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quarta-feira, 1 de setembro de 2010

38 - A Capela dos Alfaiates

A Capela dos Alfaiates está localizada desde 1953 entre as Ruas do Sol e a de S. Luís, junto ao Recolhimento da Porta do Sol, actual Universidade Moderna, depois de ter sido apeada em 1936 do seu local primitivo, o largo fronteiro à Sé. Mas ainda antes da sua construção, a veneração da Senhora de Agosto era feita nos chamados Celeiros do Cabido A sua história remonta a meados do séc. XVI, que veremos mais à frente. Copiada. Também conhecida por Capela de Nª Senhora de Agosto, é Monumento Nacional, reconhecido pelo IPA com o nº PT011312140015, Protecção MN, Dec. nº 14 425, DG 228 de 15 Outubro 1927. Sobre este pequeno pormenor, a Câmara Municipal do Porto, nada refere.
A sua história é descrita nas páginas monumentos.pt da IHRU como segue: 1554 / 1555 - Início da construção da Capela no Bairro da Sé, pela irmandade dos Alfaiates, em casas doadas pelo bispo D. Rodrigo Pinheiro; 1559 - ainda não estava concluída; a Irmandade tinha como patrono Santo Homem Bom (nome errado, digo eu, pois na base da imagem está escrito Santo Bom Homem); 1932 - a Associação dos Alfaiates Portuenses oferece ao Estado a venda do recheio da Capela; 1934 - a C. M. pretende urbanizar o Largo fronteiro à Sé pelo que propõe a sua reconstrução num outro local; 1936 - apeamento completo da Capela pela DGEMN; 1940 - as obras são suspensas pelo Governo; 1949 - a Câmara oferece-se para efectuar a reconstrução da Capela no actual local; 1951 - projecto de reconstrução da capela apresentado pelos Serviços de Obras Municipais e Habitações Populares da C. M. do Porto ( exigência da DGEMN ); 1953 - reedificação da capela no actual local.

Mesmo sendo Monumento Nacional desde 1927 o Estado acabou por se desinteressar do pobrezinho.

O portal é rematado por um nicho com decoração flamenga, desenhado por Manuel Luís, em que se abriga uma imagem de barro de Nossa Senhora de Agosto.
A abóbada elevada sobre o espaço quadrado da nave é de cruzaria tardo-gótica, mostrando já motivos ornamentais maneiristas.
O retábulo da capela-mor, também maneirista, divide-se em oito painéis que representam cenas da vida da Virgem e, iconograficamente, respeitam as prescrições do Concílio de Trento, divulgadas em Portugal, sobretudo a partir de 1580. As pinturas são atribuídas, entre outros, a Francisco Correia tendo sido executadas provavelmente entre 1590 e 1600. Foram restauradas por Abel de Moura após a sua nova localização.
Pormenor do Frontal do Retábulo.
Imagem calcária de Nossa Senhora de Agosto, que já se venerava antes da construção da primitiva capela.
Imagem em madeira do Senhor Bom Homem também do séc. XVI.
Pormenor do Sacrário
Para um leigo como eu, não imagina o que representa esta Capela em termos estilísticos. No entanto foi (ou ainda é, penso eu) muito importante pois é um exemplar único no Norte do País, ente os tardo-gótico e as ideias maneiristas de inspiração flamenga.
Uma boa notícia para quem quizer visitar. Está aberta de tarde - não sei se ao domingo também - e uma senhora muito simpática, presta-nos todas as informações.