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quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

107 - Loas ao nosso Presidente Rui Rio

O que vai colado em baixo, retirei-o do site da Câmara Municipal do Porto, o seu pasquim oficial, aquando da inauguração do novo hotel na Praça da Batalha, nas antigas instalações do Café e Cinema Águia D'Ouro. Por casualidade...
   No mesmo dia em que assinalou dez anos da sua primeira eleição como Presidente da Câmara do Porto, Rui Rio recordou duas das principais prioridades, desde 2001: Coesão Social e Reabilitação. "Hoje [sexta-feira] consegue-se juntar dois aspectos verdadeiramente estruturantes destas políticas. Da parte da manhã assistimos à demolição de um dos bairros mais problemáticos da cidade [o do Aleixo] e agora estamos na inauguração de uma unidade hoteleira num dos edifícios mais emblemáticos da cidade", sublinhou.


Sem dúvida que a Praça ficou mais composta, que não bonitinha. A Fonte bem lá no largo serve para tudo menos o fim a que se deveria destinar. Mais valia deitá-la abaixo e esquecermos a história.
E o Cinema Batalha deverá contribuir visualmente para os hóspedes do Hotel se sentirem no terceiro mundo.
Ao correr da pena, um pedido ao sr Presidente: Será que nos poderia explicar o porquê da situação deste Edifício depois dos milhões que lá se gastaram há meia dúzia de anos e o acordo com a ex-senhora Presidente da Associação dos Comerciantes. A população agradecia e talvez até os turistas.
Na dita cerimónia poderia ter lembrado algumas de outras jóias da coroa que foram vendidas, não sei se por bom ou mau preço, não sou presidente, e requalificadas. O Palácio das Cardosas e o do Palácio do Freixo - bem como as instalações que seriam para o tão propagado Museu da Industria -, Foi pena e uma falha de memória. Tudo para Hotéis. Foi só dinheiro em caixa.
Claro que o Aleixo é ainda uma dor de cabeça para o sr. presidente. Foi uma Torre à vida, mas ainda faltam quatro.
Bem pode tentar explicar o Sr. Presidente que é para acabar com a degradação. Incluirá o mercado da droga ? Neste caso está demonstrado que não funciona a ideia. O Bairro S. João de Deus acabou mas os Bairros que estavam alí mais à mão, degradaram-se. Incluindo os mercados da droga, que foram juntos com a população. O de S. Roque é um exemplo gritante, bem como o do Cerco. Será que o sr Presidente andou por lá pelo menos nestes últimos dois anos ? As suas palavras deixaram dúvidas, pois eu lembro-me bem como eram alguns bairros da Cidade e é vê-los agora.
Entretanto, vai aqui existir um condomínio de luxo. Já ouvi e li isto muitas vezes. Mas também já se espalhou o boato por aí que quem comprou (?) os ditos terrenos foi uma empresa ligada a uma figura sinistra que está em maus lençóis com a Justiça. Como eu gosto muito de si, sr Presidente e me recordo ainda dos velhos tempos da tropa para não dar ouvidos aos boatos, seria melhor, penso eu de que ..., vir à Praça explicar, como deve ser a história dos terrenos e do condomínio com vista para o Rio. Não no JN que arranjava logo complicações... Se o Comércio do Porto ainda existir, pode servir.
Disse ainda, sr Presidente, segundo o pasquim do site camarário e passo a citar:  Quem se lembra dos bairros ou do que era a Baixa em 2001 e olha para o que foi feito até hoje, a diferença é gigantesca. E mais à frente, a Baixa não tinha viva alma à noite.
