Tive desde pequeno um fascínio por esta rua. Talvez porque era o caminho obrigatório em alguns passeios de domingo com meus pais até à Ribeira; talvez porque a minha avó escolhia esta Rua para ir comprar o Sável à Ribeira; talvez pela admiração que sentia pelas casas comerciais; talvez por ser o local de entrada e saída do autocarro que me levava e trazia quando ia às Casas (Caves como agora se diz) do Vinho do Porto, entregar encomendas de rótulos para as garrafas. E que passeio era...
O certo é que o fascínio me levou a estudar a Rua.
Começou por ser um projecto de João Almada em 1872 para expandir a cidade para Norte e que ligaria a Praça do Infante ao Convento de S.Bento de Avé Maria, demolido já nos finais do século e princípios do séc. XX, para dar lugar à actual Estação de S. Bento A planta do projecto a que eu juntei umas cores e referencias para melhor entendimento.
Clicando em cima será ampliada.
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O início da Rua, no Infante e que a levaria até largo de S. Domingos, numa segunda fase.
A primeira fase de construção ligava a Rua de S. João a S. Bento. A rua tem 19 metros de largura, uma das artérias mais largas da cidade. Foi preciso demolir muito património, tanto particular, como religioso e urbano.
Entroncamento com a Rua da Bainharia, à esquerda e Largo de S. Domingos. Um pouco mais abaixo, junta-se a Rua de S. João, vinda da Praça da Ribeira
O Largo de S. Domingos visto da Rua da Bainharia. Aqui existiu um Convento desde o séc. XIII, que foi consumido por vários incêndios. Numa parte não atingida ficou instalada a filial do Banco de Portugal, que também acabou por ser demolida para dar lugar à Rua Ferreira Borges que vai ter ao Palácio da Bolsa.
Existia também por ali a Igreja e Hospital de Santo Izidro, demolida por causa da Rua do Mouzinho. Recuperada, pelo menos uma parte, foi instalada na actual Rua de Santos Pousada.
Vista de uma parte da Rua em finais do séc. XIX ou princípios do séc. XX.
Já vinha sendo privilegiado o conjunto arquitectónico em detrimento do individual. São dessa época quási todos os edifícios que compõe a Rua.
No nº 182 existe um edifício em Arte Nova que posteriormente sofreu adulterações. Presumo que é o que se vê em degradação. Faz esquina com a Rua da Bainharia.
Por baixo da rua corre o Rio da Vila, que foi encanado em 301 m. O aqueduto tem 2,5 L e 3,25 A.
Existia uma ponte em pedra já referenciada no séc. XVI que o atravessava e que se chamava Rua da Ponte Nova, que ia até meio da Rua da Bainharia. Também sofreu a demolição.
Por baixo da rua corre o Rio da Vila, que foi encanado em 301 m. O aqueduto tem 2,5 L e 3,25 A.
Existia uma ponte em pedra já referenciada no séc. XVI que o atravessava e que se chamava Rua da Ponte Nova, que ia até meio da Rua da Bainharia. Também sofreu a demolição.
A Rua da Bainharia, ladeada por dois edifícios em degradação, vem agora até Mouzinho da Silveira. O da esquerda onde esteve a antiga Hospedaria Mouzinho está a levantar polémica, não pelos bonecos que tem colocados nas janelas mas por algo mais grave. Aliás, toda esta zona e o PORTOVIVO estão a levantar muitas polémicas. Mas adiante.
Esta é a Rua da Ponte Nova, agora uma pequena artéria, que atravessando a Rua das Flores subia até ao Olival (hoje Cordoaria). Numa das casas, identificada com uma placa, nasceu o pintor Silva Porto. E tema para mais um polémica.
Vista para Sul. Foi a maior intervenção urbana até meados do séc. XX. Para além do seu activo comércio, a facilidade de deslocação desde a Ribeira até S. Bento, foi de grande importância para o abastecimento das regiões rurais de Douro e Minho.
No centro deste correr, no nº 228, está o edifício que foi o Banco Aliança., mais tarde fundido com o Totta.
As traseiras deste correr de edifícios que dão para a Viela do Anjo e para o actual Largo do Duque da Ribeira. Não encontrei nenhuma referencia a esta torre.
Mais umas traseiras. À direita encontram-se umas escadas que dão directamente para a Rua Mouzinho da Silveira, passando por baixo de um dos edifícios.
Mais acima, estava o Largo de S. Roque ou do Souto vendo-se ainda vestígios dele, como o muro que sustenta a Rua dos Pelames, bem lá no alto. Existia uma Fonte Monumental e a capela de S. Roque, erigida para substituir a que se encontrava no Largo da Sé, (será essa a que se referia Almeida Garrett no seu "Arco de Sant'Ana" ?) arruinada aquando do Terramoto de 1755.
Para remediar a distribuição de água à população, a Câmara mandou colocar este chafariz em 1920.
O casario no alto da penedia.
Do Largo do Souto podemos ver o fim da Rua Mouzinho da Silveira e para o conseguir, foi destruído mais um pedaço das Muralhas Fernandinas bem com uma das Portas, a dos Carros, que dava acesso à Cidade.
