Revisitando os meus antigos lugares de menino a partir do Marquês, o campo do Luso e o Estádio do Lima, pertenças do Académico Futebol Clube eram paradeiro habitual para ver, no primeiro, grandes jogos de andebol de onze e no outro tudo que viesse à rede era peixe. Basquetebol, Hóquei em Patins, Ciclismo, Atletismo, Futebol aos domingos à tarde e também dar uma espreitadela à elite que dava umas raquetadas nas Quadras de Ténis. Sim, porque o Académico era um clube de elite.Quem saía do Marquês descendo a rua da Constituição, no cruzamento com a Rua da Alegria, logo ali a uma centena metros, encontrava o Lima.
Onde estão hoje os arranha-céus, era o Luso. Normalmente era só Andebol que ali se jogava. Mas de vez enquando também umas partidas de hóquei em campo. Periòdicamente o Circo Mariano montava lá a sua tenda, não no terreno de jogo mas no amplo espaço que havia. A minha primeira unha encravada e logo no dedo grande do pé direito aconteceu aqui, numa peladinha de garotos.
Onde estão hoje os arranha-céus, era o Luso. Normalmente era só Andebol que ali se jogava. Mas de vez enquando também umas partidas de hóquei em campo. Periòdicamente o Circo Mariano montava lá a sua tenda, não no terreno de jogo mas no amplo espaço que havia. A minha primeira unha encravada e logo no dedo grande do pé direito aconteceu aqui, numa peladinha de garotos.
Neste local, mais ou menos, ficava a entrada para o Estádio do Lima pela Rua da Constituição, antes de chegarmos à Rua da Alegria. Era uma espécie de hall, com o campo de basquetebol à direita e todos balneários à esquerda. Em frente, o túnel de acesso dos atletas ao Estádio.Desde há cerca de 40 anos, o estádio transformou-se em mais um terreno baldio, cheio de lixo. Creio que é pertença da Misericórdia do Porto. Curiosamente, não encontrei grandes referências sobre ele nem no site do Académico, o que deveria ser natural.
Resquícios de um dos peões. Por detrás um parque auto.
Mais ou menos por aqui estava uma bancada lateral. Ainda lá estão degraus. Foi daqui que o Pedro Moutinho fez o relato radiofónico do Porto x Sporting para o filme O Leão da Estrela.
Rua do Lima. Não sei se esta entrada para o parque auto era a mesma por onde entravam os ciclistas em direcção à pista. Mas se não é, a outra ficava próxima. Ao fundo, em Costa Cabral, o Cinema Júlio Deniz - grafia ainda lá bem visível - hoje salão de baile. Também ele foi uma referência para a sua época.
Aqui está mais uma perspectiva do velho Lima. Iniciou-se a sua construção em 1923 e o arrelvamento em 1937. Parece ser uma incógnita como veio parar o terreno às mãos do Académico. E de como delas saiu.
De Costa Cabral para o Marquês, o Palacete sede do Académico, clube que está a comemorar os 100 anos de existência e foi fundado em 15 de Setembro de 1911 por uma elite de estudantes do Liceu Alexandre Herculano. Bisbilhotando na net, só se encontram referências a jogos de futebol lá disputados pelo F.C. Porto contra adversários de Lisboa e especialmente o Benfica.
A estes quási de certeza não assisti. Mas assisti a outros já em meados da década de 50, em que intervinha a equipa da casa. Mas foi aqui que o F.C.Porto ganhou o maior troféu do mundo ao vencer o Arsenal de Londres. E se a memória não me falha, também o foi o jogo exibição com o San Lorenzo de Almagro. Assisti também a um Portugal x Suécia, equipa fabulosa, em andebol de 11.
Davam brado as grandes noites de ciclismo com ases internacionais: Coppi, Van Loi, Anquetil, Bahamontes, Koblet, Bobet, ao lado dos nossos grandes sprinters da época: Artur Coelho, Américo Raposo, Lima Fernandes. Claro, ao lado de Alves Barbosa e Ribeiro da Silva. Este, um menino ainda e que faleceu igualmente menino com 23 anos em 1958, depois de ter assinado por 200 contos, segundo creio, pelo Benfica mas que nunca chegou a envergar a camisola. Curioso ter assinado pelo Benfica porquanto as direcções alvi-negras eram tendencionalmente sportinguistas. Em meados dos anos 60 até os nossos roupões do andebol eram verdes...Não sei se por casualidade ou não.
