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quarta-feira, 28 de agosto de 2013

167 - Campanhã - A Oriente da Cidade do Porto.

Havia prometido aos meus amigos um reconhecimento das Grandes Quintas de Campanhã.
Três delas já as havia referido nas postagens 126 e 157. Ficam aqui as suas imagens só para relembrar.
 Quinta das Areias. Hoje é o Horto Municipal. Alguém sabe se é visitável ?
Escrevi ao Município mas até hoje sem resposta.
Quinta de Bonjoia
Quinta de Vila Meã
Hoje um espaço abandonado, a ruir, quer queiram quer não os Amigos da Natureza. E o meu amigo Quintino Monteiro a ver uma casa cheia de recordações neste estado.Só eu sei a dor que lhe senti na alma quando me explicou o que era esta Quinta e esta Casa.

Adiante, porque lhes quero apresentar mais duas Quintas, meus amigos. E tanto quanto possível, contar-lhes umas simples estórias pessoais junto às histórias das Quintas. Mas devo-lhes dizer que quási todas as fotos são do meu período pré-histórico da fotografia digital e das viagens a pé e a pedir por este escondido e meio-ignorado lugar de Campanhã. 
Vou tentar dar a conhecer com mais esta postagem a freguesia que me acolheu durante uns anos e que só há bem pouco tempo fui descobrindo. CAMPANHÃ tem várias postagens minhas. É fácil de encontrar. 
Prossigamos então:
Já referi anteriormente que Campanhã era um lugar essencialmente agrícola, onde nobres e proprietários abastados estabeleceram Quintas e Casas de Campo. 

 Quinta da Revolta
Não se sabe ao certo o porquê do nome. Poderá derivar de uma revolta que se deu aqui durante as invasões francesas mas também pode ter sido durante o reinado de D. Maria. Presumo que o historiador de Campanhã se deve querer referir à segunda Maria Rainha, filha de D. Pedro IV. e não à primeira, filha de D. José I. No entanto o nome de Revolta já é conhecido em 1690, morando nela o Álvo Brandão. Por conseguinte, em qualquer um dos reinados de uma das Marias se poderia ter dado uma revolta. 
Mas o nosso historiador simplifica a coisa e diz que talvez a revolta seja de uma curva e contra-curva que a quinta incorporava. Volta e revolta. 
Não sei se alguém a conhece com o nome de Revolta. Mas se ouvirem Horto Moreira da Silva ou Horto do Freixo, todos saberão. Pois comigo foi igual. O nome do Horto ouvi-o desde pequenino pela voz do meu Pai. Era de lá que trazia plantas simples para o nosso quintal, o pinheiro do Natal, às vezes um enorme pinheiro, o musgo para a cascata de S. João. Pelas conversas dele, calculava ser um espaço enorme. E deve ter sido.
Não tenho a certeza, mas a quinta - o que foi dela -  deve estar muito cortada. O Rio Tinto passa-lhe ao lado ou pelo meio, não sei, e o enorme espaço onde está actualmente uma central de tratamentos de resíduos ou esgotos deve-lhe ter pertencido. E parte da Estrada da Circunvalação. Pois chegou a ir até Bonjoia, de onde anexaram uns terrenos.

O edifício apalaçado simples será do séc. XIV ou XV e a Capela dedicada a Nossa Senhora da Conceição - a minha santinha - é referida em 1758. A pedra de armas é do séc. XVIII. A quinta vai passando de herdeiros em herdeiros, uns por casamentos que se juntam a outras famílias, os Azevedos, talvez os de Campanhã, depois o Visconde de Balsemão (o do Palacete da Praça de Carlos Alberto) até que fica abandonada e em ruínas o palacete.
É emprazada em 1851 que não resolveu nada e em 1866 é vendida a José Duarte Oliveira, próspero comerciante do Porto que a deixou a seu filho Júnior, um viticultor afamado e ilustre escritor-investigador agrícola. Junto com o dono do famoso Horto das Virtudes José Marques Loureiro, fundam e produzem o Jornal de Horticultura Prática durante cerca de 20 anos.
Por essa altura a quinta dava 300 a 400 pipas de vinho. Deveria ser obra.

Em 1921 passa finalmente para as mãos de Alfredo Moreira da Silva, Horticultores e Fluricultores. Lembram-se com certeza os meus amigos e não só os portuenses, do Horto Moreira da Silva próximo do Palácio, na Rua Júlio Dinis, cuja pedra junto à entrada ainda mostra a mancha da pêra que foi nela gravada. Paredes meias com o CICA 1 (?) antigo Metralhadoras 3, hoje um anexo do Hospital de Santo António/Universidade do Porto, creio. E que afinal era a entrada do Horto das Virtudes, totalmente retalhado hoje em dia mas onde existe uma parte chamada Jardim das Virtudes. Umas vezes aberto outras fechado. Hoje não sei. Outras histórias.

Não sei qual o espaço existente hoje da Quinta. Mas de Horto e Fluricultura quem passa por lá pouco ou nada vê. Disse-me um empregado que o horto é em Coimbra actualmente. 