Sobre os bairros, chamados sociais, estamos falados. Os chamados Bairros Históricas é fruta para outra taça. Mas já lá iremos. Quanto às vivas almas, principalmente as nocturnas, será que o sr Presidente tem passeado pela Baixa ? Onde vê vivas almas se é que passeia?  Excluindo a época turística, que este ano foi extraordinária, a Ribeira ainda se compõe. Uma Cidade lindíssima, (que perdeu 10% dos seus habitantes,entre censos e o último é de 2010, sendo a capital de distrito que mais baixou populacionalmente), mas não tem motivação para a população andar pelas ruas. A excepção foi quando no Rivoli trabalhava o La Féria. Esse sim, trazia todas as noites mais de 1.000 vivas almas, pelo menos antes e depois do espectáculo. Presumo que foi uma das melhores atitudes que o sr Presidente tomou.
Uma cidade sem cinemas, sem teatro chamativo, quási sem bares decentes, com a Casa da Música  no "limite" da Cidade, onde a maioria dos cafés fecha antes das 20 horas, os estabelecimentos de painéis corridos por causa da ladroagem, como pode haver noite ? Será o pessoal que abanca nos assentos dos dois centros comerciais da baixa, ou na porcaria do Mac Donalds, no belíssimo edifício do Imperial, que fazem a noite da Baixa ? Ou serão os muitos bêbados e drogados da zona dos Clérigos, que deixam lixo e garrafas partidas e mijo por todos os cantos além do barulho próprio dos incivilizados que fazem a "movida do Porto" ? (Eu escrevo Muitos e não Todos).
Para estes, agora vai haver o "Gato", o autocarro que os vai buscar aos campus universitários e os vai levar de regresso. Claro que para estas coisas a nossa bem gerida STCP está logo à disposição ainda por cima com o apoio da nossa Cervejeira. E dentro do autocarro há música e autorização para beber alcool. Será que vai ter DJ, Barman e Equipe Médica ?
Falou ainda o nosso querido Presidente Rui Rio nos tempos dos buracos em Filipa de Lencastre e na Zona do Hospital de Santo António. Esqueceu-se de dizer que haveria de começar mais obras na Rua de Ceuta que nunca mais acabavam (já esqueceu quantos buracos e por quantas vezes se abriram na sua legislatura ?) E que no Hospital Santo António se estava a construir o novo edifício das urgências ? Por falar nisso, que foi feita da arqueologia que existiu por aqui ? Ficou soterrada ?
Mas há muitos edifícios ainda por vender. Por exemplo, o Palácio de S. João Novo. (Onde pára o acervo do antigo Museu de Etnografia da Região que esteve no Palácio ?).
Reabilitaram-se algumas casas de Mouzinho da Silveira/Corpo da Guarda. Chamaram-se habitantes para elas ? Estão todas desabitadas, pois o seu preço é tão elevado que mais parecem moradias de luxo. Mais reabilitação está à espera, há anos. As placas assim o informam. Mas uma coisa que chama a atenção é a placa de limite de velocidade na esquina do Largo do Outeirinho e a Rua da Reboleira. Pregada num edifício dos mais antigos da Cidade, devidamente referenciado. Em frente, a Casa Gótica está a cair. Numa rua onde o pouco trânsito automóvel se faz a menos de 40, era precisa esta placa ? Se pelo menos ajudasse a reconhecer a casa, vá que não vá. Assim é dinheiro ao rio.
No Codeçal e Verdades há casas a cair por todos os lados. O velho aqueduto das águas ainda foi seguro com cimento. Não tem estética nenhuma, mas pelo menos não deve cair nestes dias mais próximos. Vi um projecto para este Bairro, que deve ter custado uma fortuna só para estar no papel e na net.
Mais reabilitação para fazer no edifício que já foi dos STCP e de um Colégio. Para ali está a cair aos bocados, mesmo na ligação ao mar do belo Parque Ocidental. Também com placa de obra. Ontem por casualidade passei próximo e já vi uma cercadura. Não sei se para iniciar as obras se apenas para que não hajam intrusos e mais lixo do que tinha.
