Fiquei a saber que o mais antigo registo sobre a utilização de Fontes e Chafarizes públicos data de 1392. No reinado de Filipe I no séc. XVII a água de uma das principais nascentes, a de Paranhos no Jardim da Arca d'Água, foi encanada para distribuição pela cidade.
Manancial de Paranhos. Foto da pág. do SMAS
Podem-se visitar estes subterrâneos, em grupos de 20 a 30 pessoas.
Mas até a água ser encanada para a casa dos habitantes, passaram-se muitos anos. A população abastecia-se nas Fontes e Chafarizes e os mais abastados contratavam os "aguadeiros", sendo uma maior parte galegos fugidos de suas terras.
Aguadeiros enchendo os canecos. Foto da pág. do SMAS
Com o crescimento da população foi necessário captar água nos rios Douro e Sousa. E construíram-se depósitos e reservatórios, grandes e pequenos, em vários locais da cidade e também nas localidades limítrofes.
Brasão da Cidade do Porto
Coroava a Fonte de S. Domingos
Falando ainda de mananciais, um dos mais importantes, já referido no tempo de D. João I, portanto no séc. XIV, era o do Poço da Patas ou a Fonte de Mijavelhas. (Hoje, Campo 24 de Agosto). Segundo a lenda, as mulheres vindas de Valongo e S. Cosme para comercializar os legumes e o pão em S. Lázaro, ali se aliviavam. Nesse local construiu-se uma fonte.
O volume da água nascente junto com a que descia de Santo Izidro, provocava inundações. Parece que foi mais fácil soterrar a Arca e destruir a Fonte, que acabou por secar, do que aproveitar o manancial.
As ruínas deste espólio foram descobertas aquando dos trabalhos da construção do metro e da estação do Campo de 24 de Agosto. As pedras foram aparecendo aos poucos. As armas reais estão lá.
Pormenores do que seria a Arca
O interior
A estória romanceada da descoberta e da reconstrução está em
e no documento pdf anexo
Acreditem que ainda hoje, quando chove um pouco, os ribeiros que aqui vêm dar enchem e a estação do metro inunda, sendo por vezes necessário encerrá-la. Obras de quem não sabe nem conhece o solo do Porto. Outra coisa curiosa. A reconstrução está ali mas não podemos fotografá-la. Quási me peguei com um segurança que me proibiu de fazê-lo. Será o medo de alguém pensando que um seguidor de Bin Laden, ou do próprio, precisar das minhas fotos clandestinamente para destruir esta beleza ?
Um depósito de água.
Agora está nos Jardins do SMAS. Anteriormente não faço ideia onde estava.
Mas vamos primeiro olhar para as minhas recentes descobertas.
Em Azevedo de Campanhã, próximo à Circunvalação, vi esta pequena memória com uma fonte.
Pormenor da Fonte, que tem a inscrição do ano de 1871. Por casualidade a descobri. Descia desde o novo Parque da Cidade a Oriente (Campanhã), e ali está ela. Talvez a sua água tenha dado de beber aos Miguelistas-Absolutistas aquando do cerco da cidade.
Presumo que esta Fonte é a do
Rio da Bica ou
Fonte de Cima. E presumo porquê ? Porque ao lado está o Largo da Bica. Encontrei-a por simples acaso. Não tem qualquer referencia. Acabei por encontrar na Wikipédia o seu nome e a localização na Freguesia de S. João da Foz. Referenciada pelo IHUR - Instituto de Habitação e Reabilitação Urbana. Nem a Junta tem qualquer referencia a ela. Mas pelo menos está limpinha e num local agradável.
Fonte das Oliveiras, numa foto de há 3 anos. Está junto a Mártires da Liberdade, encostada a um prédio revestido a azulejos e na altura encontrava-se muito degradada. A primitiva era de 1718, embora não neste local, mas próximo. Sofreu várias alterações ao longo dos anos sendo-lhe acrescentadas bicas e pormenores decorativos. Foi mudada para este local em 1881.
Fonte do Largo da Maternidade
Fonte no Largo de Massarelos
Estas duas Fontes são apenas referidas na Wikipédia pelo tal IHUR.
Nada sobre a sua estória.
Mas vamos entrar no Palacete dos Smas e na sua Mata, onde encontraremos Fontes e Chafarizes que foram removidos dos seus locais por razões urbanísticas.
À entrada, esta Fonte com Lago é da autoria de Irene Vilar, de 1987 e chama-se Universo
Pormenor só da Fonte
Arca de Santo Izidro
Construída na Travessa de Santo Izidro
é de inspiração oriental
Arca do Anjo
Estava situada no antigo Mercado do Anjo
onde está hoje a vergonhosa Praça de Lisboa.
Construída em 1832
Decorada com azulejos, com um bica que debitava a água para um tanque,
que por sua vez tem 14 bicas deixando-a cair para um tanque maior
Pormenor do tecto
Num largo encontramos o Chafariz que esteve no Convento de São Bento de Avé Maria, uma relíquia de 1528
Não se sabe quando foi transladado para este local. Sei que já esteve activado e no seu lago criaram-se plantas aquáticas. Hoje está circundado por mata e desleixado.
Esta foto de finais do séc. XIX, anterior portanto à demolição do Convento, mostra o local onde se encontrava o Chafariz. Foto encontrada em vários espaços.
Fonte para animais. Com dedicatória aos humanos.
A sua origem foi na Praça de Carlos Alberto,
já passou pelo Parque da Pasteleira e agora encontra-se na mata.
Servia também de Candeeiro de iluminação pública.
Fonte da Rua Garrett onde é hoje a Padre António Vieira
Fonte da Feira dos Carneiros ou Chafariz de Camões - 1898
Esteve localizada na Trindade entre as Ruas de Alferes Malheiro e de Camões e talvez Liceiras.
Aí se realizava a Feira dos Carneiros
Fonte da Fontinha
Andou por vários lugares na zona da Fontinha.Um documento presume a sua construção em 1861.Mas em 1952 há outro que refere a sua mudança de próximo de Santa Catarina para as Carvalheiras. Inscrita tem a data de 1866.
Fonte de Cedofeita
Foi construída na Rua de Cedofeita em frente à Rua da Torrinha
Uma foto da época com o cenário que enquadrava a Fonte
Fonte do Campo Alegre
Localizada na Rua do mesmo nome, encostada a uma quinta. Deixou de ter utilidade quando a nascente secou e foi entulhada.
Foi removida do local em 1945 a pedido da dona da quinta que pediu para se vedarem os terrenos da fonte por causa das sem vergonhas ali praticadas.
Fonte do Ribeirinho ou dos Ablativos - 1790
Construída em Cedofeita, presumo que próximo da Rua dos Bragas. Posteriormente terá sido transladada mas não tenho referencias para onde.
É encimada por um medalhão com a imagem da principal Padroeira da Cidade do Porto, N. S. da Vândoma
Para terminar, um Chafariz que é Monumento Nacional. Da autoria de Nazoni, no séc. XVIII
Foi criado para embelezar os jardins da Quinta da Prelada, mas depois da compra da Quinta pela Câmara foi transferido para o Jardim do Passeio Alegre.
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