Logo a seguir, vamos encontrar a Fonte inaugurada nos anos 60 do séc. passado, construída um pouco ao estilo da que foi demolida.
Por leituras feitas por aí, parece que não houve muito cuidado com os achados arqueológicos que se encontraram aquando da abertura da Rua. Ninguém sabe para onde foram. Embora tenham sido registados por vários estudiosos.
Só se espera que agora não suceda o mesmo. É que parece ninguém gostar do PORTOVIVO, entidade camarária que trata destes assuntos de intervenção urbana. Nem população, nem arquitectos, nem comerciantes.
Por agora fica uma pequena estória desta rua de que eu muito gosto.
Compilei estes textos nos sites da Câmara Municipal do Porto, PortoVivo, Wikipédia e também no http://www.portoantigo.org/ e http://ssru.wordpress.com/
Jorge, julgo haver uma imprecisão na parte do texto
ResponderEliminaronde é dito que: "...a filial do Banco de Portugal, que
também acabou por ser demolida para dar lugar à Rua
Ferreira Borges que vai ter ao Palácio da Bolsa".
Ora, o edifício onde foi a Filial do Banco de Portugal
ainda lá está. O BP passou para a Pr. da Liberdade e
uma Compª de Seguros instalou-se lá. Depois esteve
ao abandono até que, salvo erro no ano transacto,
foi reaberto após prolongadas obras. Fui lá ver uma
exposição e uma das curiosidades em destaque é
o velho cofre blindado do BP.
Um abraço do
«;-) GM
Resposta ao meu amigo GM
ResponderEliminarBom dia
caro amigo Gaspar
Em parte terás razão, porque sempre deve ter ficado alguma coisa do edifício original. Mas quando o BP o alugou fez obras que o descaracterizaram. E mais obras aconteceram quando a Douro o comprou. Presumo, segundo leio, que actualmente nada existe do que sobrou dos incendios e das expropriações para a abertura da Rua Ferreira Borges.
Embora o que escrevi tenha sido tirado de um dos textos que li, na realidade a demolição pode ser referida por causa da descaracterização que sofreu neste século e meio.
Ainda não visitei o edifício depois das novas obras, nem sabi, francamente, que já estava aberto.
Tenho de passar por lá, até porque quero ver se no Araújo e Sobrinho me deixam fotografar uma imagem que estava no Convento, ou na Igreja, agora já não me lembro.
Recebe um abraço de amizade do
Jorge Teixeira
Na sequencia dos excelentes trabalhos que vens feito.
ResponderEliminarNesta rua Mouzinho existem duas casa que tenho uma especial ternura.
"Vandoma" Leiloeiros, acima do Millénium e a casa Duarte,(já fechada) onde trabalhou o maior guitarreiro portugues Ant Duarte.
Abraço Grande Jorge
Jorge Felix
Jorge querido amigo ,e fica meus desejos de que teus trabalhos continuem sempre,pois tô adorando ,
ResponderEliminarconhecer a história da cidade do Porto assim ,da forma que estás mostrando ...
nunca foi tão bom conhecer uma cidade ,diante de um trabalho gratificante e muito prazeiroso de se ver...como diz lá um amigo teu em um comentário ,teria que haver outros Portojos,
porque teu trabalho é maravilhoso ...
agradeço por mim e por minha Bahia....
beijinhos!!!!
Sabes Jo, o que me deixa muito admirada em tua cidade, é que mesmo com construções e arquiteturas modernas, ainda se preservam muito as construções antigas, edfícios belíssimos e é isso que me fascina, na cidade onde moro aqui no Brasil, é raro encontrar construções antigas, sendo assim a cidade antiga se resume em praticamente uma única rua e já com muitas modificações...
ResponderEliminarAdorei, pois é através dos teu trabalhos magníficos que vou canhecendo cada vez mais tua cidade linda.
Beijinhos nesse coração de ouro.
San
Descobri hoje este artigo e só me resta dar-lhe os parabéns!
ResponderEliminarUm belo conjunto de referências e história de um atípico arruamento da baixa.
Cumprimentos e continuação ;)
Gostei muito do seu artigo. Acho que a mistura do texto com a fotografia está muito bem feita e tem um impacto forte. Infelizmente, wikipedias e outras semelhantes páginas, não são de grande confiança no que se refere à história do Porto. Tenho encontrado tantas aberrações que até comecei a ficar com medo de as consultar. Inflizmente, apesar do seu alto índice de qualidade, o seu artigo apresenta, logo no início, uma inverdade que dificilmente poderia ser aceite. João de Almada e Melo nada tem a ver com a construção da Rua Mouzinho da Silveira. Ele criou a junta das obras públicas em 1763 e o seu plano urbanístico para a cidade do Porto foi um dos primeiros a aparecer na Europa. Ou seja, estamos a falar de meados do século XVIII, enquanto a Mouzinho da Silveira foi inaugarada apenas em finais do século XIX. Espero que considere a minha observação e altere devidamente o seu texto. Obrigado!
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