Sugestões não faltam para reabilitar, ou vender. Todo o conjunto do antigo Convento de Monchique; os Palacetes no Largo Moinho de Vento, nas Ruas das Flores e Mouzinho da Silveira. Casas na Rua do Almada são tantas que até doi só de não se perceber porque não se tomam atitudes.
Nas fotos, as casas onde viveu Camilo, à esquerda e Silva Porto, à direita.
Nos Bairros históricos, embora muito se tenha feito mas não nos consulados do sr. Presidente, continuam a haver ruínas em todos eles. E o pior, as habitações recuperadas são de aluguer tão elevado que ou os seus antigos habitantes, na maioria pessoas idosas, pura e simplesmente não regressaram ou ninguém aparece para as usar. Disse-me há pouco tempo uma jovem no Barredo que o bairro está deserto.
Olhando da Alfandega para Miragaia sente-se um dó de alma. Degradação, letreiros de Vende-se por todos os lados.
Os Caminhos do Romântico ficaram esquecidos. Será que haverá alguns portuenses e turistas que os conheçam e se passeiem por aqui ? Foi uma das obras que deveria ter sido feita para o Porto 2001, Capital Europeia da Cultura. Onde foi parar o dinheiro ? Há placas ainda espalhadas a dizer Financiado pela União Europeia. Li há dias a mentora do projecto dizer que nem um terço está feito. 10 anos, sr. Presidente. Só há sua conta, claro.
A Rua de D. Pedro V tem há anos um tapume com mais de 100 metros para as costas do matagal em que está transformado o terreno anexo à Rua dos Moinhos
Fez-se um bonito arranjo e recuperou-se a zona da Viela do Anjo. Formou-se um Largo a que deram o nome do grande Duque da Ribeira. Que não merecia o mercado da droga em que está transformado nem a selvajaria que por lá se vê. A foto tem cerca de 5 anos. Hoje nem seria aconselhável fotografá-lo. Pelo menos passa-se sem sobressaltos para Mouzinho da Silveira. Até ver, pelo menos.
Mas para o sr Presidente falar em reabilitação é fácil. E as obras? Não as vejo. Vaidade sem par apenas e logo na inauguração de um hotel num edifício que segundo diz esteve 20 anos abandonado - no seu mandato esteve 10, sr Presidente, esqueceu ? A baixa também está a cair, a começar logo pelo edifício onde esteve a sede de Campanha de um candidato a Presidente da República. Na Avenida dos Aliados. Santa Catarina, Fernandes Tomás, Formosa, cujos exemplos mais flagrantes são os edifícios onde estiveram os Armazéns da Lã Maria e o do Banco do Brasil.
Mas se nem sequer os serviços camarários foram capazes de "limpar" a estátua de O Rapto de Gamínedes, que foi trazida do Jardim da Praça da República onde esteve dezenas de anos, para a Cordoaria; como pode uma cidade zelar pelos habitantes, que fogem dela, pelo património que está a cair, que nem a sua beleza natural valoriza. Pois se são os próprios responsáveis que ajudam a destrui-la, a começar pelo seu coração: a que foi a nossa Sala de Visitas, o conjunto Avenida dos Aliados - Praça da Liberdade.   
Pelo menos, nas ruínas do que foi o Mercado do Anjo e depois Praça de Lisboa, já se vê alguma coisa. Não sei o que sairá dali. Mas se alguém souber que não diga, logo veremos a surpresa.
Portanto nem tudo é mau, sr Presidente. E desejo que continue a gozar com as suas corridinhas de calhambeques F1 lá para a Boavista, pois isso trás muita honra, glória, turistas e dinheiro. Pelo menos assim o afirma. Não sei se alguém concorda consigo, mas sempre lhe enche o ego, recordando, agora que está a ficar mais p'ra lá do que p'ra cá (autárquicamente falando, claro) os seus tempos de plaiboy.
Com crise ou sem ela, desejo Um Bom Ano a todos. Principalmente à Câmara Municipal do Porto na pessoa do seu Presidente, Senhor Doutor Rui Rio. De quem gosto muito. Salvé, Rei.


