No Palácio das Cardosas, vamos ter um Hotel de super-luxo. Que está a levantar polémicas. Principalmente derivado aos problemas de trânsito que vai ocasionar, à impermeabilização dos solos, a parte histórica e claro, sobre a PortoVivo/Câmara Municipal...Negócios. Era para ser inaugurado há um ano (foi o que li), mas acho que nem daqui a dois isso acontecerá.
Um pouco de história. Neste local passavam as Muralhas Fernandinas e no interior da Cerca, os Padres Loios fundaram um Convento no último quartel do séc. XV que seria conhecido por Convento Novo de Santa Maria da Consolação. Uma doação permitiu-lhes a construção de uma ermida, que anos mais tarde foi substituída por uma sumptuosa igreja com fachada para o Largo dos Loios. Entrando em ruínas a Câmara tratou da sua demolição em 1838. Do Convento apenas chegou até hoje a fachada que os Frades começaram a construir já no séc. XIX. Mas derivado às Lutas Liberais abandonaram as obras e o País. Posteriormente a Câmara tomou posse e colocou-o à venda em hasta pública, sendo o seu comprador Manuel Cardoso dos Santos, um abastado negociante com fortuna feita no Brasil e que se comprometeu em acabar a fachada. Após a sua morte, por herança o edifício passou para a viúva e filhas.A partir desse momento passou a ser conhecido como o Palácio das Cardosas (referente às Senhoras)bem assim como o passeio anexo que tomou o mesmo "apelido" popular.O edifício está localizado na Praça da Liberdade, primitiva Praça Nova antes da abertura da Avenida dos Aliados que nos leva à Câmara Municipal. Na esquina com a Praça Almeida Garrett - em frente à Estação de S. Bento - existia o Café Astória, talvez centenário nesta altura do século e que segundo li vai ser reconstruído no mesmo local. Era famoso não só como ponto de encontro, mas também pela comodidade do seu mobiliário. Na outra esquina (com os Loios) ainda existe a Farmácia Vitália e com entrada pela porta central lá estava a velha Adega da Cerca e os seus vinhos e petiscos. Existem, ou pelo menos supõem-se que haverá subterradas várias ossadas de gentes importantes da cidade. Recolhi esta frase do Dr. Eugénio de Andréa da Cunha e Freitas, citada pelo nosso grande mestre e historiador da Cidade, Germano Silva: "… agora, na Casa de Deus, em vez dos honrados frades de Santo Elói, estão os gordos e opulentos senhores da Finança e da Indústria, perturbando, na febre do negócio e do lucro, o eterno descanso de tantas cinzas veneráveis que ali jazem…" . Presumo que se terá referido ao período em que o edifício foi ocupado por sucessivas entidades bancárias.Aspectos das obras, há cerca de 2 meses, vistas dos Loios/Trindade Coelho.
Uma foto que encontrei na net, mostrando em maqueta como deverá ficar o edifício.
As fotos onde não se vêm os taipais, têm precisamente 3 anos de diferença das restantes.
A foto a preto/branco terá sensivelmente um século.
Daqui a uns anos lá estaremos para a inauguração
Amigo, o meu obrigado por me dares a conhecer mais do "meu Porto" em tão pouco tempo que eu nos meus sessenta... anos de vida.
ResponderEliminarCom o devido respeito do Germano Silva, mas que "parelha" vós sois.
Obrigado, um abraço
Mesquita
Oi Amigo;
ResponderEliminarSou português e estudante de hotelaria em Porto Alegre-Brasil-RS.
Vim aqui parar no seu blog pq ontem na aula a professora falou neste hotel, (pelos vistos já abriu ao publico?, vou pesquisar em seguida) e contou que a grana com que foi comprado era proveniente do "ouro brasileiro". Na realidade voce escreve: "Manuel Cardoso dos Santos, um abastado negociante com fortuna feita no Brasil". Será que ela tem alguma razão?
Abraço
lsc_351@ymail.com
A grana do Cardoso foi há 200 anos. A do Hotel para a compra do Palácio não sei de onde veio.
EliminarDesculpa só agora responder-te. Um abraço
Eu em garoto trabalhei na adega da cerca, e um dia fui multado em 5 coroas por não ter atravessado para S.Bento por o tunel.
ResponderEliminarEssa adega era aonde iam almocar os empregados de escritorios e guarda livros que as empregadas iam levar os almocos nos baus em um tabuleiro de madeira a cabeça
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