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sexta-feira, 1 de julho de 2011

82 - Os Castelos da Cidade do Porto - O Castelo do Queijo

Quási junto ao Parque Ocidental da Cidade, na sua zona de ligação ao Mar, o Castelo do Queijo como vulgarmente é conhecido, é um edifício do séc. XVII, mandado construir pelo Rei D. João IV, sobre as ruínas de uma anterior fortificação do séc. XV. Mas o dinheiro saiu do Cofre da Câmara. Conta a lenda que o enorme Pedra do Queijo foi o local de culto dos Draganes, uma tribo celta que havia chegado à Península Ibérica no séc. VI a.C.

O seu nome actual é Forte de S. Francisco Xavier, mas há quem lhe acrescente do Queijo, recordando o tempo em que era Castelo. Foi construído com a finalidade de nos defender dos Espanhóis e da sua Armada Galega, durante a Guerra da Restauração. Presume-se que tenha acabado a sua construção em 1661 ou 62.

Em 1717 a Câmara do Porto pediu a sua desactivação ao Rei D. Afonso V, devido aos custos dos soldos da guarnição, que ainda por cima não vivia no Castelo mas abusava deste rendimento extra. O parecer do Concelho de Guerra do Rei, em 1720 indeferiu o pedido. (Tal e qual como desde tempos remotos, o Porto e o Norte pagam para o bem estar da Nação. E das corporações, pois então).

Um fosso foi construído do lado Norte, bem como uma Ponte Levadiça. Que ainda existem. O monumental portão é encimado por um escudo com as armas de Portugal.

O escudo perdeu elementos, que acho não serem difíceis de reconstruir. Mas isso sou eu a divagar.


Durante as Lutas Liberais, foi ocupado pelas tropas de D. Miguel ficando bastante danificado pelos bombardeamentos tanto da Luz - presumo ser referente ao Castelo da Foz - como da armada de D. Pedro IV.

Aquando do abandono pelas tropas de D. Miguel, foi assaltado e saqueado pela população. Entregue à guarda da Companhia de Veteranos em 1839. Durante a revolta da Maria da Fonte em 1846, foi ocupado pelas tropas da Junta do Porto. Foi alvejado pela fragata Íris, fiel ao governo de D. Maria II. Em 1890, ficou entregue à Guarda Fiscal que a conservou até 1910.

Sala de Comando, onde existiu um oratório em honra de S. Francisco Xavier. Onde parará ?

Aspecto do pátio interior. Existe um pequeno Museu com exposição de algumas armas militares pessoais, fardamentos, mapas, munições e um espólio da Associação de Comandos. Funciona um bar de apoio, com preços módicos.

No terraço amplas plataformas de tiro, com canhões históricos, bem conservados. É pena não haver informações sobre as suas épocas. É um miradoiro excelente desfrutando-se à esquerda algumas praias do Porto e a Barra do Douro e à direita a praia de Matosinhos, até ao Porto de Leixões. Um infinito Mar está à nossa frente.

Abrigou a sede da Junta de Freguesia de Nevogilde de 1944 a 1949 tendo sido despejada para cedência ao núcleo da Armada da Guarda Fiscal, que aí se manteve até 25 de Abril de 1974. Fechado e meio arruinado, sofreu obras de restauro e está actualmente à guarda do núcleo do Norte da Associação de Comandos, aberto ao Público.

Peças de vários calibres estão expostas em bom estado de conservação. Disse-me em tempos um elemento da direcção da Associação, que a conservação é feita pelos associados.

Ao fundo, a entrada do Porto de Leixões e o Molhe Norte.

A Praia de Matosinhos e parte do mamarracho do Edifício Transparente.




Alguns canhões têm gravadas as armas de Portugal da sua época.


Uma entrada no Porto de Leixões

A roldana que movimenta a Ponte Levadiça

Algumas das Praias do Porto

Nunca este Castelo, ou Forte, foi bem aceite pela Cidade, por desnecessário. A costa por si só já era uma defesa, porque não permitia desembarques. E pelos custos que foi obrigada a pagar durante séculos.

Contra as muralhas naturais da costa desfizeram-se muitas embarcações.

Três apontamentos. 1. Quando a Avenida da Boavista chegou a esta zona em 1916, a Câmara do Porto comprou à tropa que na altura detinha a posse do Castelo, a esplanada para arranjo urbanístico, pelo valor de 259.250 escudos. Reparem como alguém andou séculos a mamar nos dinheiros municipais. Felizmente que agora parecem, digo parecem com três pontinhos à frente, ser só a Porto Vivo, e a Porto Lazer. E claro, os automóveis de corrida. Nesta zona do Castelo, claro. Mas isso é para o prazer pessoal do nosso querido presidente, que com o dinheiro que gasta aqui para dar duas voltas à pista, bem podia ir para o autódromo do Algarve que nos ficava bem mais barato.

2. Junto ao Castelo construiu-se o primeiro aeródromo da cidade em 1912, que encerrou ao fim de 9 voos.

Claro que todas estas estórias da História foram pesquisadas aqui e ali.

3. Esta não foi pesquisada: Sendo o Castelo, Forte ou como lhe queiram chamar, aberto ao público, porque se cobra um bilhete à entrada ? Claro que nunca paguei das muitas vezes que o visitei, mas turista está fod.... Se não pagar não entra. Ontem apreciei a cara de alguns camones que quási esbarraram comigo na entrada/saída, furiosos, resmungando, o que eu presumo ter sido um "ide p'ró car..." bem à nossa moda, na sua língua natal.



5 comentários:

  1. Mais uma vez, obrigada pela partilha de imagens que fazem da cidade do Porto, “aquela” cidade, que por muito longe que estejamos, está sempre no nosso coração. Beijinho e obrigada
    Paula Ruivo

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  2. nunca visitei, que vergonha. fiquei com vontade, pelo que agradeco mai sum bom post seu.

    nao percbi o tema do bilhete, afinal paga-se ou nao?

    um abraco,

    grouchomarx

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  3. Jorge

    Parece que a minha ignorância cresce quando Historias a zona Ocidental.
    Confesso que nunca entrei dentro do Castelo do Queijo, nem pelos buraquinhos que ele (o queijo) costuma ter.
    Pelo que mostras vou ter que rever (tão tarde!) as visitas de Sítios que nunca fiz.
    Esta, pela mostra que fazes, terá que ser uma delas.
    Quanto ao resto...

    Abraços, do
    Santos Oliveira

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  4. adorei a história...estive neste castelo em 2006 , Castelo de S. Francisco Xavier do Queijo quando da
    primeira vez que fui ao Porto como turista e fiquei hospedada com uma amiga em Matosinhos,
    segue anexo duas fotos com vista daquela bela escultura na praia.

    quanto a minha visita ao Cemiterio SJB do Rio vou montar um PPS e te mando, pra vc dar uma nota, ok?
    grande abraço da carioca

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  5. Bravissimo !!!

    Que lindo ficou isso, Jorge .Quanta história.
    A Ponte Levadiça é demais, me deixou viajando ...
    Já copiei num CD, e vou mandar p'ro meu sobrinho afilhado , que é professor de história.
    Esse roteiro certamente dará uma boa aula de História Geral.
    Obrigada, por mais esse passeio .
    Beijinhos
    Glo

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