das Minas. Isto é dedução minha, pois não vi qualquer informação sobre o que representa. E as minas deixaram de funcionar em 1970, segundo li.
Então comecemos pelo antigo Couto Mineiro, não esquecendo que as fotos são de Agosto de 2009.

O Cavalete do Poço de S. Vicente.
É o ex-libris de S. Pedro da Cova, uma ruína que o povo quer ver restaurado.
Na minha opinião, não seria só este Monumento que o deveria ser mas pelo menos uma parte do Couto Mineiro.
Em 1921 abriu-se o Poço de S. Vicente que atingiu 157 metros de profundidade; em 1935, aprofundado e com um altura de 13 pisos foi construída a actual e arruinada Torre-Cavalete que se ergue acima do poço com a altura de 6 andares. Os homens desciam para a mina por um elevador (a jaula) nela encastrado. Levavam o farnel ao ombro, o gasómetro numa mão e o machado na outra. (pormenor de uma entrevista a uma ex-mineira, já bem idosa).
O local foi descoberto em fins do séc. XVIII por Manuel Alves de Brito no sítio do Enfeitador. Presumo ter sido nuns terrenos que pertenciam a um Padre por doação de uma viúva. Só consegui ler este pequeno parágrafo na apresentação de uma página na pesquisa da Internet mas que não abriu. Aliás, isso acontece em muitas outras. Mas adiante.
Foi-lhe concedida a extracção de Antracite - o mineral Carvão - que mais tarde viria a revelar-se como a maior zona carbonífera do País.
O Estado pouco depois retirou-lhe a concessão, que veio a vender a uma empresa bancária que falida passou-a a outra e enfim lá seguiram as explorações mineiras de companhia em companhia.
Até 1804 ...a extracção foi irregular com a produção pouco abundante e nociva pelo muito combustível que a má direcção de trabalhos inutilizou...
Iam os trabalhos até aos 100 metros de profundidade.
Um relatório de 1890 lamentava e descrevia que o "...concessionário tem relutância em introduzir os melhoramentos aconselhados pela moderna arte das minas... e que uma mina auferindo tãos bons resultados continue a seguir uma rotina vergonhosa". Texto rigorosamente copiado do relatório.
As ruínas do Campo Mineiro
A produção em 1900 era calculada em 6 mil toneladas. Em 1914 atingiu 25 mil toneladas. Em 1932 cerca de 183 mil. Em 1941, em plena guerra atingiram-se 360 mil toneladas de carvão.
Pormenores do Cavalete de S. Vicente
Chegaram a ser empregadas 1.600 pessoas de ambos os sexos, incluindo rapazes e raparigas.
As duras condições de trabalho provocaram muitos acidentes, doenças e mortes. Talvez por isso e com o movimento e a organização sindical a apoiar, os mineiros e as gentes desta terra, ficaram com a fama de promover fortes lutas laborais contra o regime Salazarista por melhores condições de trabalho. Entre outras, ficaram famosas as greves de 1923 contra o período de 16 horas de trabalho consecutivas (acho que é uma forma de dizer pois deveria haver um intervalo, pouco que fosse, para o lanche, embora comido no interior da mina) e a de 1946 contra o "patronato nazi-fascista" .
Uma senhora procurando e recolhendo pequenos pedaços de carvão
existentes no meio dos caminhos. Assim me disse.

Descobri uma página, não sei qual pois não anotei, que no tempo da II Grande Guerra (época de racionamentos) a empresa exploradora criou uma cooperativa onde vendia produtos abaixo do custo, uma cantina e promovia o ensino obrigatório para adultos. Creio que é um excerto de uma entrevista a um ex-mineiro.
Construíram também um bairro residencial, hoje restaurado e todo habitado, o Bairro Mineiro (cuja foto publiquei acima), e as Casas da Malta onde habitavam os trabalhadores que vinham de vários pontos do País para as Minas. Uma delas foi adquirida pela Junta de Freguesia que a restaurou e nela instalou o Bonito, Instrutivo e Simbólico Museu Mineiro, além de serviços sociais para a terceira idade, essencialmente composta por ex-mineiros.

Na ficha pessoal de uma trabalhadora, pode ler-se um castigo aplicado por faltar às aulas. E também o pagamento de um subsídio de 100 escudos por maternidade. Não me lembro se nos tempos salazarentos este subsídio era obrigatório ser dado pelas empresas. Sei que era dado um subsídio mas pela nossa "Caixa", que eram várias, cada qual referente a indústrias e comércios específica(o)s. Hoje é a Segurança Social, totalmente controlada pelo Estado Português, mas isso são outros contos que não vêm para o caso.

