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segunda-feira, 12 de setembro de 2016

252 - Sugestões para visitantes - Roteiro 2

Vou escolher este roteiro como segunda sugestão, pois dentro da sua área estão vários Monumentos cheios de História e dignos de serem visitados.
É  o Olival lugar encostado às antigas Muralhas Fernandinas, demolidas em 1853-1854 (a Porta que dava passagem para a Vitória já tinha sido demolida entre 1789 e 1794).
Podemos considerar este lugar desde os Clérigos, Cordoaria, até ao Carmo.
Vamos conhecê-lo um pouco começando pelos
Clérigos:
Torre e Igreja formam o conjunto de maior projecção de Nicolau Nasoni e cuja construção foi iniciada em 1732.
À Torre deve subir quem tiver boas pernas, bons pulmões e bom coração. São mais de 250 degraus em cerca de 75 metros de altura.
A Igreja, mesmo que já a tenham visitado há mais de 1 ano, vale a pena lá voltar.
Os caminhos abertos por dentro permitem-nos ver a Igreja com novos olhares. Quase podemos tocar as obras primas o que para mim dá uma sensação de partilha.
Na que foi a antiga enfermaria do Hospital, no edifício entre a Igreja e a Torre, estão expostos pela primeira vez o tesouro e abertas várias salas onde funcionava a Irmandade.
O novo museu com exposição de Cristos merece visita.
Passeio dos Clérigos:
Saindo e ficando de costas para a Torre podemos caminhar pelo lado esquerdo e apreciar o comércio local e as casas que ainda devem ter como alicerces e paredes, restos das pedras das Muralhas Fernandinas.
Como é o caso do Café das Portas do Olival, com  mais de 160 anos.
O arco em ogiva que podemos ver no café, pertenceu quase de certeza à Porta do Olival que se abria nas Muralhas.
A velha Fonte de Neptuno que se encontrava junto à Muralha.
Antiga Cadeia da Relação, construída a partir de 1765 sobre os escombros do anterior edifício que ruiu.
Actualmente alberga o Centro Português de Fotografia, onde há sempre uma exposição para ver.
 Pátio dos presos e entrada para as antigas enxovias das mulheres
Enxovias das mulheres
Escadaria interior. Notar a obra de cantaria e o tamanho dos blocos.
Acesso aos salões e saleta das mulheres
No último piso, os quartos da Malta concebidos como prisões individuais para pessoas de condição.
Através das grades podem apreciar-se panoramas sobre a Cidade. A vista espraia-se ainda hoje até às Serranias de Valongo. A Igreja do Bonfim era lembrada por Camilo Castelo Branco, desde o quarto S. João,  como o início das suas viagens para Vila Real. Ver na foto sem grades a Igreja ao fundo do lado esquerdo.
Digno de visita o Museu da Fotografia. Estão expostas algumas máquinas e acessórios que fizeram parte da minha vida profissional.
Igreja das Almas de S. José das Taipas:
Já que estamos bem próximos, não perder uma visita a esta Igreja se estiver aberta.
Foi construída entre 1795 e 1878 e a capela na segunda metade do séc. XVII. Para visitantes interessados tem imensas relíquias para ver.
De notar o quadro do sufrágio do Desastre da Ponte das Barcas, de 1845, do lado direito de quem entra. E se estiver visível, apreciar o Presépio mais antigo da Cidade, do séc. XVIII.
Atravessamos o Jardim da Cordoaria, cujo nome verdadeiro é de João Chagas, fundado em 1865. Um ciclone em 1941 alterou a aparência do jardim, que voltou a ser alterado em 2001 com muitas contestações.
Podemos apreciar a arquitectura do Palácio da Justiça cheio de obras de arte,  as estátuas e memórias ao longo do Jardim.
A parte que fecha o jardim foi remodelada e o velho casario restaurado.
À esquerda encontramos o edifício monumental do Hospital de Santo António.
À esquerda da entrada encontramos o Museu da Farmácia (Botica) do Hospital.
À direita encontramos o edifício da Reitoria da Universidade do Porto, cuja entrada se encontra na Praça dos Leões.
Escadaria da entrada
Acesso à Reitoria
No interior encontramos sempre exposições e dois museus.
Museu de História Natural
Museu de Mineralogia
Igrejas dos Carmelitas e do Carmo.
Temos de terminar este percurso nestas Igrejas. Uma construída em Barroco inicial e a outra em Barroco tardio.
Os interiores são fabulosos e devem ser bem apreciados.
Não perder a visita.
Na fachada lateral da Igreja do Carmo, grandioso painel de azulejos de 1912 representando a fundação da Ordem Carmelita.
Pormenor alusivo ao Monte Carmelo.