Muito próximo fica a Quinta do Freixo. Provàvelmente poucos portuenses conhecerão ou ligarão o seu nome ao Palácio. Mas nunca há uma coisa sem a outra.
Brasão de Afonso Cunha que substituiu o dos Távoras, mandado picar aquando do processo.
Ler adiante

Vamos por partes. Conta a história de Campanhã que a quinta era enorme, até englobando a de Vilar d'Allen (mais tarde lá hei-de ir). Pertencia em 1646 ao Capitão António Pires Picão, morador em Miragaia, mas que era aforada ao Cabido da Sé. É o que entendo. Em 1671 o filho Roque obtém a renovação do prazo e uma filha dele casa em 1683 com António Távora de Noronha Leme Cernache, opulento fidalgo da Casa Real e senhor de numerosos bens.
Reparem os meus amigos atentos quantas vezes escrevi ao longo destas minhas simples postagens o nome dos Távoras. Que já vêm desde antes da nossa nacionalidade. E com origem em Castela (España) Para o caso não interessa nada e prossigamos.   
Do casamento nasce o filho Jerónimo que virá a ser futuro Deão da Sé do Porto, Provedor da Misericórdia do Porto e Presidente da Irmandade dos Clérigos pobres. Dotado de grandes recursos financeiros manda vir de Malta onde se encontrava a trabalhar um tal Nicolau Nasoni. 
Pretendendo mandar construir na sua Quinta do Freixo um sumptuoso palácio, D. Jerónimo encomenda a obra ao tal Nasoni. Obra limpa, que deve ter começado a construir-se por volta de 1742, a parte da pedraria deve ter terminado em 1750 quando começaram as obras de madeiras. 
A Obra dos Jardins devem ter sido ajustadas por volta de 1744, cuidadosamente talhados à moda italiana, que desciam em patamares até ao Rio Douro.

As fachadas apresentam desenhos em três níveis diferentes, ditados pelos três terraços que ocupam. Coisa única em Portugal e adoptada para o Petit Trianon em Versalhes. França. 
Façamos um intervalo na história do Palácio do Freixo e deixem-me contar as minhas histórias.

Não lembro o ano, mas vimos e lemos todos os portugueses uma reportagem sobre uma festa qualquer (a minha falta de memória) relacionada com a União Europeia passada nos Jardins do Palácio do Freixo e quem a dirigiu foi José Manuel Durão Barroso. Achei lindos os Jardins, cheios de relva verde e a fonte com repuxo de água, etc.

Sei que foram pedidos fundos para a requalificação da Zona do Freixo - entre muitos outros - e que incluía a recuperação deste Palácio e Jardins. Em 1997 criou-se uma sociedade com o nome de APOR-Agência para a Modernização do Porto, SA para o fim. Na altura da festa (as reportagens assim mostravam) pensei que o Palácio e Jardins já estavam recuperados. Então um dia resolvi ir visitá-los. Santa ignorância a minha. Estava tudo encerrado. As fotos possíveis que fui fazendo do edifício foram do lado do rio, trepando ao muro. As da fachada leste, saltei pela Fábrica Harmonia, depois por trás do edifício programado para ser o Museu da Indústria e em equilíbrio precário lá fui batendo umas chapas. 

Passado uns tempos, soube que iria ser mostrada uma exposição sobre Salvador Dali. Agucei o dente e pensei que poderia ser uma espécie de dois em um. Lá fui todo contente, mas alegria durou pouco, só consegui fazer uma foto da sala de entrada, porque de imediato saltaram-me em cima os seguranças proibindo-me de fotografar. Francamente, assustei-me, pois tantos os meninos como as meninas além de não serem nada gentis, mostravam-me caras de pitbull. Só pode fotografar o exterior se quiser.
No entanto ainda consegui fazer umas 3 ou 4 fotos clandestinamente, nas varandas que se encontravam abertas. Péssimas.
Concluindo, o Palácio não estava recuperado, havia paredes com manchas em cima das pinturas desbotadas, salas onde não se podia entrar.   
Fachada Oeste
Lá vim até aos jardins para sofrer nova desilusão. Nada recuperados. Ficam as fotos para os amigos imaginarem como eram na altura. Mas adiante com a história. 

