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segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

61 - O Campo da Constituição

Este escrito não tem nada a ver com cores clubísticas. É mais uma recordação das minhas infância e juventude e do local onde vivi. Portanto, os fanáticos que tirem o cavalinho da chuva e não prometam pancada antes do tempo.
Morei a dois passos, entre os campos da Constituição, do Luso e do Estádio do Lima. E a quatro do de Vidal Pinheiro. Quer dizer, Futebol Clube do Porto, Académico Futebol Clube e Sport Comércio e Salgueiros. Fui sócio de todos e de alguns em simultâneo. Atleta de dois deles. E de mais outros dois, que não tendo campo, jogávamos em todos eles; tudo isto entre os meus 16 e os 30 anos. Com um interregno entre os 20 e os 25.Mas voltemos às recordações que o Campo da Constituição me deixou. Era bem pequeno e um vizinho, portista ferrenho, levava-me a ver os jogos do Porto. Umas vezes de manhã, creio que seriam dos júniores ou das segundas ou terceiras categorias, não me lembro. Outras de tarde, aos jogos do campeonato nacional. Fiquei andrade ferrenho, também. O meu pai, bem como meu irmão, bastante mais velho, eram e foram toda a vida, Salgueiristas. Embora meu irmão tenha tido uma costela academista, pois foi seu atleta durante muitos anos.
Em determina altura, julgo que andaria pelos meus 5 a 6 anos, tive uma discussão futebolística com meu pai. Num domingo à noite, à mesa de jantar. Pelos vistos duríssima, pois foi necessário a minha avó pegar em mim e levar-me para casa dela salvando-me de uma tareia. Tudo porque o Salgueiros perdeu e o Porto ganhou.
Conclusão: fiquei proibido de ir ao futebol com o Sr. Júlio Cardoso. Para que conste, dois ou três anos mais tarde, como prémio pelo bom aproveitamento escolar - passei da segunda para a terceira classe - meu pai fez-me sócio do Salgueiros. Mas antes, sem ele saber (???), meu irmão já me havia feito sócio do Académico. Mas isso fica para outro dia.
Há dias passei pelo Campo, agora funcionando como Escola de Formação do Clube. Olhei à volta, recordando o que era aquele espaço. E à volta ainda se vêm algumas das casas do meu tempo de menino e não só.
Num espaço destinado a recepção, cafetaria e sala de espera, encontra-se um painel com fotos recordando jogos e a assistência que nele cabia.
A sua inauguração ocorreu em Janeiro de 1913 e foi o recinto desportivo do Futebol Clube do Porto até Maio de 1952, data da inauguração do Estádio das Antas. Também foi utilizado por outros clubes aos quais era subalugado.
Por todo o lado esquerdo, encontrava-se uma bancada em madeira. No canto à esquerda, havia um caminho criado para saltar um muro baixinho por onde se passava para ver os jogos.


Grandes momentos com as imagens focadas para o lado da principal bancada a todo o comprimento do lado esquerdo de quem entra.
Aqui eram os balneários. Entre eles e as bancadas do topo havia um ringue pavimentado a cimento onde se praticavam todas as modalidades que hoje o são em pavilhões. As entradas eram de ambos os lados.
Uma imagem dos balneários. E lembro-me muito bem da árvore entre os balneários e o ringue.
Todo o lado direito era o peão lateral. Quási encostadas ao muro, ainda existem casas daquela época.
Ao fundo era a entrada para os peões, lateral e de topo chamemos-lhe Noroeste.


Imagens de jogos com esses peões em fundo. Com a chuva o terreno ficava vidrado.
A Bancada do Topo Sul. Era aqui que ficava quando o meu vizinho me levava à bola. Nos jogos grandes tinha de estar ao seu colo. Os atletas entravam pelo lado direito e os adeptos pelo centro da bancada.
Um vista actual tomada a partir do antigo ringue.

Duas panorâmicas a partir do Google com 4 anos de diferença.

Na de cima, o pelado ainda é bastante visível, bem como o ringue.
Na de baixo é o aspecto actual
Pronto amigos, já está. De memórias e recordações se faz a vida, que não é nenhum museu. E para que conste, desse meu tempo de menino e da Constituição, só me lembro de um jogo. Porto x Oriental, com a vitória azul por 4 a 0. E de um atleta: O Barrigana, o famoso mãos de ferro, que veio para o Porto, emprestado pelo Sporting, por uma época mas que ficou por 12. Tendo acontecido apenas por casualidade, porque o Andrasik fugiu à Pide, pois era anti-nazi. E o FêCêPê ficou sem Keeper. Dispensado por Yustrick, ganhou o único titulo nacional da sua carreira ao serviço do Salgueiros em 56/57. Outras estórias.