Há sensívelmente 4 anos levantou-se a questão do depósito em 2001 e 2002 de resíduos perigosos a céu aberto nos terrenos da Mina, vindos da Siderurgia Nacional, localizada na Maia. Chegou-se em 2010/2011 à conclusão que sim, são perigosos e esperava-se a abertura de uma linha de financiamento comunitário para os retirar. Analisaram serem 88 mil toneladas de resíduos, mas parece que ninguém acredita, incluindo um CDS (Altino Bessa) que diz ter o Estado pago o transporte de 327 mil toneladas. E a exigir uma investigação.
Enquanto isso...
Por casualidade vi uma camioneta a descarregar... terra ?

Imagem de Santa Bárbara, padroeira dos mineiros, que se encontrava no fundo do poço. Foi recuperada e construída uma capela para a acolher.
Imagem do Google de 2012 dos terrenos, ou parte deles do antigo Couto Mineiro.

No término da linha do eléctrico 10 com traço a qual chegou a S. Pedro da Cova (no lugar do Passal ?) em 1918, foi feito um desvio para o Couto Mineiro, onde as Zorras (carros eléctricos preparados para transportar mercadorias e que aqui se chamavam "Viúvas" pela sua cor negra e sujidade) recolhiam o carvão e transportavam-no para o Porto com destino à Central Hidro-Eléctrica de Massarelos, inaugurada em 1915 e que veio substituir a da Arrábida.
Em 1914 (ou terá sido 1916 ?), foi instalado um cabo aéreo com a extensão de 9 quilómetros que transportava o carvão até ao Monte Aventino, no Porto, no Lugar das Antas e também para a Estação dos Comboios de Rio Tinto.
Vi uma foto da freguesia de Medas ( ou será Melres ?) onde também passava este cabo aéreo. Porque foi verdade que ao longo da margem direita do Rio Douro, haviam cais onde se embarcava carvão.
O Monte Aventino era um depósito da companhia mineira com cerca de 42.000 metros quadrados, de onde seguia o carvão que abastecia a cidade do Porto. Os compradores utilizavam as Zorras, camionetas ou carros puxados a animais.
A rapaziada do meu tempo ainda se deve lembrar bem das cestinhas do carvão, principalmente os da zona de Campanhã e os que acompanhavam o futebol no Estádio das Antas, inaugurado em 28 de Maio de 1952, pois por baixo da pala da bancada lá estava o cabo aéreo e as redes de resguardo.
O actual Parque de S. Roque está encostado ao Monte Aventino que daquela época já pouco terá, talvez as Ruas mais ou menos modernizadas. No espaço primitivo, ou parte dele, estão o complexo desportivo e uma central eléctrica. 
Central Termo-Eléctrica de Massarelos. Hoje, parte das instalações são o Museu do Carro Eléctrico, "A Recolha" e presumo que ainda estão guardadas e em perfeito estado muita da maquinaria e fornos utilizados à época.
As "Andorinhas", enormes roldanas que estavam colocadas na Torre-Cavalete.
Encontram-se no terreno anexo ao Museu Mineiro.
O Museu Mineiro e uma Zorra
Lembro que todas as minhas fotos são de Agosto de 2009. As que se seguem, captadas no Museu Mineiro, já não corresponderão totalmente à verdade, pois segundo li, foi restaurado e remodelado em 2012, com nova estrutura museológica.
Presumo, no entanto, que se deve manter o material que na altura vi exposto.

 Maqueta do Couto Mineiro.

O simbolismo do que era uma galeria.
O cabo aéreo com a cestinha, uma vagoneta, uma pedra de antracite e o transporte para as zonas de trabalho.


Vários equipamentos pessoais, instrumentos, documentação, enfim, muito do que existia e era usado.
O logótipo do Museu "foi roubado" da página do dito.

Fósseis animais e vegetais e na foto de baixo, à direita, antracite e várias espécies de carvão. Creio que eram 5 as espécies.

             
Duas fotos apanhadas na página do Museu. Na superior, a frontaria do Museu, não sei se após a remodelação.

