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terça-feira, 4 de maio de 2010

10 - Convento e Igreja de Santa Clara - Porto

Anteriormente referi aqui o convento (ou mosteiro) de Santa Clara e a Igreja (Ver postagem 2). Acontece que vou deambulando e as coisas não têm um seguimento, porque sou assim mesmo. As sequências aparecem quando têm de acontecer. Mas regressei ao Largo 1º de Dezembro e ao Convento (ou Mosteiro). Então aqui vai um pouco de história.
Em 1457, o mosteiro foi concluído. Tal deveu-se a um pedido das freiras franciscanas clarissas que pretendiam substituir o mosteiro anterior, do séc. XIII, mais pequeno e modesto.
Segundo me foi contado, a construção acabou por não ter custos, pois as freiras fizeram um contrato com o construtor: As obras só seriam pagas se o prazo fosse cumprido. Como não foi...
Freiras espertas, digo eu. Se hoje se seguisse esta ordem, nenhuma das obras feitas em Portugal custariam os nossos impostos.
Mas sigamos com a história.
Com a supressão de vários mosteiros mais pequenos nas diversas localidades do País, entre o séc. XV e o séc. XVI, as freiras foram-se agregando em Santa Clara levando para lá as suas rendas, (leia-se impostos cobrados) sendo uma delas uma portagem por todas as mercadorias que passavam pelo Rio Douro. Que lucros fabulosos, digo eu.
No finais do séc. XIX, com a morte da última freira, o mosteiro foi extinto o que causou alguma degradação do edifício.

As ruínas, vistas do lado dos Guindais, nos princípios do séc. XX.
(as Muralhas Fernandinas estão em grande plano)
Posteriormente, dezenas de anos depois, o Estado Português tomou conta do Convento, ou Mosteiro. Hoje alberga várias instituições de solidariedade nacional e o Instituto Ricardo Jorge

No outro corpo do edifício, alberga serviços da Polícia, e no corpo à direita na foto (em degradação), existiu uma central dos Correios. Tenho dúvidas se este edifício pertenceu realmente ao Convento, mas garantiram-me que sim.

Passagem no Convento para a Igreja A entrada da igreja é feita através de uma porta barroca, datada de 1697 e reformulada no século XVIII, com elementos renascentistas com colunas salomónicas e capitéis coríntios.
No interior podemos vislumbrar toda a magnificiência desta igreja, toda coberta por talha dourada da primeira metade do séc. XVIII
Não há um pequeno espaço que seja, sem talha dourada. Há cerca de 25 anos, profissionalmente, visitei a Igreja. Estava em restauro, que deve ter demorado anos a fazer e custado uma fortuna. Mas valeu a pena.
A sacristia e todo o interior, incluindo o piso superior pertencente ao convento, de onde as freiras assistiam, através de janelas gradeadas, aos rituais religiosos, está interdito a visitas. Presumo que está totalmente degradado.
Ao fundo, a entrada para o Convento. Fechada

Pormenor visto do lado sul

Parte do Convento e da Igreja vistas das Muralhas Fernandinas

Entre as traseiras do Convento para sul e o espaço de passagem para as Muralhas Fernandinas, existe este elemento, que presumo tenha sido uma fonte ou chafariz. Não sei o seu valor nem a idade. Sei que poderia ser aproveitado condignamente.
É certo que está num parque de estacionamento, presumo que exclusivo para o pessoal que trabalha naquele local. Mas mesmo assim não ficava mal se estivesse mais bonitinho. É que está na passagem de quem vai passear pelas Muralhas.
Um aparte: A igreja não tem exposto os horários de visitas. Se estiver fechada provàvelmente a senhora (empregada de limpeza, cicerone, ajudanta do padre) foi lanchar. Dêem a volta por trás, entrem no centro social e perguntem.
Sobre fazer fotos, a coisa piorou. O Sr. Padre acha que alguém está a ganhar dinheiro.
Eu não, podem ter a certeza. Por gentileza da senhora e porque já sou conhecido da casa, fiz estas três interiores.
Vi turistas franceses tristes, sem poderem levar uma recordação. Para além do tempo de espera para visitar a Igreja. São coisas à pior moda do Porto.