Por causa do processo dos Távoras movido pelo Marquês de Pombal, o Palácio fica decadente e passa para os Viscondes de Azurara sendo vendido em 1850 por 15 contos a António Afonso Velado, abastado comerciante do Porto enriquecido no Brasil, agraciado por D. Luíz I como Barão e depois Visconde do Freixo. (1865 e 1872). O tal que mandou fazer o Brasão da primeira foto.
Este Barão/Visconde altera a característica do Palácio, tanto exterior como interiormente e instala uma fábrica de sabão nos jardins...Faz uma grandiosa recepção à família real que vieram assistir às obras da Linha do Minho em S. Roque em Julho de 1872. 
Após o falecimento do Visconde a viúva vende tudo a um súbdito alemão, Gustavo Peters, que junto ao Palácio monta uma destilaria de cereais. Aquilo um dia ardeu tudo e em 1890 parte da quinta e o palácio foram vendidos a José Maria Formigal. O restante foi vendido a outros particulares.
Mais tarde, as Moagens Harmonia compraram casa e terrenos, fizeram silos e novos silos e nova fábrica e tudo o conjunto se perdeu. Até o portão que dizem ser monumental, foi vendido para uma quinta em Ponte de Lima.
Em 1986 a Secretaria de Estado e Formação Profissional comprou o Palácio à Moagem Harmonia para montar um centro de formação profissional. Belo dia uns energúmenos pegaram fogo ao Palácio e destruíram todo o património artístico.
Uma das salas da exposição Dali
A Câmara Municipal do Porto tomou posse do conjunto que foi recuperado pelo arquitecto Fernando Távora e seu filho Bernardo, descendentes dos primitivos donos. Entre 2000 e 2003. Bom, isto não será totalmente verdade, pois as minhas fotos são de Outubro 2007 e recuperada, julgo eu, vi a sala da entrada. E alguns pormenores em outras salas. Tudo o resto foi como encontrei e contei.     

A Câmara Municipal vendeu todo o conjunto, incluindo o edifício onde deveria ser instalado o Museu da Indústria (edifícios cor de rosa) ao grupo Pestana que aí fez uma estalagem 5 estrelas. Gostava de conhecer. Pode ser que um dia me encha de coragem e vá até lá a ver se sim.
Na foto, os silos da Harmonia em destaque, o Palácio meio escondido e pormenores da Marina e da Ponte do Freixo.
O Palácio é Monumento Nacional desde 1910.

Textos compilados em Wikipédia, Monografia de Campanhã http://www.j-f.org/monografia/, Dias com Árvores em http://dias-com-arvores.blogspot.pt/ e Igespar - Palácio do Freixo
Localização das duas Quintas






domingo, 25 de agosto de 2013

166 - Coisas da Vida

Hoje até que acordei bem disposto. Depois do café e da higiene matinal, lá vim ver os emails para deitar fora, mais as mensagens piedosas e a visita trivial ao Face e o que vejo: O meu amigo Peixoto de Penafiel, sim, esse o Compadre, diz-me que é dia do Diabo. Ainda por cima com um comentário do J.Teixeira que mija nas amoras. Não me preocupa nada porque vozes de Teixeiras não chegam aos Diabos. Mas...Cuida-te Jorge...
Mas que os há haverá, os diabos, sei lá, e então a minha mona começou a trabalhar. Porque diabo há um ano e pouco o Peixoto Compadre se referia à história do Diabo quando me levou a ver o S. Bartolomeu à Basílica? E até disse, não olhes muito. Na altura pensei que como era uma foto clandestina, seria o sacristão que me vinha acertar na mona ? (Mona = Cabeça=Alto do Toutiço, não vem no novo Portográfico mas até que se pode incluir)
Claro que não liguei nada, mas fiquei a moer para mim porque é que ele, o Compadre Peixoto me levou a ver esta mamoa ?
E que mais tarde me fez enfeitiçar por uma Pavoa cheia de Pavoanço. Quer dizer cagança. Diabos levem se estas coisas, agora, não me vieram todas à mona e zás, interliguei-as. A postagem do Peixoto, o comentário do J. Teixeira, as amoras que vi por aí algures.
Não sou dado a Diabos e Bruxarias: Mas estive eu e amigos olhando estas amoras há bem pouco tempo. Porque é que o J. Teixeira diz que o diabo mijou nas amoras? Em Bruxinhas só acredito em uma. Em diabos só aqueles das figurinhas do Skype. Mas que é preciso cuidado lá isso é.

Fiquei a pensar nestas coincidencias, mas valeu-me um pouco de uma tarde maravilhosa. Fui capinar o meu quintal, depois despejar o lixo e dediquei-me a ver o Porto Canal. E o que é que me sai ?
O Doutor Daniel Serrão, provavelmente numa entrevista de há séculos. Se há coisas horríveis para ver é a TV nestes dias. Se não são os fogos e milhentas reportagens de como tudo aconteceu, são as opiniões políticas. Mais vale andar a navegar no AXN ou na FOX, na Odisseia ou no Canal História mas na realidade não há nada que se aproveite.
Mas fiquei surpreso pelas muitas confissões do Doutor.
De entre elas fiquei a saber que o seu filho Manuel é uma aberração da natureza desde que nasceu. E continua, pelos vistos. Isto é, esteve quási quási a morrer à fome. Mas se puderem ouçam a entrevista neste canal aberração. Claro que esta coisa de eu escrever aberração é minha.
(Ó Manel, não fiques aborrecido comigo. Ainda estou à espera que me expliques aquela postagem no JN sobre os bandalhos (impropério meu) brasileiros de S. Paulo que fizeram boicote à exposição (?) da moda que foi de Portugal. Escrevi-te para o JN para saber certinho como foi, porque o teu blogue Faceboqueiro não permite nada - até parece o dos Melros - para saber as coisas corretas. É que disseste tão mal dos Paulistanos, quando estavam em greve, que levaste tudo a eito. Assim me pareceu. Por isso quis saber. E os e as amigos e amigas brasileiros quiseram saber. E têm o seu direito porque publiquei o teu comentário na minha página. Mas és um deus e difícil de contactar.)
Olha, tudo isto no dia do Diabo...
Pois então, para me sentir mais livre do dito Diabo ou Diabos, fui aos meus arquivos ver se alguém se tinha lembrado de me despegar deles. E olhem o que encontrei. Não é de hoje, mas tem pouco tempo este oferecimento. Há coisas.... adiante
Adiante, estava com as dores e quando elas acontecem aí vou eu para a cozinha.
Ando de desejos. Será que essa coisa se apega ? Ontem recheei uma santola, que comprei congelada, mas que ficou sublime mas que esqueci de fotografar. Coisa grandiosa. Hoje apeteceram-me umas iscas de bacalhau. Até que tenho guardada umas tábua pequenina de queijos e mais uns fumadinhos. Mas não me apeteceram.
Olha, se tudo isto foi do Diabo, o dia dele já acabou. Pelo menos cá. Passam 10 minutos do tal e sem ninguém dar fé, só a minha amiga Carminha se lembrou que fez hoje anos a revolução do Porto de 24 de Abril de 1820. Que ajudaria a mudar a História de Portugal.

