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segunda-feira, 28 de março de 2016

242 - Quinta-Feira Santa - II Parte - Igrejas

Recordando a Quinta-Feira Santa da minha mocidade e a visita às Igrejas, lembro-me que se deviam visitar números ímpares: 1, 3, 5 e por aí fora. No caso de ser impossível, deveríamos sair da Igreja e voltar a entrar, completando-se assim os números ímpares de visitas. Mas as visitas podiam completar-se entre a Quinta e a Sexta-feira. Se não estou errado, foi este o conceito que me foi pregado.

As visitas eram feitas acompanhando a minha Avó e por vezes a senhora a quem ela governava a casa, a vida e a mãe. Lembro-me que conheci a Igreja de Santo Ildefonso mesmo antes de conhecer a Igreja de Nossa Senhora da Conceição, no Marquês. A do meu lugar.
Talvez uma ou outra visita com o meu Pai mas se o foi aconteceu por curiosidade e casualidade. Ele gozava o fim de semana a partir de Quinta-feira à tarde e por uma razão simples: a dona da empresa onde trabalhava em Campanhã (D. Ilda Paranhos, da Fábrica de Moagem da Granja) era muito religiosa e concedia esse privilégio ao pessoal.

Acabei de saber que é costume antigo visitarem-se 7 Igrejas correspondendo a iguais Passos, com origem provavelmente em Roma. Não sei o que se deve fazer durante a visita. Reparo agora que, curiosa e involuntariamente, visitei 7 Igrejas.
Outra curiosidade, é que se a Igreja de Nossa Senhora da Vitória estivesse aberta, seriam oito. Nesse caso, eu seria castigado por ter contrariado a tradição ?
Deixemos o assunto e vamos à parte séria pois é isso que me faz publicar com prazer nesta página.

O seguimento das imagens estão exactamente pela ordem que visitei as Igrejas.

Igreja dos Congregados
Construída em 1703 no local onde existiu uma Capela dedicada a Santo António (1662-1694). Estava anexa ao Convento da Congregação do Oratório, vulgo os Congregados, construído em 1660.
Durante o Cerco do Porto (Julho1832-Agosto1833) serviu de quartel e arsenal ao Exército Libertador.
Conta-nos Germano Silva que os frades desta Congregação assistiram das janelas do Convento ao enforcamento dos 12 liberais condenados pelos absolutistas de D. Miguel e no local onde temos a Praça da Liberdade, regozijando-se e comemorando comendo Pão-de-ló e bebendo Vinho do Porto.

A Capela-Mor foi reconstruída no séc. XIX recebendo as pinturas murais de Acácio Lino dedicadas à vida de Santo António.

Os azulejos da fachada, igualmente dedicados à vida de Santo António, são da autoria de Jorge Colaço, de 1920.
No alto da fachada, num nicho encontra-se uma imagem do Santo.

Igreja dos Clérigos
Tem como Padroeira Nossa Senhora da Assunção. A Igreja faz parte com a Torre e o antigo Hospital de uma unidade construída por Nicolau Nasoni, obra máxima do Barroco em Portugal.
A primeira pedra da Igreja foi lançada em 23 de Junho de 1732 e a primeira missa rezada em 28 de Julho de 1948.

Ao cimo da Rua dos Clérigos e no patamar das escadas que dão acesso à Igreja, encontra-se uma Capela subterrânea dedicada a Nossa Senhora da Lapa. A imagem feita por Mestre Custódio, custou 11$200 reis foi colocada num retábulo feito por Luíz Pinto e que custou 57$600 reis, em Janeiro de 1756.
Esta capela visível ao público foi desatulhada e restaurada há talvez uns 4 anos.

A construção do templo sofreu muitos revezes, especialmente dirigidos pela Irmandade de Santo Ildefonso, ciumenta da grandeza do conjunto.
Presume-se que a obra tenha sido dada como concluída em 1750.
A monumentalidade do espaço interior acentua-se através do retábulo da Capela-Mor, executado entre 1767 e 1780 pelo arquitecto Manuel dos Santos Porto.

Embora o número de visitantes seja muito grande em qualquer época eram demasiados os que vi. Tentei subir às galerias e à parte museológica, mas a fila para comprar ingresso era tão grande que desisti da ideia.

