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domingo, 2 de agosto de 2015

223 - O ciclismo e uma lágrima ao canto do olho

Por ordem de preferências atlético-desportivas de quando era menino, à frente do futebol, do andebol, do hóquei em patins, esta foi a ordem de trás-para-a-frente, o ciclismo era a minha modalidade preferida.
Peso da Régua
Li sobre as rivalidades de outrora entre Nicolau-Trindade, coisa mais de clubes Sporting-Benfica o que para o Norte parece não ter representado grande coisa. Mas o ciclismo começou para mim com os mitos Alves Barbosa-Ribeiro da Silva, representantes de clubes pobres, como foram o Sangalhos e o Académico do Porto.  
Santa Marta de Penaguião
Li há dias no JN uma crónica sobre a volta a Portugal e a sua chegada a Vila Real nos anos 50 e 60 pelo embaixador Seixas da Costa ( http://www.jn.pt/opiniao/default.aspx?content_id=4708575 ) que é uma espécie de visão de como eu imaginava as maravilhas dos Reis da Estrada, para além das espreitadelas que dava para ver os homens em carne e osso, principalmente os do Porto no Café Excelsior. O meu pai rememorava o Café dos Ciclistas pois as lembranças são poucas.
Entre Santa Marta de Penaguião e Vila Real
Depois apareceram outros mitos ciclistas portugueses que acompanharam o meu crescimento como Emídio Pinto, Américo Raposo, Artur Coelho, Sousa Cardoso, Jorge Corvo, Lima Fernandes, Henrique Castro, António Baptista, Alberto Carvalho, aliados já nessa altura aos estrangeiros Bahamontes, Anquetil, Van Looy, Bobet, que vi actuar em exibições ciclistas na Pista do Estádio do Lima, local de muitas chegadas e finais de voltas.
Aproximação a Vila Real
 Na minha fase de adulto-velho apareceram o Peixoto Alves, o José Pacheco, o Marco Chagas e o maior de todos o saudoso Joaquim Agostinho.
Porquê o relembrar destas coisas do ciclismo ?
Vila Real
Porque agora para além de apreciar o esforço de alguns ciclistas, que só de olhar pela TV me cansa, vislumbro imagens de sítios por onde nunca andei e outros que tenho bem frescos na memória.
A Caminho da Barragem do Alvão
Nunca me canso de dizer-escrever que o meu Portugal tem locais deslumbrantes dignos de serem vistos e apreciados. Sei que muitos portugueses tecem imensos louvores ao que há lá por fora e não o contradigo. Mas creio que a maioria nunca olhou para nós cá dentro.
Barragem do Alvão
Não é por ser nortenho, mas tem o norte maravilhas únicas e não me refiro apenas às paisagens. Sou um especial admirador da Região Transmontana-Duriense que em tempos muito calcorreei (bem como quase todas as regiões de Portugal) mas nunca admirei devidamente por falta de poder descansar o olhar.
Fisgas do Ermêlo
Ora hoje os ciclistas vieram lá da Beira e atravessaram o Douro na Régua para acabar no Monte da Senhora da Graça.
A caminho de Mondim de Basto. O Monte da Senhora da Graça recortado no fundo
 Eles não tiveram oportunidade de olhar o que os rodeava, mas eu fui matando saudades pelo que ia vendo através da TV, refastelado e acompanhado pelo D. Helena, aquele brandy maravilhoso que o Luís Bateira há pouco me ofereceu.

Foto acabada de roubar na net. Ao fundo a Senhora da Graça
 O templo no alto do Monte da Senhora da Graça, um dos Caminhos de Santiago, foi há dias local de rememorar tempos idos com uma peregrinação das gentes de Mondim de Basto e não só.
Foi final da etapa.
 Não sei que montanhas vemos em redor. Mas sei que estão unidas umas às outras: Peneda, Gerês, Soajo, Amarela, Larouco, Barroso, Marão, sei lá. A minha memória já não me deixa debitar todas nem a ordem porque vinham nos livros de Geografia da minha-nossa infância.
 Para o caso não interessa nada. Portugal a Norte-Noroeste é isto.
 Viva o ciclismo e o meu amigo Fernando Súcio que me tem proporcionado viagens maravilhosas pelo Reino Encantando, como escreveu Miguel Torga.
As fotos seguiram o itinerário que os ciclistas da Volta a Portugal fizeram hoje. Desde que atravessaram o Douro, vindos dos lados de Lamego.
As últimas são uma pequenina parte do que podemos apreciar do alto da Senhora da Graça.

Agora vai uma loirinha porque estou com muita, muita sede. E cansado.