Ribeiro da Silva homenageado no Lima depois de ganhar umas das duas Voltas a Portugal que conseguiu. Não sei se a de 1955 - a que foi roubada ao Alves Barbosa, agredido nos Carvalhos, presume-se por portistas do F.C.P mas quem saiu beneficiado foi o Ribeiro - ou a de 1957.
A pista de ciclismo também servia para provas automobilísticas.
Esta foto aérea é de meados dos anos 70.
A entrada por Costa Cabral
Possui o Académico desde há anos 2 pavilhões cobertos a par de outras pequenas instalações.
Excelente trabalho. Continua que fazes bem.
ResponderEliminarAbraço
Neto
Mais um excelente naco de história, desta feita dedicada ao estádio do Lima e ao campo do Luso.
ResponderEliminarDe realçar pormenores importantes ao longo desta reportagem, como a referência ao andebol de onze que hoje praticamente desapareceu; ao local onde o Pedro Moutinho relatou o jogo que faz parte do filme O leão da Estrela a que meio Portugal já assistiu seguramente por mais de uma vez; às voltas a Portugal em bicicleta e às corridas na pista do Lima ( havia-as também em Sangalhos) que eram relatadas na rádio...
Detenho-me aqui um pouco mais, caro Portojo, para te dar nota da amizade que me une ao grande campeão Alves Barbosa, Tó para os amigos que privam mais de perto com ele a quem farei chegar este teu trabalho. Dizer-te ainda que o seu cunhado, também economista, estudou comigo no Porto e na rua do Rosário 172 no antigo lar Infante D. Henrique, logo a seguir ao meu S. João de Brito no 150.
Um abraço de parabéns e o meu público reconhecimento pelo teu já significativo e apreciado trabalho sobre a Invicta.
Vasco A. R. da Gama
Caro amigo
ResponderEliminarVivi no Porto durante alguns meses após o meu casamento.
Era funcionário da Direcção de Finanças, na R. Gonçalo Cristóvão: fazia inspecção de tributários e, como tal, percorria as ruas da cidade até à Foz. Anos 67 e 68...
Recordo que o estádio do Bessa, por exemplo, estaciona sobre duas freguesias: Ramalde e outra que agora não recordo... Havia um grande embróglio: os herdeiros da família proprietária do Estádio/Campo do Bessa não pagavam às Finanças. Estudei bem o processo e descobri 12 dos seus herdeiros, dos quais contactei alguns 9, desde Moçambique, Inglaterra, Holanda, França, Itália... Um dia apareceu um advogado mandatado para resolver a situação. Recebi um grande louvor por isso!
Conheci bem as Antas e os seus 8 poços... e tanques para onde escorriam as águas das regas no relvado, que eram reaproveitadas: "olhinho" de Pinto da Costa! Nessa ocasião era sócio do FCP, mas não era adepto: só quando comecei a ver futebol cá pelas Lisboa e Setúbal me apercebi de que quanto diziam do FCP cabia mais e melhor aos lisboetas!!! Fiquei adepto. Agora sou sócio correspondente e vice-presidente dos "Dragões de Setúbal"- Casa do FCP nº 66!
O mundo dá muitas voltas...
Um abraço
Lino
gostei bastante deste seu artigo.
ResponderEliminarobrigado
grouchomarx
A excelência do teu trabalho, Jorge, é quase insuperável!
ResponderEliminarVelas pelas nossas Memórias e isso já é magnífico.
Abraço, do
Santos Oliveira
Trabalho que corresponde à realidade. Todavia, permitam-me do "alto dos meus 62 anos de idade" equacionar a hipótese de que a pista de ciclismo vista em imagem com um carro de corrida, ser...a pista no Estádio das Antas, pois o tipo de construção assim o indica. Não tenho de memória a existência deste tipo de bancada no Estádio do Lima. Pena não haver uma fotografia do Campo do Luso. Gostaria de saber em que ano foi "demolido" este recinto. Parabéns e obrigado.
ResponderEliminarOla meu amigo conterrâneo. É capaz de ter razão quanto à pista. Mas a foto apanhei-a como sendo no Lima. Também fico na dúvida.
EliminarSobre o Leão da Estrela, foi mesmo no Lima, depois de um Porto x Sporting. O relato do Moutinho foi "flmado" naquela bancada pequena que havia do lado esquerdo, de costas para a Rua da Alegria.
O Luso foi demolido cerca de 1970, mais ano, menos ano.