Minha gente, este escrito foi escrito ainda no dia do Diabo. Não liguem se vai mal escito. Queria acabá-lo antes do dia acabar, Não deu. paciência, vai como veio todo à maneira.


quinta-feira, 8 de agosto de 2013

165 - A Linha Férrea do Douro

Há que tempos andava a magicar em fazer uma viagem completa do Porto ao Pocinho utilizando a Linha Férrea antes que acabem de vez com o que resta dela. Já seguiu até Barca d'Alva e daí para Espanha, numa bitola ibérica. Coisa que já não existe, segundo se me constou, pois em Espanha há anos que adoptaram a bitola europeia. 
Maravilhoso, somos únicos e exclusivos em bitolas férreas. Como no tempo de Salazar, estamos Orgulhosamente Sós... 
Chamava-se Linha do Douro, começava em Ermezinde a 8,430 metros do Porto, distância que presumo ser desde Campanhã e tinha a extensão de 200,1 quilómetros. Começou a ser construída em 1875 e terminou em Barca d'Alva em 9 de Dezembro de 1887. Nesse mesmo dia foi inaugurada a ligação à rede espanhola até à estação de La Fuente de San Esteban.  
   
Uma viagem destas tem de ter o apoio de amigos, o que facilmente consegui. E lá fomos 11 de charola por aí acima. Correctamente deveria dizer por aí ao lado, pois vamos atravessar Portugal no sentido Oeste-Leste. Claro, depois teremos o regresso no sentido inverso. 
A linha já não se chama do Douro, mas sim Porto-Régua. E daqui seguirão algumas carruagens - ou outra composição que se forma na Régua dependendo não sei de quê - até ao Pocinho. O revisor dos bilhetes é quem nos avisa. Hora de partida.
O mapa demonstra a viagem mais ou menos a partir de
Porto-S. Bento até à Régua.

Passados os túneis de D. Carlos, do Seminário e da Quinta da China entramos pelo Freixo em Campanhã. Um olhar ao Rio Douro despedindo-nos com um até já. 
Recuando uns anitos, recordo uma viagem do Barão de Forrester, por esse rio acima, tratada em jeito de diário-reportagem, desde 11 de Setembro de 1854 até provàvelmente finais desse mês, pois acabava a época de vindimas, relatada em 12 cartas e publicadas no blogue amigo http://aportanobre.blogspot.pt/2013/06/viagem-ao-douro-cartas-de-j-j-forrester.html. A não perder.

Devo avisar que a grande maioria das fotos publicadas a seguir, foram feitas dentro do comboio em movimento e através dos vidros sujos das janelas e portas fechadas. Muitas se perderam. Mesmo assim os meus leitores e leitoras poderão fazer uma ideia de quanto é bela esta viagem.
Aproveitei esta imagem da Refer - a empresa que presumo ser a dona dos comboios em Portugal - só para dar início simbólico à viagem e de como ela seria antigamente.
Eis-nos na Estação de Ermesinde a 8 km aproximadamente do Porto. A caminho do Vale do Sousa, região de boas culturas agrícolas-vinhateiras e também muito industrial.

Entre Paredes e Penafiel, encontra-se a Quinta da Aveleda, marca por demais conhecida mundialmente pelos seus vinhos verdes Casal Garcia e Aveleda. Estes são uma pequena parte dos seus vinhedos. Há cerca de ano e meio, em finais de Inverno, visitei a Quinta, Parque e Jardins pela mão dos Compadres de Penafiel Cancela e Peixoto, mas ainda não tive oportunidade de escrever sobre ela. É uma Quinta que remonta ao séc. XVI embora o primeiro registo de venda de vinhos engarrafados seja do ano de 1870. Sempre nas mãos da mesma família.
Uma visita a não perder. 

O Vale do Sousa é uma região com uma área enorme, abrangendo vários concelhos que exceptuando o de Castelo de Paiva, pertencem ao Distrito do Porto.