A maioria das fotos a preto/branco, fotografei-as directamente dos quadros expostos no Museu.
Outras fui-as apanhando na net ou em blogues de amigos, bem como os textos, cujos Links vão a seguir referidos. Algumas datas, bem como o tamanho do poço e a altura do cavalete diferem ligeiramente em alguns blogues e/ou páginas.
Mas o importante é a história da Mina e do Povo de S. Pedro, e não só, que se deve preservar.

Por casualidade, fui encontrar um filme sobre estas Minas, que é um testemunho impressionante de realismo. Produzido, pois claro, pela Invicta Filmes, não sei se com fins publicitários. Está à nossa disposição e recomendo vivamente o seu visionamento. Eis o Link:

Outras referências:

Junta de Freguesia de S. Pedro da Cova.
Museu Mineiro
JN- Publicado em 9.11.2009 por Inês Schereck

http://olhares.sapo.pt/s-pedro-da-cova-foto2684134.html


Para o final deixo esta foto fabulosa da autoria de Suzano Magalhães a quem pedi autorização tipo "vou-lhe roubar esta foto para publicar". Não recebi a resposta, mas seja o que Deus quiser.

quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

148 - Os Mareantes do Rio Douro e o S. Gonçalo

O dia de S. Gonçalo celebra-se a 10 de Janeiro, mas em Gaia há a tradição velha de séculos de ser festejado no primeiro domingo a seguir ao dia.
Nesta Festa-romaria, inclui-se S. Cristóvão e S. Roque
S. Gonçalo é o protector dos Mareantes e S. Cristóvão o protector dos Barqueiros. S. Roque é o protector da Peste.

O rufar dos tambores que nesse domingo saem à rua e enchem de som a velha zona ribeirinha de Gaia em Santa Marinha, está a cargo dos Mareantes do Rio Douro, Associação que se presume ter mais de 300 anos. No seu estandarte está registado o séc. XVII.
A cabeça de S. Cristóvão e a imagem de S. Gonçalo são apresentadas por maiorais vestidos a rigor, acompanhadas por uma figura de bordão e cabaça, representando S. Roque. (Foto recolhida em http://falcaosossegado.blogs.sapo.pt/) que inclui mais história sobre os Mareantes.
Estas "figuras" humanas são de Mafamude, e representam duas comissões, a Nova e a Velha da Rasa. Umas levam as cabeças, outras as imagens e toda a gente se encontra na Igreja de Mafamude onde as imagens se encontram e entram para receber as oferendas do Povo, mas sempre voltadas para a Porta.
A Festa termina na Beira-Rio.
Textos recolhidos em http://memoriasgaiensesbibliotecadegaia.blogspot.pt/ onde podemos ler a história completa.

No Bar da sede dos Mareantes encontram-se expostas a cabeça de S. Cristóvão e as imagens de S. Roque e S. Gonçalo.
Uma foto dos anos 60 com o Grupo em dia de Romaria, em exposição no mesmo Bar. Onde vale a pena comer um lanche e beber uma cerveja, até porque os preços são bem baratinhos.

Segundo a história, D. Pedro IV em Janeiro de 1833 decreta que dois Batalhões de Mareantes sejam formados. Um com artífices e outro com mareantes.Talvez seja a partir da união que se criou que as Festas começaram a ser organizadas tal qual as conhecemos hoje.

Hoje é o dia de S. Gonçalo e domingo há Festa rija. Não percam.
O Santo é nosso e é e é e é...

segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

147 - Olhando para trás

Quando a preguiça aperta, dou-me uma qualquer desculpa e então ponho-me a olhar para trás a espreitar o que fiz para um dia recordar.

Dou voltas à net para encontrar histórias e escritos de Portuenses menos preguiçosos do que eu e me deixam ler o que escrevem e assim roubar os seus escritos para colocar nas fotos que faço dos meus passeios.

Sim, fotográfo (é uma maneira de dizer, clicar no botão da máquina é mais correto) "ao calhas", porque um dia logo se verá para que serve a imagem gravada.

