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terça-feira, 14 de julho de 2015

222 - Penafiel em passeio rápido

Conviver é uma arte. Li algures há muito esta frase e concordo. Com amigos de longa data convivo sempre que a ocasião se proporciona, mas também temos os nossos dias mensais para o efeito.
Neste mês, aceitamos o passeio, almoço e pequena viagem cultural em Penafiel, proporcionados pelos camaradas Zé Cancela e Quim Peixoto.
Aqui ficam as minhas impressões.
 O percurso entre o Porto e Penafiel e depois a volta, foi feito de comboio. À chegada fiz a comparação das vistas e do parque de estacionamento entre Janeiro de 2012 (um convite dos mesmos amigos Cancela e Peixoto) e actualmente.
As árvores escondem agora a paisagem, há carros estacionados e as ervas-mato cresceram.

 Os convívios devem ter momentos reunidos à volta de uma mesa. Fomos levados até um pequeno restaurante no lugar de Rande - Milhundos.
Casa cheia em duas salas e mesa reservada para nós com muitas e boas surpresas culinárias que não couberam todas nas fotos.
Das entradas aos finalmentes que incluíram frutas e doces, passando por vinhos, cafés e digestivos, o serviço foi de tal maneira eficiente e rápido sem atafulhar a mesa, que gostaria de ver igual em todos os restaurantes. O "pessoal" da casa é composto por cozinheira, que infelizmente não conheci, e por um casal jovem. O preço foi de 11€ por amigo e só lamentamos o excesso de comida. 
Parabéns ao Regula.
Regressámos ao centro da Cidade de Penafiel para uma visita rápida que terminou no Museu.
O edifício setecentista pertencente ao Barão das Lages situado na Rua do Paço, recuperado e adaptado a Museu de Penafiel pelo arquitecto Fernando Távora - falecido em 2005 - e terminado pelo seu filho Bernardo, foi escola desde 1881 até 1968, data da fundação do Liceu de Penafiel.
Por aqui passaram entre outros os alunos Américo Monteiro de Aguiar mais conhecido como Padre Américo, o Homem da grande Obra da Casa do Gaiato; Abílio Miranda, farmaceutico, arqueólogo, etnógrafo, historiador; Leonardo Coimbra, professor, filósofo, político, grande combatente do analfabetismo. Quando ministro, fundou a Faculdade de Letras do Porto. Foi um dos maiores impulsionadores do Espiritismo em Portugal. 
Inaugurado em Março de 2009, foi considerado em 2010 o melhor Museu de Portugal. O seu site em 2012 foi considerado o melhor pela Associação Portuguesa de Museologia.
Ver www.museudepenafiel.com 
Pagamos pela visita 1€ , cada um, claro. Ciceroneada a preceito, embora na confusão de 14 amigos muitos com máquinas fotográficas, demora a visita cerca de 2 horas. 
Nas cinco salas temáticas podemos apreciar o acervo constituído por colecções de arqueologia, etnografia e história local que foram sendo reunidas desde finais do século XIX.
Na arqueologia um grande destaque para a exposição de peças descobertas no Castro do Monte Mozinho, o maior e mais importante da Península Ibérica.
Prometo nova visita mais calma.
Pelo correr da rua, casas de aspecto senhorial com os seus brasões.
O edifício do Museu visto de outro ângulo.
Penafiel não é pródigo em páginas oficiais na internet. Os sites que encontramos são pobres, incluindo o da Câmara Municipal. Bastante melhores os que referenciam o Concelho. 
Sobre este edifício, encontrei uma nota por casualidade. Li que é o antigo Paço Episcopal.
A Diocese de Penafiel é uma coisa mais ou menos fantasma, pois parece que nunca existiu. Isto é, existiu mas não existiu. Foi mais uma das "cenas" do Marquês de Pombal desta vez contra o Bispo do Porto. Mandou elevar a vila de Arrifana de Sousa a Cidade com o nome de Penafiel e criou a Diocese por bula do Papa Clemente XIV em 1 de Junho 1770.

Foi nomeado para prover o cargo episcopal, o Inquisidor-geral Português D. Frei Inácio de São Caetano, confessor da Princesa D. Maria. Quando esta subiu ao trono em 1777, conseguiu a renúncia do Frei e a abolição da diocese integrando-a novamente na do Porto.
Morreu em 1778 e, mais uma presunção minha, nunca chegou a Penafiel.
Sobre o edifício não há referências nem sequer sabemos se chegou a ser utilizado e com que fins. Mas parece que agora é uma escola de enfermagem retirada a Paredes há meia dúzia de anos. Encontrei este apontamento num jornal por casualidade. 