Dei um saltinho ao Carmo pois pretendia fotografar as fachadas das Igrejas do Carmo e Carmelitas como são mais conhecidas por nós. Uma fotografia capaz é de dificuldade máxima devido aos cabos aéreos, aos sinais de trânsito e outros. Acabei por entrar nas Igrejas embora já as tivesse fotografado anteriormente com intenção única de ver o que se passava no interior.

As igrejas geminadas são Monumento Nacional desde 2013 sendo a dos Carmelitas Descalços - do lado esquerdo e que pertencia ao antigo convento, agora ocupado pela Guarda Nacional Republicana - a mais antiga. A primeira pedra foi lançada em 1619, a igreja concluída em 1628 mas a campanha decorativa só foi dada por concluída em 1650.

Segundo www.monumentos.pt/Site/APP - Igreja e Convento dos Carmelitas, as esculturas da fachada são de barro pintadas a branco a fingir calcário.

A Torre Sineira encontrava-se do lado direito, deslocada para o lado contrário durante a edificação do templo da Ordem Terceira do Carmo, construído em terrenos cedidos pelos Carmelitas em 1751. A primeira pedra da Igreja foi lançada em 1756 e concluída em 1762, depois do aval de Nasoni.
Algumas imagens da Igreja do Carmo:

O retábulo da Capela Mor é de 1773.

 As campanhas decorativas prolongaram-se por muitos anos.

Os Retábulos das seis Capelas laterais remontam a 1771

A fachada é profusamente decorada e o corpo principal ladeado por nichos com as imagens dos profetas Elias e Eliseu. Num nicho central superior a imagem de Sant'Ana em jaspe. Acho estranho, mas se as páginas oficiais o relatam, é porque é.

Muitos visitantes em ambas as Igrejas, formando-se cordões para entrar e sair. Irrita-me um pouco o barulho provocado, nada condizente com as atitudes de reflexão e respeito que se devem ter nos templos de todas as religiões, praticando-as ou não. 

Convido agora para uma visita à Igreja vizinha dos Carmelitas Descalços.

No interior do tempo predomina a talha dourada que extravasa os retábulos das seis capelas laterais e estende-se a determinadas zonas da abóboda. A capela-mor exibe um retábulo de 1767 desenhado pelo Padre Joaquim Teixeira Guimarães e executado por seu pai José Teixeira Guimarães, dois personagens incontornáveis da Cidade do Porto presentes na arte do desenho, cenografia e entalhamento de algumas das igrejas da Cidade, nomeadamente S. Nicolau e da do Convento de S. Francisco. Há ainda o artista José Pereira Campanhã que com ambos colabora na vizinha Igreja do Carmo e também na Vitória. Se estou errado me corrijam.

As pinturas, os entalhes, o ouro ou a prata, as imagens que os santeiros criaram, não adianta tentar explicar porque um leigo não sabe explicar mas sente e julga apreciar a beleza que o rodeia.

Julgava que conhecia estas igrejas e o que elas nos revelam. Puro engano. Há sempre algo novo a descobrir.
  
Regressei ao exterior e para olhar o que nunca cansa ver: O extraordinário painel lateral em azulejos da Igreja do Carmo representando cenas alusivas à fundação da Ordem Carmelita e ao Monte Carmelo. Desenhado por Silvestre Silvestri, pintado por Carlos Branco e executado nas Fábricas do Senhor d'Além e da Torrinha em Vila Nova de Gaia datados de 1912 é uma obra de referência da Azulejaria Portuguesa.

Propus-me um intervalo para refeição e a seguir descer até Belmonte.
No local designado de Boa Vista onde passava a Muralha Fernandina de que se podem ver alguns pormenores e se abria a Porta da Esperança, os Eremitas Calçados de Santo Agostinho iniciaram entre finais do séc. XVI ou princípios do séc. XVII a construção de um Convento e Igreja no local onde existia uma Ermida dedicada a S. João de Belmonte. As obras foram dadas como terminadas apenas em 1779.

A capela mor é coberta por uma abóbada de pedra e o altar foi mandado construir pelo Bispo D. Frei António de Sousa, um frade que pertenceu à ordem.