13 comentários:

  1. Bom post, parabéns e um abraço
    JF

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  2. Obrigada Jorge..... Adorei e até vou guardar no "PC" nos locais favoritos.
    Uma beijoca da
    Aida :)

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  3. Boa tarde Jorge
    Não seria de enviar uma mensagem para o Bispo do Porto, D. Manuel Clemente?
    Ele (dizem) é uma pessoa muito receptiva.
    Aqui fica a sugestão
    Já agora, parabéns pelo excelente trabalho
    Cumprimentos

    Namastê
    Mário Andrade

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  4. Amigão Gostei deste bocadinho de actualização de cultura geral.
    Um Abraço
    ZeManel

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  5. Jorge

    Quem nos dera que a preservação do Património, material, moral e ou religioso pudessem ser prioridades!
    Já se vê que a preocupação do senhor Padre é que as pessoas ganhem dinheiro á custa do dito, por apenas a captação e ou divulgação de umas fotografias. Quem precisa de informar o senhor D. Manuel Clemente das coisas que todo o PORTO sabe (e ele também)?
    Todos conhecemos os custos da conservação mas, obviamente, que a solução de quase abandono, ou do esconder fechando, não será mais condenável?
    Rentabilizar, sim, após uma qualificação mínima, afim de vir a ser mostrada aos visitantes interessados.
    Já chega de esconder os tesouros que ainda temos, apenas porque não somos capazes de manter a dignidade nas Obras que nos foram legadas pelos nossos antepassados.
    Pelo menos Honremos os tais.

    Abraço, do
    Santos Oliveira

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  6. Jorge

    Apenas uma anotação mais.

    O Edifício que referes como estação dos Correios, efectivamente o era.
    A particularidade era a ocupação de todo o rés-do-cão, como Central de Camionagem de todo o tráfego entrado pelo sul, com excepção duma Empresa que originária de Águeda.

    Abraço, do
    Santos Oliveira

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  7. Visitei esta tarde a igreja de Santa Clara. Já está afixado o horário e a porta foi aberta às 15h, pontualmente.Da senhora encarregada das limpesas só posso dizer que foi muito simpática e disponível. Também referiu o "senhor padre, que não põe dificuldades, mas tem que falar com ele..." Fiquei a lamentar o estado em que está a sacristia... Terrível! Tem toda a razão acerca da fonte. Gostei do seu blogue que tive agora oportunidade de conhecer. Parabéns

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  8. Bom dia,
    encontrei o seu blog e achei bastante interessante. NO que diz respeito a Santa Clara, neste momento é possível visitar os Coros, de onde as freiras assistiam à missa, mas apenas nos dias em que há voluntários disponíveis, salvo erro de 4ª a sábado. Caso tenham disponibilidade visitem pois os Coros são também bastante bonitos, e se houver interessados em se oferecerem como voluntários para alargar este projecto, serão benvindos!

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    Respostas
    1. Cara amiga Rosa.
      Obrigado pela sua informação. Voltarei em breve.
      Acho muito bem pedirem voluntários. Aqui há uns meses, inscrevi-me no voluntariado da Câmara Municipal exactamente para ajudar nos edifícios públicos. Recebi de resposta que não havia vagas.
      Também devo dizer que foi para experimentar os serviços camarârios. Não tenho vocação para voluntário.

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  9. Caro Jorge,
    foi o Padre João, da igreja de Santa Clara que conseguiu reunir inicialmente algumas voluntárias para darem início a este projecto e não a Câmara, e os voluntários têm sido "angariados" quer pelas pessoas que trabalham na paróquia e nos projectos sociais a ela ligados ou então através dos próprios voluntários. Aconselho de novo uma visita aos Coros, embora eu seja suspeita para falar porque sou uma das voluntárias que acompanha as visitas guiadas, mas vale a pena.
    Cumprimentos

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    Respostas
    1. Cara amiga Rosa
      Sim, compreendi o que amiga já me havia dito - escrito.
      O voluntariado da Câmara é outro tema.
      Voltei à Igreja na passada quinta feira, dando-a a conhecer a um casal amigo que nos visitou. Mas como fui de manhã, sabia que não era possível a visita aos Coros.
      Mais uma vez agradeço a sua atenção.