Percorrendo o quarteirão, encontramos o Largo da Misericórdia e a Praça do Município à direita. Em destaque um complexo a que chamam Igreja da Misericórdia.
A igreja é a parte mais importante do complexo. É um templo seiscentista criado para acomodar as exigências de uma irmandade em crescimento com a concessão de privilégios que o alvará régio de 1614 aprovou, tornando a instituição um potentado. Isto é o que depreendo lendo a página da Santa Casa da Misericórdia de Penafiel. Ainda o lugar se chamava Arrifana de Sousa.
Sofreu várias alterações ao longo dos séculos.

A sua história esteve ligada à diocese durante os 7 ou 8 anos que existiu, pois foi a escolhida para funcionar como Sé do novo bispado, sob a invocação de São José e Santa Maria.
Cadeiral Barroco
Ladeando a Igreja, voltada para a Câmara Municipal, encontramos uma frontaria inacabada em estilo rocaille, com obras iniciadas em 1764 e interrompidas em 1769 que  foram pagas pelas esmolas a Nossa Senhora da Lapa cujo culto chegou a ter uma expressão significativa. 
Abriga o Museu de Arte Sacra. 
Tendo esmorecido o culto à Senhora da Lapa, encontraram a solução de construir uma capela a ela dedicada junto da fachada inacabada, mas agora dedicada a S. Cristóvão.
Em frente, a Câmara Municipal instalada num edifício do séc. XVIII, julgo que construído para este fim. Não tendo a certeza do que li mas presumo: foi pensada em 1741 mas construída em 1770 após a criação da Cidade de Penafiel.Teve a Cadeia no andar inferior.
Na frontaria os brasões com as armas de Portugal e o da Cidade. Por cima da porta uma dedicatória à Rainha D. Maria I que mandou fazer a obra e tem a data de 1782.

Repito que presumo estar correcto ao encaixar este texto no edifício. O que lêmos nem sempre é explícito.


Nas traseiras do complexo da Misericórdia, encontra-se uma das três Capelas que ainda existem recordando os Passos de Jesus. Esta parece que representa Simão Cirineu ajudando Cristo a carregar a cruz.

Um outro edifício brasonado
Curioso adossado entre edifícios, com passagem pedonal
Regressando ao Largo da Misericórdia.
A Quinta da Aveleda vista em boa velocidade.
Deixo aqui o agradecimentos aos camaradas e amigos que me proporcionaram a visita.
Sobre o Museu de Penafiel irei fazer um pps (espécie de vídeo) o mais informativo de que for capaz.
Alguns blogues ajudam a conhecer Penafiel. Um obrigado aos autores por me ajudarem.

terça-feira, 7 de julho de 2015

221 - Histórias e Historiadores; Ajudas e boas leituras

Poderá ser confuso o conjunto destes apontamentos. Mas tudo tem uma razão de ser. E as confusões fazem parte da vida. De preferência com fotos.
Na última postagem, referi-me à imagem acima visível num dos espaços da Sé de Braga. Escrevi que não há uma informação sobre a mesma o que é de lamentar.
Mas quem tem amigos não morre na Cadeia - sempre o disse e não me canso de o afirmar - a minha amiga Conceição meteu pés a caminho e foi à Sé perguntar quem representa a figura.
Informaram-na e ela passou-me que é de Santo Ovídio. Que estava num altar de onde foi retirada para se colocar lá outro santo.
Ora na Wikipédia lê-se que Ovídio foi um cidadão romano de origem siciliana e segundo a tradição o Papa Clemente enviou para Bracara Augusta na Galécia, onde foi terceiro Bispo no ano 95. Foi mártir pela sua Fé no ano 135. Foi sepultado na Sé de Braga.
Segundo as Memórias Gaienses, tem Festa no primeiro domingo de Setembro. O culto remonta pelo menos ao séc. XVIII. Curioso como festejam em Setembro se o dia do Santo é em 3 de Junho. Para o caso não interessa nada mas interessa que na tradição religiosa popular é conhecido como Santo Ouvido, advogado contra as dores de ouvidos e maridos infiéis.
Os fieis com os males e na esperança de serem atendidos, faziam-lhe promessas de oferendas em dinheiro, objectos de cera como ouvidos e cabeças e telhas. Estas últimas também era de tradição ofertarem-se a outros Santos.
Falta-me saber que objectos ofertavam contra os maridos infieis. Mas a história ou os historiadores nunca nos contam tudo, não é verdade ? Provàvelmente por causa das vergonhas.