Bom, a nossa Sala de visitas, a Praça da Liberdade-Avenida dos Aliados, parece que esteve muito bonita na época do Natal. Francamente, com tanto que fazer nessa época (leia-se tomar uns copos com os amigos) não passei por lá. Nem o fogo de artifício pela TV - Porto Canal - vi na passagem do ano. Já não tenho idade para essas coisas.
Mas sempre que olho para ela, comparando de como a conheci em qualquer época do ano, durante dezenas de anos, todos os dias, fico triste. Deram muitas voltas a este espaço, principalmente por causa do trânsito automóvel, mas o seu centro sempre esteve engalanado para receber não só os Portuenses como a quem nos visitava.
Até teve um enorme espaço subterrâneo destinado a quem precisasse de descarregar as suas necessidades fisiológicas, fosse homem ou mulher. E se bem me lembro, também existiu um espaço destinado aos empregados da Carris-STCP, como zona de apoio e descanso.
Portanto, não vale a pena bater mais nos ceguinhos RUI RIO - SIZA VIEIRA e ao Metro da Região, porque tudo teve de ser "arrumado". Infelizmente, muito mal arrumado. Penso eu de que...

Olhando as minhas pequenas coisas e vendo-as com as dos amigos, juntei estas duas fotos publicada em http://foiassimk.blogspot.pt/

Este meu amigo teve uma vivência quási diária da recuperação da Zona Histórica.

Fundou-se na Cidade acho que em fins da década de 70 ou princípios da de 80 do século passado, uma coisa chamada CRUARB. Destinou-se o organismo à recuperação da Zona Ribeira-Barredo e se não estou em erro estendeu-se a outras Zonas Ribeirinhas da Cidade. Essa coisa ajudou a levar a Zona Histórica (e não só) a Património Mundial da Humanidade.

A recuperação foi feita casa a casa, rua a rua, de toda (ou quási) Cidade medieval, chamemos-lhe assim.

Lògicamente, a Câmara Municipal era a interessada (afinal, a Câmara somos todos nós, os Portuenses) e tentou integrar os antigos habitantes nas suas casas a rendas compatíveis. Até à chegada do Senhor Rui Rio, o novo senhor feudal da Cidade, que achou terem-se gasto muitos milhões de escudos sem proveito e logo desactivou esta entidade em 2003 para criar uma outra em 2004 com o nome de PORTO VIVO-SRU ou IHRU que mais parece uma sociedade secreta porque até hoje não é reconhecida como verdadeira parte interessada, realmente, dos interesses dos munícipes mas sim de entidades particulares. E segundo parece, nem sequer estatuto jurídico tem. Mas eu não entendo nada dessas coisas, porque sou um simples Portuense de gema.
Quem tiver paciência para essas coisas pode interessar-se por descobrir http://www.portovivosru.pt/

Fotos em tempo de inverno
Felizmente a Cidade continua a ter e mais do que nunca a visita de milhares de turistas. Quantos de nós, blogueres anónimos, temos contribuído mais do que os responsáveis da Cidade, para isso ?

Rua do Bonjardim, junto da antiga Cervejaria Stadiun.
Porquê deixar degradarem-se estes edifícios, que estão neste estado
há anos.

ex-Solar do Conde de Bolhão
Há anos que o edifício entrou em recuperação para albergar a Academia Contemporânea do Espectáculo e o Teatro do Bolhão. Uma fase foi concluída segundo me apercebi. E o resto ? Será que há más vontades ? da Escola, da Câmara, da Freguesia ? Coisas à moda do Porto.
Famosa é a estátua de Mercúrio colocada lá no alto a quem colocaram uma pulseira, ou será uma relógio (?) a contar o tempo tipo Projectos Polis ?

Que fazem os edílicos nos seus gabinetes para recuperar a Cidade das muitas doenças que ela tem ? e da sua promoção ? que propõem de investimento para a Cidade tão carenciada? e porque não tentam trazer para a Cidade os seus habitantes naturais e outros que eventualmente estivessem interessados nela habitar ou investir ?
Basta olhar os orçamentos da Cidade dos últimos anos e para o do corrente ano.
Diz o sr Presidente Rui Rio que a Cidade tem agora uma noite como nunca se viu. Mas será que ele vem à Cidade à noite ? É à Cidade dos bêbados e arruaceiros da zona dos Clérigos a que se quer referir ? Pobre Cidade que perdeu mais de 10% dos seus habitantes no espaço de tempo em que é Presidente da Autarquia.
E os que vêm de fora para se divertir só encontram os Clérigos, Carmelitas, Galeria de Paris ?
Claro que temos outras pequenas manchas de diversão, mas feitas à custa dos  particulares, que não com a ajuda da autarquia para divulgação do Porto à Noite.

