Para completar o percurso que me propus mostrar, este é o terceiro episódio de uma viagem, que acaba quási onde o primeiro começou.
Estamos na Praça da Batalha, vindos do Cativo e entramos na Rua da Madeira, tendo à esquerda a Rua do Cimo de Vila. Na esquina, antes era o lindo e elegante Grande Hotel da Batalha. Hoje é um hotel de uma cadeia internacional.
Quando começamos a descer, logo deparamos com uma "ruína", mas nada de desanimar.São de uma velha fábrica desactivada há umas dezenas de anos. E para ali está sem solução.
Por aqui desciam também as Muralhas Fernandinas. Do lado esquerdo. Ultrapassemos este primeiro declive e como é bela esta vista que se nos depara sobre o casario e os Clérigos.
com a minha velha e perdida Olimpus made in china.
A Rua da Madeira só tem este nome desde 1902. Anteriormente, não sei desde quando, chamava-se Calçada da Teresa. Depois das escadas, a rapaziada encostada ao varandim de ferro, olhava para o "90", sempre fechado, pois era "casa" só para gente de posses. Actualmente existem prédios em ruínas e outros bem conservados. Há quem diga que são as traseiras dos edifícios da Rua 31 de Janeiro. Até pode ser, mas as entradas são independentes, pelo menos dos que eu conheço.
Foi famosa esta artéria antiquíssima. Do lado esquerdo, por dentro das muralhas, havia o antigo Convento de S. Bento de Avé-Maria, edificado nas Hortas do Bispo, no séc. XVI. Após as extinções das ordens religiosas foi entrando em ruína e demolido em finais do séc. XIX. Agora é a Estação de S. Bento. Há uma dúzia de anos atrás, aos domingos de manhã, realizava-se aqui uma feira, denominada dos Passarinhos (actualmente está localizada no Largo Mártires da Pátria, na Vitória, entre os Clérigos e o Aljube.) Dizia-me o meu irmão que era linda, pela quantidade e variedade de aves que se negociavam. Era uma feira clandestina, tolerada pelos serviços municipais e onde se vendia gato por lebre. Falo de ouvir dizer. Nunca a visitei.
Aqui haviam imensos despachantes de mercadorias, os chamados recoveiros. Transportadas por caminho de ferro para/e terras do Minho e Douro. Os seus escritórios eram as tascas que existiam ao longo da rua, onde se almoçava e jantava a preços económicos. Mas também se bebia um copo e comia um petisco ao longo da tarde. Restam poucas desse tempo. O Quim, o Viseu e mais duas ou três.
Aqui haviam imensos despachantes de mercadorias, os chamados recoveiros. Transportadas por caminho de ferro para/e terras do Minho e Douro. Os seus escritórios eram as tascas que existiam ao longo da rua, onde se almoçava e jantava a preços económicos. Mas também se bebia um copo e comia um petisco ao longo da tarde. Restam poucas desse tempo. O Quim, o Viseu e mais duas ou três.
Saímos da Rua da Madeira, atravessamos o átrio da Estação de S. Bento e vamos dar à Rua do Loureiro. Aparece a primeira vez na toponímia portuense em 1701. Era aqui que ficava a entrada da Igreja do Convento, dizem que acolhia uma maravilha de arte, mas foi totalmente destruída. Foi famosa nos anos 60/70 derivado ao seu comércio de electrodomésticos e aparelhagens de som. Aqui se comprava barato o auto-rádio, nos velhos temos em que isso era um luxo.
Mas também era famosa pelos seus restaurantes, petisqueiras e mercearias de luxo. No Onix lanchei/jantei muitas vezes, antes das aulas nocturnas na velha Oliveira Martins. Os rojões, o fígado de boi de cebolada, o bacalhau frito, o polvo em molho verde, o buxo e a orelheira, as tripas enfarinhadas, um nunca mais acabar de petiscos excelentes, que com dois copos a sair dos pipos eram uma refeição barata.
Remodelou-se esta casa nos anos 70, deixando o aspecto de tasco e nunca mais foi a mesma. Foi vendido um espaço ao "Italiano dos 300" e hoje está fechado. É a vida...
Remodelou-se esta casa nos anos 70, deixando o aspecto de tasco e nunca mais foi a mesma. Foi vendido um espaço ao "Italiano dos 300" e hoje está fechado. É a vida...
Mas é obrigatória a entrada na Pastelaria A Serrana. Impressionante a beleza do tecto e do interior, com lindíssimos frescos, relevos, figuras decorativas, espelhos, quadros e um varandim em ferro com delicados desenhos.
Tem mais de 100 anos esta decoração, restaurada há pouco tempo. A não perder uma visita.
Pegado, temos este vistoso prédio sempre decorado com as bandeiras de Portugal, que abriga um restaurante/petisqueira que faz jus à tradição de se comer bem no Porto. É um dos meus locais preferidos.
Mas ainda existem duas ou três, não direi mercearias ricas, mas bem fornecidas de queijo e charcutaria.
O comércio já não é o que era, mas ainda é bem frequentada a rua do Loureiro. Negoceia-se mas os artigos chineses estão em maioria.
Como disse no 1º capítulo, isto são ruas sem princípio nem fim. Começam e/ou acabam umas nas outras, cruzam-se, angulam-se e aqui estamos a chegar ao princípio. Isto é, à Rua Chã.