Sem dúvida, caríssimos e caríssimas visitantes, que este roteiro a ser levado a sério demoraria um dia. Mas são sugestões para todos os gostos, idades e tempos disponíveis.

Espero que desfrutem a minha/nossa Cidade do Porto.

Uma nota: O Antigo Olival estendia-se ainda mais para Norte. Para memoriar esse espaço, foi construído um jardim em duas partes entre a Torre dos Clérigos e a Reitoria da Universidade. Por baixo e por cima de uma das partes, encontramos lojas de alimentação e outras.


sexta-feira, 2 de setembro de 2016

251 - Sugestões para visitantes - Roteiro 1

De vez em quando amigos escrevem-me a pedir sugestões para visitar o Porto, a minha/nossa Cidade.
Há uns anos fiz umas publicações aqui no blogue com sugestões de roteiros e também em formato pps mas entretanto a cidade foi mudando. Claro que os seus monumentos não mudaram nem a sua história.
Nem sempre é fácil dar sugestões porque tudo é relativo dependendo do gosto e do tempo dos nossos visitantes mas vou deixar algumas ideias que depois de misturadas podem ser aproveitadas.

MORRO DE PENAVENTOSA - Marcas pré-históricas estão espalhadas pela Região, mas a História da Cidade do Porto começa neste morro e num Castro Celta, o primeiro povo que o habitou. Lêem-se outras histórias mas não é importante para o nosso caso. Umas muralhas defendiam o castro.
Pormenor do Morro de Penaventosa visto do miradouro da Vitória. Casario, Sé Catedral, Paço Episcopal e Igreja de S. Lourenço, mais conhecida como Igreja dos Grilos.

A Romanização: A partir do séc. II a. C. (há quem escreva que é a partir do séc. IV a.C.) a progressiva influência cultural e a ocupação romana do território originam inúmeras transformações.
Hoje já não há dúvidas que o antigo Castro foi rodeado por uma muralha romana, há quem escreva construída sobre os muros duma muralha velha. Existe um pequeno pano e um cubelo recuperados há uma vintena de anos, junto à Casa de D. Hugo. No entanto, está perfeitamente identificada a cerca conforme podemos ler e ver na planta da página  http://www.portopatrimoniomundial.com/a-muralha-romana.html.

A referida Casa de D. Hugo, a segunda casa mais antiga da Cidade, era de traçado gótico e foi destruída mas aproveitaram uma das suas paredes para a construção de um novo edifício. Durante as escavações detectaram-se vinte camadas arqueológicas integrando ruínas arquitectónicas  e objectos desde o séc. IV-III a. C. Foram identificados vestígios do castro pro-histórico que esteve na origem do centro urbano bem como das ocupações romanas e alti-medieval que lhe sucederam: Visigodos, Vândalos, Árabes...
Visita com marcação no Museu Guerra Junqueiro, na mesma Rua, que iremos visitar.
As fotos já têm uns anos, mas podemos confirmar que há novas escavações e achados na página:
http://www.visitporto.travel/visitar/paginas/viagem/DetalhesPOI.aspx?POI=1333

Casa Museu Guerra Junqueiro e Fundação Maria Isabel Guerra Junqueiro - Luís Pinto Mesquita de Carvalho Guerra.
A Rua estreitinha de D. Hugo separa dois edifícios-museus dedicados ao Poeta Guerra Junqueiro. 
Casa Museu instalada num edifício construído no segundo quartel do séc. XVIII recria o ambiente privado da sua residência.
Apresenta das mais notáveis colecções de artes decorativas da Cidade, tanto nacionais como estrangeiras.
Exposição de mobiliário, têxteis, ourivesaria, cerâmicas, etc entre os séc. XV e XIX podem ser apreciadas em toda a sua beleza.
 A Fundação completa a exposição das colecções do Poeta.
Ambas devem ser visitadas porque se completam mas os horários de funcionamento são diferentes.