Um abraço
Meus caros, a foto tem pormenores que me parecem evidentes. As bancadas têm azul "à Porto" (embora emprestado, o Campo do Lima pertencia ao Académico), e se nos reportarmos ao ano do modelo do Porsche, penso que nessa altura as ervas daninhas já se tinham apoderado do recinto...
EliminarJá agora sobre o Campo do Luso, o Conjunto Habitacional do Luso-Lima é de 1962, portanto foi demolido antes disso.
Cumprimentos
Hugo Martins
Assalta-me uma dúvida. O recinto de jogo no filme "O Leão da Estrela" foi o Campo da Constituição...ou estarei equivocado? Agradável de ver e ler o V trabalho.
ResponderEliminarPermitam-me, de novo, meter a foiçe em seara alheia. O filme "O Leão da Estrela" foi produzido em 1947. Nesta data, o Estádio do Lima já se apresentava com relvado. Se não estiver em crise de memória (não me admiraria)o filme apresenta-nos o jogo Porto-Sporting em campo pelado. Estarei errado??? Se assim, o campo de jogo só podia ser o da Constituição, independente da produção audio (relato do jogo) poder ter sido montada/filmada no Estadio do Lima.
ResponderEliminarCumprimentos amigos.
Não parei sobre a questão do jogo ter sido disputado na Constituição ou Lima. Finalmente, tive acesso ao filme e, visionando, verifico que o campo é relvado. Sendo assim o equívoco está desfeito pois, relva, naquela época, só no Lima. Aquele abraço.
ResponderEliminarUm abraço amigo. Manda sempre. Será um prazer receber sua visita e os seus comentários.
EliminarO AFC teve o 1º Relvado do Porto, num excelente Estádio do Lima polivalente e com uma magnifica pista de ciclismo (1ª do Porto...), onde assisti à exibição de alguns dos citados ciclistas. A Volta a Portugal começou/acabou muitas vezes aqui.
ResponderEliminarInfelizmente o título de basquete é dos anos 90 e da 3ª divisão. O mérito porém cá fica.
E desafiar o meu caro para um trabalho parecido sobre o famoso Campo do Amial, antecessor deste eventos e onde, creio, se chegaram a realizar jogos internacionais?
Cumprimentos
A.Monteiro.
Tudo dito
ResponderEliminarParabéns pelo trabalho. Mas ninguém falou da Santa Casa da Misericórdia do Porto, que com a sua proverbial insensibilidade e o seu espírito avaro, não teve o menor pejo em destruir o Campo do Luso, penso que no final dos anos sessenta, e de destruir O Estádio do Lima, para construir prédios de rendimento e aquele mono quase falido que é o LIMA 5. Pessoa dizia que tudo vale a pena, mas eu na minha imensa insignificância ouso discordar dele, dizendo que não valia a pena destruir um maravilhoso estádio como o do Lima, para construir meia dúzia de casa e um terreno cheio de lixo. Isto demonstrou uma raiva contra oi desporto, que nem a sua "santidade", conseguirá justificar.
ResponderEliminarCaro amigo, nem todos estamos a par das "Misericórdias". Mas basta ver as suas (algumas pelo menos) administrações a começar pela de Lisboa. Mas essa é do Estado... Prontos, está dito. Um abraço
EliminarHoje,parti da Livraria Académica,passei pelo Bulhão,parei no Estádio do Lima.
ResponderEliminarFaltou referires uma outra modalidade lá praticada,o Rugby,aquele jogo de brutos praticado por cavalheiros,de que sou exemplo.
Sabes,joguei e ganhei ao FCP,aí no Lima em 1966,ou talvez em 65,e não esqueço,era Inverno,a água nos balneários era fresquinha...
Abraço
Caro Paulo,
Eliminaro meu nome é Jose Maia, estou a treinar a equipa rugby do politecnico do porto.
Vamos lancar este ano a vertente de TouchRugby para malta dos 8 aos 80 masc e femininos.
Gostaria de participar e/ou ajudar ?
O meu facebook pra contactar: https://www.facebook.com/paginadomaia
Caro Paulo, em 1959, tive duas ou três lições com um professor da Escola Infante D. Henrique que também era saltador à vara. Não me lembro do nome dele. E nem sabia que o FCP tinha tido rugby. A água dos balneários do lado da Constiuição sempre foi fria. Mas a do ringue já era quente no meu tempo. Mas só para a elite dos hoquistas. Um abraço.
ResponderEliminaro antigo estádio do Lima não é da Santa Casa nem do Académico é de uma empresa Promotora Imobiliária
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