Um último olhar para trás, com a Estação de S. Bento à direita.
Um último olhar para trás, com a Estação de S. Bento à direita.
Fechamento da serie em grande estilo,
ResponderEliminarum trabalho com muita dedicacao da tua parte,gostei da sequencia fotografica e da historia com lembrancas do passado.
Obrigada sempre por mostrar lugares tao lindos e importantes na Historia da Cidade do Porto.
Boa noite ,
beijinhos!!!
É muito bom rever o Porto,nem
ResponderEliminarque seja pelos seus pps.
Obrigada.
Abraço.
Malu.
Que fotos mais lindas!!!!!
ResponderEliminarAh, que saudades daí, meu querido!
Não imaginas o quanto.
Hei de voltar. Nem que seja a passeio ao menos.
Beijocasss e FELIZ DIA DO AMIGO, meu amigo.
Gisele
Bom dia Jorge!
ResponderEliminarAdmiro amigo,quem valorisa sua terra,sua Pátria!Bjsss
Obrigado por mais uma maravilhosa reportagem fotográfica da mais bela cidade do mundo.
ResponderEliminarPena aquilo que nós sabemos...cala-te boca.
Vasco da Gama
Amigo Jorge
ResponderEliminarBem hajas por nos teres conduzido, com a tua já conhecida grande maestria, neste magnifico passeio virtual pelo centro histórico da tua bonita cidade. Estou certo que cada um dos teus leitores, quando lá passar ou voltar a passar, graças a ti saberá olhar, ver e reparar, com outros olhos, com outra emoção. E também ouvir, porque as ruas, as praças e as casas também falam e têm muito para dizer: é preciso saber escutá-las.
Um abraço
CD
É bela a nossa cidade! Bem haja quem a valoriza.
ResponderEliminarJolunero
Sr. Jorge Portojo,
ResponderEliminarPenso que, quando se refere à actual localização da Feira dos Pássaros, diz ficar entre o Largo Mártires da Pátria e o Aljube. Creio que é a antiga cadeia. O Aljube fica no Largo 1º de Dezembro, na Sé.
Caro Fernando Morgado, é verdade essa localização da Feira dos Pássaros. Junto ao Aljube e Cadeia da Relação. Que funcionou como tal até princípios dos anos 70 do século passado, quando passou para Custoias. Lembro-me na realidade, no meu tempo da juventude, de se falar em Aljube (o primeiro foi construído para "albergar" clérigos junto ao antigo Arco de Vandoma, para os lados da Rua Escura, no séc. XVI e o segundo na Rua de S. Sebastião no séc. XVIII porque o primeiro já não oferecia segurança. Presumo que depois acabou por ser o Cárcere da Inquisição) e a ideia que tenho é que seria para os lados da Sé. Mas não sei se no Largo 1º de Dezembro ou em frente, no antigo Governo Civil. Francamente, não encontrei nada que nos diga algo sobre Aljubes, a não ser os elementos que acima descrevo da autoria de Joaquim Jaime B. Ferreira-Alves do
ResponderEliminarDepartamento de Ciencias e Técnicas do Património da Faculdade de Letras da Universidade do Porto.
Um abraço
Jorge Portojo
Excelente registo. Quanto ao ONIX, o meu falecido pai, dizia-me era ali que se comia a melhor cabeça de pescada com todos. Quanto aos Aljubes, não será o Aljube Eclesiástico? Já não me recorda em que livro li sobre isso, mas talvez " A Rua Escura" de Coelho Lousada.
ResponderEliminarCaro Amigo ou Amiga,
EliminarProvàvelmente eu serei da geração de seu Pai. O Onix é da minha juventude adiantada e não tenho dúvidas que se comia muito bem e a preços económicos. De peixe não posso dar opinião, porque nunca fui muito amante dele.
Os Aljubes, segundo entendo, eram assim chamados porque destinados aos crimes dos Clérigos. Mas a voz popular chamava, no meu tempo de criança, Aljubes a tudo que era Cadeia, Prisões, etc.
Estará certo quando refere o Aljube n'A Rua Escura, pois ainda existe essa casa que para tal serviu, não sem antes ter sido Cadeia de Prostitutas e outros "malandrins". Mas são estórias antigas em que a Cidade é tão fértil.
Sr. Jorge muito obrigado por tudo aquilo que apresenta, faz- nos recordar os nossos (meus tempos de menino e moço) reparei na delicadeza do nº 90 da rua da madeira e lembrei-me da (Perfeita) nome da Sª que perfeição e que maneira de ensinar!!!!!! saí-a-mos deslumbrados nos nossos 18 anos,lembro-me depois da aula !!!!! ir comer um prego em prato no ONIX o preço 7$50 em prato de aço inoxidavel.Muito obrigado por estes momentos.
ResponderEliminarBom dia,
ResponderEliminarEstou a procura de informação sobre a lista das lojas da Rua de 31 de janeiro (antigamente a Rua de santo Antonio)nos anos 1960, e possivelmente sobre a loja Armando de Sa. Alguém sabra donde posso encontrar mais informação? Muito obriga.
Bom dia,
ResponderEliminarEstou a procura de informação sobre a lista das lojas da Rua de 31 de janeiro (antigamente a Rua de santo Antonio)nos anos 1960, e possivelmente sobre a loja Armando de Sa. Alguém sabra donde posso encontrar mais informação? Muito obriga.