domingo, 25 de dezembro de 2011

106 - 21.12, um dia em grande

Para mim, ter nesta época conversas em dia é difícil. Os compromissos sociais surgem de repente e a alguns não posso (nem devo) fugir. E a minha velha máxima de Um dia de cada vez, hoje é o futuro amanhã logo se verá, está sempre actualizada.
Na agenda estava programada a despedida dos 65 do Bando, para a noite. Para o almoço pensava ir até Matosinhos à Tabanca. Mas um telefonema intimativo, fez-me deslocar para Terras por detrás do Sol-Nascente, ainda por cima por uma rota mal alinhavada. Coisas que se desculpam só a Régulos.
Não foi pelo menu apresentado à la Telephone que abdiquei de uma coisa para seguir outra. Isso para mim - o menu - é o que menos conta. (Exclui-se o cozido, francamente, não vou lá muito nele. Desculpa lá ó meu querido Presidente).
Depois de umas dezenas de quilómetros (será que esta ortografia é correcta ?), percorridos num belo e limpo machibombo, cujo motorista teve a amabilidade de abrir a porta para eu descer antes do destino, - vê-se logo que não é funcionário de uma empresa estatal ou municipal - só porque vi os dois compadres de Penafiel a quási ultrapassarem a fronteira, sem se darem conta do perigo que corriam.
Salvos a tempo, inverteram a marcha e seguiram-me até ao abrigo onde a companhia se deveria reunir. Lá estavam companheiros de outras guerras, do velho Paço dos Fados, desenfiados por momentos, porque era dia de trabalho.   
Para além dos aperitivos habituais nestas coisas de comidinhas, esperava-nos um leitão apetitoso. Claro que o vinho só poderia ser o Pedro Milhanos do nosso querido Zé Manel Vinhateiro. Que infelizmente não estava nos seus dias.
A mesa estava bonita, mas o Carmelita quis fazer uma demonstração de como se fotografa, fotografando.
Ora fotografando, foi nem mais nem menos do que a nossa gentil hospedeira, que permitiu a sua foto registada pela máquina do Carmelita.
Um abusador este Peixoto, que não se limitou a uma simples salada de frutas. Tudo em grande para o nosso amigo.
Os dois compadres, já refeitos do susto e com a barriguinha cheia, apanham o belo Sol de Inverno.
O Mano Carvalho Velho pensa do Silva: Será que está, que vai, que fica...deixa p'ra lá...
A rapaziada pôsando, para mais tarde recordar.

E logo começa o mercado paralelo. Mas que não é não senhores. É (Foi) a gentileza do Zé Manel a ofertar umas tantas garrafinhas. Pessoalmente agradeço a sua generosa prenda de anos, pois ele sabe bem como gosto daquela bagaceira. Coisa única. Já bebi uns tragos à tua saúde, Zé.
O Cancela que não capina sentado, logo andou a ofertar as suas abóboras. Quanto a mim, se elas vierem transformadas em belos docinhos, ainda lá vou...
Porque o dia de trabalho do Carvalho ainda não tinha acabado, fomos acompanhá-lo até à Sede do Regulado de Medas. Meia hora de seca, mas ainda a tempo para lhe fazer a foto da futura campanha. Todos aqueles papeis já lá estavam. E o dicionário também, que deve ser um Porto Editora com mais de 45 anos. Tudo na imagem é natural e instantâneo.
Estes rapazes apanham-me sempre desprevenidos, porque a seguir a Festa continuou na Casa do Senhor Régulo.
Que por sinal tens uns animais domésticos com certos tiques. Cála-te boca, que nem sou de cá...
Depois de uns quatro miausinhos, vem de lá o "cãozão-chefão", que faz umas acrobacias dignas dos maiores artistas de circo. A única pose possível do actor, depois de ter estragado aí umas 10 chapas.
Em exibição no outro pedaço, estavam estas belezas, cujo chefe mantém em respeito. Chefe é Chefe e o harém obedeça.
Notem como o guardião do templo segue a rapaziada e mantém um olhar intimidatório que assusta o mais afoito.
Mas é neste cantinho que me dou bem.

Guardada à minha espera está sempre uma bagaceira de 5 estalos. E a máxima do Carvalho é: não perguntes nada...
Por cima da lareira, uns belos salpicões esperam a sua hora.
O fogo da lareira é reactivado, prometendo surpresas.
Nos entretantos, sai uma suecada.
Os compadres de Penafiel julgavam-se os maiores. Até eu e o Carmelita entrarmos. Mas fui logo avisando. E mai'nada...

Um pôr do Sol é sempre uma beleza, mesmo com o Cancela pelo meio. Ou por isso mesmo...Um sol refletindo noutro...Lindo, digo eu.