Capela de Santa Rita de Cássia decorada com azulejos sobre a sua vida.

Não se encontravam visitantes. Uma senhora que deveria pertencer à Igreja e eu éramos os únicos humanos. A única iluminação era dada pela luz que entrava pelas janelas, mas esta minha máquina fotografa até onde não há luz.

 Segui a caminho do Rio e espreitei em S. Nicolau

No local de uma antiga ermida do séc. XIII, foi construída a Igreja de S. Nicolau entre 1671 e 1676. Sofreu um incêndio em 1758 e sua reconstrução terminou em 1762.
No alto da fachada encontra-se um frontão cortado por um nicho contendo a imagem do Padroeiro.
Os azulejos são de 1861.
A igreja está em obras e na altura praticava-se um serviço religioso.

A nave é coberta por uma abóboda de tijolo.

Pormenor de um dos altares laterais, cujos retábulos em talha rococó artisticamente lavrados, são de 1816.

Quase em frente localiza-se a Igreja de S. Francisco, que pertenceu ao extinto Convento onde se encontra o Palácio da Bolsa. Para ela me dirigi e completar o ciclo.

 Monumento Nacional de extraordinária grandiosidade e beleza. Há cerca de 8 anos e meio visitei a Igreja.

Nessa altura (como hoje) não era permitido fotografar e a vigilância não me largou de vista só porque levava a máquina na mão. Era a velha Olympus made in China que fez no dia 9 precisamente 9 anos que a comprei. Fez também precisamente 6 anos que avariou. No dia 10.
Conclusão, porque não me deixaram fotografar a Igreja, raramente me referi a ela. Mas mudei o meu pensamento, mesmo continuando a ser proíbido fotografar.
Entrei de corpo feito e a brincar com o porteiro. Talvez pela quantidade de turistas não me ligou grande importância.
Fui conseguindo algumas imagens entre o aglomerado de pessoas e não ligando importância à luz que é péssima. São as imagens possíveis que não são grande coisa. Não sei se há câmaras de vigilância, mas tive o receio de sentir de um momento para o outro uma mão sobre o ombro, e zás.
Também não sei se irei ter algum problema com a Irmandade por causa da publicação das fotos. Seja o que Deus quiser mas a Igreja fica a ganhar pois resolvi fazer-lhe publicidade.

Profissionalmente, já tinha visitado a igreja em meados dos anos 80 do século passado.
  
Na imagem as duas Igrejas de S. Francisco: à esquerda a da Ordem e à direita a do antigo Convento dos Frades Observantes de S. Francisco.
A sua edificação terá começado em 1244 mas por várias razões arrastou-se no tempo e apenas terá sido construído um pequeno templo de uma só nave.

Nave Central e Capela-Mor
O templo que hoje subsiste teve início em 1383, ano da morte do Rei D. Fernando que concedeu bastante protecção aos Franciscanos. O seu estilo gótico tem características especiais, muito regionais.
A principal campanha de remodelação do templo aconteceu na época barroca, conferindo-lhe o estatuto de Igreja forrada a Ouro.

Uma  má imagem do extraordinário Retábulo na Capela de Nossa Senhora da Conceição e dedicado à Árvore de Jessé, reformulado entre 1718 e 1721 sobre uma obra já existente.

Capela de S. João Baptista
Construída na década de 30 do séc. XVI desenhada por Diogo de Castilho. Num à parte, fico na dúvida se não será João de Castilho, seu irmão. Ambos trabalharam em vários Monumentos em Portugal ligados ao Manuelino. Diogo está escrito na placa informativa junto à Capela, mandada edificar pela família Carneiro. João está referido como o autor na página do Património Cultural referente a S. Francisco.

Pormenor por baixo do Coro Alto e à esquerda o Retábulo dos Santos Mártires de Marrocos.

Foram estas as Igrejas que visitei na Quinta-feira Santa. Se tudo correr normalmente, juntamente com outras Igrejas do meu/nosso Porto farão parte de uma trabalho que há muito ando a programar.
Não lhes senti neste dia aquela mística própria de um templo. Os turistas eram imensos, o barulho bastante e o caminhar pelo corredores distraim, provàvelmente, quem não estava verdadeiramente a fazer turismo.