Mas adiante, que o tempo é de paz e ele (o Sr. Presidente dos Automóveis) já vai embora este ano. E oxalá venha alguém que nos mereça e não seja de outra banda.
Foto do "Monumental" em princípios de Dezembro
Mas não se pode esquecer a degradação deste "Monumento" que é o edifício de António Lopes de Almeida Cunha, projectado pelo arquitecto M.Soa.
Para o Tripeiro, além da ruína, os nomes não nos dizem nada. Também não encontrei qualquer referencia para melhor elucidação. Para o caso não interessa nada, mas diz-nos muito se nos lembrarmos da Pensão Monumental. Da Avenida dos Aliados 

Este é um rótulo igual aos que se colavam nas malas dos clientes e uma referência para quem era muito viajado. Foi arrematado num leilão há dias por 1 euro (200 escudos e 482 cêntímos se bem me lembro da conversão Esc-€).

Um anúncio publicitado numa Revista, esqueci de anotar qual, mas creio que o recolhi num destes espaços: http://restosdecoleccao.blogspot.pt/. ou
Houve também um famoso Café no local e com o mesmo nome, cuja esplanada se estendia pelo passeio da Avenida dos Aliados. Podemos ver uma foto horrível e ler a notícia no (CafésDoPorto.pdf.texto.pdf) de Maria Teresa de Castro Costa.

Mas como era bonito este texto de 2005:

"Hotel ficcionado" ressuscita Pensão Monumental

CasaPorto e SRU juntam-se na requalificação da antiga pensão dos Aliados. Espaço inaugura hoje com uma mostra de "design" de interiores.

O conceito e o espírito apresentados pela CasaPorto agradaram aos responsáveis pela SRU – Porto Vivo, Sociedade de Reabilitação Urbana. "Tínhamos como objectivo instalar a exposição CasaPorto 2005 na Foz ou na Boavista já que o 'target' é a classe alta", explica ao JPN João Silva, da CasaPorto e responsável pela requalificação da Pensão Monumental situada em plena Avenida dos Aliados.
Não inventei nada, está em
Cá está a dita SRU-Porto Vivo. Nada a declarar, a não ser que o edifício continua cada dia mais em ruína.
Navega há uns tempos largos na net uma foto das Pontes Luís I e Pênsil. Atribuída a George Tait. Será um familiar dos Tait dos Vinhos do Porto e últimos donos da Casa Tait-Quinta do Meio, na Rua de Entre Quintas, junto aos Jardins do Palácio e à Quinta da Macieirinha-Museu Romântico ?
Francamente, custa-me a acreditar que seja verdadeira esta foto. Já tentei pedir ajuda a quem talvez saiba destas coisas. Mas fico-me pelo que leio. O Tabuleiro inferior da Ponte D. Luís, (chamemos-lhe assim) foi inaugurado em 31 de Outubro de 1888 e a Ponte Pênsil foi desmontada em 1887. É certo que o Tabuleiro superior foi inaugurado em 31 de Outubro de 1886, mas só posteriormente o tabuleiro inferior veio a ser construído.
Não será importante, mas gosto de saber ao certo estas coisas e de não enfiar barretes.
Dos Tait desta casa não encontro cronologia e a única informação disponível é que foi comprada por William Tait em 1900. Do George, apenas aparece por aí como jogador de futebol irlandês, salvo erro, desse tempo, mais ou menos.
É certo que a Quinta e Casa foram vendidas por Muriel Tait - não sei quem é ou foi, a Senhora, já que a Wikipédia dá-nos conta de imensas Muriel Tait, tudo em língua de camone, - à Câmara do Porto para aí instalar o museu de numismática, o qual já há muito tempo que deixou de existir aqui. Os jardins são públicos. A última vez que visitei o interior, o aspecto da Casa e Jardins, francamente, tudo me pareceu abandonado, em ruínas.
O que resta da Ponte Pênsil. Os Pegões do lado da Cidade do Porto. Não sei porque razão os do lado de Gaia foram destruídas. Os Gaienses saberão ?
Adiante.

Escrevia-me há tempos um amigo, referente à minha postagem sobre a abertura da Avenida da Ponte, que lhe parecia estranho estar um edifício em ruínas desde esse tempo. Pois é caro amigo. Como pode ver nas fotos acima, especialmente feitas há cerca de dois meses para o amigo confirmar a ruína.