Seguindo a Rua de D. Hugo até ao fim, encontrámo-nos no Terreiro da Sé.
Todo este enorme espaço era composto de ruelas com casas em avançado estado de degradação e de feição medieval que foram demolidas. A Casa Torre Medieval, na imagem, foi descoberta, reinterpretada e reconstruida uns metros para sul do local de origem, incluindo uma varanda gótica na fachada Norte que segundo escrevem foi criada pelo arquitecto Rogério de Azevedo.
Mantiveram-se mais ou menos, os traçados de algumas das ruas medievais. A elas voltaremos.
Sé Catedral: Igreja, Altar-mor e Altar do S.S. em Prata, Capelas, Arqueologia, Claustros, Azulejaria, Casa do Cabido, Tesouro e a fantástica colecção de escultura religiosa, com imagens desde o séc. XII-XIII. Vale a pena ir à descoberta.
A construção da Sé começou no séc. XII e prolongou-se até ao início do sé. XIII. Sofreu imensas alterações ao longo dos tempos, mantendo o carácter geral da época românica na fachada e no corpo da Igreja de três naves. O gótico e o barroco estão bem representados.
É um dos Monumentos mais antigos de Portugal
 Salas do Cabido
Sacristia
Logo abaixo do Terreiro, encostado ao paredão do miradouro, encontramos o Chafariz da Rua Escura. Foi transferido para este local em 1940.
Também conhecido como Fonte de S. Sebastião é uma obra do séc. XVII.
Colégio, S. Lourenço ou d'Os Grilos:
Caminhando um pouco pelo Largo, encontramos as Escadas do Colégio já existentes no séc. XVI, que nos leva ao Largo do Colégio e ao antigo Convento e Igreja de S. Lourenço, mais conhecida como a Igreja dos Grilos. 
Com início da construção pelos jesuítas em 1577, em estilo maneirista barroco, o conjunto de edifícios pertence actualmente ao Seminário Maior que os ocupa desde 1834.
 Capela-Mor
Por qualquer razão, esta Igreja tão próximo da Sé, é pouco visitada. Uma pena, pois a sua história, a arquitectura e as artes de pedreiro, de entalhador, de pintura deveriam ser mais apreciadas. Falta uma verdadeira divulgação. 
Fabuloso Retábulo na Capela de Nossa Senhora da Purificação em talha dourada que entre outros elementos cénicos nos apresenta nichos relicários. Informaram-me pessoalmente que cada nicho tem a imagem do Santo devoto de cada uma das confrarias que estiveram sediadas na Igreja.
Numa ala seiscentista do antigo Colégio está instalado o magnífico Museu de Arte Sacra e Arqueologia do Seminário Maior de Nossa Senhora da Conceição.
No domínio da Escultura, destaque para a Sala Irene Vilar 
(Matosinhos, 11.12.1930 - Porto, 12.5.2008)
No nosso imaginário todo este conjunto de edifícios estava dentro das Muralhas Primitivas, as de origem Romana. Que para além do pano visível estão no sub-solo muitas marcas devidamente identificadas.
O Porto urbano foi-se expandindo para além destas Muralhas e que rodeavam o Morro de Penaventosa. No séc. XIV o Rei D. Afonso IV mandou construir uma nova cerca que só ficou concluída cerca de 1370 e no reinado de D. Fernando I, seu neto. Por isso estas muralhas medievais são mais conhecidas por Fernandinas e limitavam uma área de 44,5 hectares.
Nas proximidades do Morro de Penaventosa desde as Muralhas, podemos apreciar belas paisagens sobre o Rio Douro e o casario dos bairros que se encontram à volta. 
Encostado às Muralhas do lado interior, foram construídos o Convento e a Igreja de Santa Clara concluídos em 1457, substituindo um pequeno e velho convento do séc. XIII.
Com a morte da última freira no séc. XIX o convento foi extinto mas recuperado pelo Estado Português e adaptado para instituições de cariz social.
 Portal da entrada da Igreja
Uma visita é obrigatória. Juntamente com a Igreja do Convento de S. Francisco são denominadas as Igrejas forradas a ouro do barroco joanino. Impressionante o trabalho da talha dourada executado entre 1730 e 1744.
Actualmente está em restauros mas não sei se é permitida a entrada. Vale a pena tentar depois de um passeio pelas Muralhas.

Partindo do Morro de Penaventosa, temos várias alternativas para seguir em direcção ao Rio caminhando por ruas, escadas, estreitas com traçados medievais. E pequenos largos que marcam encruzilhadas. Os vários miradoiros permitem-nos olhar os casarios, muitos deles recuperados a partir da traça primitiva.




Vista desde o Morro de Gaia, da Ribeira até Penaventosa.

Os Arcos de S. Sebastião, encostados à Torre Medieval, pertenceram à Porta de Vandoma. Quem o escreve é Prof. Germano Silva e que podemos ler na íntegra no blogue amigo http://cadernosdalibania.blogspot.pt/2016/07/os-arcos-de-vandoma.html

Casa Torre na Rua de Baixo, no Barredo. Considerado o edifício mais antigo da Cidade, construído provavelmente no séc. XIII.
Para descansar e comer uma verdadeira Isca da Ribeira, recomendo a casa da D. Ermelinda e da sua filha. Mas costuma ter outros petiscos: Polvo cozido, moelas, fígado de cebolada, etc. e tal.
Foi-me apresentada pelo meu querido amigo Álvaro há cerca de 9 anos. 

Caros amigos e amigas, ilustres visitantes. Este é o primeiro roteiro que vos proponho. Não me alonguei em pormenores, pois serão vocês que os terão de descobrir. E Penaventosa ou Pena Ventosa merece.
Até ao próximo