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  10. 10 - Convento e Igreja de Santa Clara - Porto



    Anteriormente referi aqui o convento (ou mosteiro) de Santa Clara e a Igreja (Ver postagem 2). Acontece que vou deambulando e as coisas não têm um seguimento, porque sou assim mesmo. As sequências aparecem quando têm de acontecer. Mas regressei ao Largo 1º de Dezembro e ao Convento (ou Mosteiro). Então aqui vai um pouco de história.
    Em 1457, o mosteiro foi concluído. Tal deveu-se a um pedido das freiras franciscanas clarissas que pretendiam substituir o mosteiro anterior, do séc. XIII, mais pequeno e modesto.
    Segundo me foi contado, a construção acabou por não ter custos, pois as freiras fizeram um contrato com o construtor: As obras só seriam pagas se o prazo fosse cumprido. Como não foi...
    Freiras espertas, digo eu. Se hoje se seguisse esta ordem, nenhuma das obras feitas em Portugal custariam os nossos impostos.
    Mas sigamos com a história.
    Com a supressão de vários mosteiros mais pequenos nas diversas localidades do País, entre o séc. XV e o séc. XVI, as freiras foram-se agregando em Santa Clara levando para lá as suas rendas, (leia-se impostos cobrados) sendo uma delas uma portagem por todas as mercadorias que passavam pelo Rio Douro. Que lucros fabulosos, digo eu.
    No finais do séc. XIX, com a morte da última freira, o mosteiro foi extinto o que causou alguma degradação do edifício.


    As ruínas, vistas do lado dos Guindais, nos princípios do séc. XX.

    (as Muralhas Fernandinas estão em grande plano)

    Posteriormente, dezenas de anos depois, o Estado Português tomou conta do Convento, ou Mosteiro. Hoje alberga várias instituições de solidariedade nacional e o Instituto Ricardo Jorge


    No outro corpo do edifício, alberga serviços da Polícia, e no corpo à direita na foto (em degradação), existiu uma central dos Correios. Tenho dúvidas se este edifício pertenceu realmente ao Convento, mas garantiram-me que sim.


    Passagem no Convento para a Igreja A entrada da igreja é feita através de uma porta barroca, datada de 1697 e reformulada no século XVIII, com elementos renascentistas com colunas salomónicas e capitéis coríntios.

    No interior podemos vislumbrar toda a magnificiência desta igreja, toda coberta por talha dourada da primeira metade do séc. XVIII

    Não há um pequeno espaço que seja, sem talha dourada. Há cerca de 25 anos, profissionalmente, visitei a Igreja. Estava em restauro, que deve ter demorado anos a fazer e custado uma fortuna. Mas valeu a pena.


    A sacristia e todo o interior, incluindo o piso superior pertencente ao convento, de onde as freiras assistiam, através de janelas gradeadas, aos rituais religiosos, está interdito a visitas. Presumo que está totalmente degradado.

    Ao fundo, a entrada para o Convento. Fechada


    Pormenor visto do lado sul


    Parte do Convento e da Igreja vistas das Muralhas Fernandinas




    Entre as traseiras do Convento para sul e o espaço de passagem para as Muralhas Fernandinas, existe este elemento, que presumo tenha sido uma fonte ou chafariz. Não sei o seu valor nem a idade. Sei que poderia ser aproveitado condignamente.
    É certo que está num parque de estacionamento, presumo que exclusivo para o pessoal que trabalha naquele local. Mas mesmo assim não ficava mal se estivesse mais bonitinho. É que está na passagem de quem vai passear pelas Muralhas.

    Um aparte: A igreja não tem exposto os horários de visitas. Se estiver fechada provàvelmente a senhora (empregada de limpeza, cicerone, ajudanta do padre) foi lanchar. Dêem a volta por trás, entrem no centro social e perguntem.

    Sobre fazer fotos, a coisa piorou. O Sr. Padre acha que alguém está a ganhar dinheiro.

    Eu não, podem ter a certeza. Por gentileza da senhora e porque já sou conhecido da casa, fiz estas três interiores.

    Vi turistas franceses tristes, sem poderem levar uma recordação. Para além do tempo de espera para visitar a Igreja. São coisas à pior moda do Porto.

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    Respostas
    1. Não sei a razão pare este "comentário". Poderá explicar-me ?

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