Mas na passada quinta-feira encontrei outros motivos interessantes que mais tarde contarei e mostrarei.


sexta-feira, 25 de março de 2016

241 - Quinta-feira Santa - Parte I

Há mais de dois meses que por várias razões não ia à Baixa. Pensei que seria óptimo aproveitar a Quinta-feira até porque o tempo prometia estar bom.
Levantei-me de madrugada, espreitei o céu para confirmar e dei os bons dias à lua.
Tudo se conjugava para tornar agradável o passeio que projectei. Prontinho, saí de casa às 11,15 horas, apanhei quase logo o autocarro par o Bolhão e meia hora depois entrava na Farmácia Sá da Bandeira para arrumar um problema.
A partir daí era só testar as minhas novas capacidades após a recauchutagem.

Essencialmente, este passeio destinava-se a fotografar umas quantas Igrejas nesta época Pascal. Congregados, Clérigos, Carmo e Carmelitas, Vitória (não foi possível por estar fechada e só abria às 16 horas), S. João Novo, S. Nicolau e S. Francisco, a do Convento. Em futura deambulação por este espaço, referir-me-ei em pormenor.

Fui tirar umas medidas no passeio intermédio em frente à Estação de S. Bento voltado para os Congregados, quando toda a gente ficou embasbacada com o espectáculo que o condutor (?) do veículo mostrado na foto resolveu fazer.
Vindo da esquerda do lado da Praça da Liberdade e pela faixa que dá para Sá da Bandeira, atravessou-se em frente do eléctrico que estava a preparar a subida para 31 de Janeiro em frente aos Congregados. Não contente criou uma confusão entre os outros veículos, apanhou o lado esquerdo guinando a seguir para o passeio onde me encontrava com os outros pedestres à espera do verde para atravessar, saltou-o e enfiou para o outro lado atravessando-se na rua e acabando por parar à entrada da Rua da Madeira.
 
Mas a vida continua e na esplanada do Hotel Intercontinental nas Cardosas apanhei esta bela camélia. Uma foto com carinho.

Quem está no coração da Cidade tem de olhar o que o rodeia para a sentir. E motivos não faltam.
Há muitos anos que é tradição nesta época pascal sermos invadidos -  pacificamente claro - por milhares de turistas, naturalmente são mais os espanhóis e especialmente os galegos. Notam-se pelo seu vozear e comportamentos alegres que contagiam.
O lado sul da nossa Sala de Visitas, sem dúvida um ponto obrigatório de passagem e acolhimento, estava bem preenchida de gente conversando, máquina fotográfica pendurada ao pescoço e mapa na mão.
As esplanadas estavam já quase cheias mas a hora matinal convidada a apreciar umas loirinhas, um Vinho do Porto, um copo de verde branco fresquinho ou um tinto de qualquer boa região portuguesa. Para turista, meia-hora da tarde é o ideal também para apanhar sol e absorver o nosso calor para além do solar que deveria rondar os 16 a 18 graus.
16 marcava o termómetro da Sá da Bandeira quando meia hora antes passei lá. Muito bom.

Tinha visto nas nossas TV's - pelo menos em dois canais - uma reportagem que deve ter começado por um convite sobre o fabrico das Amêndoas de Páscoa da Arcádia. Fui lá espreitar mas desisti da ideia das fotos para a minha reportagem derivado à quantidade de pessoas que se aglomeravam em espaço tão pequeno..
Mas como tinha de comprar amêndoas para que se não diga que a tradicção já não é o que era, fiquei por ali a observar e a esperar. Deixei que abusassem de mim duas vezes, mas à terceira saiu recado geral com descompostura destinada às senhoras queques armadas em tias de cascais e para quem não há os outros.
O meu pedido foi atendido com desculpas da empregada, que não teve culpa nenhuma, e saí carregado com 100 gramas de licor e 100 de chocolate. De amêndoas, claro, que se juntaram na sacola ao remédio adquirido na Farmácia.

Acabei de descer a Rua do Almada e ao chegar aos Clérigos quase apanhava um susto. Tanta gente a circular fazia lembrar o S. João e um trânsito congestionado mas mais ou menos sossegado.