É banhado por vários Rios mas o principal é o Sousa que vai desaguar no Rio Douro, em Gondomar. Percorremos cerca de 50 km da nossa Linha do Douro.

Passamos por Livração a correr, de onde partia a Linha do Vale do Tâmega com quási 52 Km e terminava no Arco de Baúlhe. Inaugurada em 15 de Janeiro de 1949, foi encerrada em 2008. 
Entramos na Região do Rio Tâmega. Pertencente ao Concelho de Marco de Canaveses a localidade de Sobre-Tâmega famosa pelas suas termas provàvelmente já existentes no período de ocupação romana e pela Igreja Românica. O Rio desagua no Douro em Entre-os-Rios, 20 km a sul.

Ao Km 64,910 entramos no enorme Túnel do Juncal, passamos por Pala e Mosteirô na freguesia de Ribadouro, que entrou em exploração em 15 de Julho de 1879. Estamos no Km 72,362.

E o Rio Douro já está ao nosso lado e nunca mais o abandonaremos.
Já cheira a Douro Vinhateiro.

Aos 78,374 Km cá temos Arêgos. Famosa esta Estação por duas razões. Servia e serve as Caldas de Arêgos, antiquíssima, na outra margem do Douro.O transporte de pessoas e bens entre a Estação e as Caldas era feito por barcos comandados por experientes barqueiros. Hoje é feito por lancha.

As Caldas em princípios do séc. XX. Hoje possui belíssimas instalações, um bom aproveitamento turístico e é rico o património cultural e histórico da localidade.
Voltando à Estação e à sua fama. Também conhecida por Tormes, foi nela que Eça de Queirós se inspirou para a chegada de Jacinto ao Douro no livro A Cidade e as Serras. Na civilizada e longínqua Paris, até o despachante conhecia Tormes: ...Perfeitamente ! Linha Norte-Espanha-Medina-Salamanca...Perfeitamente! Tormes...Muito pitoresco! E antigo, histórico! Perfeitamente, perfeitamente.  
Os amigos interessados poderão encontrar o livro disponível para ler e guardar em  http://purl.pt/234 . Depois de aberto o link e clicar para obter a obra em pdf tenham um pouco de paciência e deixar abrir.

Os Douros, Rio e Terra, correm em sentido contrário ao nosso mas começamos a sentir a sua grandeza. Acabaram os Granitos e começam os Xistos.

Ermida, Km 84,090. Porto de Rei. Barqueiros, primeira terra de arrais e marinheiros, abundante em vinhos e frutas, mas a povoação é miserável e os habitantes pobríssimos, assim a descreveu o Barão de Forrester. A usura e a vida miserável do povo da região foi tema do livro Porto Manso, de Alves Redol, escrito entre 1939 e 1943. 
  
Depois da Rede, as Caldas de Moledo, cujos primitivos balneários sofreram sucessivos desastres até ao afundamento final pelas Águas do Douro após a conclusão da Barragem do Carrapatelo em 1971. No verão de 1984 as águas baixaram e pude fotografar parte do antigo balneário, cuja foto ofereci à Junta de Turismo. 
As Caldas pertenceram a José da Silva Torres, segundo marido de D. Antónia Ferreira, a Ferreirinha. Tinha-as arrendado e após a sua morte passaram para a viúva. Uma linda alameda sombreada por grandiosos plátanos resiste desde esse tempo.
  
Eis-nos chegados à Régua, ao Km 103,297. Daqui partia a Linha do Corgo inaugurada em 1 de Abril de 1910 e aos poucos sendo desactivada até que encerrou em Julho de 2010. Ligava Régua a Chaves, passando por Vila Real. Servia além de outras localidades as termas de Vidago e Pedras Salgadas. Um crime o seu encerramento. Mas a nossa viagem tem de continuar. 

O movimento de passageiros é grande e as vezes que utilizei o comboio Porto-Régua e vice-versa viajei quási sempre com grande companhia. Numa das vezes nem lugares sentados para todos os passageiros existiam. É certo que nas carruagens estão visíveis a numeração de lugares sentados e em pé, mas esta não é propriamente uma viagem de pequeno curso, são quási duas horas. E muita trabalhosa e cansativa para quem tem crianças. Um desleixo da CP ou da Refer ou de quem quer que seja que manda nisto. Nem o aproveitamento turístico sabem fazer.
Mudamos então para as carruagens da frente e ala para o Pocinho. 
  
A nossa rota vista pelo satélite, incluindo o percurso que já não existe até Barca D'Alva.

Logo após a Régua, a Foz do Rio Corgo, vindo dos Altos de Vila Pouca de Aguiar, passa por Vila Real e Santa Marta de Penaguião. Quási em frente desagua o Barosa (ou Varosa), famoso pela sua Ponte Medieval de Ucanha com uma monumental Torre Defensiva que ninguém consegue saber porque foi construída.
São os limites do chamado Baixo Corgo do Douro Vinhateiro.  
O Rio Douro está agora mais próximo da Linha férrea e a paisagem vai-nos sufocando, mesmo vistos os montes de baixo para cima. Passamos a Barragem de Bagaúste.