Mudando de temas e passando para as leituras curiosas que vou fazendo.
Li na página de um jornal dedicado à gastronomia que os pimentos têm sexo. Se tiverem três maminhas, são do feminino. Se tiveram 4 são do masculino. A recomendação tem a ver com o picante. Já não me lembro qual é o mais e o menos. No caso dos pimentos femininos deve-se dizer pimentas ? Como raramente encontro um (ou será uma ) mais ou menos picante, pelo contrário são sempre adocicados, presumo que só cômo um dos sexos. Desculpem o uso da cartolinha mas é para não os fazer voltar a trás para entenderem a frase direitinho. 
Como não sei qual é - estávamos a pensar em sexos, não se distraiam meus amigos e amigas - fui investigar os meus pimentos e as minhas pimentas. Acreditem, fiquei todo baralhdo. Então não é que encontrei 5 maminhas ? Por isso não escrevo que me apareceu um pimento ou uma pimenta, pois não sei o sexo. Os gourmetes ou gourmetas que definam.
Tal como na história do Santo Ovídio ou Ouvidos os estes ou estas também escondem muita coisa debaixo do avental da sua sapiência.

Continuando no tema comida ou as suas origens, li  na Revista de domingo passado do Jornal Público uma reportagem excelente de Alexandra Prado Coelho - muito bom o seu blogue mais olhos que barriga e também a página http://.publico.pt/autor/alexandra-prado-coelho - sobre o Bacalhau.
A foto abaixo sem a devida autorização para a publicar está na Revista do Jornal Público. Espero que não se zanguem comigo, bem como a Alexandra.
Os meus amigos e amigas se se deram ao cuidado de ler esta reportagem (não se esqueçam de dizer se querem que continue a enviar o jornal ), estarei a repeti-la. Mas prometo que a finalidade destas linhas tem o seu quê de político e pouco a ver com o nosso Fiel Amigo da reportagem. Lá irei.
A história da reportagem passa-se na Islândia, aquele País nórdico insular com uma ilha maiorzita e algumas pequenas localizadas no Oceano Atlântico Norte. Tornou-se independente reconhecido da Dinamarca em 1 de Dezembro de 1908. Tem cerca de 320 mil habitantes (mais ou menos a população da minha-nossa Cidade do Porto... há 30 anos) para uma área de aproximadamente 103 mil quilómetros quadrados.
Segundo a autora, Portugal seria para a grande maioria dos Islandeses talvez uma palavra. Mas para a população da localidade de Hûsavik na costa norte significa Bacalhau e Economia.
Aqui entra o que eu referi o seu quê de  político. Per capita em Portugal consumimos 7 kg/ano de Bacalhau o que acho muito pouco ou há imensos portugueses que não comem bacalhau. E ainda temos os turistas e a exportação não sei se está incluída. Mas há muito português que infelizmente só deve comer bacalhau no Natal durante as refeições de solidariedade. À minha parte tenho a certeza de comer cerca de 10 a 12 Kg./ano.
De qualquer forma, comemos 30% do Bacalhau Pescado no Mundo. O que quer dizer que fazemos felizes e econòmicamente favorecidas milhares de pessoas perdidas lá no Norte do Mundo.
Independentemente da solidariedade dos nos governantes, brincadeirinha, o Povo Português é muito mais do que aquilo que nos pintam. E não só cá dentro...Mas claro que a história e os historiadores não nos contam tudo...
Preparem-se os amigos Brasileiros (e amigas, pois claro) porque a empresa que promoveu o encontro de jornalistas na Islândia, está a preparar um produto especificamente para o Brasil.
Leiam a reportagem na íntegra. Se quiserem saber mais, tenho um pps sobre a história (historiei o que li) do Bacalhau num pps ao vosso dispor.

E como é bom um bacalhau assado na brasa com pimentos ou pimentas ou assim-assim. E que S. Martinho seja pródigo no bom acompanhamento.