Pena o Zé Manel estar em baixo. Não tocou nos camarões, nem no salpicão, nem nas alheiras. Mas quem tem amigos não morre na Cadeia e logo o Carvalho lhe preparou uma mixórdia, que o deixou chegar a casa em melhores condições. Assim me disseste e eu acredito, nosso caro poeta.
Uma foto do camarada Silva, antes do Carmelita me levar para outras bandas, onde outros bandalhos me esperavam.
Assim se demonstra como um simples telefonema pode mudar um projecto em menos de 2 horas.
Só para finalizar, uma das várias e lindas peças de artesanato que enfeitam a sala da
Junta de Medas.
Merece destaque e aplausos.

 

terça-feira, 29 de novembro de 2011

105 - Um dia com azia qualquer um tem

Exma Senhora Directora
da Fundação...

Fiquei surpreso quando V. Exª me acusou de desvendar para o exterior (entendi, creio, o mundo global da internet.) as obras que estão expostas na Fundação.

Na altura da minha visita, expliquei o que faço em favor da minha Cidade, tentando dá-la a conhecer ao Mundo. Nunca com fins comerciais. Ofereci sempre as minhas possibilidades fotográficas às Juntas de Freguesia e outros organismos, mas até hoje nenhum (nenhuma) se interessou. Como escrevi, sem quaisquer outros interesses que não sejam os da divulgação da minha Cidade.

Vou caminhando sózinho, lendo aqui e acolá o que consigo, mas como Portuense, aliado ao prazer de fotografar e bisbilhotar, acho-me no dever de divulgar o que temos de bom. De mau também, mas isso são outras crónicas.

V. Exªa disse-me que escrevi um erro grave sobre a proprietária do edifício. Teria escrito que era da Câmara. Acontece que verifiquei os meus escritos e não vejo qualquer referência a esta afirmação.

No entanto, devo dizer, que basta ler numa edição da Câmara sobre o Património da Freguesia da ... o seguinte:

Casa dos ....


... séc. XVII-XVIII /1978 / Pedro Ramalho, arqº (reabilitação)


Casa nobre típica do Porto, do período barroco, apresenta linhas contidas, nobilitadas no eixo central com o portal e brazão-de-armas (esquartelado: I Coutinho, II Pereira, III Andrade, IV Bandeira). É provàvel que na origem tenha estado o arcediago Luís Magalhães da Costa, instituidor do Morgado de Oliveira do Douro e avô materno de António Mateus Freire de Andrade Coutinho Bandeira, Fidalgo da Casa Real e membro da Junta do Governo do Reino (1808). A Casa manteve-se na sua descendência, nos Barões de Pombeiro de Riba-Vizela, que a venderam à Câmara Municipal do Porto. Actualmente alberga a Fundação ...

Exmª. Ssenhora Directora.
Nos vários sites da internete estão escritos o que os Museus, Fundações, Igrejas, contêm. Não será por eu fotografar que os "bandidos" vão assaltá-las. Coitados do Louvre, do Prado, do Metropolitan, da Sagrada Família, da Capela Sistina, enfim, se resolvessem seguir os pensamentos das nossas instituições.

Então fechem-se todas as portas, coloquem-se pelotões de segurança, não deixem ninguém entrar e assim as obras que os artistas e coleccionadores produziram e adquiriram estarão, talvez, em segurança. O povo de hoje não as conhecerá, e ficarão todas após a morte do último humano, religiosamente sepultadas entre quatro paredes. E quem sabe, vindos de Marte ou Saturno chegue aqui alguém que vai arquelogicamente desvendar que houve povos que fizeram e guardaram umas coisitas fechadas a sete chaves para ninguém saber que existiram.

Quem sabe, um dia vão roubar Conímbriga, ou a Capela dos Ossos, ou o Mosteiro dos Jerónimos e vendê-los para um outro sistema planetário.

