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sexta-feira, 20 de maio de 2011

75 - A Igreja Paroquial de Santo Ildefonso

Esta Igreja foi construída entre 1709 e 1739 em estilo renascença da fase final. A fachada é revestida por 11.000 azulejos assinados por Jorge Colaço em Novembro de 1932. Representam cenas da vida de Santo Ildefonso e do Evangelho. Este local era muito frequentado pela população, pois existia um souto de carvalhos que o tornava aprazível. Aqui estava erigida um Ermida sem data definida mas que fazia parte do testamento do Bispo do Porto, D. Vicente Mendes, datado de 1296. Chamava-se Ermida de Santo Alifon. Foi demolida em 1709, já quando apresentava muitos sinais de ruína.



O sacrário e imagens foram transferidas para a Capela de Nossa Senhora da Batalha, junto à Porta de Cimo de Vila e por lá estiveram enquanto a nova igreja estava a ser construída. Esta Capela foi demolida aquando da construção do novo Teatro de S. João, que, como sabem as nossas gentes, substituiu o antigo Teatro Real que ardeu no princípio do séc. XX.

A escadaria sofreu várias alterações ao longo dos séculos desde que foi construída nos finais do séc. XVIII. Do lado esquerdo, foi desmontada em 1924 para dar lugar a espaços comerciais. Ainda recentemente, já no séc. XXI, sofreu novas alterações, bem como a grade e portão de acesso à entrada.


Várias ossadas foram encontradas durante as recentes obras da igreja. Presume-se serem restos de um cemitério, tanto no interior como no exterior da antiga Ermida.
Na Capela-mor descobriram-se também pedras de alicerces julgando-se pertencer à referida Ermida de Santo Alifon.


O retábulo da Capela Mor é desenho de Nasoni e executado por Miguel Fernandes Silva em 1745.


Pormenores da Igreja





A talha do arco cruzeiro é de 1950. 6 grandes figuras em estuque representam Apóstolos e Evangelistas.


Os vitrais são de 1967 e da autoria de Isolino Vaz.




O tecto, creio que todo ele e não só o da capela-mor ou o do corpo da Igreja, é em estuque decorativo de tradição barroca. Foi no passado um rico trabalho cromático a ouro puro, mais tarde coberto por cal.
Ao centro e nas paredes laterais estão duas grandes telas com 5,80x4,30 metros, autoria de Domingos Teixeira Barreto, pintadas entre 1785 e 1792. Quási não se vê nem define a pintura. Tudo negro. As molduras são recamadas a ouro fino, mas pintadas a castanho nos princípios do séc. XX. Espera-se o restauro e a devolução das molduras ao ouro primitivo. E os tectos ?




Até onde chegava a escadaria do lado de Santa Catarina, pegado à Livraria Latina, está agora um comércio com nome estrangeirado que substituiu a velha Janota e a montra das 100 camisas.
Por detrás do muro encontra-se o obelisco que se afirma ser o contraponto à Torre dos Clérigos, acaba de construir. A rivalidade entre as duas confrarias foi muito grande.

Do lado de cá, acabaram-se os velhos sanitários públicos, que tanta falta fazem às vezes. Mais uma obra acabada do sr Presidente Rui Rio.

Nesta velha foto lá está ainda o obelisco, os sanitários e as várias escadarias, entretanto remodeladas. Do lado da Rua de Santo Ildefonso também sofreram alterações.

O Obelisco está do lado esquerdo da Igreja, de quem fica de frente para ela. É uma pedra única assente sobre 4 esferas pousadas num pedestal. Tudo em granito, acho eu.



Mais ou menos de onde ele estaria localizado, a vista para a outra colina com a Torre e Igreja dos Clérigos no alto.

Ainda do lado esquerdo e traseiras da Igreja, encontram-se 14 cruzes que foram retiradas no final do séc. XIX, por ordem da Câmara, da colina do Bonjardim. Presumo que seria a zona da Fontinha actual. Serviam a Via Sacra da população. Eram forradas a madeira com caixa de vidro e pintura a óleo com letreiro e a invocação do santo. Cada duas com uma lanterna.

Em acta da Confraria de 21 de Julho de 1833, refere-se que durante o Cerco do Porto, nas Lutas Liberais, foram arrazados o adro e a frente da Igreja. Que também foi saqueada em 1809 pelas tropas napoleónicas sobre o comando de Soult.


Com a devida vénia, retirei os textos históricos de um documento do Padre Dr. Alfredo Soares, ex-pároco de Santo Ildefonso.



4 comentários:

  1. Jorge

    Historicamente, pelo bem e pelo mal, acho excelentes todas as tuas considerações e narrativa.
    Fica-se triste quando se sabe (já há alguns anos não "vejo" a Igreja de Sto Ildefonso) que algumas peças de Arte estejam em mau estado.
    Era uma Igreja magnifica.
    Não entendo bem as competências da Ordem, mas sei do deixa correr que um dia a casa vai abaixo.
    Decerto (e não me admiraria nada) até tem a conivência e ajuda dos terráqueos que vão ordenando e descaracterizando esta Cidade do Porto.
    Quem sabe?!...

    Parabéns, Jorge, por mais este teu trabalho.

    Abraços
    Santos Oliveira

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  2. amei suas fotos e esta igreja porque é muito linda . só não gostei de todas as mudanças porque não a preservaram tal e qual era no passado?
    um beijo bem histórico pra ti.
    como se parece com a minha querida Ouro Preto.linda linda. obrigada assim conheço um pouquinho da sua querida cidade.
    Mara

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  3. Olá, Amo teu país e Amo o Porto. Estive lá em 2009 e conheci muita coisa linda...quero voltar...fiquei extremamente apaixonada...conheci o teu blog atraves de um pps sobre o Porto. Adorei! Parabéns!

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  4. Pois és um sortudo Jorge. Em Maio passado quiz tirar umas fotos no interior da Igreja e lá estava um padreco capaz de me comer viva e acabou por me intimidar, pois quando me viu de máquina na mão o olhar dele disse-me tudo que nem necessitei de tradutor.

    Bem, mas graças a ti aqui as tenho. Obrigada amigo.

    Um abração cá de longe.

    Aida :)

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