Junto à Estação de Covelinhas estão os armazéns e a Quinta dos Murças, cujo nome aparece referenciado pela primeira vez em 1770, embora já existisse com outro nome em 1714. Em 1756 é propriedade do Távora, capitão-Mor da Vila de Murça. Permaneceu na posse da família até 2008 quando foi adquirida pelo grupo Esporão aos bisnetos de Manuel Pinto de Azevedo. Esta informação colhi-a na página da Quinta, mas na biografia do grande industrial não encontrei qualquer referencia a Vinhos nem aos Távoras.
Para o caso não interessa nada e vamos seguir.

Que doçura, que paz...
Assim falou Jacinto, pela pena do Eça. 

O apeadeiro do Ferrão pertence ao Concelho de Sabrosa e foi inaugurado como terminal provisório da Linha em 4 de Abril de 1880. Em 1900 estava por construir a estrada municipal (?) que lhe dava acesso. 

O Rio Douro também é uma estrada turística.

Quási chegados ao Pinhão, cuja estação abriu à exploração em 1 de Junho de 1880. É o km 126,830. A ponte que liga as duas margens do Douro foi adjudicada em 1900 à Companhia Alliança do Porto por 103.000$000. Francamente, não sei ler o valor deste número. Será 103 mil Reis ?
  
Passamos a velha ponte por cima do Rio Pinhão, junto à sua Foz, no Rio Douro. Ao fundo, a Ponte Românica.

São famosos os Painéis de Azulejo que ornamentam a Estação, mostrando a vida duriense. 
(num àparte, não consigo perceber porque não se escreve e diz douriense).
Estava concluído o principal propósito da Linha do Douro, mas já se planeava a continuação da Linha até à fronteira Espanhola, o que foi decretado em 23 de Julho de 1883. Acabaram de completar-se 130 anos. 

Há cerca de um ano, o monte em destaque estava a ser preparado para novas plantações. Que já se adivinham. Pinhão é um local de excelência visitado por bastantes turistas. Foi um importante entreposto comercial, sobretudo para o transporte de Vinho, primeiro pelos Barcos Rabelos, depois pelo Caminho de Ferro.

É o coração do Douro Vinhateiro.

Chegamos ao Tua e à discussão sobre a Barragem que está a ser construída. O rio desagua aqui. Foto matutina.
Fotos colocadas na página da empresa que está a construir a Barragem.
Um dos grandes pomos da discórdia é o paredão.Foi pedido o reforço do arquitecto Souto Moura para amenizar o impacte visual. Não sei em que ponto está a situação.
Foto vespertina. O ângulo de visão é ligeiramente diferente do da matutina. Além de um pequeno zoom. Entretanto a Unesco salva a barragem, ou melhor, o Douro de Património da Humanidade há cerca de um mês, aprovando o projecto.

O troço do Pinhão ate Foz-Tua concluiu-se em 1 de Setembro de 1883. É o Km. 139,727. 
Também o Tua tinha a sua Linha que ía até Bragança na distância de 133,768 Km.O troço Foz-Tua / Mirandela foi aberto em 29 de Setembro de 1887, tendo assistido à inauguração o Rei D. Luís I. O primeiro comboio chegou a Bragança em 26 de Outubro de 1906.
Entre variadíssimos problemas políticos e financeiros, foram encerrando vários percursos até que em 2008 foi definitivamente a linha fechada.

Permitam-me, caros leitores e leitoras um àparte. Esta pequena terra quási esteve para mudar a minha vida. Nos meus tempos de África, em finais dos anos 60 do século passado, conheci nos confins do Sul da Guiné, hoje País chamado de Guiné-Bissau, um comerciante a quem chamávamos o Barrinhos e que lá vivia desde os 13 anos se a memória não ma falha. As suas origens estavam em Foz-Tua. Criou o seu próprio negócio, pequeno, tal como a sua figura. Com família formada, tudo gente simples. (Olá Gracinha, menina de 3 ou 4 anos na altura, linda, que tantas vezes fotografei, se estiveres por aí dá-me um sinal. Ainda tenho fotos tuas desse tempo)
A mania das fotografias levou-me a carregar um ampliador, algum material fotográfico e pequenos acessórios. E claro, uma velha Halina Flex que comprei na casa de penhores da Praça de Carlos Alberto. Tudo num caixote enorme (menos a máquina, claro) que chegou direitinho a Catió. Lá nos confins da Guiné. 
Por coisas que agora não vêm ao caso, ofertei passado uns meses todo esse material ao Barrinhos para fazer um estúdio fotográfico, que ajudei a montar. O chefão seria um antigo militar, bom rapaz também, entretanto casado com uma sobrinha. Fizemos umas coisas engraçadas.
Concluindo, em troca pelo meu trabalho e equipamento, o Barrinhos ofertava-me a casa dele no Tua, e dinheiro para montagem de um negócio. Tudo que eu precisasse. Pensamos um pouco sobre isso, essencialmente virado para o Turismo. Dizia-me ele, vai para lá e verás que gostas daquela terra. Encontrámo-nos depois do meu regresso várias vezes no Porto e ele sempre com a mesma ideia. Concluindo mesmo, nunca aceitei. 
Conheci agora Foz-Tua mas apenas de passagem. E claro, teria de me lembrar da família Barrinhos. Ele acabou assassinado na Guiné em 1974 ou 75. Um abraço para ti António Barros, estejas onde estiveres. 
             