Mas ninguém se importa com o que os ladrões dos Franceses roubaram durante as Invasões. Nem com os roubos que aconteceram há uma dezena anos na Bélgica e há dias na América (ou Alemanha, já não me lembro bem), de obras portuguesas valiosíssimas. Saberá alguém o paradouro dessas obras ? Ouvimos ou lêmos em que pé estão as investigações ?

Exmªa Senhora Directora
O nosso Património está esquecido e não é divulgado. O turista acidental vem visitar a Sé e olhar a Torre dos Clérigos. Tomar um Café no Majestic e fotografar o interior da Lello (que agora já é proíbido a não ser com pedidos prévios para o fazer das 8 às 9 horas da manhã. E acho muito bem). Já vai indo à Estação de S. Bento e almoçar à Ribeira. E o resto do nosso património ? Vamos continuar a escondê-lo ?

Agora até o miradouro por detrás da Igreja de Nª Sraª da Vitória está vedado. Propriedade particular.

Tenho feito a minha parte e continuarei a fazê-lo. Não me tenho dado mal. Talvez por isso, levei amigos a interessarem-se por concertos na Casa da Música, a visitar os Jardins do Palácio, olhar para o interior das nossas Igrejas seculares, a admirar Teixeira Lopes, Silva Porto, Marques da Silva, Garret e Camilo e Eça e Ferreira de Castro e Agustina e Sofia e Manoel de Oliveira e Rui Veloso. E a viver o nosso S. João, a comer uma sardinha no pão e a olhar as Alminhas da Ponte.

Peço-lhe imensa desculpa, Exmª Senhora Directora, pelos meus desabafos.

Queira receber os meus cumprimentos

sábado, 19 de novembro de 2011

104 - Andanças de fim de estação

Agora que as andanças não podem ser muito prolongadas, pois os dias pequenos e a chuva não o permitem, é preciso rever o material armazenado e expô-lo aos amigos.
A casualidade e a amizade permitiram-me, do terraço do Seminário de Vilar voltado para o Douro, conhecer a Rua dos Moinhos, em Massarelos. E a Fonte do Caco ou Fonte das Azenhas e dos Lavadouros, cuja água era desviada do Rio de Vilar. Localizada nas traseiras da Rua D. Pedro V. Penso que este é um dos Roteiros do Romântico 

O imenso matagal ali existente já não mostra o riacho que deveria correr por aqui. E as Azenhas cujas Mós moíam cereais, há muito que se foram. Mas a primeira notícia sobre elas data de 1559. Certo que ao fundo da Rua existe ainda uma fonte e um lavadouro. Lixo também. 
Quando passamos pelas Escadas do Codeçal, impressiona ver o Tabuleiro superior da Ponte Luíz I por cima das nossas cabeças a uma dúzia de metros. Pergunto-me sempre, o que foi construído primeiro: A Ponte ou as Casas ? Repare-se que nesta esquina, a casa está cortada.

Já por várias vezes lamentei a posição de "castigo" do nosso Porto, a escultura que esteve no cimo da antiga Câmara Municipal, na actual Praça da Liberdade. Provàvelmente tentando uma alegoria a outra escultura que dataria dos primeiros séculos da nossa era, conforme nos lembra o Almeida Garrett, no Arco de Santana. E de "castigo" porque contrariando a versão do arquitecto Fernando Tâvora, que deveria estar voltada para a Cidade, não o está, mas sim voltada para o mamarracho (não sou só eu que o digo...) criado por este arquitecto, que tão caro ficou e de beleza nenhuma, mesmo recriando a antiga Casa da Câmara ou dos 24, com 10 dos 30 palmos de altura, originais, gravados na pedra e em parte construída sobre os seus alicerces.  
Começando a descer para S. Sebastião, mas ainda junto ao Vimara Peres, um pormenor da Rua Escura, com tantas tradições e história. Encostada pelo exterior às Muralhas Primitivas, já existia em 1301, conhecida como Rua Nova e 100 anos após passou para a toponímia actual. E já era calcetada. Pelo meio chamou-se também Rua do Recolhimento de Nossa Senhora do Ferro, pois este aqui se encontrava antes de ser transferido para o Codeçal em 1757. A Casa da Câmara ou dos 24 e o que resta dela, faziam parte da Rua, bem como o Chafariz que se encontra na base do Terreiro da Sé, voltado para os Grilos. Ainda lá está a Capela do Senhor dos Passos, mas o Cárcere da Inquisição (processos contra o Judaísmo) mandado instalar pelo Bispo Frei Baltazar Limpo por ordem de D. João III em 1541, do qual saíram para as fogueiras 4 encarcerados, há muito foi destruído.