Do Adro da Igreja dos Clérigos, chamemos-lhe assim, ficamos com uma imagem de como estava a confusão.
A fotógrafa fotografando os namoradinhos, para mais tarde recordar. Só juventude, que maravilha olhá-la.

Não era minha intenção entrar nas Igrejas do Carmo e dos Carmelitas, mas apenas fazer as fachadas. As que tenho são todas escuras e vou precisar de coisa mais decente.
Pois na realidade é uma dificuldade fotografar estas fachadas. As esplanadas do Universidade e do Piolho e os toldes da Gelataria, que por sinal estavam recolhidos, complicam o tentar-se conseguir uma boa imagem.
A quantidade de fios e cabos aéreos, postes, sinais de trânsito e outros estragam igualmente o meio envolvente e a Ordem do Carmo, a quem as duas Igrejas pertencem até terá razão ao reclamar.
Turistas de calções e mangas arregaçadas também não faltam nos Leões.

Afinal acabei por fazer mais umas fotos das Igrejas e preparei-me para comer alguma coisa. Era uma hora e picos da tarde. Já tinha feito também a dos Clérigos. 

Depois da refeição simples composta de umas fatias de lombo de porco assado que sempre faço no Café da Porta do Olival quando passo por aqui, acompanhadas por uma loirinha, regressei ao caminho.
Várias coisas interessantes encontrei, mas também ficarão para nova postagem.

A seguir mesmo é o caminho que foi pela Rua de S. Bento da Vitória, rezando para que a Igreja estivesse aberta. Não adiantou porque o horário é para cumprir mesmo na Quinta-feira Santa. 

Um olhar pelo Tribunal da Polícia Judiciária, fechado. Será que já não funciona ?
Aproveitando estar ali, vale a pena um saltinho até ao largo do Miradouro da Vitória.

Mas não sem antes olhar o edifício que está em ruínas mesmo junto ao palacete da Judiciária.

 Valer a pena é como quem diz. Francamente, senti-me mal.

O edifício onde funcionou a esmaltagem (soube-o há dias) e a Tipografia está a desfazer-se. Já não se ouve o barulho das máquinas.
 O chão é uma grande lixeira especialmente em alguns pontos.
O miradouro já não é o que era principalmente se nos chegarmos para o lado esquerdo.
Este local seria privilegiado se se conjugassem vários factores: Eliminação dos cabos aéreos e das torres que encimam alguns telhados que parecem caixas de som; dos grafitos sem qualquer gosto artístico; do restauro e limpeza de alguns edifícios na encosta. Da implosão dos edifícios que circundam o espaço. E claro, de um local limpo bem ajardinado e um negócio de restauração.
Mas também a zona circundante do Morro da Vitória parece ter sofrido atentados bombistas. Vários antigos palacetes e outros edifícios estão em ruínas há dezenas de anos: Em S. Bento da Vitória, em S. Miguel, nas Taipas, em Belmonte.
A antiga e última Judiaria oficial da Cidade do Porto está arruinada.
Enquanto andei por aqui e mesmo depois descendo S. Miguel a caminho das Taipas, vi gente com cara de turistas. Creio que estariam enganados e até perdidos. A péssima sinalização presta-se a confusões. Claro como água que o importante é sinalizar CLÉRIGOS, não interessa como. E é vergonhoso que se sinalize entre outros o Convento de S. Bento da Vitória quando nem sequer é visitável. Melhor, ser, parece que é, através do Teatro S. João para um mínimo de 30 pessoas por um valor per capita exorbitante e podendo mesmo ser anulado se o S. João assim resolver. Vergonhosa esta situação. Não sei sequer se há alguma coisa que valha a pena visitar. Mas também nunca o saberei.

