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quarta-feira, 2 de junho de 2010

19 - A Rua das Flores na Cidade do Porto

Foi mandada abrir pelo rei D. Manuel I em 1518. Liga o Largo de S. Domingos à Praça Almeida Garrett, junto à Estação de S. Bento. Naquele tempo, ia dar à Porta de Carros, aberta nas Muralhas Fernandinas e entrada (ou saída) da Cidade. No mesmo ano, o rei mandou construir o Mosteiro - ou Convento - de São Bento de Avé Maria, no local onde está a Estação de S. Bento. Início da Rua, onde ainda se podem ver vestígios de construções dessa época bem como alguns palacetes, uns em decadência, outros recuperados. O aglomerado urbanístico vai do séc. XVI ao séc. XVIII, onde existiam as hortas do Bispo. Foi calcetada em 1542.
No início da Rua, à esquerda, encontramos a Igreja da Misericórdia, construída em 1559 mas em Abril de 1621 uma tempestade destruiu a fachada. Foi votada ao abandono até que 1750 Nasoni construiu a bela fachada que hoje podemos desfrutar.
Em frente da Igreja, encontramos um dos palacetes restaurados.Pegado à Igreja está situado o palacete da Santa Casa da Misericórdia, que alberga um museu. Só conheci o pátio interior, motivo para outros temas. Encostado, está há anos, um dos palacetes em ruínas que embora com o cartaz de obras visível, não ata nem desata. Li num blogue da especialidade que será no futuro mais um Hotel.
Do outro lado da rua, um pouco acima, outro palacete em ruínas, com o cartaz das obras bem visível. Confransgedor.
Fazendo esquina com a Rua do Ferraz, outro palacete, não em ruínas mas muito sujo. Alberga um organismo da Fundação da Juventude - mais um entre tantos na cidade - onde não encontrei ninguém. Talvez os Jovens que o utilizem fossem os que estavam na esquina. Pesquisando no espaço da F.J. lamentavelmente nem uma referência histórica a este espaço. É para Jovens e pronto, como diz o meu amigo David.
Um aspecto do Pátio interior. Este palacete conhecido pela Casa da Companhia, foi arrendado e posteriormente comprado a um particular para ser instalada a Real Companhia Geral da Agricultura, (foi assim que li num blogue turístico com fotos de 360º), mas correctamente deve ser chamada Real Companhia Velha, Companhia Geral da Agricultura das Vinhas do Alto Douro, decretada pelo Marquês de Pombal em 1756. Ainda existente. Edifício do séc. XVI/XVII. A história da primeira região demarcada de Vinho do Mundo, não é para aqui chamada.
No edifício nº 28,totalmente recuperado e mais um de entre os belos edifícios desta Rua, regalamos o olhar na Livraria/Alfarrabista Chaminé da Mota, com os seus 4 andares repletos de preciosidades.
Outro regalo para a vista, mais abaixo, numa mercearia tradicional.
Várias marcas em pedra ainda se vêem em alguns edifícios. Talvez tenham a ver com a antiga marcação das pertenças do Bispo e do Cabido. Mas este brasão descobri-o juntinho a um cano de águas (pluviais ?) bem a condizer.
Foi considerada a rua mais rica da Cidade. Existiam imensos ourives e comerciantes de ouro e jóias do lado esquerdo. Do lado direito eram os grandes armazéns de panos. Onde as raparigas casadoiras vinham comprar os enxovais e o ouro que ostentavam nas famosas feiras e romarias de Entre-Douro e Minho. Hoje tanto uns como outros poucos são. Mas as Feiras e Romarias estarão ainda para durar ?
É também esta Rua famosa pelas suas varandas em ferro, uma arte e uma matéria prima que foram muito populares na Cidade. Exemplos como o Mercado Ferreira Borges e o Palácio de Cristal, que um estúpido presidente da Câmara do Porto mandou destruir para implantar o triste cogumelo, em meados do séc. XX, nos Jardins do Palácio de Cristal. Mas o nome ninguém o destroi.
Mas têm de haver contradições aberrantes, mesmo em edifícios recuperados. E ninguém vê. Onde está o PortoVivo ?
Não acredito que este edifício branco fosse assim originalmente. É um estabelecimento de ourives, contrastando feiamente com o conjunto urbanístico, embora o edifício a seguir esteja entaipado. Acho que é moda na Cidade. Não se reforma, entaipa-se. Isso sou eu a dizer. E quem terá autorizado aquelas águas-furtadas ? Mas que fazer ?
Um correr bonito.
Pormenores urbanísticos, na esquina com os Caldeireiros. Do outro lado está Mouzinho da Silveira. Em frente situava-se o primeiro Hospital da Misericórdia, fundado no séc. XVII, com entrada pela Rua dos Caldeireiros. Tema para futura estória.
Uma foto do séc. XIX. O Convento de S. Bento ainda estava em pé na totalidade.
Quási do mesmo local da foto anterior. Ao fundo a Estação de S. Bento
Aqui acaba a velha Rua das Flores, na Praça de Almeida Garrett.
Na Praça de Almeida Garrett, a confluência das Ruas das Flores, à direita, Mouzinho da Silveira ao centro e o início da antiga Avenida da Ponte (cujo nome actual será de D. Afonso Henriques depois de ter sido de Vímara Peres ?) que nos leva até à Sé.
Não podia deixar de haver nesta rua um caso ocorrido no séc. XIX, que foi seguido por todo o País e ainda hoje se mantém duvidoso.
http://dererummundi.blogspot.com/2008/05/o-caso-urbino-de-freitas.html
Porque não li e também não vejo referencias conclusivas se o Eça de Queiróz se inspirou nesta Rua para o seu livro "A Tragédia da Rua das Flores". Se alguém souber, "chute" para aí o comentário.
E pronto, é mais um percurso que recomendo, com coisas boas e más, mas mesmo assim dignas de se sentir a história.