Café Brasil
Poucos de nós, Portuenses e aqueles que desembarcam - ou desembarcaram - em S. Bento vindos de outros paragens, ligam alguma importância a este simples Café.
Para ser franco, também desconhecia a sua história e não entrava nele há muitos anos. E só aconteceu porque os urinóis debaixo das Escadas que ligam 31 de Janeiro à Rua da Madeira estavam fechados e eu precisava de desaguar águas.
Pois este Café tem imensa história. Inaugurado em 1859 era frequentado por uma elite de políticos, escritores e intelectuais da Cidade, como Guilherme Braga, Paulo Falcão, Sampaio Bruno, Arnaldo Leite, Ramalho Ortigão. Que tinham as suas mesas de dominó privativas e denominadas a dos Cardeais e a dos Indígenas.
Imagem e textos no pdf antes referido dos CafésdoPorto.

Num "trabalho" anterior - que não neste espaço mas em formato PPS - referi o Elevador do Barredo. Embora não esteja incorrecto totalmente, também o podemos chamar Ascensor da Ribeira. Mas a verdade é que o seu nome de baptismo é Elevador da Lada, conforme está escrito em azulejos à entrada da casinha.
Mas o nosso hábito portuense de darmos o nome que melhor se ajusta ao local ou às coisas, vai passando e é a melhor referencia para localizarmos algo.
Um exemplo, nunca dizemos vou apanhar o autocarro à Praça Almeida Garrett mas sim vou apanhar o autocarro a S. Bento.
 
Infelizmente a serventia deste Elevador é pequena, a não ser para os pequenitos e familiares que frequentam o Centro Social do Barredo. São cerca de 130 escadas mas poupam as suas ainda frágeis perninhas.
Não sei a data certa da sua inauguração mas deve ter sido nos princípios dos anos 80 do século passado.
Infelizmente, há uma porta sempre fechada que não nos permite subir ou descer por este lado para/ou do alto do Barredo. Dizem que é uma precaução para que alguma criança do Centro não possa sumir-se.
Claro que esta obra foi da responsabilidade da tal coisa chamada CRUARB, bem como a requalificação do largo onde se insere e das ruas adjacentes. Coisas sem importância a partir de 2003. Esteve o Elevador inoperacional entre 2008 e 2010, sabe-se lá porquê. Na altura disseram-me que a Câmara o fechou porque energúmenos o vandizavam.
A subida, embora pequena, vale a pena, pois podemos olhar os telhados da Ribeira, o Rio e Gaia de maneira diferente e as Pontes a montante do Douro. E é grátis, pelo menos até ver.

No morro da Lada, vêm-se umas hortas que dão uma aspecto diferente ao local.

Entrando pelos Arcos da Ribeira, junto às "Alminhas da Ponte", encontramos o tal largo ou terreiro reabilitado. Presumo que lhe chamam Largo da Ribeira. Ao fundo a casinha da entrada para o Ascensor.

Atravessando a Ponte Luíz I, neste caso pelo tabuleiro inferior, encontram-se uma série de aloquetes (nome nortenho a estes objectos que ajudam a fechar e à segurança de algo e que no sul de Portugal lhes chamam cadeados), que normalmente representam como uma jura de amor. A novidade não será grande, mas francamente, sinto-me comovido ao ver estes pequenos objectos com dedicatórias.
É como aquele beijo para nunca mais esquecer...

Infelizmente, quando se quer fazer um boneco artístico à la minute, nem tudo pode sair bem. Estes aloquetes tinham um simbolismo especial escrito. Não deu para fazer o boneco artístico com nitidez, mas paciência.

Nos muros da Igreja do extinto Convento de S. Francisco, no início da Rua da Alfândega Nova, ou Nova da Alfândega, ao certo não sei como se chama, existe um antigo Oratório - anteriormente estava na Rua de S. Francisco - que pertencia ao Convento dos Grilos. Eram cinco os Oratórios e estavam nas Ruas por onde passava a Procissão do Senhor dos Passos, na Quaresma, organizada pelos frades do Convento (Grilos é nome Portuense centenário, correctamente é de S. Lourenço). Hoje existem apenas dois. Este e o que está em S. Sebastião. Presume-se que algumas imagens terão vindo de outros oratórios, os extintos. É edifício de Interesse público (http://www.monumentos.pt/Site/APP_PagesUser/SIPA.aspx?id=1098), mas a realidade é que o interior está péssimo de conservação. O de S. Sebastião não. As imagens são muito expressivas e vale a pena olhá-las. E devem ter uns anos largos de vida.

Uma imagem quási de fim de ano
Desde a circunvalação em S. Roque até às Antas.
A partir de Rio Tinto.
Foi uma noite gelada em que o Porto esteve próximo do negativismo...