O mesmo acontece com a Igreja do Convento. Nunca a encontrei aberta. Disse-me em tempos um habitante da rua que ao domingo havia uma missa.
Por acaso conheço-a de fotos, pois um amigo conseguiu autorização para a visitar e fotografar enviando-me o seu trabalho. Que divulguei também.
Presumo que o conseguimento foi através de uma boa cunha - desculpe-me a ousadia senhor Professor Elias Moreira - mas o senhor mereceu essa cunha e por causa dela muitos ficamos a conhecer o interior dessa bela igreja.
Esclareça-se para que não restem dúvidas, que a Igreja e o Convento são Monumentos Nacionais desde 29 de Setembro de 1977, conforme publicado no Dec. Lei nº 129 o que não quer dizer que os nacionais habitantes - e os estrangeiros que nos visitam - usufruam qualquer regalia.

O número 4 da Rua de S. Miguel, Imóvel de Interesse Público estará a restaurar ? Numa janela aberta no último andar existe um letreiro sobre obras, mas não se vê qualquer actividade.
Todas as vezes que por aqui passo e faço uma foto, é sempre pior que a anterior. Nunca se cumprirá o dito do meu querido e saudoso camarada Victor Condeço. E os azulejos que são o grande património não só do dono do edifício como da própria Cidade ainda se irão perder.

Já nas Taipas, continua sem solução o palacete do séc. XVII da família Leite. Abandonado talvez por altura das Lutas Liberais e do Cerco do Porto (1832/32), foi sede do Clube Inglês antes de se mudarem para os lados das Virtudes; e depois foi uma drogaria.

Vamos descer às Taipas olhando o seu casario antigo e pensando na toponímia que já vem desde o séc. XIV.
Acertamos em Belmonte entre contrastes de casarios para descer até S. João Novo onde a Igreja esperava. Já a tinha fotografado duas vezes, a última na companhia do amigo e camarada Jorge Peixoto há cerca de quatro anos.

Obrigatóriamente temos de encarar outra das vergonhas ruinosas desta zona - e continuarei sempre a referi-la até que as mãos me doiam -. São os restos do Palacete de Pedro da Costa Lima, mandado edificar em 1727 e que desde 1945 albergou o Museu de Etnografia e História abrangendo não só a Cidade do Porto, considerado o mais rico do País.
Fechado desde 1992 devido à degradação e condições de segurança, dizem-me não se saber do património que albergou. Se existe algum guardado - oficialmente - onde se encontra ? Que projectos existem,se há que existe alguma coisa para o edifício e para o Museu ? Há anos que pergunto e ninguém me responde.

Depois da visita à Igreja de S. João desci a Rua até à Comércio do Porto, inflecti à esquerda pela Rua da Bolsa entre os núcleos Hospitalares e Ordem de S. Francisco, contornei por cima o Palácio da Bolsa para apreciar o Infante.

Visitantes atropelando-se no Palácio da Bolsa. Levei com um carrinho de bebé, uma máquina fotográfica, atropelado por um casal - por acaso com características orientais que não souberam pedir desculpa - incluindo as mochilas. Por mim, só queria ficar ali um pouco a olhar para a Praça e imaginar se o Infante levava com a grua na cabeça ou não.

Além disso seguir com olhar o que se avista do Morro da Sé no alto e do casario cá em baixo.

Umas peripécias engraçadas junto a S. Francisco já tinham passado. Outra também em S. Nicolau. Contarei brevemente. Agora, naquele momento, precisava de matar o bicho e nada como uma loirinha.
No passeio da Rua do Infante do lado das casas há muitos e diversos comércios. Entre eles, vale a pena meter o nariz nas entradas e tentar descobrir algo interessante. E imaginar a Rua antiga que se chamava dos Ingleses e deixá-la fluir levada pela pena de Júlio Dinis.
Mas isso já os meus queridos e queridas visitantes leram no: http://portojofotos.blogspot.pt/2013/05/158-o-infante.html

Num dos muitos bares que por aquele passeio existem, gosto do D. Antónia desde que me amesentei com a família do Júlio de S. Paulo. Tomei a minha loirinha que aliás foram duas de 20 cl. cada acompanhando um pastel de carne, tipo de Chaves.
Mais passeio, nesta (que foi ontem) quinta feira santa para mais tarde recordar a sair em breve.


Tempo ainda para deixar lembranças para o Menino e para a Menina. Agora já não lembro se são do Bazar Paris se do Londres. E as pedrinhas do paseio da Calçada à Portuguesa a refletirem no vidro.
Mas para o caso não interessa nada.
Boa Páscoa