Pela margem esquerda do Rio encontram-se também restos de armazéns de casas de companhias que foram nossas. Leiam meus amigos a fabulosa história desta Companhia ligada ao Vinho do Douro e do Porto que vem desde 1678. A não perder http://www.realcompanhiavelha.pt/

Mas acabaram-se os Xistos e voltou o Granito às margens do Douro. O Rio é apertado por altas e duras escarpas.

Pequenos apeadeiros onde o comboio pára mas logo arranca. Estamos próximos do famigerado Cachão da Valeira.

Os meus olhos e dos amigos que me acompanhavam procuram a rocha onde está registado o naufrágio de D. Antónia, a Ferreirinha e do Barão de Forrester que perdeu a vida juntamente com alguns marinheiros. História contada a grosso modo na minha postagem 161 - O Cachão da Valeira. Acontece que não descobrimos a rocha.
Mas nessa história faltava contar um pormenor por mim desconhecido. Camilo Castelo Branco também seguia no mesmo barco bem como a cozinheira do Grande Hotel de Paris, a Gertrudes, emprestada para confeccionar um magnífico piquenique de luxo que Camilo queria ofertar aos seus companheiros de viagem. Foi a perda mais lamentável do trágico acidente, segundo o próprio
Este excerto bem como a história do Hotel, poderemos lê-lo com grande prazer no blogue amigo   http://restosdecoleccao.blogspot.pt/2013/07/grande-hotel-de-paris.html

Estamos na Barragem da Valeira prontos a entrar no Túnel que nos deixa junto ao que foi o Cachão.

Passado o túnel, um olhar para trás. O mítico Cachão da Valeira. Daqui, o rio é navegável desde 1791, ano em que foi concluída a demolição das pedras que formavam o Cachão e a abertura do Canal se concretizou.

 A saída do Túnel.

Escreveu o Barão de Forrester que o Cachão da Baleira (era assim que se escrevia antigamente), era o sítio mais romântico e importante do Rio Douro. Digo eu, que é impressionante visto cá de baixo. Também já o vi lá de cima e a sensação é a mesma. Mas isso não é para aqui chamado agora.

Suspirando como que com um certo aliviar da alma, preparámo-nos mas agora para atravessar o Rio para a outra margem. Estamos em Ferradosa, regressam os Xistos.
A primitiva Ponte foi inaugurada em 10 de Janeiro de 1887. A actual foi concluída em 1980 e optaram pela sua construção devido à subida do nível das águas da Barragem da Valeira.
Por qualquer motivo, nem eu nem os amigos registamos a travessia do Rio pela nova ponte com 375 metros. E esta hemmm!!!

Chegamos sãos e salvos ao outro lado. É Vargelas e estamos no Km. 153,133. Esta parte do troço abriu em 10 de Janeiro de 1887.

Aproximamo-nos da Estação do Vesúvio, mas é a Quinta lendária que tentamos encontrar. Só a descobrimos no regresso que não tem mal nenhum para o caso. Vai na sequência.

Aqui está a Quinta do Vesúvio. Um pormenor da casa, claro. A propriedade nas nossas costas estende-se por 325 hectares de uma intrincada topografia de 7 colinas e 30 vales que vão de 130 a 530 metros de altitude em apenas um quilómetro. Presumo que está alterada desde os tempos de Forrester, mas devemos deixar a escrita dele romancear:.. Mas a Quinta das Quintas, uma das maravilhas do Mundo, outrora parte de uma cordilheira de montanhas incultas, agora servindo de monumento do quanto podem vencer a inteligência, preserverança, e o génio empreendedor do Homem, é o Vesúvio ou Quinta das Figueirinhas. É quási inacessível por terra, excepto a cavalo, pela falta de estradas. Mas quem a visitar pelos caminhos actuais depois de terem andado umas poucas de horas em um deserto, entra no que bem se pode chamar paraíso. Escrito tal qual na sua Carta 9.

Adquirida em 1823 por António Bernardo Ferreira que mandou construir centenas de terraços e plantar milhares de vinhas. Demorou 13 anos a concluir a obra. Quer Porto, quer Douro, ninguém tinha melhores vinhos, escreveu em 1827. Após a sua morte herdou-a o filho António Bernardo II, que havia casado com  D. António Ferreira. Falecido este 10 anos após, ficou a Quinta nas mãos da Viúva. Foi daqui que partiram no dia do naufrágio em 12 de Maio de 1861.
Descobri nas minhas pesquisas que a Palmeira em frente da casa existe desde sempre...
Desde 1989 que a Quinta pertence à família Symington. E tanto quanto me apercebo só produzem Vintages.
  