Descendo a Rua Escura e logo a seguir ao cruzamento com as Ruas dos Pelames e Bainharia entra-se na Rua do Souto e logo à esquerda encontramos a Viela do Anjo. Tudo ruas antiquíssimas. A reabilitação urbana relativamente recente, criou ali um largo a que foi dado o nome de Duque da Ribeira. Se não fora a marginalidade ali existente à vista de quem passa a qualquer hora, o espaço até seria simpático, pois para além do casario tradicional, reabilitado, foram criados locais para comércio, fechados... O Largo tem saída para a Rua Mouzinho da Silveira.
Ao centro, tem duas paredes em forma de L, que não sei o que representam. Talvez tenham sido utilizadas numa edificação velhinha, pois entre as novas pedras, encontram-se duas com aspecto bem antigo.
Uma delas tem inscrito uns caracteres difíceis de decifrar. Para mim, claro.

Junto ao Mercado de S. Sebastião, edificado num alto, poderia ser mais um ponto de "observação" sobre S. Bento e Congregados. Mas não há acessos a não ser para pessoal com boa vontade que saiba fazer escaladas e use galochas especiais  para não pisar em toda série de detritos. 
Na Rua do Corpo da Guarda foram reabilitados vários edifícios. Tudo bonitinho, sem dúvida, pelo menos exteriormente. Mas vazios. Também pelos preços anunciados (desde 180 mil euros o T0), quem vai comprar ali um apartamento ? Será assim que se reabilita e povoa a baixa ? Ainda por cima, o comércio que por lá se pratica, não será muito do agrado de quem gostaria de viver ou trabalhar descansado. 
Entrando na Rua dos Pelames, placas sobre obras não faltam. Embora com anos de exposição ao ar.

Os prédios degradados são seguidos. Mas que fazer ? Reabilitam-se e depois não se pode viver neles...
Não tenho nada com isso, mas no Largo dos Loios e Rua das Flores vai acontecer o mesmo. Os quintais que haviam nas traseiras foram eliminados. Poucas pessoas lá moram e o comércio quási desapareceu. Li que os preços por m2 serão a 2.000 euros. Isto publicado há 2 anos. O estacionamento por baixo da Praça que aqui se está a edificar e que fica nas traseiras do Hotel Intercontinental, parece que já funciona. Mas será grátis para quem eventualmente adquira um apartamento ou um comércio ? Deixa-me rir...conforme diz o Jorge Palma
Tenho apontado em vários sítios da net, incluindo no Cidadão Repórter do JN (que ainda não publicou mas também não sei se publicará), o vandalismo que fizeram à cabeça do Dragão, no antigo Escudo da Cidade do Porto, colocado na Base da Estátua de D. Pedro V.
Presumo que o infeliz cidadão, ou cidadã, ou um grupo deles, sei lá, que praticou esta acção, não deve(m) ser portuense(s). Se o fossem, saberiam (ou talvez não...) que o monumento foi construído com o dinheiro do Povo. E nesse não se mexe (deixa-me rir, outra vez...). Aquando do restauro do Monumento, uma das duas placas em bronze que estavam de cada lado da base da estátua, foi roubada. Ficou  tudo caladinho sobre este roubo. Que se fosse bem investigado não custaria a descobrir o autor da façanha. Mas parece que ninguém deu fé a não ser no dia da inauguração do restauro. Isto é suposição minha, pois o local onde a placa estava colocada foi coberto com um pano preto durante meses após a inauguração. Felizmente havia o desenho original que deu para fazer uma segunda reprodução.
Foi o que li. Mas não custa a crer. Só que esse ladrão, ou ladra, ou um grupo, que praticou essa acção não foi para vender na sucata. Como diz o outro, Penso eu de que...