Longe da freguesia, talvez uns 15 km., Freixo de Numão é um sítio antiquíssimo, provàvelmente até anterior à idade do cobre. Presume-se que lá viveram os Lusitanos.O Castelo de Numão é imponente. Deve merecer uma visita mas a nossa já conhecida Câmara Municipal de Foz Coa não nos dá uma ligação (?) após a saída do comboio.
  
Aproximámo-nos do Pocinho, o fim da viagem. A paisagem torna-se diferente.

O lago que é o Rio reflecte uma espécie de nudez dos Montes, aqui com outro aspecto paisagístico.  
A Quinta do Vale Meão, andará por aqui. D. Antónia Ferreira, adquiriu em hasta pública, um terreno de 300 hectares, virgem, e levou a cabo um projecto de exploração modelo entre 1887 e 1895. Pouco gozou dele pois morreu um ano depois. Presumo que a Quinta continua em poder de familiares.

Finalmente o Pocinho, no km 171,522 da Linha do Douro. E quási 3,30 horas de viagem, nada mal passadas. Muitos visitantes apeados do comboio, provàvelmente uma excursão organizada pois tinham autocarros à espera. Porque oficialmente não há meio de transporte que ligue a Foz Coa, sede do concelho, pelo menos a horas de chegadas e partidas. É a informação que obtivemos.

Bem comidos e pouco bebidos, para a posteridade fica a imagem dos companheiros de viagem à porta do Miradouro da D. Albertina, a 100 metros da estação mais ou menos, no sentido da Barragem.  

Um pequeno passeio para ver o Lugar.

Parte da rapaziada juntou-se no marcador do Km.172. Por aqui passava o comboio até Barca d'Alva para completar os 200 km até à ligação a Espanha. Esta ligação foi financiada por uma sociedade bancária da Praça do Porto. O célebre Sindicato Portuense.

Hoje restam silvados ao longo dos carris e algumas amoras ainda mal amadurecidas.

A primitiva ponte rodo-ferroviária construída no princípio do séc. XX para transportar a Linha do Sabor até Duas Igrejas-Miranda do Douro. Embora começada a planear em 1877, o primeiro troço entre Pocinho e Carviçais só ficou concluído em 1911 e a chegada a Duas Igrejas deu-se em 1938.
Estás encerrada tanto ao transito pedonal como rodoviário. A linha fechou em 1988 e a Ponte a cair.

A ponte que liga a Beira a Trás-os-Montes é a da barragem do Pocinho.

 O Lago da Barragem. Esta é a primeira no Douro Nacional e foi inaugurada em 1982.

E por aqui segue o que resta dos trilhos da linha sem destino.
Até Barca d'Alva, ao Km 200,01 da antiga Linha Internacional do Douro.

Informação sem informação

Resta-nos regressar e guardar a recordação das belezas naturais. Como diria o Eça, pela voz do Jacinto dirigindo-se ao Zé Fernandes: O Douro, hem ? É interessante, tem grandeza. Mas agora é que estou com uma fome... Não era o nosso caso, mas a grandeza continua.

Do outro lado a Foz do Rio Sabor. Também ele com uma barragem projectada. E lá se vai ou irá, o último rio selvagem de Portugal. Não sei se para o bem ou para o mal. 
Será aqui parte da Quinta do Monte Meão ?

Os Montes fundem-se no Rio

A Quinta do Vesúvio passa-nos a correr.

Outra hora, outras cores, outras imagens

Sala dos comandos 

De novo na Régua e a Senhora dos famosos Rebuçados à nossa espera.
Faltam pouco menos de 2 horas para a chegada ao Porto.

Aproveitando o tempo de paragem na Régua, um último cliché.

Já estamos no Douro Litoral 

A viagem vale bem a pena. E ser da Terceira Idade tem as suas vantagens.

Poderia reproduzir imagens do ferro velho espalhado em algumas estações. Carruagens de passageiros e de mercadorias, máquinas, material das vias.etc. Não o faço porque só quero deixar uma recordação linda aos meus amigos do que vi e senti. Mas faço um apelo à CP ou à Refer, não sei quem manda nessas coisas, para tentar aproveitar o material como imagens de outrora, inseridas na paisagem.

Para além das páginas (sites) citadas, consultei outras Fontes: A Gazeta dos Comboios, A História da Linha Férrea do Douro, as das Quintas, as dos Concelhos e Juntas de Freguesia, as Histórias de D. Antónia, a Ferreirinha, e do Barão de Forrester. E uns tantos livros sobre o Douro que ao longo dos anos me foram ofertados.

Será muita presunção minha querer dedicar esta reportagem a uma pessoa muito especial. Mas lá vai. Ao Senhor Professor Altino Moreira Cardoso, Reguense de Loureiro. Para além de me meter mais bichinhos sobre o Douro, teve a amabilidade de me oferecer três das suas obras, que são um prazer folhear.

Ao correr da pena, mando um abraço aos amigos que me acompanham nestas aventuras. Com eles é tudo mais fácil.

Deixo uma última imagem já reproduzida anteriormente mas que nunca canso de ler:

Um apelo: Refer, CP, Governos, não acabem com os comboios. Sem eles não há progresso, conhecimento, economia, prazer. E mandem limpar as carruagens de vez em quando.